
Faça Um Desejo... Qualquer Coisa!
Faça Um Desejo... Qualquer Coisa!
1 Reis 3 e 2 Crônicas 1
Introdução
Se você fosse escrever algumas pérolas de sabedoria para outras pessoas, o que diria? Um escritor chamado Jack Brown catalogou algumas pérolas de centenas de pessoas de várias idades. Deixe-me ler algumas:
- Um indivíduo de 64 anos disse: “Aprendi que a maioria das coisas com as quais me preocupo nem sequer acontece.”
- Outro de 29 anos falou: “Aprendi que pais de outros filhos sabem perfeitamente como você deve criar os seus.”
- Mais um: “Aprendi que sabedoria é uma inteligência que o evita de entrar em situações que exigirão sabedoria.”
- Por fim: “Aprendi que o dente do juízo começa a crescer na primeira vez em que a pessoa morde mais do que consegue mastigar.”
Quando estudamos a vida do rei Salomão, vemos que essa última pérola de sabedoria se aplica bem a ele. As cortinas se abrem e o jovem Salomão já se encontra no centro das atenções; todos o observam. Estudiosos debatem a respeito de sua idade, mas a maioria acredita que ele ainda era um adolescente! Qualquer que seja sua idade neste momento, ele é o rei sobre todo o Israel.
1 Reis 2 menciona os primeiros acontecimentos em torno da ascensão de Salomão ao trono de seu pai, Davi. Esse é um capítulo violento e sanguinário. Conforme mencionei no estudo anterior, Salomão precisa lidar com os comprometimentos que Davi permitiu no reino. Isso inclui a necessidade de fazer justiça contra os inimigos do rei.
Então, os primeiros decretos que Salomão faz estão ligados à morte do general Joabe, de Adonias, o meio-irmão de Salomão, e de Simei, um homem que havia amaldiçoado Davi. Esse não foi um começo agradável e pacífico, mas necessário, a fim de assegurar que Salomão reinaria como o sucessor escolhido de Deus ao trono de seu pai.
Salomão pode ser considerado como “o rei da renascença.” A partir de hoje, faremos alguns estudos biográficos sobre esse rei da renascença. Uso esse título porque, de fato, Salomão foi o rei na época dourada em que o reino de Israel mais floresceu.
O Nascimento de Salomão
A fim de entender bem a vida do rei mais inteligente e glorioso na história de Israel, precisamos começar com seu nascimento, o qual aparece em 2 Samuel 12. O contexto da passagem é a morte do primeiro filho de Davi e Bate-Seba, o filho resultante daquela relação adúltera entre os dois. Grande foi a comoção no palácio quando o profeta Natã confrontou ousadamente o pecado do rei. Foi nessa época que o rei Davi compôs o Salmo 51, um poema de confissão e contrição. Logo após a morte desse filho, Bate-Seba concebeu novamente. Veja 2 Samuel 12.24a:
Então, Davi veio a Bate-Seba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela um filho a quem Davi deu o nome de Salomão...
Lembre-se que nomes nessa cultura indicavam esperança e desejo. Davi é um grande guerreiro, cuja vida tem sido uma série comprida de uma crise após outra, seguidas por uma queda no lodo do pecado e perda de intimidade com Deus e integridade entre seus súditos. Finalmente, Davi se arrepende e o filho do adultério morre. O Deus de toda graça, porém, permite que Bate-Seba conceba novamente, outro menino, a quem Davi toma nos braços e dá o nome de “Shalom,” ou Salomão, que significa, “paz.” É como se Davi marcasse o nascimento de Salomão como um período de paz. Agora, há paz dentro do palácio, dentro do seu coração e, principalmente, paz por uma comunhão restaurada com o Senhor.
O Treinamento de Salomão
O Senhor, contudo, possui um nome escolhido para esse garotinho também, um nome que aparece somente uma vez em toda a Bíblia. Veja 2 Samuel 12.24b–25:
...e o SENHOR o amou. Davi o entregou nas mãos do profeta Natã, e este lhe chamou Jedidias, por amor do SENHOR.
O nome Jedidias significa “amado por Deus.” O envolvimento de Natã no nome de Salomão leva alguns a crer que ele serviu como seu tutor nos anos mais jovens do garoto. O que acho ainda mais interessante é que Lemuel, talvez ainda outro nome para Salomão, foi provavelmente o apelido que sua mãe Bate-Seba lhe deu. O nome aparece somente uma vez e é em Provérbios 31. Ele significa “para Deus.” É como se Bate-Seba tivesse prometido a Deus que esse filho pertenceria ao Senhor.
