O Veredito de Roma

O Veredito de Roma

by Stephen Davey

O Veredito de Roma

João 18.29–19.15

Introdução

Religião costumava ser algo bastante simples. As pessoas faziam o que eram mandadas, pagavam suas obrigações, traziam seus sacrifícios e esperavam por dias melhores. O Império Romano era pagão e opressor. Ainda assim, o povo tinha esperança; ansiava pela vinda do Prometido, inclinava-se nos bancos duros das sinagogas ouvindo homens lendo sobre o futuro Conquistador que traria fim ao domínio romano.

No decorrer das gerações, surgiram homens que se autodeclararam Messias. Décadas antes de Jesus, houve um homem chamado Teudas, um líder forte que disse ser o Messias. Quatrocentos homens o seguiram, mas ele acabou sendo derrotado por Roma. Ele não era a esperança de Israel. Depois, ainda mais recente, houve Judas da Galileia que se proclamou o salvador vindo da parte de Deus. As pessoas celebraram e oraram; houve grandes guerras, até que ele foi finalmente morto pelo exército romano.

O Prisioneiro Diante de Pilatos

Em nosso estudo anterior no evangelho de João, vimos que o último homem a se dizer Messias foi preso e julgado – todavia, esse era diferente. Ele não pegou uma espada – mas pegou uma cruz. Ele nem sequer tentou permanecer vivo – mas queria, na verdade, morrer. Ele não ofereceu a Israel um alívio da perseguição – Ele prometeu alívio; Ele sofreu a perseguição. E Ele não dizia ter vindo da parte de Deus – Ele declarava ser Deus!

Religião costumava ser algo simples – até que Jesus veio. Ele mudaria religião para sempre – ainda melhor, Ele destruiria a religião e ofereceria, pela primeira vez, um relacionamento íntimo.

Suas declarações finalmente O colocaram diante do “Supremo Tribunal” de Israel. Esses setenta e um homens eram os detentores do poder na terra. Por causa de Jesus, eles haviam perdido o domínio sobre o povo. O poder é algo viciante e os viciados matarão para alimentar seu vício. E chegou a hora de matar.

Então, uma segunda série de julgamentos começa. Dessa vez, são julgamentos romanos. Vamos dar continuidade à narrativa em João 18, verso 28. Um julgamento está perto de iniciar na casa de Pilatos e quartel de Jerusalém.

Depois, levaram Jesus da casa de Caifás para o pretório. Era cedo de manhã. Eles não entraram no pretório para não se contaminarem, mas poderem comer a Páscoa. 

Pare aí. Você percebeu? Eles estão a ponto de derramar sangue inocente. Eles já usaram de brutalidade quando prenderam esse homem indefeso, cuspiram Nele, bateram Nele e zombaram Dele. Eles já deixaram o processo formal. Já subornaram falsas testemunhas. Já condenaram Jesus sem mesmo haver testemunhas. Mas, “Ei, espere aí, não entre na casa de Pilatos – ele é gentio. Se você entrar lá, você vai ficar cerimonialmente impuro para o dia. Cuidado! Nem pise na varanda. Você tem que ficar puro – você não quer deixar de participar da refeição da Páscoa.”

Você entende o que eles estão fazendo aqui? Estão observando coisas insignificantes e, ao mesmo tempo, cometendo crimes brutais.

O que eles fazem aqui é como se eu roubasse um banco à meia-noite e, só para compensar, parasse em todos os sinais vermelhos na minha fuga, como faz um cidadão de bem. Ou como furtando alguma coisa na loja de um shopping, mas segurando a porta para uma senhora idosa que está saindo atrás de mim – me orgulho porque sou um cavalheiro. É como sonegar o seu imposto e dar parte da sua sonegação como dízimo na igreja – é, acho que é bom dar o dízimo disso.

