O Teste

O Teste

by Stephen Davey Ref: John 1:35–51

O Teste

João 1.35–51

Introdução

Imagine começar uma empresa sabendo que empregará milhões de pessoas e tocará a vida de cada uma em particular. Esse negócio seria uma invenção sua e continuaria existindo por mais de dois mil anos. Agora, imagine você ter pensado e inventado esse negócio incrível, porém sabendo que em três anos o colocaria nas mãos de seus subordinados. Soa familiar para você? Bom, pense no fato de que Jesus tinha apenas três anos para dar o treinamento necessário aos seus subordinados antes de fisicamente se ausentar deste planeta.

Se você tivesse inventado a igreja e soubesse que em três anos e meio a colocaria nas mãos de seus discípulos, que tipo de discípulo buscaria? Talvez fizesse um teste a fim de descobrir quais tinham as qualificações necessárias. Creio que se nós fôssemos formular as perguntas desse teste, elas seriam mais ou menos assim:

  • O que você já conquistou ou realizou para Deus no passado?
  • Você é reconhecido como alguém que possui habilidades excelentes em liderança?
  • Você é um líder nato, mas que, ao mesmo tempo, sabe trabalhar em equipe e prefere trabalhar com outros ao invés de sozinho?
  • Você mantém boa postura e bom equilíbrio, mesmo em circunstâncias adversas?
  • Você possui um bom currículo que prova sua capacidade de se relacionar bem com outras pessoas, suas habilidades administrativas e sua forma de motivar outros?

E por aí vai...

Se Você Quer Ser Meu Discípulo...

Neste momento, Jesus está prestes a escolher os seus discípulos, apesar de que, creio eu, eles não fazem ideia alguma de que serão escolhidos pelo Mestre. Veremos que Jesus fez, de fato, uma espécie de teste, mas com perguntas bem diferentes das que selecionaríamos.

Desejo prosseguir o nosso estudo no formato de perguntas—perguntas que os discípulos teriam que responder, caso eles—e nós—se considerassem discípulos de Jesus Cristo.

 

O que de fato você procura?

  • Pergunta-teste número um é: “Já que você deseja ser meu discípulo, o que de fato deseja com isso?”

Essa pergunta é vista de forma indireta em João 1.35–38a:

No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos...

(vamos ver mais tarde que um desses discípulos é André e o outro, conforme muitos imaginam, o próprio João).

...e, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus! Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram Jesus. E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiam, disse-lhes: Que buscais?

Lembre-se de que essas são as primeiras palavras de Jesus registradas no Evangelho de João. Você poderia traduzir essa frase como: “O que vocês querem?” E sabemos que André e João pensavam seriamente em seguir a Jesus, uma vez que o verso 37 diz que eles seguiram Jesus.

A palavra seguiram é usada outras vezes no Novo Testamento com o significado de um “discipulado com compromisso.” Contudo, a mesma palavra grega akolutheo é utilizada outras vezes para falar de um compromisso apenas temporário, daqueles que seguiram Jesus pelos motivos errados.

Uma ilustração desses “discípulos temporários” pode ser vista em João 6.1–2. A mesma palavra grega ocorre nestes versos:

Depois destas coisas, atravessou Jesus o mar da Galiléia, que é o de Tiberíades. Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos.

Era melhor do que circo! Os eventos milagrosos eram o único motivo pelo qual essas pessoas inconstantes seguiam Jesus. No decorrer desse capítulo, Jesus mostrou o que ser um de seus discípulos realmente significava. Veja a reação das pessoas no final do capítulo 6 de João, verso 66: À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele.

De volta ao capítulo 1, quando Jesus viu André e João seguindo-o, ele fez a primeira pergunta-teste de um discípulo verdadeiro: “O que vocês realmente querem de mim?”

  • São oportunistas ambiciosos em busca de posição e poder?
  • São nacionalistas em busca de um comandante para empreender alguma espécie de conquista militar?
  • Estão em busca de uma fórmula para o sucesso?
  • Estão à procura de alegria e conforto, comida e cura?

Faça essa pergunta a si mesmo também: “Por que estou seguindo a Jesus Cristo?”