A maioria dos estudiosos no Antigo Testamento acredita, com base em Provérbios 31, que Salomão, chamado Lemuel, registra para nós as palavras que sua mãe lhe ensinou. São palavras de profunda sabedoria e discernimento. Leia esse capítulo de Provérbios outra hora, consciente de que aquelas palavras saíram dos lábios da própria Bate-Seba. Na verdade, no decorrer de todo o livro de Provérbios, Salomão insta seu leitor a ouvir não somente os ensinos de seu pai, mas também os de sua mãe (e.g., Provérbios 1.8–9; 4.3–4; 6.20).
É interessante pensarmos que o ensino ao qual Salomão se refere no livro de Provérbios é não somente o ensino recebido de seu pai, o rei Davi, mas o recebido de sua mãe também, Bate-Seba. Ela foi, de fato, uma mulher com um passado tenebroso, mas, evidentemente, uma mulher que passou a amar e conhecer profundamente o Deus de Israel. Ela passou ao jovem príncipe o que ela aprendeu com Yahweh.
Então, Salomão foi criado debaixo do conselho do profeta piedoso Natã e de Bate-Seba. Se existe um princípio a retirar para nós nisso tudo, esse princípio é: a graça de Deus trabalha em sua vida, a despeito de seu passado.
Sem dúvidas, o pecado pode nos limitar em alguns sentidos. Isso foi verdade com Davi. Conforme lemos em 2 Samuel 12.10, o profeta Natã afirmou que, por causa de seu pecado, a espada jamais se apartaria de sua casa. Mas a graça de Deus continuaria atuando na vida do rei e um jovem príncipe cresceria aos pés de uma mãe que amadurecia e crescia no Senhor; uma mulher que, no fim, ensinaria milhões de crentes. Ao estudar o livro de Provérbios, os crentes estudam a instrução que Bate-Seba deu a Salomão. Uma das pérolas escondidas nesses capítulos é a história da graça, revelada e desenvolvida na vida de Bate-Seba.
A Inauguração do Reino de Salomão
Vamos, agora, acelerar a fita nessa biografia de Salomão e pular até o dia da inauguração de seu reino, que aparece em 1 Reis 3. O mesmo evento é registrado em 2 Crônicas 1. Nosso foco maior será em 1 Reis 3.
Iremos nos deter em três coisas de Salomão: sua primeira esposa, seu primeiro ato de adoração e seu primeiro e único desejo.
A Primeira Esposa de Salomão
Aprendemos sobre a primeira esposa de Salomão em 1 Reis 3.1:
Salomão aparentou-se com Faraó, rei do Egito, pois tomou por mulher a filha de Faraó e a trouxe à Cidade de Davi, até que acabasse de edificar a sua casa, e a Casa do SENHOR, e a muralha à roda de Jerusalém.
Essa foi uma estratégia política por parte de Salomão para assegurar que o antigo senhor de Israel, o Egito, agisse como seu aliado ao invés de como seu inimigo. Apesar de um casamento dessa natureza jamais ser proibido na Lei (o único casamento misto proibido era com mulheres das nações cananeias), essa união nos mostra como, desde cedo, a porta foi aberta para a posterior queda de Salomão. Seriam precisamente as esposas estrangeiras de Salomão que desviariam seu coração dos caminhos do Senhor.
O Primeiro Ato de Adoração de Salomão
O primeiro ato de adoração de Salomão aparece em 1 Reis 3.2–4:
Entretanto, o povo oferecia sacrifícios sobre os altos, porque até àqueles dias ainda não se tinha edificado casa ao nome do SENHOR. Salomão amava ao SENHOR, andando nos preceitos de Davi, seu pai; porém sacrificava ainda nos altos e queimava incenso. Foi o rei a Gibeão para lá sacrificar, porque era o alto maior; ofereceu mil holocaustos Salomão naquele altar.
A princípio, isso parece ser um ato direto de desobediência. Ele mal ascendeu ao trono e já se casou com uma mulher egípcia e, agora, sacrifica sobre alguns altares em lugares altos.
