
Colhendo Maçãs de Ouro
Colhendo Maçãs de Ouro
2 Reis 5.15–27
Introdução
Esopo foi um escritor grego de fábulas que supostamente viveu 600 anos antes de Cristo. Ele ficou famoso por causa de suas fábulas e lendas. Aristóteles descreveu a inteligência do fabulista ao relatar a vez em que Esopo defendeu um político corrupto num tribunal. Sua defensa foi simplesmente contar uma fábula sobre uma raposa.
“Uma certa raposa,” disse Esopo, “estava sofrendo com pulgas e os outros animais lhe perguntaram se poderiam ajudar de alguma forma.” A raposa replicou: “Não, essas pulgas já estão cheias e não conseguirão mais sugar meu sangue. Se as matarmos, novas pulgas famintas aparecerão.”
Assim, Esopo concluiu: “Então, querido júri, se vocês condenarem meu rico cliente à morte, outros virão que ainda não são ricos e roubarão a população completamente.” O cliente de Esopo foi absolvido.
Existe uma lenda grega sobre uma mulher bonita chamada Atalanta e a longa fila de pretendentes. Atalanta gostava de correr e, conforme diz a lenda, ela era a corredora mais rápida em sua cidade grega. Num belo dia, ela lançou um desafio aos seus pretendentes: ela se casaria com o homem que ganhasse a corrida contra ela, e todos os demais seriam mortos.
Mas, de repente, um jovem brilhante chamado Hippomenes apareceu. Ele também aceitou o desafio de Atalanta. Contudo, pouco tempo antes de entrar na corrida contra ela, ele escondeu em seu manto três maçãs de ouro puro. No início da corrida, o rapaz jogou uma das maçãs na frente de Atalanta. O brilho daquela joia chamou sua atenção e, ao se curvar para pegar a maçã, o rapaz a ultrapassou.
Atalanta se recuperou e o alcançou novamente. Daí, mais uma maçã de ouro foi lançada na frente de Atalanta e, de novo, ela ficou encantada com o brilho do ouro e correu para pegar a maçã; Hippomenes a ultrapassou mais uma vez.
A essa altura, a linha de chegada já estava próxima e Atalanta abriu vantagem de novo; mas, pela última vez, ela se deteve diante do brilho da maçã dourada. Quando ela vacilou entre sua avareza e a vitória, Hippomenes a passou e chegou em primeiro. Segundo a lenda, eles se casaram e viveram felizes para sempre. Atalanta foi pega de surpresa; ela perdeu o alvo de vista por causa do brilho do ouro.
Uma Advertência do Novo Testamento
Uma das advertências mais severas do Novo Testamento aparece numa carta que Paulo escreveu ao jovem Timóteo. Gostaria de começar com esse alerta que aparece em 1 Timóteo 6.6:
De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento.
Contentamento não é uma aceitação passiva, mas independência ativa; é uma atitude que independe das circunstâncias. Continue nos versos 7–8:
Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.
A propósito, a Bíblia fala diretamente ao mundo moderno, ela identifica duas causas primárias do descontentamento: o que você tem no seu guarda-roupas e como gostaria que ele fosse maior. Continue no verso 9:
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.
Note que Paulo não fala daqueles que já são ricos, mas dos que querem ficar ricos, que alimentam esse propósito na vida. Aqueles que focam sua mente e coração em enriquecer cairão em tentações e armadilhas. Na verdade, eles se afogarão no mar de seus próprios desejos. Veja o verso 10:
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.
Paulo não diz que o dinheiro é raiz de todos os males, mas o amor ao dinheiro. O crente está em sua corrida, mas ali do lado, um pouco afastado do caminho da perseverança piedosa, uma maçã de ouro brilha; ele faz uma parada, toma uma decisão avarenta, faz um comprometimento desonesto e as coisas parecem estar bem; nada parece estar fora de lugar. Mas, na realidade, ele foi pego por uma armadilha.
A armadilha está em esquecer que nada trouxemos para este mundo e nada levaremos dele. Então, ao invés de pensar em justiça, piedade, fé, amor, perseverança e bondade, perdemos o alvo de vista e corremos atrás de maçãs brilhantes que chamam nossa atenção.
