
O Som do Silêncio
O Som do Silêncio
2 Reis 6.24–7.20
Introdução
Luigi Tarisio foi encontrado morto numa manhã. Sua casa estava um tanto deteriorada e praticamente sem móveis, dando a ideia de que ele não tinha nem dinheiro nem tempo para os confortos da vida. Contudo, enquanto parentes vasculhavam sua casa, subiram ao sótão e encontraram 246 violinos raros. Alguns desses violinos estavam guardados em gavetas e caixas, enquanto outros embrulhados em cobertores. Havia até um Estradivário na última gaveta de uma cômoda empoeirada.
A obsessão de Luigi com violinos era algo incrível. Durante o tempo em que entesourou para si e escondeu esses instrumentos em sua casa, ele privou o mundo de música belíssima. Você consegue imaginar isso? Instrumentos criados para produzir música agradável foram, propositadamente, silenciados.
Em um de seus livros, William Meyer conta as histórias por trás de muitas guerras milionárias de propaganda envolvendo empresas multinacionais. As guerras eram entre empresas modernas gigantescas que se esforçavam ao máximo para comunicar a mensagem de seu produto com maior zelo e eficiência do que os competidores.
Uma dessas guerras foi entre duas fabricantes de refrigerante de cola: a Pepsi e a Coca-Cola. No início da década de 1980, a Pepsi gastou quase 300 milhões de dólares numa propaganda. Na mesma época, a Coca-Cola investia quase 400 milhões. A guerra continua até hoje, e as duas gastam quase 1 bilhão de dólares em propaganda para nos convencer de que existe, de fato, uma diferença entre os dois produtos.
A pergunta é: o que você tem feito para comunicar à sua geração que Jesus Cristo realmente faz uma diferença? Será que somos como violinos silenciados, escondidos num lugar seguro enquanto o mundo gasta bilhões para vender água com gosto? Será que ficamos de mãos cruzadas juntando poeira?
Essa pergunta é feita em forma de drama no livro de 2 Reis. Quatro leprosos se deparam com a pergunta: o que devemos fazer com a boa notícia que temos?
Quero convidá-lo aos capítulos 6 e 7 de 2 Reis. O autor do texto utiliza um estilo de escrita que nos permite ver o que acontece nos bastidores. Apesar de o foco no palco estar em cenas de guerra, somos levados aos bastidores para ver outras cenas. Primeiro, vemos uma cena horrorosa de canibalismo por parte de israelitas famintos; daí, somos levados à casa de Eliseu para ver o profeta lidando com uma tentativa contra sua vida; finalmente, somos rapidamente retirados do palco para observar quatro leprosos fazendo uma incrível descoberta que salva o dia e revela o plano de Deus.
Cena 1: O Desespero dos Esquecidos
Comece lendo 2 Reis 6.24:
Depois disto, ajuntou Ben-Hadade, rei da Síria, todo o seu exército, subiu e sitiou a Samaria.
Quero parar aqui porque existe uma aparente contradição entre os versos 23 e 24. Quero dizer logo de início que essa aparente contradição é esclarecida sem problemas quando entendemos os versos literalmente.
O verso 23, que já estudamos antes, nos diz que os sírios não atacaram mais a terra de Israel—e de fato não atacaram. Daí, algum tempo passa entre os dois versos; pode ter sido dias, meses ou anos—não sabemos. O verso 24 nos diz que Ben-Hadade não faz investidas, mas monta uma guerra com todo seu exército. Eles vêm e sitiam Samaria, a capital do reino do norte, e interrompem o suprimento de água.
O resultado aparece no verso 25:
Houve grande fome em Samaria; eis que a sitiaram, a ponto de se vender a cabeça de um jumento por oitenta siclos de prata e um pouco de esterco de pombas por cinco siclos de prata.
Difícil de imaginar. Não vou dizer mais nada, apenas que a situação fica ainda pior do que isso. Continue nos versos 26–29:
Passando o rei de Israel pelo muro, gritou-lhe uma mulher: Acode-me, ó rei, meu senhor! Ele lhe disse: Se o SENHOR te não acode, donde te acudirei eu? Da eira ou do lagar? Perguntou-lhe o rei: Que tens? Respondeu ela: Esta mulher me disse: Dá teu filho, para que, hoje, o comamos e, amanhã, comeremos o meu. Cozemos, pois, o meu filho e o comemos; mas, dizendo-lhe eu ao outro dia: Dá o teu filho, para que o comamos, ela o escondeu.
Quando lemos esta passagem, pensamos: “Será que é possível que o ser humano regrida tanto a ponto de cometer algo tão terrível assim?”
É importante lembrar que, nessa época, a vida das crianças não era valorizada, especialmente em nações idólatras em que o povo sacrificava seus filhos aos deuses. Até o dia de hoje, a vida vale pouco em países onde o Evangelho de Jesus Cristo está ausente.