Esse é o problema com a religião – você pode cumprir todas as cerimônias religiosas, mas, ainda assim, ser um assassino em secreto, cheio de inveja e ódio.

Certa vez uma jovem senhora contou para mim e para minha esposa uma história de sua vida. Ela compartilhou que, antes, havia se envolvido com um homem casado e acabado com o casamento dele. Ela disse que eles se encontravam em algum hotel ou restaurante fora da cidade, mas, antes de cada refeição, eles baixavam suas cabeças e oravam.

Ah, que Deus abra os olhos de nosso coração para vermos que somos capazes de parecer bons aos olhos públicos da comunidade cristã, ao mesmo tempo em que varremos para debaixo do tapete pecados hediondos da carne e do coração.

“Ei, companheiros de assassinato, não entrem na casa de Pilatos; vocês conhecem as regras – lembre-se da pureza cerimonial – é importante.”

Será que eles pensam que podem enganar a Deus? São tão bestas como um menino que decidiu não ir para a aula naquele dia. Ele ligou para a escola e o diretor atendeu o telefone e ouviu sua voz fina dizendo: “Quero informar que o Thomas não vai poder ir para a aula hoje.”

O diretor suspeitou de algo e perguntou: “Quem está falando?”

Depois de uma pausa demorada, a voz fina respondeu: “Aqui é o meu pai que está falando.”

Deus também não pode ser enganado por religiosidade!

Continue em João 18, versos 29 a 30.

Então, Pilatos saiu para lhes falar e lhes disse: Que acusação trazeis contra este homem? Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não to entregaríamos.

Em outras palavras, eles se irritaram com a pergunta de Pilatos. Eles não queriam um julgamento romano; queriam apenas que o procurador romano concordasse e aprovasse a condenação e desse continuidade ao processo que levaria à crucificação. Mas Pilatos odiava esses judeus da mesma forma que eles odiavam Pilatos.

Então, ele os desprezou e mandou sair. Veja o verso 31a:

Replicou-lhes, pois, Pilatos: Tomai-o vós outros e julgai-o segundo a vossa lei...

Pilatos estava literalmente concedendo a eles o direito de matar. A lei do Antigo Testamento dizia em Levítico 24, verso 16:

Aquele que blasfemar o nome do SENHOR será morto; toda a congregação o apedrejará; tanto o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do SENHOR, será morto.

Mas, note agora a última parte do verso 31 de João 18.

Responderam-lhe os judeus: A nós não nos é lícito matar ninguém.

Mas eles simplesmente colocaram a lei em prática quando apedrejaram Estêvão, como vemos em Atos 6 e 7. Eles o apedrejaram porque, de acordo com eles, Estêvão estava blasfemando.

A Crucificação... Algo que Deveria Acontecer!

Mas, não nessa caso. Por que não levar Jesus para fora da cidade e deixar aqueles bandidos O apedrejaram até a morte? Por que não?

Será que eles estavam com medo da corja? Talvez, mas algumas horas depois, a corja estará gritando pela morte de Jesus. Então, por que não apedrejá-lO?

E João nos dá a resposta no verso 32.

Para que se cumprisse a palavra de Jesus, significando o modo por que havia de morrer.

Jesus havia dito antes em João 12, verso 32.

E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo.

Levantado – será que se refere à Sua glorificação? Sim. Levantado – pela cruz romana? Sim! Ele profetizou que deveria ser crucificado, não apedrejado; portanto, Jesus teria que passar por uma morte romana e não judaica.

Você já se perguntou por que a redenção teve que vir por uma cruz? Por que não apedrejamento, que era mais rápido? Por que não um golpe de espada em Seu coração? Por que não jogar Jesus de cima de um despenhadeiro?

Existe uma lista bem longa de razões, mas deixe-me sugerir quatro motivos por que Jesus teve que passar pela cruz.

O cumprimento das próprias palavras de Jesus

  • A primeira razão era para cumprir as próprias palavras de Jesus – “E eu, quando for levantado da terra...”.

