
Terminal!
Terminal!
2 Reis 20 e 2 Crônicas 32
Introdução
Em 1994, você sabe quem ganhou o prêmio prestigioso de “A Mulher do Mundo”? Ela é a mesma mulher que ganhou um prêmio internacional semelhante por três anos consecutivos. Se você pensou Margareth Thatcher, errou; essa vencedora é a autora de seis livros mais vendidos; é uma colunista para mais de 400 jornais. Seu nome: Jeanne Dixon, a astróloga e “voz profética” mais famosa do mundo.
Um tempo atrás, uma empresa lançou uma réplica da bola de cristal usada por Dixon. Essa bola foi descrita da seguinte forma: “esculpida e trabalhada detalhadamente com ouro de 24 quilates e cristal.” A propaganda dizia que a bola de cristal se tornaria “uma obra de arte e relíquia para melhorar seu lar e seu futuro.” Nas palavras da própria Dixon, a bola ajudaria a “contemplar a revelação de seu destino.” O que no passado não passava de superstição e feitiçaria, tornou-se um negócio lucrativo.
Apesar de a Bíblia nos advertir e proibir buscar um vidente, imagine alguém batendo à porta da sua casa—por exemplo, o profeta Isaías—representando Deus e contando qual será seu futuro. Como prova de sua autenticidade, ele volta o relógio algumas horas e nem sequer cobra um centavo de você.
Hoje, estudaremos a vida do rei Ezequias. Ele era filho de um homem perverso, cuja reputação foi manchada por sacrifício infantil e idolatria. Mesmo assim, quando Ezequias assumiu o trono aos 25 anos de idade, ele conduziu o povo de Judá de volta ao Senhor.
Revisão: Crise Nacional
Em 2 Reis 19, Ezequias fica angustiado com a invasão da Assíria, enquanto abre uma carta diante do Senhor e ora. A invasão ocorreu durante o reinado de Ezequias após ele ter servido a Deus fielmente por 14 anos. Como lemos em 2 Crônicas 32.1: Depois destas coisas e desta fidelidade, veio Senaqueribe, rei da Assíria, entrou em Judá.
Aprendemos algumas verdades com Ezequias que preferimos não ter que aprender. Permita-me compartilhá-las com você.
- A primeira é que fidelidade a Deus não garante ausência de problemas, mas pode gerar mais problemas.
- Outra verdade que aprendemos dentro do templo enquanto Ezequias abre seu coração a Deus é que, às vezes, o Senhor acalma a tempestade, mas, na maioria das vezes, ele permite que a tempestade continue assolando, mas acalma o coração de seus filhos.
No caso de Ezequias, Deus interviu e Judá foi poupada milagrosamente.
A Dor de Uma Crise Pessoal
Enquanto estudava a vida desse homem, fiquei surpreso ao descobrir que havia outra coisa acontecendo. Na mesma época em que Ezequias batalhava com uma crise nacional, ele também lutava com uma crise pessoal. Veja 2 Reis 20.1: Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal.
Em quais dias? Bom, se juntarmos todas as peças do quebra-cabeça, descobriremos que Ezequias tinha 39 anos a essa altura e este é o décimo quarto ano de seu reinado. 2 Reis 18 nos informa que é também no décimo quarto ano que Senaqueribe marcha contra a capital de Ezequias, Jerusalém.
Os habitantes de Judá estavam sendo atacados de fora por um inimigo tão sanguinário que era famoso por empilhar caveiras ao redor das cidades que derrotavam em batalhas. Arqueólogos escavaram um painel de Senaqueribe, retratando-o como vitorioso sobre seus inimigos. A imagem mostra que Senaqueribe perfurava as narinas de seus inimigos com argolas e amarrava nelas uma tira de couro, a fim de conduzir os prisioneiros para a servidão. Senaqueribe, o terrível guerreiro ninivita, avançava com todo poder militar.
Você já parou para pensar: “Por que problemas sempre surgem em pares?” Esse não é um pensamento original. O autor de um livro que tenho em minha biblioteca escreveu, cerca de 200 anos atrás, que “infortúnios nunca aparecem singularmente.”