A conjunção porém parece indicar que Salomão fazia tudo corretamente como deveria, a não ser pelo fato de sacrificar em Gibeão. Já vi muitos pregadores focando suas mensagens exatamente nisto: Salomão fazia tudo certo, menos sacrificar em Gibeão. Entretanto, quando lemos a narrativa paralela de 1 Reis 3, ela fornece uma explicação, não uma condenação. Lemos em 2 Crônicas 1.3–5:
e foi com toda a congregação ao alto que estava em Gibeão, porque ali estava a tenda da congregação de Deus, que Moisés, servo do SENHOR, tinha feito no deserto. Mas Davi fizera subir a arca de Deus de Quiriate-Jearim ao lugar que lhe havia preparado, porque lhe armara uma tenda em Jerusalém. Também o altar de bronze que fizera Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, estava ali diante do tabernáculo do SENHOR; e Salomão e a congregação consultaram o SENHOR.
Em outras palavras, Salomão seguiu seu pai, Davi, em todos os aspectos, a não ser no seguinte: Davi sacrificava em Jerusalém onde estava a arca, mas Salomão sacrificava em Gibeão onde estava o tabernáculo de Moisés. Deus honrou ambos! A única coisa, então, que precisamos fazer é comparar as passagens paralelas. Assim, evitamos ensinar algo que a Bíblia não ensina. Aqui jaz um grande alerta para nós: quer você ensine, pregue ou ouça a Bíblia, compare o que ouve ou ensina com as demais Escrituras, não importa quão convincente o ensino parece ser.
Continue no verso 6:
Salomão ofereceu ali sacrifícios perante o SENHOR, sobre o altar de bronze que estava na tenda da congregação; e ofereceu sobre ele mil holocaustos.
Você sabe o que Salomão está fazendo? Ele começa seu reino reconhecendo, publicamente, seu amor e compromisso a Yahweh, o Deus de Israel.
O Primeiro e Único Desejo de Salomão
Note o que Deus faz agora em 1 Reis 3; veja o verso 5:
Em Gibeão, apareceu o SENHOR a Salomão, de noite, em sonhos. Disse-lhe Deus: Pede-me o que queres que eu te dê.
Deus disse: “Faça um desejo, Salomão, qualquer coisa.” Imagine só! Deus diz: “Salomão, aqui está um cheque em branco. Escreva o que você quiser nele.”
Que criança nunca deitou na cama à noite e pensou: “Se eu tivesse três desejos, quais seriam?” Um dos desejos mais comuns de crianças é poder voar. Adultos também têm seus sonhos e desejos. Por exemplo:
- Ganhar na loteria;
- Comprar um carro zero;
- Comprar uma casa;
- Uma mãe sonha com o dia em que sua filha de 13 anos lhe dirá: “Mamãe, você já fez muita coisa hoje. Sente ali que vou lavar a louça e arrumar a cozinha.”
- Todo homem sonha que o mecânico lhe dirá: “Sabe aquele barulho estranho que você estava ouvindo? Pois é... não é nada. Vou só limpar aqui essa mangueira e você pode ir.”
Se você tivesse a oportunidade de fazer um desejo, o que pediria? Acredite você ou não, Deus dá essa oportunidade a Salomão; um desejo; qualquer coisa! Veja como Salomão reage em 1 Reis 3.6:
Respondeu Salomão: De grande benevolência usaste para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou contigo em fidelidade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face; mantiveste-lhe esta grande benevolência e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como hoje se vê.
Esse verso pode ser resumido com apenas uma palavra: gratidão. Salomão diz: “Deus, o Senhor tem realizado coisas maravilhosas e já me deu muita coisa, especialmente uma herança e um chamado santo.”
Se Deus nos dissesse: “Peça o que você quiser,” quantos de nós parariam para agradecer a Deus antes de sair com uma longa lista de coisas?
O verso seguinte, o verso 7, também pode ser resumido com uma palavra apenas: humildade. Veja o verso 7:
Agora, pois, ó SENHOR, meu Deus, tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai; não passo de uma criança, não sei como conduzir-me.
Você consegue imaginar um rapaz de 17 ou 18 anos dizendo: “Preciso de ajuda”? Essa é a época de suas vidas em que sabem mais do que qualquer outra pessoa; se os outros simplesmente saírem de seu caminho, eles transformariam o mundo. É nesse período de sua vida que Salomão diz: “Senhor, não sei como vou fazer isso.”
Contraste Salomão com os irmãos Absalão e Adonias. Eles sabiam que poderiam reinar; eles sabiam como liderar a nação e disseram: “Serei rei!” Salomão diz: tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi. Ou seja, “Sou o que sou porque tu, ó Deus, me fizeste assim!”
