Dentro do Cadinho!

Dentro do Cadinho!

by Stephen Davey Ref: 1 Kings 1–22; 2 Kings 1–25; 1 Chronicles 1–29; 2 Chronicles 1–36

Dentro do Cadinho!

1 Reis 17.17–24

Introdução

Continuamos na biografia de um crente comum. Voltamos no tempo a uma cidade onde fumaça preta subia de fornalhas e escurecia o céu, fornalhas da indústria de fundição de metal que produzia imagens de Baal e Aserá. Esse distrito industrial era movimentado, entupido de sacerdotes falsos que afluíam para a cidade a fim de comprar os modelos mais novos de imagens e ídolos vendidos nas lojas espalhadas pela cidade. O lugar era movimentado, mas também próspero; na verdade, era uma das únicas fortalezas do baalismo que ainda podia afirmar possuir água e azeite, até mesmo para uma viúva, enquanto todas as demais regiões do país sofriam com seca e fome. No coração dessa cidade, escondia-se o criminoso mais procurado do país. Ele era um profeta de Deus que ousou orar por seca para que a glória de Yahweh fosse revelada e a sua palavra fosse cumprida.

Se você tem acompanhado nossa jornada até aqui, então, sabe que esse tem sido um tempo difícil para o profeta de Deus, Elias. Primeiramente, ele se escondeu junto ao ribeiro de Querite, onde bebia água fresca, até que o riacho secou. Em seguida, passando sede e fome, Deus envia Elias para o distrito industrial chamado Sarepta, onde, contra todas as suas inibições e inclinações naturais, Deus manda Elias buscar a ajuda de uma viúva pagã que mora na cidade natal de sua arquirrival Jezabel. Ali, Deus realizaria o milagre: comida—a farinha e o azeite da mulher não acabariam—e contínua proteção. Do ribeiro de Querite à oficina de fundição em Sarepta, Elias vai sem fazer perguntas, sem argumentar e sem hesitar.

Agora, nos aproximamos do tão esperado evento no Monte Carmelo, o acontecimento que mais conhecemos em torno da vida de Elias. Talvez você lembra que 450 profetas de Baal são para sempre calados pelo fogo que desce do céu.

Elias, porém, ainda não está preparado para esse evento climático em seu ministério. É hora de Elias entrar num cadinho. A temperatura aumentará consideravelmente e a dor será quase insuportável.

Comece em 1 Reis 17.17: Depois disto. Espere um pouco. Essa expressão cronológica nos leva a perguntar: “Depois do que?” A resposta se encontra no parágrafo anterior. Depois de Deus suprir milagrosamente as necessidades de uma viúva faminta e seu filho; depois de Deus encher o estômago dessas pessoas com bolo de farinha pela primeira vez em meses; depois de Deus cumprir a promessa de que farinha e azeite não faltariam na panela e na botija dessa viúva até que a seca passasse; depois dessas coisas... adoeceu o filho da mulher, da dona da casa, e a sua doença se agravou tanto, que ele morreu.

De forma simples, a notícia dada à viúva é: “Seu filho está morto.” Seu único elo com a vida; seu único motivo para se levantar pela manhã; sua única esperança para o futuro, de repente, sem qualquer aviso, está morta.

Eu nunca senti a dor de perder um filho; talvez você já tenha passado por essa angústia. Já preguei em muitos funerais. Na verdade, preguei em um na semana passada; o funeral de uma mulher piedosa, uma bisavó que terminou sua jornada e chegou ao lar celestial. Mas nada é mais difícil do que pregar no funeral de uma criança; nos últimos 8 meses, preguei em dois. Contemplei incrível fé e confiança, mas, ao mesmo tempo, a mais profunda tristeza, inimaginável. Apesar de ter chorado com os familiares, não senti a profundidade de seu sofrimento de fato.

Alguns anos atrás, pediram-me para pregar no funeral do filho de um casal que não frequentava nossa igreja; a mãe enlutada de seu filho adolescente, e que visitou nossa igreja duas vezes, me pediu para fazer a cerimônia fúnebre. Esse garoto de 15 anos saiu de casa logo de manhãzinha, pegou o carro da família para dar uma volta, bateu num muro e morreu na hora. A mãe pediu que eu pregasse o Evangelho na esperança de que alguém creria, algo que forneceria sentido à morte do filho.