  • É porque ele funciona melhor do que veneno de formiga?
  • É porque eu simplesmente não desejo ir para o inferno?
  • Ou porque penso que ele multiplicará o meu dinheiro e eliminará todos os meus problemas?
  • Será que é porque ele me ajuda nos negócios?

Para todos aqueles que são discípulos, seguir Jesus não é o suficiente; você deve segui-lo pelos motivos corretos. Seguir a Cristo simplesmente por suas próprias razões é, na verdade, pedir que Cristo o siga para realizar os seus planos e fazer a sua própria vontade!

H. A. Ironside disse:

Eu creio que muitas pessoas vão a Jesus porque esperam ser beneficiadas por ele. Uns vão esperando cura física. Eu preferiria que um homem chegasse até mim e fosse honesto o suficiente para admitir: “Não estou preocupado com a minha alma, mas muito preocupado de fato com o meu corpo.” Ficaria feliz em fazer o que estivesse ao meu alcance por alguém que viesse até mim dessa maneira, mas realmente dói ver pessoas professando interesse em coisas espirituais quando, no fundo, seu interesse é meramente o alívio temporário.

Jesus pergunta: “Você quer ser meu discípulo? Por quê?” Veja qual foi a resposta de André e João em João 1.38b–39:

Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde assistes? Respondeu-lhes: Vinde e vede. Foram, pois, e viram onde Jesus estava morando; e ficaram com ele aquele dia, sendo mais ou menos a hora décima.

Esses discípulos estavam interessados em mais do que simplesmente o endereço de Jesus. Eles estavam na verdade perguntando: “Onde você mora?” Em outras palavras: “Gostaríamos de nos sentar com você e fazer algumas perguntas, tirar algumas dúvidas que temos. Gostaríamos de conhecê-lo!”

Como queria que a Bíblia tivesse registrado a conversa longa daquela tarde! Apesar de não registrar a conversa, a Bíblia nos diz o resultado nos versos 40 a 42a:

Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), e o levou a Jesus...

Com certeza, eu poderia pregar uma série de mensagens a respeito deste homem, André. Mas, por agora, basta dizer que ele era um homem que conduzia muitas pessoas a Jesus. Ele era o tipo de pessoa que colocaria fogo numa cidade por causa de Jesus, enquanto todo mundo ainda estava procurando um palito de fósforo. As únicas vezes que André assume o palco em narrativas dos Evangelhos é quando está conduzindo alguém a Jesus (Pedro—João 1.40–42a; o menino com o cesto de alimentos na multiplicação dos cinco mil—João 6.5–10; e os gregos—João 12.20–22).

André, contudo, nunca recebe notoriedade ou evidência. Constantemente, os evangelistas se referem a ele como o “irmão de Simão Pedro.” No dia de Pentecostes, ele ficou escutando a pregação de seu irmão. Apesar de ter sido o primeiro discípulo que Jesus chamou, não era o mais significante. André nem foi incluído no círculo dos mais íntimos amigos de Jesus. Certas pessoas não querem fazer parte da banda simplesmente porque não serão o foco dos holofotes; André não era assim. Ele estava muito feliz com o simples fato de ter encontrado o Messias! Veja novamente o que ele disse a Pedro no verso 41b: Achamos o Messias.

A palavra grega para achamos é também utilizada significando “encontrar um tesouro escondido.” Você já parou para pensar que, quanto mais precioso o valor de seu encontro com Jesus, maior será sua prioridade para compartilhar esse tesouro com outros? Se você não o considera precioso, pensará que não vale a pena compartilhá-lo!

Imagine que você esteja cavando um buraco em seu quintal para plantar uma muda de árvore ou flores. Você arranca uma parte do chão e, de repente, uma fonte de água jorra para cima. Aquela água começa a molhar a grama seca e, para o seu espanto, a grama imediatamente se torna fresca e verde. Aquela mesma água também espirra em sua muda de planta e, no mesmo instante, planta faz brotar uma flor. Você corre para dentro de casa e pega um copo para encher com aquela água. Talvez você primeiro faça um teste com o gato do vizinho e depois toma um gole. Você se sente revigorado. Volta de pressa para dentro de casa, se olha no espelho e vê que algumas rugas sumiram. Você acabou de descobrir a fonte da juventude!