Continue no verso 30:
Tendo o rei ouvido as palavras da mulher, rasgou as suas vestes, quando passava pelo muro; o povo olhou e viu que trazia pano de saco por dentro, sobre a pele.
Isso é interessante. A implicação é a de que, do lado de fora, o rei veste seu manto real, mantendo a aparência normal de um rei. Contudo, debaixo desse manto, ele veste um pano comum de um indivíduo que confessa e se arrepende de pecados diante de Deus. Ele veste pano de saco.
Um detalhe que vale destacar é que a passagem está ligada ao ato de as pessoas guardarem segredos. Temos os leprosos que guardam um segredo que salvará a cidade; nesse verso, vemos o rei que se arrepende como deveria por ser o líder do povo diante de Deus. Ele se arrepende por haver abandonado o Senhor, mas guarda segredo; fica em silêncio; ele não tornou pública sua confissão. O povo fica chocado ao ver o pano de saco quando ele rasga seu manto externo.
A verdade é que o arrependimento parcial do rei não foi um arrependimento sincero. Isso fica óbvio no verso 31:
Disse o rei: Assim me faça Deus o que bem lhe aprouver se a cabeça de Eliseu, filho de Safate, lhe ficar, hoje, sobre os ombros.
Em outras palavras, “Vamos matar o profeta.”
Cena 2: A Culpa do Inocente
Isso nos introduz à segunda cena nos bastidores; somos levados à casa de Eliseu. Por meio de revelação de Deus, Eliseu sabe que o assassino está a caminho de sua casa para mata-lo.
O rei anunciou a morte do melhor amigo que Samaria já teve. Se existe alguém capaz de conduzir a nação a segurança, que pode falar da parte de Deus e livrá-los da destruição iminente, esse alguém é o homem que o rei acabou de sentenciar à morte.
Foi impossível ler isso e não pensar na execução de Jesus Cristo por crucificação. Jesus foi o melhor amigo que o mundo podia ter—amigo de pecadores. E a própria nação pela qual chorou ergueria sua voz e gritaria: “Crucifica-o!”
Os israelitas tinham abandonado a palavra de Yahweh e agora sairão para matar o mensageiro de Deus. Veja 2 Reis 7.1, onde o rei e sua comitiva chegam à casa de Eliseu:
Então, disse Eliseu: Ouvi a palavra do SENHOR; assim diz o SENHOR: Amanhã, a estas horas mais ou menos, dar-se-á um alqueire de flor de farinha por um siclo, e dois de cevada, por um siclo, à porta de Samaria.
Isso é notícia incrível. Continue no verso 2:
Porém o capitão a cujo braço o rei se apoiava respondeu ao homem de Deus: Ainda que o SENHOR fizesse janelas no céu, poderia suceder isso? Disse o profeta: Eis que tu o verás com os teus olhos, porém disso não comerás.
Esse capitão representa a voz da incredulidade racional. Neste momento, o capitão fala algo que faz sentido, enquanto Eliseu fala o que não faz sentido. O capitão diz: “Olha, mesmo que o Senhor abra as janelas do céu, isso não resolverá o problema. Não temos farinha ou cevada. Isso jamais acontecerá; é impossível. Nunca vi Deus fazendo isso em minha vida; ele certamente não o fará agora.”
Enquanto lia essa passagem, pensei na igreja. O plano de uma igreja em decadência sempre é: “Nunca fizemos as coisas daquele jeito antes.” A outra igreja que também está morrendo diz: “Sempre fizemos as coisas desse jeito.”
Vale a pena pensar nas palavras de um soldado judeu descrente: “Olha, se Deus nos salvará, ele terá que usar um método um pouco mais convencional. Duvido que daqui a 24 horas teremos farinha e cevada. É impossível!”
À luz disso, Eliseu profetiza no verso 2 que ele verá a comida, mas não desfrutará dela.
Cena 3: A Mensagem de Um Desprezado
Agora, a terceira cena, na qual desejamos focar mais, nos leva para o lado de fora dos muros da cidade, para longe do pânico da cidade e das histórias terríveis de canibalismo, e até mesmo do profeta Eliseu.
Nessa terceira cena, vemos 4 leprosos fazendo uma descoberta maravilhosa. No verso 3, encontramos os três no portão, do lado de fora da cidade, algo comum nesses dias. Conforme a Lei, os leprosos não podiam morar dentro da cidade. Como resultado, eles construíam algumas cabanas rudimentares perto do portão de entrada e pediam comida. Também achei interessante descobrir que os rabinos acreditavam e ensinavam que esses 4 leprosos eram Geazi, o antigo servo de Eliseu, e seus três filhos acometidos de lepra.