O cumprimento das profecias do Antigo Testamento 

  • A segunda razão era para cumprir as profecias do Antigo Testamento.

Isso inclui profecias como a de Salmo 22.

Verso 1:

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

Continue até os versos 6 a 8:

Mas eu sou verme e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo. Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer.

Pule até os versos 14, 15 e 18:

Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim. Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte. Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes.

Isso foi escrito séculos antes pelo rei Davi e era agora experimentado pelo Filho de Davi – o rei por direito.

A combinação de ambos judeus e gentios na conspiração da morte de Jesus

  • A terceira razão foi para combinar ambos judeus e gentios na conspiração da morte de Jesus.

A responsabilidade pela morte de Jesus recaiu sobre todo o mundo. Quando alguém fala que os judeus foram os que mataram a Jesus – essa pessoa não sabe o que está falando.

Em Atos 4, verso 27, Pedro disse que a crucificação foi responsabilidade de Herodes, Pilatos, dos judeus e dos gentios (as nações).

Se Cristo tivesse sido apedrejado, os judeus levariam a culpa final pela morte. Mas Cristo seria colocado não somente num tribunal judeu, mas também no tribunal da nação mais poderosa do mundo na época – o Império Romano. Ele seria condenado pelo mundo.

Se incomoda você o fato de que os tribunais pagãos de nossos dias fazem injustiça e legislam imoralidade, aprenda com tudo isso que, apesar de as altas cortes dos tempos de Jesus terem feito o que quiseram com Ele, na verdade as coisas estavam acontecendo do jeito como Jesus queria. Embora o veredito deles estivesse sendo lido, vemos por detrás das cenas que, em cada detalhe, o que estava sendo lido era, na verdade, o veredito da corte eterna. 

O cumprimento da tipologia de um evento do Antigo Testamento

  • Finalmente, a crucificação cumpriu a tipologia de um evento do Antigo Testamento.

Abra em João capítulo 3. Os filhos de Israel tinham se rebelado contra as provisões de Deus. Como castigo, Deus enviou serpentes venenosas para afligir o povo, mas Ele também disponibilizou uma cura. Ele mandou que Moisés fizesse uma serpente de bronze e a fixasse numa haste fincada ao chão. Então, Moisés deveria informar o povo que, se olhassem para a serpente de bronze, seriam curados e viveriam. Agora, a solução pode ter soado meio esquisito – pendurar numa haste a imagem daquilo que era, na verdade, o agente da morte – a serpente. Entretanto, isso faz bastante sentido em João 3, versos 14 e 15.

E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.

O Filho de Deus se tornou pecado – a causa da morte, conforme Romanos 6, verso 23 nos diz: “Porque o salário do pecado é a morte...”. Jesus, agora, se torna pecado e, se alguém olhar para Ele, que representa a própria causa da morte, terá a vida.

Com isso em mente, uma outra Lei do Antigo Testamento entra em jogo. Deuteronômio 21 mandava que, se alguém fosse amaldiçoado por Deus, deveria ser morto pendurado num madeiro; deveria ser pendurado num madeiro como julgamento pelos seus pecados.

A essa altura, as palavras de Paulo explodem em significado, quando ele diz em Gálatas 3, verso 13:

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro).

Deveria haver um julgamento romano e deveria haver uma crucificação porque Jesus Cristo estava se tornando a maldição, Ele se tornaria a serpente, ou pecado, a causa da morte de cada membro da raça humana. E aqueles que olharem para Ele serão salvos.

A Situação Complicada de Pilatos

Vamos voltar a João 18. Os judeus têm um problema – não podem apedrejar Jesus. Eles têm suas razões – e acabei de mostrar as razões de Deus. Então, eles têm que sair com alguma coisa que motive Pilatos a condenar Jesus. E, entre os versos 32 e 33 da narrativa de João, Lucas fornece a acusação por completo. Veja como eles inventam uma acusação fabricada especialmente para irritar um político como Pilatos. Veja Lucas 23, verso 2:

Encontramos este homem pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César...