Senaqueribe, porém, não era o único problema. Em seu décimo quarto ano, Ezequias encarava outro desafio: uma crise pessoal. Nessa crise, Ezequias trocaria seu trono e poder para poder resolvê-la; era uma crise de vida ou morte. Veja o verso 1 novamente:
Naqueles dias, Ezequias adoeceu de uma enfermidade mortal; veio ter com ele o profeta Isaías, filho de Amoz, e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás.
Imagine um profeta de Deus vindo à sua porta e declarando: “Ezequias, certifique-se de que sua papelada do plano de saúde está toda em dia; escolha seu túmulo e os hinos que deseja que cantem em seu funeral, porque você está prestes a morrer.”
Talvez você já tenha ouvido que sua doença era “terminal e incurável.” Talvez você valoriza a vida muito mais do que outras pessoas porque já ouviu a terrível profecia: “Você não tem muito tempo de vida restante.” Quem sabe, você se identifica com Ezequias, que responde a Isaías nos versos 2–3:
Então, virou Ezequias o rosto para a parede e orou ao SENHOR, dizendo: Lembra-te, SENHOR, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração, e fiz o que era reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo.
Podemos escrever três palavras sobre sua oração que resumem todas as suas orações e lágrimas: “Não entendo por que.”
Entenda que o Antigo Testamento prometia longevidade para o israelita que obedecia ao Senhor. Ezequias tem 39 anos e diz: “Senhor, andei contigo em verdade e pureza de coração.”
Também precisamos lembrar que o santo do Antigo Testamento não tinha muito conhecimento sobre a vida após a morte. O sheol era um lugar que gerava mal pressentimento; eles não sabiam o que nós sabemos hoje sobre o céu. A morte ainda nos incomoda, apesar de sabermos que ausente no corpo, significa estar presente com o Senhor. Ezequias cambaleou com essa declaração do profeta de Deus.
No livro de Isaías, encontramos um poema que o rei Ezequias compõe à luz de sua doença terminal e recuperação. Veja Isaías 38.10:
Eu disse: Em pleno vigor de meus dias, hei de entrar nas portas do além; roubado estou do resto dos meus anos.
Você imagina a angústia? Pule para o verso 12:
A minha habitação foi arrancada e removida para longe de mim, como a tenda de um pastor...
Em outras palavras, “Senhor, você arrancou minha tenda; e tudo aconteceu tão rápido. Eu tinha uma tenda, isto é, uma vida, mas agora se foi.” Veja o verso 14:
Como a andorinha ou o grou, assim eu chilreava e gemia como a pomba; os meus olhos se cansavam de olhar para cima. Ó Senhor, ando oprimido, responde tu por mim.
Como é bom saber que Deus não nos conduz à casa de um homem sofrendo com uma enfermidade terminal para ouvirmos simplesmente: “Louvado seja Deus! Aleluia!” Continue nos versos 18–19a:
A sepultura não te pode louvar, nem a morte glorificar-te; não esperam em tua fidelidade os que descem à cova. Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço...
Agora, lembre-se que Ezequias não conhece o futuro como nós conhecemos; ele não faz ideia da glória reservada para ele. Contudo, a despeito disso, ele diz a mesma coisa que nós dizemos: “Senhor, por que tirar a vida de uma pessoa piedosa que pode te louvar com sua vida e lábio? Qual é a vantagem disso?”
Perguntamos: “Por que tirar a vida do missionário Jim Elliot, que tinha tanto potencial e um ministério promissor?” Antes de mergulharmos fundo demais em desespero, deixe-me ler o que o próprio Jim Elliot escreveu enquanto lutava com essa mesma pergunta:
Não devo achar estranho se Deus decidir levar na juventude aqueles que eu escolheria manter na terra até que envelhecessem. Deus está enchendo a eternidade de pessoas e não devo restringi-lo a homens e mulheres idosos.
Volte a 2 Reis 20. Você percebeu o que diz a última parte do verso 3? E chorou muitíssimo. Alguém disse: “Se lágrimas fossem feitas de tinta indelével ao invés de um fluido transparente, todos nós seríamos marcados para toda a vida.”
Não demoraria muito na vida até que todos os seres humanos exibissem manchas de lágrimas escorrendo em seu rosto. Infortúnios nunca surgem singularmente. Existem momentos em que a única coisa que podemos fazer é chorar.