O local do velório estava cheio de colegas da escola, professores e familiares; todos pelas salas, corredores e até no jardim. Todas as portas ficaram abertas para que todos ouvissem a mensagem. Ao invés de tentar fornecer respostas, dei direcionamento, ou seja, direcionamento quanto à vida além do túmulo. Onze adolescentes e adultos receberam a Cristo na ocasião. Para aquela mãe, entretanto, será que isso foi o suficiente?

Raramente existe alívio no cadinho. E esta parece ser a palavra que resume o sofrimento dos filhos de Deus: cadinho. Um cadinho é um utensílio usado há séculos por químicos e ourives para fundir e refinar metais com o calor do fogo. O termo “cadinho” passou a se referir, então, figuradamente a provas, angústias. Acho interessante e irônico que a fé de Elias e dessa viúva é testada numa cidade cujo nome significa exatamente “fundir, refinar.”

Por muitos dias, o profeta, a viúva e seu filho desfrutaram de bolos de farinha; um milagre tremendo tinha acontecido. Você imagina o alívio e alegria que sentiram? O país inteiro caça comida, mas essa família recebe uma promessa e tem o suficiente para se alimentar. Sinceramente, eles estão celebrando! Todavia, no processo de celebração pela provisão de Deus, a única esperança de vida dessa viúva morre.

Ensino do Novo Testamento

Convido você a abrir sua Bíblia numa passagem que diz claramente que o cadinho é um lugar onde todo crente é colocado de vez em quando; todo crente experimenta o calor das provas. O cadinho não é apenas para o profeta Elias e a viúva pobre. Veja 1 Pedro 4.12:

Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo;

Gosto muito de Pedro. Está evidente que ele desenvolveu compaixão no decorrer dos anos, mas ainda fala de forma objetiva: “Parem de se surpreender com o sofrimento. Por que se admiram quando surgem provas e angústias, agindo como se fossem imunes a essas coisas?”

Com base nesse verso, podemos fazer duas observações sobre experiências dolorosas no cadinho, angústias e crises.

  • Primeiro: apesar de as provas surgirem inesperadamente, elas não devem nos surpreender.

A surpresa à qual Pedro se refere é aquela da descrença; pensamos: “Não acredito que isso aconteceria a um filho de Deus!” ou, “Nunca pensei que um crente passaria por algo desse tipo!” É isso o que Pedro diz.

  • Segundo: já que as provas amadurecem nossa fé, não devemos resisti-las.

Perceba que Pedro fala do crente com a mesma terminologia usada no mundo antigo para a fundição e purificação de metais preciosos. Leia, por exemplo, 1 Pedro 1.6–7:

Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;

Pedro se refere a fogo duas vezes nesses versos; na passagem que já lemos do capítulo 4, ele fala sobre “fogo ardente.” O termo que Pedro escolhe empregar sob a direção do Espírito Santo, “fogo ardente,” é retirado do contexto de fundição e purificação de metais. Ou seja, assim como um cadinho purifica metais preciosos, queimando as impurezas e sujeiras, Deus projeta as angústias para purificar nossa fé e perspectiva.

A propósito, jamais se esqueça com quem Pedro fala aqui. Conforme 1 Pedro 4.12, ele escreve aos amados. E por que se referir aos leitores com essa expressão? Simplesmente porque, quando somos provados no cadinho, temos a tendência de esquecer que Deus nos ama, cremos na mentira que ele não tem planos para nós. A verdade é que Deus nos ama, de fato. Como Pedro escreve, as angústias são, na verdade, prova de que Deus nos ama.

No livro Decepcionado com Deus, Phillip Yancey escreve sobre a dor com uma perspectiva interessante e humorada. Ele escreve:

Cada um de nossos cadinhos—provações—pode ser visto como um parto. Imagine como seria se você tivesse plena consciência quando ainda bebê no útero e ainda lembrasse de seu nascimento. Seu mundo é escuro e seguro; você vive banhado por um líquido quentinho, protegido de impactos; não faz nada para si mesmo, mas é automaticamente alimentado e um pequeno batimento cardíaco assegura que outro ser muito maior do que você supre suas necessidades. Sua vida é ótima.