No ano 248 d.C., Cipriano revelou sua frustração com os crentes de sua geração ao escrever:
Suas posses os mantém acorrentados com correntes que agrilhoam sua coragem, obstruem seu discernimento e sufocam suas almas. Eles pensam em si mesmos como possuidores, mas eles é que são possuídos, escravizados às suas propriedades; não são mestres, mas escravos de seu próprio dinheiro.
Veja ainda os versos 11–12 de 1 Timóteo 6:
Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão. Combate o bom combate da fé...
Gosto do verbo combate; ele significa “agonizar.” A questão é: não agonize por causa de posses, promoção, poder, prestígio e pelo desejo de ter mais—coisas que desejamos naturalmente. Ao invés disso, devemos agonizar para que manifestemos piedade, justiça, fé, amor, bondade—coisas que surgem sobrenaturalmente!
Um Exemplo do Antigo Testamento
Quero chamar sua atenção, não para uma lenda ou fábula, mas para a história verdadeira de um homem com grande potencial, mas que, em algum momento na corrida, parou de agonizar pelas coisas de Deus e começou a agonizar por maçãs de ouro. Abra sua Bíblia em 2 Reis 5.
Deixe-me relembrá-lo de algumas informações periféricas que nos ajudam a entender esse indivíduo. Você provavelmente lembra da história de Naamã, o comandante sírio que, depois de ter sido curado da lepra, voltou e implorou que Eliseu aceitasse seu presente. Num estudo anterior, descobrimos que ele veio da Síria carregando 7,5 de reais em ouro, prata e roupas finas. Mas o profeta Eliseu recusou o presente, apesar de Naamã insistir. Por fim, Naamã e sua caravana partiram em grande alegria pela cura e levaram consigo tudo quanto tinham trazido.
Agora, enquanto Eliseu e Naamã conversavam e o profeta recusava o presente generoso, havia outro homem por perto. Ele ficou em silêncio, mas, conforme veremos mais adiante, seu interior estava borbulhando com uma mistura de ódio, frustração e avareza. Vamos voltar a esse cenário em 2 Reis 5.19–20:
Eliseu lhe disse: Vai em paz. Quando Naamã se tinha afastado certa distância, Geazi, o moço de Eliseu, homem de Deus, disse consigo: Eis que meu senhor impediu a este siro Naamã que da sua mão se lhe desse alguma coisa do que trazia; porém, tão certo como vive o SENHOR, hei de correr atrás dele e receberei dele alguma coisa.
Meu amigo, lemos aqui o momento exato em que a maçã de ouro foi rolada na frente do caminho de Geazi. Ele se distraiu e agora tentará pegar essa maçã.
Antes de prosseguirmos, é bom entendermos algo necessário sobre Geazi. Ele nos é apresentado pela primeira vez no capítulo 4 como um servo ou assistente de Eliseu, viajando com o grande profeta. Ele o ajudava, quem sabe, preparando refeições e mantendo as coisas sob controle. Parte de sua função era representar o profeta ao povo que desejava consultar o homem de Deus. Seu papel era muito maior do que ajudante; essa era uma posição honrosa. Na verdade, você lembra quem foi o auxiliar de Elias? Eliseu.
Filho de um profeta com fervor para ver a glória de Deus revelada em Israel, Geazi foi provavelmente selecionado como o primeiro de sua turma por capacidade, potencial e coração; quem sabe, talvez ele fosse se tornar o substituto de Eliseu. Geazi era mais do que o ajudante de Eliseu; ele possivelmente seria o próximo profeta de Yahweh, em treinamento sob a tutela de Eliseu, seu mestre.
Entretanto, houve alguns sinais de alerta no decorrer do caminho. Não pensamos muito sobre eles enquanto estudávamos o texto, mas se assemelham à história de Judas no Novo Testamento. Você lembra da vez em que Judas reclamou porque um perfume caríssimo foi derramado sobre os pés de Jesus? Não pensamos muito nisso, só que mais adiante, fica evidente que ele era avarento de coração, e sua atitude anterior passa a fazer sentido. Bom, enquanto ponderava na história de Geazi, identifiquei alguns sinais de alerta que facilmente ignoramos.
- O primeiro sinal de alerta é o que podemos chamar de ineficácia.