Agora, eu quero entrar nesse cenário e seguir os 4 leprosos. Acompanhe a leitura de 2 Reis 7.3–8:
Quatro homens leprosos estavam à entrada da porta, os quais disseram uns aos outros: Para que estaremos nós aqui sentados até morrermos? Se dissermos: entremos na cidade, há fome na cidade, e morreremos lá; se ficarmos sentados aqui, também morreremos. Vamos, pois, agora, e demos conosco no arraial dos siros; se nos deixarem viver, viveremos; se nos matarem, tão-somente morreremos. Levantaram-se ao anoitecer para se dirigirem ao arraial dos siros; e, tendo chegado à entrada do arraial, eis que não havia lá ninguém. Porque o Senhor fizera ouvir no arraial dos siros ruído de carros e de cavalos e o ruído de um grande exército; de maneira que disseram uns aos outros: Eis que o rei de Israel alugou contra nós os reis dos heteus e os reis dos egípcios, para virem contra nós. Pelo que se levantaram, e, fugindo ao anoitecer, deixaram as suas tendas, os seus cavalos, e os seus jumentos, e o arraial como estava; e fugiram para salvar a sua vida. Chegando, pois, aqueles leprosos à entrada do arraial, entraram numa tenda, e comeram, e beberam, e tomaram dali prata, e ouro, e vestes, e se foram, e os esconderam; voltaram, e entraram em outra tenda, e dali também tomaram alguma coisa, e a esconderam.
Você imagine ser um desses leprosos? Sua vida tem sido uma esmola após outra, pedindo comida no portão da cidade; suas roupas são panos velhos rasgados; não possui anda, exceto uma cabana velha.
Essas tendas não se assemelham em nada às nossas tendas modernas que armamos num acampamento. Heródoto, que viveu 400 anos antes de Cristo, escreveu sobre a vez em que os gregos conquistaram Mardonias e saquearam o acampamento militar. Heródoto escreveu:
No acampamento, foram encontradas muitas tendas adornadas belamente com móveis de ouro e prata, sofás cobertos com pratos de ouro, e muitas tigelas, taças e copos de ouro. Nas carruagens, havia sacos cheios de chaleiras de prata e ouro. E os corpos dos soldados mortos tinham braceletes, correntes e ornamentos de ouro, isso para não mencionar os uniformes bordados, nos quais ninguém parecia se interessar.
Esse acampamento era um paraíso para mendigos! Imagino que esses leprosos se beliscaram para ter certeza de que estavam acordados. Eles riem e choram ao mesmo tempo, enquanto correm de um lado para outro. Um deles diz: “Ei, venham aqui para ver a comida que achei nesta tenda!” Eles juntavam coisas e enchiam a boca de comida deliciosa. Talvez outro dizia em seguida: “Ei, olhem aqui este saco de ouro. Estou rico! É tudo meu!” Imagine descobrir toda essa riqueza e abundância.
Numa certa ocasião, uma professora tentava ensinar seus alunos sobre a importância da honestidade. Ela perguntou à turma: “Digamos que você tenha encontrado uma maleta com meio milhão de reais. O que faria?” O Joãozinho levantou a mão e respondeu logo: “Se fosse de uma família pobre, devolveria.”
Bom, nessa história você pode ficar com tudo! Em algum momento em meio a toda essa animação, um deles disse: “Ei, esperem um pouco.” “O que foi?” “Bom, estava pensando nos nossos compatriotas em Samaria. Hoje, mais pessoas morrerão e mais crianças serão sacrificadas. Isso não está certo.”
Veja o verso 9:
Então, disseram uns para os outros: Não fazemos bem; este dia é dia de boas-novas, e nós nos calamos; se esperarmos até à luz da manhã, seremos tidos por culpados; agora, pois, vamos e o anunciemos à casa do rei.
Essa é a questão! Esta é a lição para cada geração: notícias boas devem ser compartilhadas! A mensagem de Jesus Cristo que você recebeu não é para ser guardada, mas anunciada. A graça de Deus que brilhou em seu coração não é para ser retida, mas refletida! Um violino Estradivário é para ser tocado!
Acho irônico nessa cena que os abandonados e desprezados foram escolhidos para anunciar notícias maravilhosas. O mesmo é verdade sobre os pastores, lembra? Eles eram desprezados, considerados impuros, não tinham acesso ao templo. Ainda assim, os pastores, conforme Lucas 2, foram os primeiros a anunciar: “hoje nos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor.”
Jamais pense que Deus não usa todos os seus filhos. Os que receberam seu Filho podem ser usados como arautos para Cristo e comunicar a mensagem para sua geração.
Pule para o verso 16:
Então, saiu o povo e saqueou o arraial dos siros; e, assim, se vendia um alqueire de flor de farinha por um siclo, e dois de cevada, por um siclo, segundo a palavra do SENHOR.