O que gosto em Ezequias é que ele tinha um relacionamento ousado e transparente com o Senhor. Talvez você lembra de um estudo anterior que ele recebeu uma carta ameaçadora de Senaqueribe, entrou no templo, abriu as cartas diante do Senhor e orou. Agora, no que ele pensa ser seu leito de morte, mais uma vez ele ora com confiança e transparência. Não há demonstração de piedade, misticismo ou falsa espiritualidade; Ezequias ora por sua vida.
E esse rei tem algo a nos ensinar sobre a oração. Permita-me chamar sua atenção para duas lições.
- Primeiro: a motivação da oração é tão importante para Deus quanto o pedido na oração.
A motivação é crítica na oração. Você captou a mensagem subliminar em Isaías 38? Ezequias disse nos versos 18–19: “Senhor, não posso te adorar na morte como te adoro na vida. Deixe-me viver para que possa honrar teu nome.”
Quando abriu a carta de Senaqueribe e pediu por proteção nacional, Ezequias revelou a motivação de sua oração em 2 Reis 19.19, quando orou:
Agora, pois, ó SENHOR, nosso Deus, livra-nos das suas mãos, para que todos os reinos da terra saibam que só tu és o SENHOR Deus.
Por que oramos?
Algumas semanas atrás, um homem de minha igreja me contou a história de uma mulher crente que tinha um papagaio. O problema era que a única coisa que o papagaio falava era: “Vamos beijar, vamos beijar.”
Esse papagaio só envergonhava a irmãzinha. As pessoas iam à sua casa para visita-la e, assim que entravam e o papagaio as via, ele dizia: “Vamos beijar, vamos beijar.”
Um tempo depois, a igreja dessa mulher chamou outro pastor e ele também tinha um papagaio. Esse, ao invés de dizer “Vamos beijar!” dizia: “Vamos orar!”
A mulher pensou: “Já sei! Vou levar meu papagaio para que o papagaio do pastor o influencie a falar coisas mais espirituais do que ‘Vamos beijar!’”
O pastor concordou. A irmã levou seu papagaio para a casa do pastor e o colocou dentro da gaiola junto com o papagaio espiritual. Assim que entrou, seu papagaio disse: “Vamos beijar, vamos beijar.” O papagaio do pastor respondeu: “Minhas orações foram respondidas!”
Pode até soar como algo espiritual dizer: “Vamos orar,” mas a questão é: o que você realmente quer de Deus—conforto, conveniência, prosperidade, fama? Ou quer que sua glória seja revelada através do seu sofrimento, que seu caráter seja desenvolvido através de sua crise?
- A segunda coisa que podemos aprender com a oração transparente e honesta de Ezequias é que a oração não é uma transação, mas uma interação.
Para a maioria de nós e na maioria das vezes, enxergamos a oração como uma espécie de transação ou negociação entre nós e Deus. Vamos a ele com nossas necessidades, com um formulário de petição já preenchido: “Senhor, é disto que preciso.” Daí, esperamos que ele dê uma olhada, assine embaixo e nos dê o que precisamos.
A verdade é que a oração é mais do que uma simples negociação; ela é interação. E essa interação na oração é uma comunicação no nível mais profundo possível. E esse, por si só, é o aspecto mais importante da oração. George MacDonald escreveu palavras interessantes a esse respeito:
E se Deus sabe que a coisa que mais precisamos é a oração? E se a essência primordial na ideia de Deus sobre a oração é suprir nossa carência maior e infinita—a necessidade de Deus? A fome pode levar o filho rebelde de volta para casa. Ele pode ou não ser alimentado imediatamente, mas ele precisa mais de seus pais do que de um jantar. Comunhão com Deus é a maior necessidade da alma. Oração é o início dessa comunhão, da conversa com Deus, de se tornar um com Deus.
A verdade é que, quando chega a crise e corremos para Deus, encontramos nele muito mais do que pensávamos existir.
Agora, vamos avançar na narrativa e veja 2 Reis 20.4–7:
Antes que Isaías tivesse saído da parte central da cidade, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo: Volta e dize a Ezequias, príncipe do meu povo: Assim diz o SENHOR, o Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas; eis que eu te curarei; ao terceiro dia, subirás à Casa do SENHOR. Acrescentarei aos teus dias quinze anos e das mãos do rei da Assíria te livrarei, a ti e a esta cidade; e defenderei esta cidade por amor de mim e por amor de Davi, meu servo. Disse mais Isaías: Tomai uma pasta de figos; tomaram-na e a puseram sobre a úlcera; e ele recuperou a saúde.
