
Tal Pai, Tal Filho
Tal Pai, Tal Filho
1 Reis 11–12 e 2 Crônicas 11–12
Introdução
Continuamos nossos estudos em Reis e Crônicas, os escritos do profeta Jeremias e do escriba Esdras. Hoje, focaremos nas vidas de dois homens: dois reis ricos e poderosos que perderam a sensibilidade com o povo e, mais importante, perderam a sensibilidade com Deus.
Salomão e Roboão: Tudo, Menos Uma Vida Digna
Esses dois reis são Salomão e seu filho Roboão, os quais tiveram tudo, menos uma vida digna. Enquanto analisava suas vidas, 4 palavras me vieram à mente: afronta, consequência, opulência e egoísmo. E essas são 4 palavras que, se não for pela intervenção do Espírito de Deus, podem caracterizar nossas vidas também.
Afronta
Gostaria de voltar um pouco na biografia de Salomão, aos anos de sua idade adulta. Vários acontecimentos revelam a erosão espiritual e moral que ocorria em sua vida. Esses foram eventos que enviaram sinais de alerta às pessoas ao seu redor, sinais que ele nunca viu e aos quais não deu ouvidos. Se você se lembra, já estudamos que Salomão passou a viver de maneira irresponsável, recusando ouvir conselhos e seguir seus próprios escritos.
Um dos acontecimentos que manifesta a erosão espiritual e moral de Salomão foi uma transação comercial que não deveria ter passado de uma simples transação comercial, mas acabou sendo mais do que isso. Esse negócio se encontra registrado em 1 Reis 9 e é algo que ainda pode acontecer hoje.
Hirão, rei de Tiro, foi amigo chegado de Davi. Por causa dessa amizade, Hirão honrou e ajudou Salomão, fornecendo mão-de-obra e matéria-prima para a construção do Templo de Deus e do palácio de Salomão. Após 20 anos de lealdade por parte de Hirão que prestou seus serviços, o Templo e o palácio de Salomão foram concluídos. Agora, veja o que acontece em 1 Reis 9.10–13:
Ao fim de vinte anos, terminara Salomão as duas casas, a Casa do SENHOR e a casa do rei. Ora, como Hirão, rei de Tiro, trouxera a Salomão madeira de cedro e de cipreste e ouro, segundo todo o seu desejo, este lhe deu vinte cidades na terra da Galiléia. Saiu Hirão de Tiro a ver as cidades que Salomão lhe dera, porém não lhe agradaram. Pelo que disse: Que cidades são estas que me deste, irmão meu? E lhes chamaram Terra de Cabul, até hoje.
A palavra Cabul em hebraico significa “inútil.” Salomão deu a Hirão 20 cidades da Galileia que não serviam para nada; e Salomão sabia bem disso. Salomão teve a oportunidade de expressar sua gratidão por 20 anos de serviço leal de Hirão, mas, ao invés disso, despede Hirão de mãos vazias e age de maneira desonesta.
Agora, essa é a lei comercial de hoje, não é? O lema é: consiga o máximo que puder e pelo menor preço possível. Se consegue tomar a venda de outra pessoa ou “meter a faca no cliente,” se exagera os benefícios do produto de sua empresa e escapa ileso ao enganar o comprador, então, é o espertalhão, o vendedor do ano.
À mesa de jantar do rei, a conversa era a seguinte: “Salomão, ouvi dizer que você deu a Hirão um presente por 20 anos de serviço fiel. O que você lhe deu por tudo o que ele fez por você?” “Quem, Hirão? Ah, eu repassei para ele algumas propriedades inúteis. Quem se preocupa com Hirão mesmo?! Por que eu deveria lhe dar algo especial?”
Salomão recusou agir honesta e responsavelmente para com um companheiro de negócios. Implicitamente, ele afrontou o direito que Hirão tinha de um pagamento justo. A desonestidade de Salomão se torna ainda mais grave quando consideramos o que Hirão lhe dera, conforme lemos no verso 14: mais de 4 toneladas de ouro.
Mas você sabe o que acontece em meio a tudo isso? Existe alguém observando, aprendendo como tratar as demais pessoas. Esse alguém era o príncipe Roboão, de 20 anos de idade. E ele crescerá e seguirá o exemplo do pai, usando a lealdade das pessoas e abusando de sua autoridade no poder num nível jamais visto antes.