Isso aconteceu em 2 Reis 4.1. Eliseu envia Geazi para colocar seu bordão sobre o corpo do menino que morreu de insolação. Eliseu supôs que Geazi, seu representante, teria o poder para ressuscitar o menino quando colocasse o bordão sobre seu corpo. Mas aquilo não funcionou. O próprio Eliseu teve que ir lá. Não somos informados por que. Talvez, agora, isso faça sentido.
- O segundo sinal de alerta que aparece no horizonte da biografia de Geazi é bem mais óbvio e manifesta algo errado em seu coração e caráter. É sua falta de fé.
Ele aparece em 2 Reis 4.43 quando Eliseu mandou Geazi colocar 20 pães diante de 100 homens famintos. O único jeito daquilo dar certo seria se Deus milagrosamente multiplicasse os pães para que os homens, suas mulheres e filhos comessem. Diante da sugestão de Eliseu, Geazi responde de forma crítica e argumenta com o profeta no verso 43: Como hei de eu pôr isto diante de cem homens?
Em outras palavras, “Você quer que eu me passe por tolo, colocando 20 pães na frente de mais de 100 pessoas?” Primeiro, houve ineficácia; segundo, falta de fé.
Agora, na minha imaginação—e posso estar errado aqui—vejo Geazi frustrado, jogando a bandeja de pães sobre a mesa e depois saindo dali para reclamar. Ao seu ver, ele age como um ingênuo, colocando 20 pães para um grupo enorme comer. E ele não gostou daquilo.
Então, aos poucos, vamos juntando as peças. Primeiro, por causa de sua tentativa de ressurreição fracassada, houve ineficácia. Daí, por sua falta de fé, ele foi envergonhado quando Deus realizou grande milagre e ele não pôde desfrutar dele. Imagino que ele vai se expondo cada vez mais ao tentador, ficando mais e mais vulnerável a uma maçã de ouro que pode ser lançada no seu caminho.
Agora, o momento de mudança na biografia de Geazi aparece em 2 Reis 5.20, o que marca o término de seu potencial e honra e o começo de sua perda de posição e de sua desonra. Esse momento também marca o início de um engano evidente que é motivado por nada mais que simples avareza. É como se ele dissesse: “Viver pela palavra de Deus não é suficiente. Precisamos ter uns bons momentos de vez em quando. Servir a Deus não é tão bom assim; deve haver mais. Talvez uma mentira, um comprometimento aqui, mas esse homem, Naamã, é um pagão sírio e nós devemos arrancar tudo o que pudermos de suas mãos ao invés de deixa-lo ir.”
Você percebeu a sugestão no verso 20 de que Geazi age com desprezo para com Naamã? Leia o verso novamente:
Quando Naamã se tinha afastado certa distância, Geazi, o moço de Eliseu, homem de Deus, disse consigo: Eis que meu senhor impediu a este siro Naamã que da sua mão se lhe desse alguma coisa do que trazia...
A construção este siro indica desprezo. Ou seja, “De todos os homens, ele poupou este homem, este inimigo de Israel, este comandante siro, este pagão e não recebeu o presente que ele trouxe. Eliseu está deixando 7,5 de reais escaparem assim facilmente.”
Com base no que acontece em seguida, imagino que Geazi pensa que o Senhor não ficará triste com sua decisão de enganar. Continue na última parte do verso 20:
...porém, tão certo como vive o SENHOR, hei de correr atrás dele e receberei dele alguma coisa.
Ele distorceu o verdadeiro caráter de seu engano e avareza para que se encaixe na sua mentalidade ministerial, dizendo: “Assim como vive o Senhor,” ou, “Isso não é tão mau assim. Pense apenas no quanto poderíamos dar se recebêssemos esse presente.”
Um autor comentou nessa passagem mais de 150 anos atrás: “Avareza é aquele sentimento forte que leva todos os homens, assim como Geazi, a correr. As pessoas, em todos os lugares, estão sem fôlego de tanto correr em busca por mais.” De Cipriano no século terceiro até pouco mais de 100 anos atrás, ficamos com a impressão de que nossa natureza realmente não mudou muito.
