
A Intercessão do Filho ao Pai
A Intercessão do Filho ao Pai
João 17
Introdução
Convido você hoje para analisar comigo de perto a oração de Jesus. Ouviremos o Deus Filho conversando com o Deus Pai. Jesus faz uma oração tão repleta de verdades que, como disse William Barclay, podemos “captar apenas os fragmentos.” Esta é a última conversa longa entre o Pai e o Filho poucas horas antes da crucificação. Com certeza, a oração de qualquer pessoa prestes a morrer é digna de ser ouvida com certa admiração.
Vamos abrir nossas Bíblias em João 17. Segundo um escritor, esse capítulo deve ser chamado de “o Santo dos Santos.” Entraremos despercebidos e tentaremos captar alguns fragmentos dessa oração. E garanto que seremos para sempre transformados por esses fragmentos. Veja o verso 1:
Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti.
Antes de mergulharmos de cabeça nessa passagem, precisamos notar uma verdade que é facilmente negligenciada—a oração começa com a palavra Pai! Entenda que em nenhum outro lugar, quer seja o Antigo Testamento ou outro escrito antes de Cristo, um indivíduo se dirigia a Deus como “Pai.”
Nos tempos de Jesus, o nome “Deus” ou Yahweh (quatro consoantes do alfabeto hebraico—yod, heh, waw e heh) era tão sagrado que as pessoas comuns não deveriam saber esse nome, muito menos pronunciá-lo. O nome Yahweh era tão sagrado que somente o sumo sacerdote o pronunciava quando entrava uma vez por ano no Santo dos Santos na cerimônia do Dia da Expiação. Quando os escribas judeus copiavam o Antigo Testamento e se deparavam com esse nome, eles paravam, lavavam suas mãos, pegavam uma pena nova, escreviam o nome, jogavam aquela pena fora e depois continuavam o trabalho.
Agora, havia muitos nomes para Deus: Elohim (“Deus”), Yahweh (o “EU SOU”), “Jeová Jirê,” “Jeová Sabaô.” Mas veja o verso 6:
Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.
Jesus está dizendo: “Eu revelei o teu nome aos discípulos.”
Agora, apesar de podermos substituir a palavra nome por “natureza” (e Jesus certamente revelou a natureza do Pai ao mundo), creio que ele se refere ao novo nome que nenhum judeu havia tido a audácia de considerar em aplicá-lo a esse Deus tão maravilhoso e Santo—o nome Pai.
O nome Pai é usado por Jesus cinquenta e três vezes somente nos capítulos 14 a 17 de João. Toda vez que Jesus orou a Deus, ele o chamou de Pai. Mais de cento e vinte vezes no Evangelho de João, Jesus revela esse relacionamento profundo e íntimo. A única vez em que Jesus orou e não se referiu a Deus como Pai foi quando exclamou pendurado na cruz: Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? Ele não o chamou de Pai nessa ocasião porque foi o momento em que Jesus se tornou pecado por nós, rompendo a intimidade que tinha com o Pai. Em todas as outras vezes, seu relacionamento íntimo era expressado pela palavra Pai.
Quatro Pedidos Especiais
Agora, se você estivesse à beira da morte, qual seria o conteúdo de sua oração? Ao ouvirmos essa conversa entre Deus o Filho e Deus o Pai, descobrimos algo bem interessante: Jesus ora por mim e por você. Jesus Cristo está bastante interessado em que eu e você experimentemos certas coisas e, nessa última oração, ele faz quatro pedidos especiais. Quero sugerir quatro palavras que expressam quatro desejos ardentes de nosso Senhor para aqueles pelos quais ora.
- O primeiro pedido de oração foi por intimidade com o nosso Pai. Cristo ora para que eu e você experimentemos a mesma intimidade com o Pai celestial que ele mesmo possui.
Volte para o capítulo 17, versos 1 a 3:
Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
Agora, deixe-me dizer que existe algo bastante especial aqui em sermos alvos da oração de Jesus e podermos ouvir essa oração. Quando minha família ora e minha esposa pede algo por mim, isso é algo ao meu favor. Como minha filhinha orou outra noite: “Senhor, por favor, ajude o meu pai com a pregação.” Não fazemos ideia do que sua oração fez a meu favor.
Quero fazer o seguinte lembrete: Jesus ora por você. Pode pegar um lápis e escrever o seu nome em todo o capítulo:
- verso 3: “E a vida eterna é esta: que o Denis conheça a ti.”