Falaremos de Roboão daqui a pouco. Agora, vamos continuar observando Salomão, o qual no fundo afronta Deus. Veja 1 Reis 11.4–6:
Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai. Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e a Milcom, abominação dos amonitas. Assim, fez Salomão o que era mau perante o SENHOR e não perseverou em seguir ao SENHOR, como Davi, seu pai.
Quatro Atitudes na Afronta de Salomão
Um autor explicou a afronta de Salomão na forma de 5 atitudes edificadas uma sobre a outra.
- A primeira atitude é: “Quero as coisas do meu jeito.”
- A segunda atitude é: “Não descansarei até que consiga as coisas do meu jeito.”
- A terceira atitude é: “Não quero saber se prejudicarei outras pessoas.”
Ou seja, “Não quero saber se isso prejudicará meu marido, esposa, filhos, amigos, colegas, minha equipe, ministério, igreja, empresa. Quero as coisas do meu jeito, custe o que custar.” Essas são aquelas pessoas que fincam suas garras para subir na vida e deixam para trás indivíduos feridos e ensanguentados que atrapalharam seu caminho.
A propósito, quando isso acontece, a situação chegou a um nível alarmante de afronta. Quando uma pessoa egoísta (e todos nós somos) chega ao ponto em que não mais se preocupa com quem ela prejudica, suas atitudes são totalmente irresponsáveis. Salomão deve ter dito em seu coração: “Não quero saber se isso destruirá minha amizade com Hirão. De qualquer forma, quem ele pensa que é?”
- A quarta atitude que se segue naturalmente é: “Não quero ouvir conselhos.”
O próprio Salomão tinha escrito em Provérbios 11.14 que a segurança está na multidão de conselheiros. Já que isso é verdade, o contrário também é: há perigo na ausência de conselheiros.
Você se encontra em grande perigo quando diz: “É, sei o que Deus diz; conheço sua Palavra; sei o que meus amigos crentes dirão. Mas... e daí? Não quero ouvi-los mesmo!”
E isso nos conduz à atitude final e ao último passo.
- A quinta atitude é: “Não estou preocupado com as consequências.”
Ou seja, “Não estou nem aí para o que acontecerá; quero fazer isso do meu jeito.” Você sabe qual será o resultado? A afronta sempre conduz a sofrimento pessoal. Mostre-me um homem, mulher, jovem ou adolescente afrontoso e eu mostrarei uma pessoa infeliz, apesar de ela não admitir. Salomão escreveu em Provérbios 13.15 que o caminho dos pérfidos é intransitável.
Consequência
Podemos dizer também que a afronta conduz à disciplina do Senhor. O princípio é o seguinte: Deus jamais ignora a afronta na vida do crente. Vemos a prova disso na maneira como Deus tratou com Salomão.
- Primeiro: Deus se ira.
Veja 1 Reis 11.9 algo que geralmente ignoramos ou minimizamos:
Pelo que o SENHOR se indignou contra Salomão, pois desviara o seu coração do SENHOR, Deus de Israel...
E a ira de Deus não demora muito para se manifestar! Observe as palavras que Deus escolhe nos versos seguintes quando informa a Salomão que tirará o reino de suas mãos. No hebraico, Deus usa o verbo qara, que significa “despedaçar, rasgar,” 3 vezes: nos versos 11, 12 e 13. Deus diz: “Despedaçarei o reino de suas mãos.”
Palavras fortes de Deus! Mas o Senhor não para com ira.
- Segundo: Deus aponta adversários para Salomão.
O castigo e disciplina de Deus sobre Salomão vieram na forma de dois homens: Hadade e Rezom Veja o verso 14: Levantou o SENHOR contra Salomão um adversário, Hadade, o edomita. Pule para os versos 23–24:
Também Deus levantou a Salomão outro adversário, Rezom, filho de Eliada... Ele ajuntou homens e se fez capitão de um bando...