Num belo dia, você sente um puxão e depois outro. As paredes começam a desmoronar sobre você. Aqueles amortecedores agora batem contra você e o empurram para baixo. Seu corpo é dobrado em dois, seus membros espremidos e retorcidos. Você está caindo de cabeça para baixo. Pela primeira vez em sua vida, você sente dor; está num mar de matéria turbulenta. Tem mais pressão, quase intensa demais para suportar. Sua cabeça é achatada e você é empurrado para baixo com força cada vez maior. Ah, quanta dor, barulho e pressão. Você está todo dolorido e os gemidos que ouve o enchem de pavor. Pronto, seu mundo está desmoronando! Esse é o fim. Daí, de repente, você enxerga um raio de luz penetrante. Mãos frias o arrancam violentamente. Depois, uma tapa forte—“Uáááááááá!” Parabéns, você acabou de nascer. O nascimento físico começa com dor; o nascimento espiritual também exige dor.

 

Uma Provação no Antigo Testamento

Voltando para 1 Reis 17, quero fazer duas observações sobre a reação da viúva diante do falecimento de seu único filho.

  • Primeiro: a viúva culpa o profeta de Deus pela tragédia.

Veja o verso 18:

Então, disse ela a Elias: Que fiz eu, ó homem de Deus?...

A primeira coisa que ela faz é explodir em ira; alguém deve levar a culpa. Assim, ela culpa Elias pela morte de seu filho. Ela golpeia a pessoa mais próxima, aquele quem Deus usou para realizar o milagre da comida em sua casa. Podemos entender suas palavras da seguinte forma: “Por que fui convidá-lo para ficar em minha casa? Por que tive o azar de conhece-lo, Elias?”

Está claro que ela acredita que o relacionamento de Elias a Deus como “homem de Deus” lhe trouxe esse julgamento de alguma forma. Então, Elias é o culpado. Ela começa, assim, a ferir a única pessoa capaz de ajuda-la! Ela tenta se isolar da única pessoa que pode interceder a seu favor.

E não é isso que fazemos? Nossa tendência natural é nos isolar daqueles que se preocupam conosco.

  • A segunda coisa que a viúva faz é colocar a culpa em si mesma por causa de sua angústia e dor.

Perceba a menção implícita a isso na última parte do verso 18:

...Vieste a mim para trazeres à memória a minha iniqüidade e matares o meu filho?

Como disse F. F. Bruce, em algum lugar, na história da vida dessa viúva, havia um ato terrível que sufocava as outras lembranças. Alguns sugerem que foi algo ligado a seu filho; talvez ele tenha sido resultado de promiscuidade. Outros conjecturam que ela pensa aqui em sua antiga idolatria e pensa que o Deus verdadeiro irá, agora, julgá-la por sua idolatria.

Ela pressupõe erradamente que Deus enviou Elias para executar julgamento; ela pensa que seu pecado foi tão severo a ponto de Deus decidir levantá-la com um milagre apenas para derrubá-la e enterrá-la no túmulo com essa tragédia. Agora, seu único filho está imóvel em seus braços. Como sabemos que ela o segura? Veja o verso 19:

Ele lhe disse: Dá-me o teu filho; tomou-o dos braços dela, e o levou para cima, ao quarto, onde ele mesmo se hospedava, e o deitou em sua cama;

A propósito, a graça de Elias nessa situação serve de exemplo para nós. Ele é culpado e acusado injustamente e maltratado, quando a única coisa que fez até agora foi cuidar da viúva e de seu filho.

Esperamos Elias dizer: “Ei, espere aí! Eu não fiz nada com seu filho! Por que está me culpando por sua morte? Eu também gostava mais da minha vida antes de conhece-la.” Mas Elias não diz nada disso; ele diz apenas: “Me dê seu filho.” Em seguida, ele sobe para seu quarto e começa a orar.

Em um de seus livros, Charles Swindoll conta um incidente que lhe aconteceu em 1968 enquanto viajava de avião para Nova Iorque. Aquele era um voo rotineiro e imprevistos raramente aconteciam. Mas esse voo foi diferente. Swindoll escreve:

Enquanto descíamos, o piloto percebeu que o trem de pouso não estava funcionando. Ele tentou várias vezes, ligando-o e desligando-o, para que funcionasse, mas não funcionava. Então, pediu que a torre de controle lhe desse algumas instruções enquanto sobrevoava o aeroporto.