Agora, pule para os versos 19–20:
Aquele capitão respondera ao homem de Deus: Ainda que o SENHOR fizesse janelas no céu, poderia suceder isso, segundo essa palavra? Dissera o profeta: Eis que tu o verás com os teus olhos, porém disso não comerás. Assim lhe sucedeu, porque o povo o atropelou na porta, e ele morreu.
Acho interessante que, quando o julgamento de Deus foi lançado sobre o capitão incrédulo e zombador, isso serve de ilustração tremenda de todos aqueles que zombam do plano, graça e poder de Deus. Um dia, todos os descrentes comparecerão diante do nosso grande Deus, verão e conhecerão, naquele momento, a verdade sobre o paraíso eterno. Eles verão, mas não poderão desfrutar dele.
Aplicação
Gostaria de aplicar essa história à nossa geração e igreja de duas formas.
- Primeiro: se a igreja for comunicar a mensagem à sua geração, ela precisa primeiramente se arrepender de seu fracasso patético.
Nossa sociedade está cheia de igrejas—nós descobrimos o paraíso; mesmo assim, mantivemos a boa notícia em secreto. A igreja, em geral, não marcha como um exército poderoso. Ela caminha mais parecido com uma tartaruga que busca uma toca confortável na areia da praia, onde esperará até que Cristo volte para nos levar para o lar celestial um dia. Não fazemos bem.
- Segundo: se a igreja for comunicar a mensagem à sua geração, ela precisa primeiro reacender a chama de seu foco primário.
Gostaria de contar uma parábola, uma parábola com uma lição dura. Ela é humorada, triste, mas verdadeira.
Aconteceu de haver um grupo de pessoas que se autodenominavam “pescadores.” E, de fato, havia muitos peixes nas águas ao redor. Rios e lagos estavam repletos de peixes e todos estavam famintos. Semana após semana, mês após mês, ano após ano, essas pessoas que se chamavam de pescadores realizavam reuniões e falavam de sua vontade de pescar, sobre os muitos peixes que nadavam por perto e quais técnicas deveriam usar nas pescarias.
Eles construíram prédios enormes para servirem de escritório de pescaria e com frequência buscavam mais pescadores. Contudo, eles mesmos não pescavam. Eles organizaram um conselho para enviar pescadores a outros lugares onde havia muitos peixes. Sua grande visão e coragem para falar sobre pescaria podiam ser vistas na maneira como promoviam seu material e realizavam campanhas para enviar esses pescadores. Mas os membros do conselho nunca pescavam. Grandes centros de treinamento sofisticados foram formados para ensinar os pescadores como pescar. Pessoas com doutorado em “Pescologia” eram contratadas para esses centros de treinamento. Mas a única coisa que faziam era ensinar como pescar—elas mesmas não pescavam.
Após uma reunião acalorada sobre “A Necessidade de Pescar,” um rapaz jovem saiu da reunião e foi pescar. Acabou pegando dois peixes incríveis. Ele foi muito reconhecido pela sua pescaria produtiva e convidado para participar de todas as reuniões importantes para contar sobre sua experiência. Então, ele parou de pescar para viajar e contar sua história a pessoas que diziam ser pescadoras, mesmo que nunca tinham tempo para pescar.
E disse Jesus: “Venham após mim e farei de vocês pescadores de homens, mulheres, meninos e meninas” Mateus 4.19 (tradução livre).
É hora de você se perguntar: em que negócio estou envolvido? Você pode pensar, erradamente, que está no mercado da computação; ou pode pensar, equivocadamente, que está no mercado médico. Você não está. Meu amigo, você está no negócio do Rei; você é um embaixador de Deus na terra, inserido pela sua soberania na profissão de médico, engenheiro da computação, farmacêutico, vendedor, mecânico, etc. Seu negócio é a comissão que Jesus Cristo deu, isto é, compartilhar com outras pessoas, uma de cada vez, a notícia de que você encontrou um tesouro que satisfez sua alma, purificou sua consciência e garantiu para você um lugar no paraíso eterno, e você quer que elas desfrutem da mesma coisa também. Precisamos limpar a poeira, afinar as cordas do violino e permitir que o mundo ouça a música maravilhosa que temos mantido em silêncio até agora.
Se você deseja saber qual é o som que a igreja faz hoje, é o seguinte: é o som do silêncio. Enquanto o mundo aumenta mais e mais o volume, comunicando o valor de uma água com açúcar, nós descobrimos a eternidade. Que Deus nos ajude a quebrar o silêncio e contar o segredo.
Como é trágico ficar com a notícia boa para nós mesmos. Você já convidou alguém para ir para o céu com você? Peça para Deus dar fervor pelas almas das pessoas ao seu redor.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 24/03/1996
© Copyright 1996 Stephen Davey
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