A palavra bando se refere a bandidos e assassinos. E por quanto tempo Rezom e sua quadrilha roubaram a paz de Salomão? Veja o verso 25:
Este foi adversário de Israel por todos os dias de Salomão, fez-lhe mal como Hadade, detestava a Israel e reinava sobre a Síria.
Quando um filho de Deus peca contra ele, o Senhor ainda ama esse filho, perdoará sua afronta e restaurará a comunhão. Mas, enquanto isso, lembre-se que Deus é um Deus santo e zeloso e fica furioso!
Imagine: Deus convoca esses dois pagãos e os retira das sombras para atormentar a vida de Salomão, até que ele se arrependa. A coisa mais triste é que ele nunca se arrependeu.
Em um de seus livros, Charles Swindoll escreveu sobre essa passagem. No capítulo sobre afronta, ele fala que Deus solta seus cachorros contra Salomão:
Deus soltou a coleira desses dois homens para que corressem a Salomão: “Pega, Hadade! Pega Rezom!” Quando temos a audácia de afrontar o Deus vivo; quando andamos contra sua santidade e resistimos sua autoridade sobre nossas vidas, ele solta vários tipos de cachorros que saem correndo de muitos becos. Às vezes, eles vêm na forma de uma lembrança; e como são insistentes! É como um macaco sobre as costas: ele fica ali pendurado e nos atormenta, fala aos ouvidos, nos abusa e espanca emocionalmente.
Talvez seu sentimento de afronta fica ainda mais forte; você endurece o pescoço e fica os pés no chão. Adivinha o que acontece? Deus solta mais alguns cachorros de dentro de outro beco: “Vai, pega!” Deus é persistente ao lidar com a afronta. Ele não dará descanso aos seus filhos que deliberadamente se distanciam da sua vontade.
Meu amigo, esse é um assunto esquecido em nossa era da tolerância, uma era na qual recriamos Deus e o transformamos num vovozinho tolerante, apaixonado pelos seus netinhos que pecam e que ele queria tanto que simplesmente se comportassem.
Apesar de Deus não haver mudado, para Salomão ele tinha mudado; essa é a mensagem que ele manda com suas ações. No início de seu reinado, ele oferece mil touros como sacrifício ao Deus verdadeiro. Agora, no final de seu reinado, ele edifica altares a deuses falsos. Como? Porque, segundo a teologia deteriorada de Salomão, o único Deus verdadeiro era pequeno demais, de forma que poderia abrir espaço para outros deuses no universo.
Será que isso tem acontecido em nossos dias? Será que reduzimos nosso Deus poderoso e grandioso a um ser pequeno e insignificante? Donald McCollough acha que sim e ele escreve o seguinte em seu livro A Trivialização de Deus:
Visite uma igreja num domingo (quase todo mundo faz isso) e você provavelmente encontrará uma congregação se relacionando de maneira conveniente com uma divindade que se encaixa perfeitamente com suas posições, que se conforma com experiências pessoais. Entretanto, você dificilmente encontrará temor e um sentimento de mistério; as únicas mãos suadas são a do pregador que não sabe ao certo como será o sermão. Os únicos joelhos trêmulos são o do solista prestes a fazer um número especial. Contudo, o Novo Testamento nos adverte a oferecer a Deus adoração “agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor.”
Hoje, reverência e temor foram substituídos pelo bocejo da familiaridade; o fogo consumidor foi transformado na chama de uma vela—sem calor, que não nos cega, sem poder para purificar. Um dia possivelmente será revelado que o maior pecado da igreja no final do século 20 foi o da trivialização de Deus. Por que? Porque preferimos a ilusão de uma divindade mais segura. Então, com o passar do tempo, reduzimos Deus a um tamanho mais fácil de controlar.
Isso aconteceu com Salomão e pode estar acontecendo com você agora. Talvez você tenha pecado não confessado e o varreu para debaixo do tapete de sua consciência. Você realmente deseja seguir os passos de Salomão? Deus precisará levantar outro adversário para quebranta-lo e coloca-lo de joelhos? Não! Pare agora mesmo e diga: “Senhor, sou teu filho e tenho teimosamente seguido o meu caminho, minha vontade. Perdoe-me, Pai; te entrego toda minha vida.”