Gosto muito do que disse Martinho Lutero: “Deus criou os mundos do nada e, quando consideramos nós mesmos um nada, Deus pode criar algo a partir de nós também.” Semelhantemente, o missionário Hudson Taylor, que impactou a China para Deus, disse: “Deus me escolheu porque eu era fraco, calado e pequeno o suficiente para ser usado por ele.”
Continue no verso 8:
Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, tão numeroso, que se não pode contar.
A expressão povo grande pode ser traduzida como “povo pesado,” ou seja: “Senhor, carregar este povo será uma tarefa pesada. Não sei se meus ombros são fortes para isso.”
Você já se sentiu como Salomão alguma vez? Você se vê diante de uma responsabilidade como pai, professor, empresário, dona de casa, aluno e pensa: “Este fardo é pesado demais para mim.”
Se você encara seriamente as responsabilidades na vida e está ciente de que a tarefa é pesada demais, então, pode fazer o mesmo desejo que Salomão fez e vê-lo se concretizando. Como lemos em Tiago 1.2–5:
Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa... Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.
Vamos prosseguir e ler o desejo de Salomão em 1 Reis 3.9:
Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo?
A expressão coração compreensivo significa “coração que ouve.” Salomão pede por um coração que ouve!
Walter Wangerin escreveu: “Sabedoria é nada mais do que a habilidade de ouvir.” Gosto como outro homem colocou isso: “Ouvir é a maneira de se conseguir sabedoria, porque tudo o que diz você já sabe.”
Agora, estou convencido de que todos nós temos um coração que ouve. A questão é: ao que damos ouvidos? Salomão pede a Deus por um coração sintonizado para discernimento piedoso.
Li a história de dois homens que caminhavam juntos no centro de Nova Iorque: um índio e um nova-iorquino. O barulho era enorme, assim como na Rua 25 de Março em São Paulo, por exemplo. Carros de um lado, ônibus de outro, táxis, buzinas, vendedores, pessoas conversando, celulares tocando, etc. Um tumulto. De repente, o índio diz: “Espere aí. Estou ouvindo um grilo. Está ouvindo?”
O nova-iorquino ficou surpreso e disse: “De jeito nenhum! Como vou ouvir um grilo cantando no centro de Nova Iorque, em plena hora do rush?” “É sério,” replicou o índio. Para provar que realmente ouvia um grilo, ele se abaixou, seguiu o barulho e pegou o grilo que estava numa rachadura da calçada. O homem da cidade reagiu: “Como você conseguiu ouvir esse grilo?!” O índio respondeu: “É fácil. Vivo no mato desde a infância. Meus ouvidos estão sintonizados de maneira a detectar um grilo, mesmo em meio a um barulho intenso como este.” Em seguida, o índio disse: “Veja só isto.” Ele pegou uma moeda de seu bolso e a deixou cair ao chão, no concreto. Assim que a moeda caiu, todas as pessoas ao redor se viraram; todas ouviram a moeda cair. O índio concluiu: “Você ouve aquilo que quer ouvir. Nossos ouvidos captam o som daquilo para o qual estão sintonizados.”
A pergunta é: para o que nossos corações estão sintonizados?
O desejo de Salomão é por um coração sintonizado para ouvir sabedoria, para discernir entre o bem e o mal. Em outras palavras, ele pede que Deus lhe dê instinto para a verdade.
A Resposta de Deus ao Desejo de Salomão: Quatro Presentes Concedidos ao Jovem Rei
Começando no verso 11 de 1 Reis 3, vemos a resposta de Deus ao pedido de Salomão e ele lhe concede quatro presentes.
- O primeiro presente é discernimento.
Veja o verso 12:
eis que faço segundo as tuas palavras: dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá.
Em nosso próximo estudo, veremos o discernimento de Salomão.
- O segundo presente é riqueza.
Deus concede esse segundo presente no verso 13: Também até o que me não pediste eu te dou, tanto riquezas como glória. Estudiosos estimam que o salário semanal de Salomão girava em torno de 1,4 milhão de dólares. Conforme 2 Crônicas 1 e 9, Salomão transformou prata e ouro em pedras comuns. No primeiro ano de seu reino, a soma das entradas de artigos e moedas de ouro como tributos de nações vizinhas pesava mais de 65 toneladas.
Lemos um exemplo da extrema riqueza de Salomão em 1 Reis 10.18–24. Tente apenas imaginar isto!