Diante daquela crise, funcionários do aeroporto cobriram a pista inteira com jatos de espuma e bombeiros e outros veículos de emergência se posicionaram. O desastre aconteceria dentro de instantes. Enquanto isso, os passageiros eram informados a respeito de cada manobra, com aquela voz calma e positiva que pilotos geralmente usam em momentos como este. Comissários de bordo andavam de um lado a outro com um ar indiferente. Passageiros eram instruídos a que colocassem a cabeça entre os joelhos e segurassem seus tornozelos antes do impacto. Essa foi uma daquelas experiências do tipo: “Não acredito que isto está acontecendo comigo!” Houve algumas lágrimas e gritos de desespero. A aterrissagem estava a poucos segundos.

De repente, o piloto anunciou pelo interfone: “Estamos começando nossa última descida. Neste momento, de acordo com os Códigos de Aviação Internacionais estabelecidos em Genebra, desejo informa-los que, se acreditam em Deus, podem começar a orar.”

A aterrissagem foi um sucesso; não houve feridos. Um parente de um dos passageiros ligou para a linha aérea no dia seguinte e inquiriu acerca do código de oração que o piloto mencionou. Ninguém ofereceu detalhes sobre o assunto.

O momento de crise revelou uma regra totalmente ignorada: “Quando em crise, comece a orar.”

E foi isso o que Elias fez. Veja os versos 20–22:

então, clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus, também até a esta viúva, com quem me hospedo, afligiste, matando-lhe o filho? E, estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus, rogo-te que faças a alma deste menino tornar a entrar nele. O SENHOR atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.

Será que Elias passou dos limites nessa oração? Será que ele estabelece um exemplo que devemos seguir hoje? Por acaso, devemos crer que, se orarmos intensamente e nos curvar sobre um defunto três vezes, ele ressuscitará? Não! Mais uma vez, Elias ora para que Deus cumpra sua palavra através dele. Esse foi o teste final antes de Elias encarar os profetas de Baal e declarar a palavra de Yahweh.

E qual foi a palavra do Senhor a Elias? Volte para o verso 13. Elias prometeu que a viúva e seu filho não passariam fome enquanto ele estivesse hospedado ali; sua farinha e seu azeite não acabariam até que passasse a seca. Implícita nessa promessa estava a garantia da vida! Que tipo de garantia seria essa se o menino morresse?

Que grande prova é essa para Elias! Uma coisa é orar para que Deus cumpra sua palavra e a chuva pare de cair; outra coisa é orar para que Deus ressuscite um menino! Veja o verso 23:

Elias tomou o menino, e o trouxe do quarto à casa, e o deu a sua mãe, e lhe disse: Vê, teu filho vive.

É como se Elias dissesse: “Está vendo? Yahweh cumpre sua palavra.” E a viúva entende a mensagem. Veja o verso 24:

Então, a mulher disse a Elias: Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade.

Elias está preparado para Acabe! Ele está pronto para enfrentar Jezabel, aquela serpente sibilante cujo nome fora em honra a Baal.

Qual foi o teste final que preparou esse homem de Deus? Pensamos que Deus o enviaria ao rei da Fenícia, Etbaal, que era pai de Jezabel. Pensamos que Deus o prepararia para a grande prova por meio de alguma manifestação grandiosa e pública de poder. Por que não encarar Etbaal no seu próprio palácio? Entretanto, como Elias, um homem comum, Deus geralmente nos prepara para o serviço público e manifestações públicas de sua graça e poder por meio de cadinhos privados, isto é, angústias e provações particulares.

Aplicação

Existem algumas lições a aprendermos com os cadinhos ou provações da vida.

  • Primeiro: as provações aprofundam nosso entendimento da soberania de Deus.

É dentro do cadinho que descobrimos como Deus é de fato. O salmista escreveu no Salmo 119.71:

Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.

Existe algo em nossa vida difícil ou talvez impossível de compreender e reagir bem: o inesperado. No caso dessa viúva, foi a morte inesperada de seu filho. Para você, o cadinho pode vir em outras formas. Por exemplo:

  • Um acidente inesperado;
  • Um desemprego inesperado;
  • O término inesperado de um namoro ou noivado;
  • A morte ou nascimento inesperado de um filho;
  • O divórcio inesperado de seus pais;
  • A perda inesperada de saúde.

O inesperado! Quero definir essa palavra intimidante da seguinte maneira: qualquer coisa indesejada que invade nossa vida e atrapalha planos, desejos e expectativas.