Opulência
Agora, enquanto o drama entre o Salomão rebelde e Deus se desenrola e chega à cena em que Salomão morre um velho amargurado, outro enredo se desenvolve—outra pessoa observa tudo. Um garoto, filho de Salomão com uma de suas esposas estrangeiras, faz algumas anotações em sua mente e seu caráter é moldado por um pai audacioso e uma mãe pagã; os ingredientes para um desastre já estão bem misturados na vasilha. Por vários anos, esse menino chamado Roboão cresceu no palácio do rei mais rico e sábio do mundo. Vemos uma curta biografia de Roboão em 1 Reis 14.21:
Roboão, filho de Salomão, reinou em Judá; de quarenta e um anos de idade era Roboão quando começou a reinar e reinou dezessete anos em Jerusalém, na cidade que o SENHOR escolhera de todas as tribos de Israel, para estabelecer ali o seu nome. Naamá era o nome de sua mãe, amonita.
Salomão reinou por 40 anos; Roboão subiu ao trono quanto tinha 41 anos de idade. Isso significa que ele passou a vida inteira no luxo do palácio mais exuberante de Israel, e com um pai que era o homem mais rico do mundo.
Agora, é difícil colocar a culpa em Salomão por algo que aconteceria naturalmente. Ele tinha crescido sob circunstâncias difíceis. Como jovem, seu pai, Davi, passou a maior parte da vida no campo de batalha; o luxo era mínimo; sua casa não era ainda um palácio. Depois, contudo, Salomão ficou riquíssimo e deu a seu filho o que Davi nunca pudera lhe dar. Então, Roboão nunca precisou levantar sequer um dedo. Conforme veremos, ele aprendeu que as pessoas existiam no planeta para facilitar sua vida.
A propósito, existem crianças capazes de lidar com a afluência com equilíbrio e humildade. Para alguns de nós, é apropriado dar o lembrete de que não há nada de errado em nossos filhos jovens terem que trabalhar. Se seu adolescente lava carros ou limpa o jardim de alguém, isso não é sinal de que você não é um pai provedor; ao contrário, você pode estar provendo justamente o que seu filho adolescente precisa. Se seu filho ainda não pode trabalhar fora de casa, faça de tudo para que ele trabalhe dentro de casa; ensine-o que deve lavar roupas e louça, arrumar seu quarto, lavar o carro, cortar a grama, etc. Se nós, que somos adultos, temos dificuldades em lidar com a opulência, lutamos para conseguir um equilíbrio, você acha que se der tudo o que seus filhos querem, isso fará deles pessoas melhores? De jeito nenhum!
O próprio Salomão escreveu no Salmo 127.4:
Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade.
Gostaria de ponderar um pouco nesse pensamento poético de que os pais são como guerreiros com arcos e seus filhos são as flechas. Quando pensamos em flechas hoje, muitos modelos vêm à nossa mente.
- Existe a flecha de imitação ou a flecha artificial.
Essa se parece com uma flecha, mas não serve para nada numa batalha. Ela é feita de plástico, não de ferro; ela não aguenta a pressão. Quando é colocada no arco, sua fraqueza logo fica aparente.
- Existe também a flecha defeituosa.
Se você pega um galho de árvore e tenta fazer dele uma flecha, descobrirá que será uma flecha defeituosa. Se seu jantar depender da eficiência dessa flecha, você morrerá de fome. Flechas defeituosas não são úteis em batalha.
- Por fim, existe a flecha feita profissionalmente.
A flecha é forte e reta; a ponta é afiada e de peso equilibrado; as penas também têm o peso adequado para as necessidades da flecha em particular. Assim, quando é atirada, a flecha voa em linha reta e acerta o alvo escolhido.
Quando ponderamos no fato de Salomão se referir aos filhos como flechas e, em seguida, olhamos para a vida de Roboão, seu próprio filho, descobrimos que Roboão foi uma flecha de plástico. Na melhor das hipóteses, ele foi uma flecha de imitação; não havia força nele; ele seria ineficiente em batalha.
Egoísmo
Note como Salomão é descrito em 1 Crônicas 29.1, onde Davi fala de seu filho:
Disse mais o rei Davi a toda a congregação: Salomão, meu filho, o único a quem Deus escolheu, é ainda moço e inexperiente, e esta obra é grande; porque o palácio não é para homens, mas para o SENHOR Deus.