(e aqui está o “argumento final” dos judeus) 

...e afirmando ser ele o Cristo, o Rei.

Em outras palavras, “Pilatos, Ele está liderando a nação toda e dizendo a todos que não paguem impostos – que é o que enche o Teu bolso, Pilatos! – e dizendo também que é Rei – Ele está querendo tomar o teu emprego, Pilatos!”

Ninguém pode dizer que os judeus eram burros. Na verdade, são bem inteligentes!

E funcionou! Veja João 18, versos 33 e 34.

Tornou Pilatos a entrar no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Vem de ti mesmo esta pergunta ou to disseram outros a meu respeito?

Ou seja, “Você saiu com tudo isso sozinho ou você teve ajuda? Você realmente deseja saber se Eu sou o Rei ou é apenas um aspecto legal do julgamento?”

Pilatos é uma figura da humanidade – curioso, supersticioso e mais do que disposto a conversar sobre Jesus – mas nada pessoal!

Em toda época de Natal, nosso mundo ocidental canta músicas natalinas, fazemos desejos, até mesmo oramos antes da ceia de natal – mas, isso é o mais perto que chegamos.

Falamos sobre Deus, mas, “Deixe-me fazer isso da minha maneira; deixe-me definir Deus conforme meu próprio entendimento – não quero nada pessoal.”

E essa foi a resposta de Pilatos no verso 35.

Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim...

Ele diz: “Não estou aqui para falar sobre mim; estou apenas curioso!”

Então ele muda o assunto; não é mais sobre quem Cristo é, mas sobre o que Ele fez. Continue até a última parte do verso 35 até o verso 36.

Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.

Jesus se recusa a mudar de assunto. Em Sua resposta, Ele repetiu três vezes a frase: “O meu reino... o meu reino... o meu reino.”

Ele responde a primeira pergunta: “Você é o Rei dos judeus?”

Por que? Porque o que Ele fez está diretamente relacionado a quem Ele é. E nunca entenderemos o que Ele fez sem entendermos corretamente quem Ele é. 

Ele olha nos olhos de Pilatos e diz: “Sim, Eu sou o Rei dos judeus e Eu tenho o meu próprio reino!”

As pessoas dizem: “Eu não creio em tudo o que a Bíblia diz – a criação, o Mar Vermelho se abrindo...”.

Por que? Porque não conhecem a Deus.

Muitos dizem: “Não acredito que Jesus fez todos esses milagres.”

Por que? Porque não conhecem a Pessoa de Jesus Cristo.

As questões da vida nem sempre são todas respondidas; nem todas entendidas, mas tudo é esclarecido quando chegamos a Cristo com fé e cremos em quem Ele é. E, quando cremos naquilo que Ele é, podemos crer naquilo que Ele tem feito.

Então, Pilatos faz mais uma pergunta inquisitória no verso 37.

Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que sou rei...

(E Jesus continua e basicamente diz: “Agora que você sabe quem Eu sou, vou dizer a você o que Eu tenho feito.)

...Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.

E o verso 38a:

Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade?

Você consegue imaginar isso? Pilatos nunca esteve tão perto da verdade em toda a sua vida. O problema é que Pilatos não estava em busca da verdade. Na verdade, o texto nos diz que, assim que ele ouviu a resposta, ele se virou e saiu. 

Precisamos entender que essa não foi uma pergunta sincera de coração, mas um cinismo: “Hum, está certo, e o que é a verdade?”

Por que o cinismo? Porque o mundo da época, assim como o nosso de hoje, já estava abarrotado de tantas desilusões filosóficas. Sua expressão cínica é a mesma expressão de nossa era. Suas perguntas são as mesmas perguntas de hoje: “Jesus, quem é você? O que é de fato da verdade na vida?”