Para muitos, o cadinho vem na forma de algo inesperado. Todos nós já passamos algum tempo na casa da viúva. A provação vem em diferentes formatos, tamanhos e cores. Pode ser uma crise grave ou uma dificuldade cotidiana. Uma das marcas de maturidade espiritual é a confiança tranquila em saber que Deus está conosco dentro do cadinho, mesmo quando não oferece explicações. É exatamente essa a perspectiva que Nabucodonosor desenvolveu sobre o Deus soberano, conforme registrada por Daniel em Daniel 4.35:

Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?

Cristianismo significa viver frequentemente sem explicações.

  • Segundo: as provações intensificam nosso compromisso com o plano de Deus.

Fé é forjada sob fogo. Assim como o aço é fortalecido pelo calor intenso que lhe é aplicado, o caráter do crente é fortalecido, não enfraquecido, pelas provações. Contudo, a fim de que haja amadurecimento, precisamos estar dispostos a dizer na véspera do cadinho privado: “Senhor, seja feita a tua vontade!”

Em seu tremendo livro Disciplinas de Um Homem Piedoso, o autor R. Kent Hughes escreve sobre a provação do ex-presidente da Universidade Internacional de Columbia, Robertson McQuilkin. A esposa de Robertson, Muriel, estava nos estágios finais da doença de Alzheimer quando ele resignou sua posição de presidente para poder cuidar dela. Em sua carta de resignação, ele escreveu:

Minha querida esposa, Muriel, tem sofrido a perda de sua saúde mental há oito anos. Até agora, tenho conseguido cuidar de suas necessidades e cumprir com minhas responsabilidades aqui na universidade. Recentemente, ficou evidente que Muriel fica mais contente quando está comigo do que quando a deixo só. E não se trata de ela estar “descontente” apenas. Ela fica cheia de medo—até mesmo horror—ao pensar que pode ter me perdido e sempre vai à minha procura quando saio de casa. De certa forma, esta decisão foi tomada 42 anos atrás quando prometi cuidar dela “na saúde e na doença... até que a morte nos separe.” Portanto, sendo um homem de palavra, cumprirei o que prometi. Ela cuidou de mim completamente todos esses anos; mesmo que cuidasse dela pelos próximos 40 anos, ainda assim não estaria livre da dívida com ela. O dever, todavia, pode ser duro e penoso. Mas ainda tem mais—eu a amo. Eu não tenho a obrigação de cuidar dela; eu tenho o privilégio de cuidar dela.

  • Terceiro: as provações solidificam nossa dependência no poder de Deus.

Paulo escreveu em 2 Coríntios 12 sobre seu próprio espinho na carne, o qual pediu que Deus removesse três vezes. Mas Deus respondeu: “Eu estou contigo e isso já é o suficiente.”

Precisamos entender que, quando sofremos no cadinho, Deus não age como um médico que passa uma receita de remédio—um comprimido pela manhã e outro à noite. Não existe nenhum antídoto instantâneo para os que Deus deseja refinar através do fogo e sob pressões. Deus não receita nenhum remédio, mas ele mesmo é a solução. Paulo pediu três vezes, mas Deus replicou nas três vezes: “Não, Paulo. Eu estou com você e isso já basta.”

Paulo escreveu posteriormente em Efésios 2.14 que Cristo é a nossa paz. A coisa mais importante que Elias disse em sua oração dentro daquele quarto se encontra no verso 20: então, clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus. E ele repete a mesma coisa no verso 21: clamou ao SENHOR e disse: Ó SENHOR, meu Deus.

Meu amigo, não tenho outra esperança a oferece-lo, senão a seguinte: invoque o Deus de Elias, Yahweh, o seu Deus. Todavia, se o reconhecemos como nosso Deus, também assumimos que ele fabrica cadinhos para transformar pessoas comuns como Elias em crentes segundo a imagem de Cristo. E Deus se encontra à beirada do cadinho, não para leva-lo embora, mas esperando que você o convide a entrar. Assim como Jesus Cristo disse, não a descrentes, mas à igreja de Laodicéia que o deixara do lado de fora:

Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo (Apocalipse 3.20).

Quer você esteja no topo das alegrias ou no cadinho da provação, não o deixe do lado de fora, mas convide-o a entrar. Ele sabe perfeitamente qual é o objetivo do cadinho. Convide-o a entrar!

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 08/10/1995

© Copyright 1995 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

 

 

 

 

 

Transcript

 

 

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