Veja os versos 21–22:
Então, foi Geazi em alcance de Naamã; [aqui está o problema: Geazi sai do seu trajeto e corre o máximo possível para conseguir pegar esta maçã] Naamã, vendo que corria atrás dele, saltou do carro a encontrá-lo e perguntou: Vai tudo bem? Ele respondeu: Tudo vai bem; [primeira mentira] meu senhor me mandou dizer [segunda mentira]: Eis que, agora mesmo, vieram a mim dois jovens, dentre os discípulos dos profetas da região montanhosa de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas vestes festivais.
Você percebeu a teia de mentiras que ele tece aqui? Geazi não diz: “Quero o dinheiro,” mas inventa a história de alguns profetas que descem para a casa de Eliseu, a idade deles, a região de onde vêm e qual é sua cidade. Ele pensou em todos os detalhes enquanto corria atrás de Naamã e já sabe como dirá todas as suas mentiras. A história soa tão bem que tem que ser verdade!
Naamã, tomado de alegria neste momento por estar curado, diz no verso 23: Sê servido tomar dois talentos. Naamã manda Geazi pegar não somente um, mas dois talentos. Geazi pensa: “As coisas só melhoram!” Dois talentos equivalem a 68kg. Na economia de hoje, Geazi faturou quase 80 mil reais em prata! Esse foi o preço de seu caráter.
Neste ponto, gostaria de destacar por que foi importante que Eliseu recusasse a oferta de Naamã. Não receber o presente foi importante por dois motivos.
- Primeiro: a recusa testificou claramente do presente livre do perdão de Deus.
Quando Naamã chegar à Síria, todos ficarão maravilhados com o fato de ter sido curado. Uma das coisas que perguntarão será: “Quanto custou?” Eles sabiam que Naamã tinham saído com mais de 7 milhões em ouro, prata e roupas. Naamã responderá: “Não custou nada!” Os outros deuses não operavam dessa maneira.
- Segundo: a recusa de Eliseu claramente promoveu gratidão a Deus ao invés de gratidão ao servo de Deus.
A propósito, a igreja tem turvado essa verdade em nossos dias; ela confunde as pessoas com a mensagem de que a salvação não é livre. Muitos dizem: “Você precisa ser membro, ser batizado, dar dinheiro, assinar seu nome num cartão, fazer isso e aquilo.” Meu amigo, com a autoridade da Palavra de Deus, eu digo para você que a salvação, o perdão de Deus, é livre. Ela é livre de custo porque ela custou tudo para Jesus Cristo e ele nos dá livremente.
No verso 23, Naamã designa dois ajudantes para carregar a prata para Geazi. Veja 2 Reis 5.23–25:
Disse Naamã: Sê servido tomar dois talentos. Instou com ele e amarrou dois talentos de prata em dois sacos e duas vestes festivais; pô-los sobre dois dos seus moços, os quais os levaram adiante dele. Tendo ele chegado ao outeiro, tomou-os das suas mãos e os depositou na casa; e despediu aqueles homens, que se foram. Ele, porém, entrou e se pôs diante de seu senhor. Perguntou-lhe Eliseu: Donde vens, Geazi? Respondeu ele: Teu servo não foi a parte alguma.
Não me diga que essa pergunta não acelerou o coração de Geazi.
Um homem colocou da seguinte forma: “Geazi não foi pego com as mãos no pote de biscoito, mas estava com o rosto cheio de farelos.”
Imagino sua mão suando e ele pensa: “Será que Eliseu sabe? Será que ele me viu? Será que ficou me espiando enquanto eu guardava a prata e as roupas em casa? Será que alguém contou para ele? Pensei que ele nem fosse saber que eu tinha saído.” Donde vens, Geazi? “Não fui a lugar nenhum, Eliseu” (v. 25). Mais uma mentira.
Deus já perguntou a mesma coisa para você alguma vez? Sua consciência já fez essa pergunta ao seu coração? O que você fez, o que anda escondendo?
Veja os versos 26–27:
Porém ele lhe disse: Porventura, não fui contigo em espírito quando aquele homem voltou do seu carro, a encontrar-te? Era isto ocasião para tomares prata e para tomares vestes, olivais e vinhas, ovelhas e bois, servos e servas? Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua descendência para sempre. Então, saiu de diante dele leproso, branco como a neve.