Lembro-me de um artigo da revista americana Newsweek intitulado “A Busca Pelo Sagrado.” Foi um artigo singular no sentido que falava sobre os anseios e jornadas espirituais das pessoas sem mesmo mencionar Jesus Cristo. E eu esperava isso. na questão seguinte, me interessei na seção chamada “Cartas ao Editor”, na qual algumas pessoas interagiam com o artigo. Deixe-me ler alguns comentários das pessoas.

Um disse:

Meus pais me permitiram abrir minha mente e explorar novos ensinos e crenças, ao invés de me sufocar ou limitar a apenas um caminho. E sou grata por isso. Quando jovem, estudei mitologia grega e li sobre Frazier, O Arco de Ouro. Depois li a Bíblia de capa a capa, após uma experiência que tive bem próxima da morte. Tenho passado minha vida inteira examinando várias crenças filosóficas e religiosas em meus estudos independentes. E hoje, tenho um relacionamento profundo e significante com deus segundo o meu próprio entendimento.

Já que o escritor rejeitou o Deus da criação, essa mulher substituiu Deus por o deus de sua própria criação.

Outro disse:

Embora eu não tenha buscado o sagrado de forma consciente em minhas viagens, nos últimos cinco anos, eu encontrei o sagrado – num amanhecer, nos jardins botânicos de Hong Kong, observando a prática chinesa Tai Chi. Também encontrei o sagrado numa manhã chuvosa numa igreja em Londres quando ouvia o ensaio de uma seleção de músicas de Mozart. Encontrei o sagrado num templo Hindu ao meio-dia ao ar livre quando estava em Bali e à noite no templo Karnack em Luxor, Egito. Encontrei o sagrado em todos esses lugares pelos quais andei.

Queria só ter as milhas, os pontos que essa pessoa tem para poder viajar também!

Eu gosto deste aqui. Este foi um dos últimos comentários do artigo.

Diga-me, quando que nós, os ateus, teremos um tempo justo igual aos demais? Não nos falta força interior, paz, identidade, autoestima ou propósito para a vida. O que nos falta é a necessidade de nos apoiar numa muleta de figuras de fantasia que consertarão todas as coisas, que cuidarão de nós e nos perdoarão, independente do que façamos. O que nos falta é o desejo de ter nossas vidas e amores definidos por uma coleção de documentos velhos escritos dois mil anos atrás. Os ateus não possuem todas as respostas, mas pelo menos sabemos que nossa busca deve começar dentro de nós mesmos, e não na camada de ozônio.

Então, qual é o deus verdadeiro? Que verdade é a verdade? Será que a dos chineses, ou dos hindus, ateísmo ou não existe, na verdade, nenhum Deus? O interessante é que aqueles que discordam a respeito de Cristo, discordam também entre si.

Vivemos em um mundo que está em constante busca pelo espiritual – essa é a natureza da humanidade. Os filósofos gregos como Platão e outros se cansaram na procura pela verdade. Platão escreveu: “Pode ser que um dia um ‘logos’, ou Palavra, virá de Deus, revelando todos os mistérios e esclarecendo todas as coisas.”

João respondeu isso nas primeiras linhas de seu evangelho, no capítulo 1, verso 1:

No princípio era o [logos] Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

E o verso 9:

A saber, a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.

Você está em busca da verdade espiritual? João registrou no capítulo 14, verso 6a:

Respondeu-lhes Jesus: eu sou o caminho, e a verdade...

O evangelho de Lucas nos informa no capítulo 23 que, a essa altura, Pilatos ouviu que Jesus era da Galileia. Uma vez que a Galileia estava fora da jurisdição de Pilatos, ele enviou Jesus para Herodes Antipas.