Será que compartilharia essa água com seus amigos, seus filhos, seus irmãos mais velhos? Será que daria um pouco dela a seus pais que estão morrendo de velhice? Ou será que enterraria aquela fonte e nunca falaria nada para ninguém sobre o ocorrido?

Um estudo realizado nos Estados Unidos concluiu que uma de cada quatro pessoas visitaria a igreja se um de seus amigos a convidasse. Sabe o que isso significa? Que mais 20 milhões de pessoas estariam hoje na igreja ouvindo o Evangelho se tivessem sido apenas convidadas.

As estatísticas são bem parecidas em relação ao evangelismo. Mais de 85% das pessoas que creram em Jesus para salvação foram conduzidas a Cristo por pessoas de confiança. Sabe que tipo de pessoa André era? Alguém que não conseguia ficar com Jesus apenas para si mesmo.

 

Você realmente deseja ser radicalmente transformado?

  • A segunda pergunta-teste para aqueles que desejam ser discípulo é: “Você realmente deseja ser radicalmente transformado?”

Continue em João 1.42, onde vemos essa segunda pergunta:

E [André] o levou a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).

A palavra olhando descreve um olhar concentrado e intencionado. Podemos entender o seguinte: “Jesus não somente olhou para ele, mas olhou dentro dele.” Depois, exercendo sua autoridade sobre Pedro, Jesus disse: “Vou mudar o seu nome.”

A mudança de nome era algo bastante comum naquela época e servia como a marca de uma qualidade ou característica da pessoa. “Vou mudar o seu nome para Pedro (do grego petros) que significa ‘rocha’.” Jesus estava dando um nome a Pedro que significava “forte, firme, inabalável, consistente, controlado.”

Não nos surpreende o fato de Pedro não dizer nada; ele ficou sem palavras. E olha que Pedro fala muito, nem que seja para dar um passo. Pedro era explosivo, falava antes de pensar, e constantemente lutava com seu temperamento, ambição e firmeza. Portanto, a questão não era: “Pedro, você quer seguir a Jesus?”, mas: “Pedro, você deseja ser transformado radicalmente?”

Existem muitas pessoas que seriam discípulos de Cristo, mas usam a desculpa da personalidade e da inconsistência. Jesus Cristo nunca oferece desculpas para você e nunca aceitará nenhuma desculpa que você der. O que ele oferece é um programa chamado “discipulado.”

Se você segue a Jesus Cristo, então esteja certo de que ele mudará seu linguajar, trabalhará no seu temperamento e o transformará naquele tipo de pessoa na qual o Espírito Santo vive e mostra-se presente por meio do amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio-próprio (Gálatas 5.22–23a).

Certa vez alguém chegou para Michelangelo enquanto ele trabalhava com sua talhadeira num pedaço de pedra gigante e lhe perguntou o que fazia. Michelangelo respondeu: “Estou libertando o anjo que está preso neste mármore.”

Será que Pedro de fato mudou radicalmente? Será que aprendeu o domínio-próprio? Mais tarde, ele escreveu em 1 Pedro 3.8–10:

Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal...

(Eu me lembro de Pedro sacando da espada e remetendo-a contra o servo do sumo sacerdote; errou e acertou o servo na orelha. Pedro tinha uma mira terrível!)

...ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança. Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente.

Será que Pedro aprendeu a humildade? Ah, como ele era orgulhoso, cheio de autoconfiança e egoísta! Em Mateus 26.33, ele afirmou: “Senhor, todos os demais te abandonarão, menos eu; eu sou melhor do que eles!”

Mais tarde em sua vida, ele escreveria em 1 Pedro 5.5b–6:

Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte.

As falhas de Pedro não foram fatais; ele realmente aprendeu o fruto do Espírito.

Você diz que deseja seguir a Jesus e que caminha com ele? Então entenda que ele o fará passar por um processo de mudança radical.

Você irá me seguir por toda sua vida?