Conforme Lucas 4.27, Eliseu curou somente um leproso em todo seu ministério: Naamã. Isso significa que ele nunca curou Geazi. Você acha uma medida muito severa? Eu acho. Um autor colocou esse acontecido em perspectiva quando escreveu: “Seria mais fácil para Geazi, o leproso, se arrepender do que para Geazi, o ladrão.”
Aplicação
Deixe-me destacar algumas lições que aprendi com essa passagem. Aprendemos com um homem que se desviou do trajeto e pagou o preço.
- A primeira lição que aprendemos é: amizades próximas com pessoas espirituais não garante espiritualidade.
Pense bem nisto: o fato de irmos à igreja e vivermos na companhia de pessoas que andam com Deus não faz com que a espiritualidade permeie nosso caráter por osmose. Relacionamentos podem nos influenciar, mas nos associar com pessoas espirituais jamais garante nossa própria espiritualidade.
Imaginamos que Geazi, que andava e servia Eliseu, tinha tudo garantido, que ele seria um gigante espiritual. Mas aconteceu exatamente o contrário.
- A segunda lição é que servos de Deus não são automaticamente protegidos de desejos egoístas.
Coloque-se no lugar de Geazi e pense em sua frustração. Existe fome na terra; o povo luta para sobreviver e não morrer de fome; a Síria controla Israel. Daí, nessa passagem, de repente um comandante sírio chega implorando por ajuda e tem 7,5 milhões de reais em ouro, prata e roupas para dar como pagamento. E Eliseu diz: “Não, obrigado.”
Geazi reage: “O que?! Esta é nossa chance! Tão certo como vive o Senhor, não acredito que você tenha recusado este presente.”
Existe algo mais a se pensar aqui. Quando Eliseu arranca a máscara da avareza no verso 26, ele fala que essa não é a ocasião para determinadas coisas. As duas primeiras coisas que ele lista são dinheiro e roupa, exatamente o que Geazi tinha pego. Mas Eliseu continua e menciona olivais e vinhas e o que mais? Servos e servas. Por que Eliseu inclui essas demais coisas? Porque ele conhecia o coração de Geazi, o qual pensava consigo mesmo: “Isso é só o começo. Mais para frente, terei servos e servas e eles cuidarão de minhas posses. Sairei deste buraco e, finalmente, serei servido como mereço.”
Se você serve a Deus, especialmente se serve em anonimato, cuidado para não inverter as coisas e começar a querer ser servido.
- A terceira e última lição a aprender é: a avareza não pode ser ocultada para sempre.
Os sintomas da avareza, por fim, se tornam públicos; isso é garantido. Você pode dizer: “Ah, ninguém jamais saberá como consegui isso e como menti daquela vez.”
Entretanto, você será visto lidando com outras pessoas de maneira desonesta; será visto pegando atalhos e não cumprindo cabalmente sua palavra; seu aperto de mão não valerá nada. Ou então, você será visto como alguém que não age com graça para com pessoas que não satisfazem seus desejos, planos e necessidades. As pessoas perceberão que suas conversas são repletas de nomes de marcas de roupa, outros objetos e que você fala muito sobre o que possui.
A avareza produzirá uma personalidade que murchará no decorrer dos anos. E, no processo, murchará também a alma que Deus projetou que fosse amorosa, tornando-se uma personalidade seca e incapaz de servir.
Qual é a maçã de ouro lançada no seu caminho? Pode ser algo com que você tem dificuldade; incapacidade de tomar decisões sábias quando existe dinheiro, promoção, poder e prestígio envolvidos. Quando você precisa decidir entre “a” e “b,” em que “a” significa ter mais e “b” ter menos, então: “Tão certo como vive o Senhor, ele com certeza quer que eu escolha ‘a’. Por que ele me privaria de ter mais?” Assim, você se desvia de seu rumo e começa a correr atrás de maçãs de ouro.
Como sobrevivemos com integridade espiritual? Paulo disse: agonize, corra atrás, anele por justiça, piedade, fé, constância, amor e mansidão. Corra sua corrida não com os olhos fixos no brilho do ouro, mas no alvo, que é Jesus Cristo, o Autor e Consumador da nossa fé.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 10/03/1996
© Copyright 1996 Stephen Davey
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