Note as palavras moço e inexperiente. E olha que Salomão tinha em torno dos 19 ou 20 anos nessa época.
Agora, veja a descrição de Roboão em 2 Crônicas 13.6–7:
Contudo, se levantou Jeroboão, filho de Nebate, servo de Salomão, filho de Davi, e se rebelou contra seu senhor. Ajuntou-se a ele gente vadia, homens malignos; fortificaram-se contra Roboão, filho de Salomão; sendo Roboão ainda jovem e indeciso, não lhes pôde resistir.
É interessante que as mesmas palavras hebraicas empregadas para descrever o imaturo e inexperiente adolescente Salomão são, agora, usadas para descrever Roboão, um homem de 41 anos de idade. Roboão era um garoto de 41 anos de idade. Esse filho mimado e egoísta de Salomão tinha envelhecido, mas não amadurecido.
Volte para 1 Reis 12, onde vemos que isso é deixado bem claro. Salomão acabou de morrer e Roboão assumiu o trono. Veja 1 Reis 12.1:
Foi Roboão a Siquém, porque todo o Israel se reuniu lá, para o fazer rei.
No verso 4, vemos Jeroboão atuando como o porta-voz do povo:
Teu pai fez pesado o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos.
Pule para os versos 6–8 para ver a reação de Roboão diante desse pedido do povo:
Tomou o rei Roboão conselho com os homens idosos que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais que se responda a este povo? Eles lhe disseram: Se, hoje, te tornares servo deste povo, e o servires, e, atendendo, falares boas palavras, eles se farão teus servos para sempre. Porém ele desprezou o conselho que os anciãos lhe tinham dado e tomou conselho com os jovens que haviam crescido com ele e o serviam.
Se você buscar conselho por todo lugar, conseguirá encontrar alguém que concorda com você. Salomão mal desceu à sepultura e Roboão já permite que conselheiros jovens e imaturos o guiem em suas decisões. Veja o verso 10:
E os jovens que haviam crescido com ele lhe disseram: Assim falarás a este povo que disse: Teu pai fez pesado o nosso jugo, mas tu alivia-o de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.
Em outras palavras, “Se vocês pensam que Salomão, meu pai, foi grandioso e sábio, verão que eu tenho no meu dedo mínimo mais do que meu pai teve no seu corpo inteiro!” Você consegue imaginar essa audácia? Continue nos versos 13–14:
Dura resposta deu o rei ao povo, porque desprezara o conselho que os anciãos lhe haviam dado; e lhe falou segundo o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai fez pesado o vosso jugo, porém eu ainda o agravarei; meu pai vos castigou com açoites; eu, porém, vos castigarei com escorpiões.
Pense num governante que abusa de sua autoridade! Ele é egoísta e imaturo, uma flecha de plástico. Fico imaginando os anciãos meneando a cabeça em desespero. Note as palavras trágicas do verso 16:
Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, reagiu, dizendo: Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé! Às vossas tendas, ó Israel! Cuida, agora, da tua casa, ó Davi! Então, Israel se foi às suas tendas.
Ou seja, “Se for para sermos tratados desse jeito, qual é o benefício de ter a casa de Davi na liderança? Roboão, se vire sozinho!”
É nesse momento que o reino unificado de Israel experimenta algo que não tem experimentado há aproximadamente 150 anos: guerra civil, irmão contra irmão. E o princípio que emerge é o seguinte: afronta contra Deus se transforma em divisão pessoal e diferenças dolorosas entre as pessoas.
2 Crônicas 10 nos informa que Roboão envia um homem para reunir trabalhadores, como se nada tivesse acontecido, mas as tribos do norte matam esse homem apedrejado. Roboão não faz ideia de como liderará o povo. Ele é uma imitação de flecha levada à batalha!
Com esse assassinato, a divisão na nação é concretizada e o reino viverá em tumulto civil e em separação pelos próximos 400 anos. Afronta contra Deus gera desperdício tremendo: desperdício de anos, de esperanças, de potencial. Afronta sempre, sempre leva à destruição.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 06/08/1995
© Copyright 1995 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
Transcript
Add a Comment