  • A terceira pergunta-teste para o discípulo é: “Você irá me seguir por toda sua vida?”

Essa pergunta pode ser vista em João 1.43:

No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-me.

Esse é um verso bem breve, mas riquíssimo em conteúdo. O temo imperativo do verbo no grego poderia ser traduzido como: “Continue me seguindo”, ou: “Siga-me por um longo tempo, Filipe.”

E isso era de fundamental importância para um homem como Filipe. Por quê? Porque Filipe demorava muito tempo para captar verdade espirituais. Não porque não fosse inteligente, mas porque lhe faltava fé! Para Filipe, fatos eram o que importava, não fé. E Cristo desejava desenvolver fé no coração de Filipe.

Você sabia que o único instante em que Jesus pediu conselho dos seus discípulos foi quando estava cercado por mais de cinco mil pessoas famintas? Geralmente nos referimos ao incidente como “A Multiplicação dos Pães e Peixes.” Eles estão no deserto; Jesus se vira para Filipe e pergunta em João 6.5b: Onde compraremos pães para lhes dar a comer?    

Filipe nunca respondeu a pergunta de Jesus sobre “onde” comprar. Ao contrário, pegou a calculadora e falou: “Senhor, não temos dinheiro para isso tudo!” A questão não era o dinheiro, mas o poder milagroso de Cristo.

Ao final do ministério de Jesus, no cenáculo, João 14.8 diz: Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Nesse momento, Jesus repreendeu Filipe por sua lentidão e cegueira espirituais e disse no verso 9:

Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?

Filipe não entendeu, pois simplesmente não conseguia enxergar. Mesmo assim, Jesus nunca o expulsou do rebanho, nem disse: “Ei, você é muito lento nas lições espirituais!” Não. E eu creio que muitas vezes Filipe, confuso, perplexo e frustrado, se recordava das primeiras palavras que Jesus lhe dissera. Jesus, colocando a mão no seu ombro, disse: “Filipe, segue-me e nunca pare de me seguir até o fim!”

Algo maravilhoso de notar é como os discípulos eram tão diferentes uns dos outros. Havia grandes diferenças sociais, econômicas e emocionais; tinham gostos e preferências variados; eles eram, de fato, a primeira ilustração de qualquer uma das igrejas neo-testamentárias.

Penso na coleção de discípulos que temos em nossa igreja e qualquer outra igreja. Somos tão diferentes uns dos outros! Por exemplo:

  • Alguns amam as músicas de Beethoven e Bach e gostariam que a igreja fosse mais formal; outros preferem um som mais animado; e ainda outros não gostam muito de música e acham que deveria haver menos música e mais pregação (são os preferidos do pastor!).
  • Uns não imaginam passar horas assistindo a um jogo de futebol, mas assistem sem problemas a um longo jogo de tênis ou jogam Banco Imobiliário por quatro horas seguidas. Outros ainda conseguem passar três horas num riacho com uma vara de pescar sem pegar absolutamente nada (a não ser um monte de picadas de mosquito), e depois enchem a boca para dizer que foi maravilhoso!
  • Alguns votam nos partidos da direita, outros nos da esquerda, outros votam branco e outros votam nulo.
  • Uns são calculadoras ambulantes, outros são lerdos.
  • Alguns dizem: “Vai!”, enquanto uns dizem: “Não!”; e muitos outros ficam calados.

Somos todos tão diferentes! Como podemos trabalhar juntos? Discipulado começa quando paramos de olhar para o outro e seguimos Cristo para sempre!

Também é interessante vermos as diferentes contribuições que esses discípulos fizeram à igreja. Por exemplo:

  • Nós não temos registradas muitas palavras de Filipe após a ascensão de Cristo, mas Pedro era rápido para falar.
  • Filipe nunca escreveu um livro e não há registro de que tenha fundado alguma igreja, mas João foi um excelente autor e líder da igreja.