Evidentemente, a enfermidade mortal que tiraria a vida do rei é curada com o auxílio da medicina. Continue nos versos 8–11:
Ezequias disse a Isaías: Qual será o sinal de que o SENHOR me curará e de que, ao terceiro dia, subirei à Casa do SENHOR? Respondeu Isaías: Ser-te-á isto da parte do SENHOR como sinal de que ele cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus ou os retrocederá? Então, disse Ezequias: É fácil que a sombra adiante dez graus; tal, porém, não aconteça; antes, retroceda dez graus. Então, o profeta Isaías clamou ao SENHOR; e fez retroceder dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz.
Eu li meia dúzia de explicações para esse milagre, incluindo as seguintes:
- A terra, de fato, voltou em seu eixo;
- Houve um terremoto que alterou o relógio solar;
- Isaías fez algum truque para enganar o rei;
- Houve uma refração nos raios do sol; ou
- Houve um eclipse que escureceu o sol temporariamente.
Essas são explicações interessantes. Gostei de lê-las. Deus decidiu permanecer em silêncio quanto ao assunto. Não há explicação; lemos apenas como o milagre aconteceu. O verso 11 nos conta que Isaías orou, Deus realizou o milagre e Ezequias viu. Imagino que o elemento que autenticou o milagre foi outro milagre, a saber, Ezequias se recuperou de sua doença e viveu mais 15 anos.
Em meus estudos, também me deparei com o seguinte debate: será que Ezequias deveria ter orado para viver mais? Isso me pareceu estranho, já que todos nós teríamos orado pela mesma coisa! Em minhas visitas a enfermos em hospitais, jamais ouvi um deles dizer: “Pastor, ore para que eu não me recupere.”
Duas coisas foram escritas a respeito de Ezequias após sua recuperação que ensinam a verdade de que é melhor não sabermos quanto tempo restante temos no planeta terra. É melhor não recebermos essas garantias; caso contrário, esses dois problemas provavelmente invadirão nossas vidas também.
- O primeiro problema foi: a ameaça da autossuficiência.
Veja os versos 12–15:
Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente. Ezequias se agradou dos mensageiros e lhes mostrou toda a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, o seu arsenal e tudo quanto se achava nos seus tesouros; nenhuma coisa houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio que Ezequias não lhes mostrasse. Então, Isaías, o profeta, veio ao rei Ezequias e lhe disse: Que foi que aqueles homens disseram e donde vieram a ti? Respondeu Ezequias: De uma terra longínqua vieram, da Babilônia. Perguntou ele: Que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse.
Perceba como Ezequias usa pronomes possessivos da primeira pessoa do singular: minha casa, meus tesouros. Vemos aqui o seguinte: saúde garantida resultou em perda de perspectiva. Ezequias perdeu a vantagem que surge quando precisamos confiar no poder de Deus. Ele disse: “Veja os meus tesouros. Veja a minha casa. Veja o meu reino.” Ele não se referiu a Deus nem sequer uma vez em suas conversas com a Babilônia. Mal sabia Ezequias que a Babilônia derrotaria Judá, não a Assíria. Mal sabia Ezequias que os babilônios fariam anotações, tirariam fotografias do lugar para levar ao rei e começariam um plano para conquistar a terra de Ezequias. Mal sabia Ezequias que a Babilônia levaria os judeus em cativeiro, o que incluiu, dentre outros, o jovem Daniel.
- O segundo problema foi: a ameaça da complacência espiritual.
Continue nos versos 16–19:
Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do SENHOR: Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR. Dos teus próprios filhos, que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei da Babilônia. Então, disse Ezequias a Isaías: Boa é a palavra do SENHOR que disseste. Pois pensava: Haverá paz e segurança em meus dias.
Ezequias relaxou, ficou tranquilo demais e pensou: “Ei, vou viver ainda mais 15 anos. Então, até mesmo a pior notícia não é tão terrível assim. Tenho a garantia de segurança e proteção. Que a próxima geração lide com o problema.”
Aqui, vemos que garantia na segurança resultou em apatia. Nesse momento, Ezequias perdeu a capacidade de comunicar à geração seguinte o que é necessário para permanecer firme no Senhor. Pelos 15 anos seguintes, Ezequias viveu no piloto automático.