Por questão de tempo, não iremos falar sobre essa narrativa, mas deixe-me somente mencionar que esse Herodes era o filho de Herodes o Grande. Você se recorda que os magos do oriente vieram até Herodes o Grande e lhe perguntaram se ele sabia aonde o Rei dos judeus havia nascido? Depois de terem sido divinamente advertidos para não retornarem a Herodes para lhe dizer o local do nascimento, o rei Herodes mandou que matassem todos os meninos de dois anos para baixo nas redondezas de Belém. Ele era loucamente desconfiado; ninguém podia tirar esse título dele – porque ele amava ser chamado de o Rei dos judeus.

Agora, trinta e cinco anos depois, Jesus está diante do filho de Herodes o Grande. Você pode pensar que Herodes Antipas ia descobrir tudo. Lucas nos diz que ele fez muitas perguntas, mas Jesus não respondeu nenhuma. Herodes implorou que Jesus fizesse algum milagre para o entreter, mas Jesus permaneceu em silêncio. Então, Herodes e seus soldados zombaram de Jesus, cuspiram Nele, bateram Nele e, depois, O enviaram de volta a Pilatos.

Mas, o pobre do Pilatos realmente não quer se envolver com esse julgamento. Algo estava acontecendo que impedia esse governador romano de declarar Jesus culpado. O que estava acontecendo?

O que impediu Pilatos de condenar Jesus?

Deixe-me dar a você essa questão de múltipla escolha e algumas opções como possíveis razões para Pilatos não querer condenar Jesus:

  • Pilatos sabia que Jesus era inocente;
  • Pilatos sabia os verdadeiros motivos dos líderes judeus; e/ou;
  • A mulher de Pilatos falou para ele não se envolver com esse julgamento de Jesus.

Se você selecionou todas essas opções, você tirou 10!

Pilatos declara o veredito sobre Jesus – inocente! 

  • A primeira resposta é: Pilatos sabia que Jesus era inocente de qualquer crime que exigisse a morte.

E isso é importante. Você se lembra que, antes de um cordeiro ser sacrificado na Páscoa, ele deveria ser inspecionado para ver se era sem defeito? O Superior Tribunal de Israel não conseguiu achar culpa em Jesus. E, no decorrer de nosso estudo, veremos Pilatos declarando publicamente e várias vezes que Jesus é inocente!

Três vezes Pilatos declara Jesus inocente.

  • A primeira vez foi ao final do julgamento romano. Veja João 18, verso 38b, onde Pilatos disse:

...Eu não acho nele crime algum.

Esse era o formato padrão romano de um juiz pronunciar um veredito. Na verdade, Pilatos estava finalizando o caso por falta de evidência.

  • A segunda vez foi depois que Jesus voltou de Herodes. Em João 19, verso 4, Pilatos diz:

...eu não acho nele crime algum.

  • A terceira vez foi depois que Jesus foi açoitado. Eu imagino que, no desejo de induzir o povo à compaixão, Pilatos novamente disse, em João 19, verso 6:

...eu não acho nele crime algum.

Eu imagino que Pilatos mandou açoitá-lo para mostrar que Jesus era um homem comum, sujeito a sofrer e sangrar. Será que o Filho de Deus permitira que fizessem isso com Ele? Já que a resposta seria, “Claro que não!”, a conclusão seria a de que Ele era um homem inocente, comum e iludido.

Qual o outro motivo por que Pilatos queria soltar Jesus?

Pilatos sabia os verdadeiros motivos dos líderes religiosos – inveja!

  • Pilatos sabia muito bem qual era o verdadeiro motivo dos líderes religiosos.

Existe um versículo que condena, não Jesus, mas os religiosos que coagiam Pilatos a dizer que Jesus estava condenado à morte.

Veja Mateus 27, verso 18.

Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado.

Você pode dizer: “Mas eu pensei que tivesse sido por causa da blasfêmia, pela honra de Deus.”