Será que Filipe finalmente desenvolveu na fé? Será que ele saiu do ver para o crer? O registro e a tradição nos dizem que ele continuou na obra do Senhor de diversas formas. Na verdade, ele morreu como um mártir em nome de Jesus. Foi crucificado de cabeça para baixo com suas coxas e tornozelos perfurados para morrer lentamente. E as palavras de Jesus o encorajaram até o fim, enquanto se lembrava do Senhor lhe dizendo: “Filipe, continue me seguindo até o fim!”

Você está disposto a se expor totalmente a Mim?

  • A quarta pergunta-teste do discípulo é: “Se quer ser meu discípulo, você se dispõe a se expor totalmente a mim?”

Essa pergunta é vista na conversa entre Jesus e Natanael em João 1.45–46a:

Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa?

Parece haver bastante preconceito aqui, não é verdade? Mas não. Nazaré era uma cidade muito incrédula e sem muito espaço para Deus. Como o Messias viria de uma cidade como Nazaré?

Nazaré foi a primeira cidade a agir em violência contra Jesus; Nazaré já estava pronta a matar Jesus logo após o primeiro dia de seus ensinos. Creio que um dos motivos é porque estava situada a apenas 6 quilômetros de Seforis, a capital romana na Galileia. Quando os governantes romanos precisavam de trabalhadores, emprestavam esses trabalhadores de Nazaré. Dessa forma, os homens nazarenos eram diariamente expostos à influência pagã romana.

Filipe responde na parte final do verso 46: Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê. Ele foi sábio e não argumentou. Poucas pessoas são convencidas a crer em Cristo por meio da argumentação. Filipe simplesmente diz: “Vem e vê.”

E Natanael foi no verso 47:

Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!

A palavra dolo é utilizada em outras passagens, significando “isca” ou “armadilha.” Em outras palavras, Natanael não era um oportunista com intenções enganadoras. Continue até o verso 48:

Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.

Agora, acompanhe cuidadosamente o que Jesus revelou acerca de si mesmo. Para os judeus, debaixo da figueira era um local de paz. Quando um homem ficava sossegado debaixo de uma figueira, ele considerava realmente estar em descanso. Além do mais, a figueira tinha folhas grandes, proporcionando bastante sombra; era costume sentar-se debaixo da figueira para meditar. De fato, sentar-se debaixo de uma figueira, naquele tempo, era um eufemismo para “meditação espiritual.” Tudo indica que Natanael estava meditando debaixo da figueira e Filipe chegou logo depois.

No comentário que fez acerca de Natanael, Jesus revela sua onisciência ao dizer: “Eu vi você antes mesmo de Filipe chegar. Você estava debaixo da figueira.” As palavras de Jesus ainda implicam um significado mais além: “Eu sabia até mesmo no que você estava pensando.”

Alguns comentaristas acreditam que Jesus insinuou que Natanael meditava na história de Jacó e a escada entre o céu e a terra, na qual anjos desciam e subiam (Gênesis 28). O verso 47 faz uma alusão a Jacó, cujo nome foi posteriormente mudado para Israel e era um enganador e oportunista. Logo mais adiante, no verso 51, Jesus se refere à escada no sonho de Jacó como analogia e diz:

E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.

O que Jesus quis dizer a Natanael foi: “Eu sei onde você estava e sei no que estava pensando.” E Jesus estava ensinando que revelaria a Natanael muito mais do que a escada de Jacó havia revelado. Só Deus pode saber essas coisas! Natanael entende isso e diz no verso 49: Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!

Jesus sabe todos os seus segredos mais íntimos. Isso o encoraja ou o amedronta? Talvez essa seja a má notícia. A boa notícia é que, onde quer que esteja, Jesus pode vê-lo; e se o seu coração arde por verdade e paz, ele também sabe disso. De fato, um bom discípulo é aquele que concede a Cristo livre acesso a cada canto de seu coração.

Conclusão

Você deseja ser um discípulo verdadeiro de Jesus Cristo? Faça as seguintes perguntas a si mesmo:

  • Estou disposto a segui-lo pelos motivos certos?
  • Estou disposto a ser transformado radicalmente?
  • Estou disposto a segui-lo por toda minha vida?
  • Estou disposto a me expor totalmente a Cristo?

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 10/10/1993

© Copyright 1993 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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