Acho interessante que, nesses 15 anos, seu filho nasce. Quando ele ascende ao trono posteriormente, o filho de Ezequias não possui vitalidade espiritual alguma. Ele nunca testemunhou o pai ansiando pela vontade de Deus, lutando com o sofrimento na vida. A única coisa que viu foi um pai relaxado.
Uma vida desprovida da tensão que surge do perigo e da morte pode até parecer ser uma vida boa, mas, na realidade, pode não ser uma vida digna de se viver. Ficaremos espiritualmente relaxados e tranquilos.
Em um de seus livros, Charles Swindoll fala da importância dessa tensão. Gostaria de ler algo que escreveu no capítulo intitulado “Tensão no Tanque.” Ele disse:
É necessário tensão para que se desenvolva a textura correta. No nordeste dos Estados Unidos, o bacalhau é não somente algo saboroso, mas representa uma grande fatia nos negócios. Existe mercado amplo para o bacalhau do nordeste, especialmente nas regiões mais distantes do litoral. Entretanto, essa demanda gera um problema para as transportadoras.
No início, elas costumavam congelar o bacalhau para transportá-lo, mas o peixe perdia muito do sabor por causa do congelamento. Então, as empresas fizeram um experimento: transportá-los vivos em grandes tanques de água salgada. Mas isso foi pior ainda. Foi não somente muito mais caro, mas o bacalhau ainda perdeu o sabor e, além disso, ficou sem consistência e mole. A textura foi afetada radicalmente.
Finalmente, uma alma criativa solucionou o problema da maneira mais inovadora possível. O bacalhau foi colocado dentro do tanque junto com seu inimigo natural: o bagre. Do momento em que o bacalhau deixou a costa leste até o momento em que desembarcou na costa oeste, o bagre perseguiu o bacalhau dentro do tanque. Com você pode imaginar, quando o bacalhau chegou ao mercado, estava tão fresco quanto no início. Não houve perda de sabor e sua textura não foi afetada.
Podemos fazer algumas perguntas. Você consegue pensar em alguns bagres nadando em seu tanque? Talvez você more com um deles. Ou, ainda, pode ser alguém no trabalho, cuja presença irritante o coloca de joelhos toda semana. Toda igreja tem alguns bagres também. Eles estão lá para impedir que o bacalhau fique relaxado, sem consistência e sem sabor.
Você tem agradecido por eles ultimamente? Pense apenas: é essa tensão dentro do tanque que ajuda a imagem de Cristo emergir em sua vida. Com a atitude correta, podemos aprender como não ficar ressentidos com eles como se fossem intrusos durante a perseguição. A fim de fazer isso, precisamos acabar com a autocomiseração, murmuração e mau humor. Quando fazemos isso, é extraordinário perceber como a perseguição acaba se assemelhando à nossa carreira espiritual.
Muito interessante. Quem são os bagres em seu tanque? Onde está aquela tensão que o força a depender da força do Senhor? No caso de Ezequias, Senaqueribe era um bagre gigante; sua doença era outro. Juntos, esses dois bagres empurraram Ezequias na direção de Deus.
Um Desafio Duradouro
Por fim, note o que diz 2 Reis 20.20–21:
Quanto aos mais atos de Ezequias, e todo o seu poder, e como fez o açude e o aqueduto, e trouxe água para dentro da cidade, porventura, não estão escritos no Livro da História dos Reis de Judá? Descansou Ezequias com seus pais; e Manassés, seu filho, reinou em seu lugar.
No dia exato conforme prometido por Deus, 15 anos depois da cura milagrosa, o funeral adiado de Ezequias finalmente acontece. Ezequias teve a rara oportunidade de ver parte do futuro. Ele recebeu um pouco de informação que o ser humano tanto deseja, a saber: por quanto tempo ainda viverei? Quando morrerei? E vimos que Ezequias esteve mais perto de Deus quando não sabia a resposta a essas perguntas do que quando sabia. O desafio para nós hoje é o seguinte: não escolhemos quando ou como morreremos, mas escolhemos como viveremos.
Meu amigo, todos nós encararemos o estado terminal, só que ainda não sabemos quando. Vamos escolher viver hoje para honrar e glorificar o Senhor, a quem um dia veremos face-a-face. E isso, meu amigo, é algo garantido.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 16/06/1996
© Copyright 1996 Stephen Davey
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