Não! E o governador romano pagão viu por trás do pretexto da religião – e sabia – eles O odiavam porque o povo que eles tinham escravizado estava prestes a deixá-los e seguir a Jesus. Eram as palavras de Jesus que estavam na boca do povo. O povo amava ouvir Jesus ensinando. E os líderes invejavam e odiavam por causa disso.

Foi um político pagão que viu por trás da fachada da religião vazia e soube dos motivos podres que levavam o povo a pedir a crucificação de Jesus. Mas, creio que ainda havia um outro motivo para Pilatos não querer condenar Jesus.

Pilatos recebeu uma mensagem de sua esposa para não se envolver com esse julgamento de Jesus – algo perturbador!

  • Pilatos recebeu uma mensagem de sua esposa para não se envolver com esse julgamento de Jesus – algo perturbador!

Veja o capítulo 27 de Mateus, verso 19.

E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito.

“Pilatos! Aqui está uma mensagem por escrito de sua esposa Cláudia. É algo urgente!”

Talvez o bilhete dissesse: “Querido, ontem à noite tive um sonho de que esse homem que você está julgando é inocente – até mesmo um homem justo. Independente do que você for fazer, não O condene – escape dessa responsabilidade de alguma forma. Depois conto a você os detalhes do meu sonho. Amo você! Cláudia.”

Os romanos eram bastante supersticiosos com relação a sonhos. Eles não tomavam nenhuma decisão importante até que os sonhos fossem interpretados. Eles criam que os deuses se comunicavam com eles por meio dos sonhos. Então, Cláudia deixa uma mensagem: “Pilatos, não se envolva nesse caso de Jesus.”

Agora, o que ele faz? Se ele libertar Jesus, ele arranja problemas com os judeus; se ele não libertar Jesus, vai comer sobra de comida por várias semanas.

Sua mente astuta se lembra de um costume estranho – na Páscoa, os judeus libertavam um criminoso como um lembrete simbólico da libertação da escravidão do Egito. Pilatos pensou: “Com certeza eles escolherão libertar esse homem inocente ao invés daquele criminoso perigoso, o Barrabás.”

Estudaremos essa passagem mais detalhadamente depois quando virmos sobre a liberdade de Barrabás, mas o povo preferia que Barrabás fosse libertado, e não Jesus.

Veja João 19, versos 1 a 5.

Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus e mandou açoitá-lo. Os soldados, tendo tecido uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e vestiram-no com um manto de púrpura. Chegavam-se a ele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas. Outra vez saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o homem!

Em outras palavras: “Olhem para Ele – está sangrando, machucado e Ele é inocente – vocês não querem deixá-lO ir?”

Continue até o verso 6.

Ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós outros e crucificai-o; porque eu não acho nele crime algum.

Então, Pilatos diz que eles podem levá-lO e crucificá-lO – o que cumpre as profecias das Escrituras. Mas, agora, o mundo sabia que os judeus estavam matando um homem que Pilatos havia legalmente declarado inocente.

E os judeus lidam com esse aspecto no verso 7.

Responderam-lhe os judeus: Temos uma lei, e, de conformidade com a lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus. 

Ou seja: “Veja só, Pilatos, se você não consegue achar nada na sua lei com o que possa condená-lO, pelo menos considere a nossa lei – Ele se autodeclarou Filho de Deus.”

E Pilatos responde nos versos 8 e 9.

Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado ficou, e, tornando a entrar no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.

Se Jesus tivesse respondido a Pilatos com alguma declaração ou milagre, Ele poderia ter sido libertado! Mas, Ele não tinha vindo à terra para ser libertado, mas para libertar o mundo por meio de Sua morte na cruz.

Continue nos versos 10 a 12.

Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar? Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem. A partir deste momento, Pilatos procurava soltá-lo, mas os judeus clamavam: Se soltas a este, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei é contra César!

Em outras palavras: “Vamos dizer a César que você não é amigo dele!”

Coloque-se por um instante no lugar de Pilatos. De quem você gostaria de ser amigo – de César ou do Cordeiro de Deus?