Fez mais o rei um grande trono de marfim e o cobriu de ouro puríssimo. O trono tinha seis degraus; o espaldar do trono, ao alto, era redondo; de ambos os lados tinha braços junto ao assento e dois leões junto aos braços. Também doze leões estavam ali sobre os seis degraus, um em cada extremo destes. Nunca se fizera obra semelhante em nenhum dos reinos. Todas as taças de que se servia o rei Salomão para beber eram de ouro, e também de ouro puro todas as da Casa do Bosque do Líbano; não havia nelas prata, porque nos dias de Salomão não se dava a ela estimação nenhuma. Porque o rei tinha no mar uma frota de Társis, com as naus de Hirão; de três em três anos, voltava a frota de Társis, trazendo ouro, prata, marfim, bugios e pavões. Assim, o rei Salomão excedeu a todos os reis do mundo, tanto em riqueza como em sabedoria. Todo o mundo procurava ir ter com ele para ouvir a sabedoria que Deus lhe pusera no coração.
- O terceiro presente que Deus concede a Salomão é honra ou fama.
Lemos em 2 Crônicas 9.3–6 que até mesmo a rainha de Sabá foi, pessoalmente, a Jerusalém visitar Salomão após ouvir de toda sua fama:
Vendo, pois, a rainha de Sabá a sabedoria de Salomão, e a casa que edificara, e a comida da sua mesa, o lugar dos seus oficiais, o serviço dos seus criados, e os trajes deles, seus copeiros, e os seus trajes, e o holocausto que oferecia na Casa do SENHOR, ficou como fora de si e disse ao rei: Foi verdade a palavra que a teu respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria. Eu, contudo, não cria no que se falava, até que vim e vi com os próprios olhos. Eis que não me contaram a metade da grandeza da tua sabedoria; sobrepujas a fama que ouvi.
- E o quarto presente de Deus a Salomão é longevidade.
Veja 1 Reis 3.14: Se andares nos meus caminhos... prolongarei os teus dias. Salomão comporá cerca de 3 mil pérolas de sabedoria, as quais chamamos de “Provérbios,” e escreverá mais de 5 mil canções. Apesar de querermos avançar logo para os dias de sua queda, é bom pararmos e ponderar nos dias iniciais de seu reino. Seu desejo foi realizado e Deus lhe deu sabedoria incrível, sem igual.
Aplicação
Gostaria de finalizar com algumas observações retiradas dessa passagem. O que podemos aprender com os primeiros acontecimentos no reino de Salmão?
- Primeiro: sabedoria é dada somente aos que primeiramente reconhecem que necessitam dela.
Leia o livro de Provérbios e você verá que a sabedoria está disponível a todos os que admitem que carecem dela. É só pedir.
- Segundo: sabedoria é revelada somente através daqueles que reconhecem que ela veio de Deus.
Na conversa entre Salomão e Deus, vemos a repetição do verbo “pedir.” Deus é o doador da sabedoria; a humanidade é o recipiente.
- Terceiro: sabedoria está disponível somente àqueles que ficam gratos quando Deus a concede.
Veja 1 Reis 3.15:
Despertou Salomão; e eis que era sonho. Veio a Jerusalém, pôs-se perante a arca da Aliança do SENHOR, ofereceu holocaustos, apresentou ofertas pacíficas e deu um banquete a todos os seus oficiais.
Essa é a maneira de dizer “obrigado” ao estilo do Antigo Testamento. Infelizmente, temo que somos rápidos demais para dizer: “Senhor, ajude-me,” mas demoramos a dizer: “Senhor, muito obrigado!”
Esse jovem rei, cuja reputação e fama alcançarão os confins do mundo conhecido, começa sua carreira como rei com os olhos não nos presentes, mas no Doador dos presentes; e seu coração está aberto para ouvir.
Conclusão
Já era tarde da noite quando o lord Chamberlain da Bretanha despertou uma garota de 18 anos de idade. Era o ano de 1837. Quando ela acordou de seu sono em seu quarto no mais interior do Palácio de Buckingham, o lord Chamberlain informou a essa garota que seu tio morrera e que, agora, ela era a rainha da Grã-Bretanha. Em seguida, ele abriu sua Bíblia em 1 Reis 3 e leu esta mesma passagem para a garota que em breve seria coroada rainha Victoria.
Essa é uma boa ocasião para pararmos e nos perguntar: em que confiamos? Para onde olhamos? O que pedimos de Deus? Temos corações atentos para ouvir, sintonizados na sabedoria de Deus? Se Deus viesse até você hoje e dissesse: “Faça um desejo... qualquer um,” será que você pediria sabedoria?
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 04/06/1995
© Copyright 1995 Stephen Davey
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