Não se engane, entramos em situações como essa com bastante frequência – em lojas, na universidade, no trabalho, na política. De quem você é amigo – do imperador ou do Cordeiro de Deus?

Qual foi a escolha de Pilatos? Veja os versos 13 e 14a.

Ouvindo Pilatos estas palavras, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, no hebraico Gabatá. E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta...

Imagine essa cena – a nação judaica está se preparando para a Páscoa e cada família está imolando um cordeiro sem defeito – em poucas horas, o perfeito Cordeiro de Deus será imolado pela família da humanidade unida.

Precisamos entender bem a importância de a inocência de Jesus Cristo ter sido estabelecida e bastante reforçada. O Cordeiro de Deus não tinha culpa.

Sete testemunhas concordam – Jesus é inocente!

Não existem apenas duas testemunhas que não concordavam com esse crime, mas pelo menos sete testemunhas que declaravam a inocência de Jesus.

  • Pilatos declarou três vezes: “...não acho nele crime algum.”
  • Herodes não viu culpa em Jesus, como vemos em Lucas 23, verso 15: “...É, pois, claro que nada contra ele se verificou digno de morte.”
  • A esposa de Pilatos disse: “Não te envolvas com esse justo...”.

No momento da execução, outras testemunhas adicionam suas declarações a respeito da inocência de Jesus:

  • Um dos ladrões ao lado de Jesus, de acordo com Lucas 23, verso 41: “Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.”
  • Em Lucas 23, verso 47b, o centurião encarregado da crucificação, exclamou: “...Verdadeiramente, este homem era justo.”
  • A multidão que tinha vindo para escarnecer e zombar, quando viu a escuridão e o terremoto, disse em Mateus 27, verso 54b: “...Verdadeiramente este era o Filho de Deus.”
  • Momentos antes da crucificação, o próprio Judas pegou as trinta moedas de prata e as lançou no chão diante dos líderes religiosos e disse em Mateus 27, verso 4a: “Pequei, traindo sangue inocente...”.

Esse Cordeiro era sem mácula! O veredito de culpado foi a decisão frustrada dada pelo Supremo Tribunal Judaico e também a decisão da corte romana. A única coisa da qual Jesus era culpado era de ter dito a verdade – Ele era culpado por ser Deus.

Agora, note a última tentativa desesperada de Pilatos. Mateus 27, verso 24 relata que, pouco antes dele entregar Jesus à corja de bandidos judeus, Pilatos lavou suas mãos em água e disse:

...Estou inocente do sangue deste justo...

Isso é muito interessante porque esse não era um costume romano – mas uma cerimônia religiosa dos judeus. Pilatos adotou os costumes religiosos dos anciãos. A Lei Mosaica determinava que, caso os anciãos não conseguissem determinar a identidade do assassino, eles poderiam publicamente lavar suas mãos, fazer uma oração e não serem tidos como responsáveis por não poderem executar a justiça.

Pilatos se torna um homem religioso; ele faz uma tentativa externa para poder cobrir a culpa interna. Com isso, Pilatos se torna culpado da mesma coisa que os líderes religiosos eram culpados – e daquilo que o mundo inteiro também é culpado – estão exteriormente puros aos seus próprios olhos, mas interiormente culpados.

O Desafio para o Presente

A verdade é, meus amigos, não importa o quão religioso você seja; não importa quantas vezes você lave suas mãos, somos todos pecadores; todos somos culpados pelo pecado por qual o Cordeiro morreu na cruz.

O sangue de Cristo ou é...

Jesus está diante de um tribunal em seu coração – qual é a sua decisão? Qual o seu veredito? Quero que você saiba que o sangue de Jesus u está em suas mãos (culpado), ou o sangue Dele cobre o seu coração (culpado, mas perdoado).

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 18/12/1994 

© Copyright 1994 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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