- verso 8: “Porque eu tenho transmitido ao Denis as palavras que me deste; e o Denis as recebeu, e verdadeiramente conheceu que saí de ti e creu que tu me enviaste.”
- verso 11: “Já não estou no mundo, mas o Denis continua no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai, guarda o Denis em teu nome.”
Escreva seu nome neste capítulo. Jesus está orando por você! Imagine isso. Ele ora por mim, ele ora por você!
E pelo que ele ora? Primeiro, Jesus pede que você tenha intimidade com o Pai. Volte ao verso 3. Esse verso fornece a definição de vida eterna:
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
O Pai é visto por todo o Novo Testamento como a “fonte da divindade,” o cabeça do Deus Triúno. Jesus já deixou bastante claro que ele e o Pai são igualmente divinos. Contudo, o Filho veio representar e cumprir a vontade do Pai—o conselho predeterminado pela divindade. Ele não é menos divino pelo fato de obedecer à vontade do Pai, da mesma forma que eu não sou menos humano pelo fato de obedecer ao meu pai. Portanto, conhecer o Pai é conhecer o Deus triúno; e você não pode conhecer o Pai sem que já tenha conhecido o Filho, Jesus Cristo.
Agora, de volta à definição interessante: E a vida eterna é esta. Essa frase é frequentemente entendida em termos de duração. Se perguntarmos ao crente em geral: “O que é a vida eterna?”, ele responderá: “É a vida que nunca acaba; continua para sempre.” Mas não. Vida eterna não se limita a duração; até mesmo o perverso viverá eternamente. A palavra-chave nessa definição é conheçam: que Te conheçam a Ti!
Veja os versos 25 e 26a:
Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer...
João 17 começa e termina com o mesmo desejo ardente por intimidade com o Pai.
Agora, existem duas palavras gregas diferentes que são traduzidas como “conhecer”. Uma é ginosko, que significa “conhecer por meio de experiência ou relacionamento.” É a palavra utilizada para se referir ao conhecimento íntimo entre o marido e esposa quando se unem fisicamente; como é dito: “ele a conheceu.” Esse é o termo usado para se referir ao conhecimento com total transparência, associação próxima e profunda amizade. A outra palavra é oida, que significa “conhecer ou saber por meio da aquisição de simples fatos.” E que palavra você acha que Jesus usa aqui?
Veja, não existe nada de errado com oida ou conhecimento de Deus por meio de verdades proposicionais e fatos. Passei dez anos de minha vida na universidade e no seminário para estudar fatos acerca de Deus. Podemos conversar sobre a igualdade ontológica de Deus ou a subordinação econômica funcional na Triunidade. Tenho a base teológica, a ortodoxia que filtra minhas experiências. Muitos púlpitos hoje não possuem a base teológica, mas buscam dezenas de novas experiências. Estamos em alta velocidade indo em direção ao desastre com a experiências atrás do volante. O perigo é que podemos adquirir fatos sobre Deus sem desenvolver um relacionamento com Deus.
Então, a palavra que Jesus escolhe no verso 3 é ginosko. Ele diz: “A vida eterna é esta; isto que é de fato viver: conhecer o Pai por meio de um relacionamento próximo, amizade profunda e total transparência.” Vida eterna é agora! Ela não se refere a tempo somente. Ela é um relacionamento!
Malcomb Forbes, o homem que teve um império de publicações, foi um bilionário. Ele era dono de diversas propriedades ao redor do mundo, até mesmo castelos na França e coisas desse tipo. Sua festa anual era televisionada. Em seu jato particular, ele levava muitos amigos para outras partes do mundo num piscar de olhos. Eu soube a seu respeito por meio de artigos de revistas e televisão. Uma declaração que ele fez, entretanto, resumiu o vazio da vida desse descrente. Ele disse: “Aquele que morre com mais brinquedos, ganha.” Em outras palavras, ele disse que a vida não é um relacionamento; vida é posses, coisas.
Certa vez, eu estava numa conferência e o palestrante disse algo interessante: “Não tenho cem por cento de certeza disso, mas estou começando a acreditar que crianças que não tiveram um pai para brincar acabam ficando obcecadas com brinquedos.”
Será que nossa obsessão com bens materiais realmente se deve ao fato de tentarmos em vão preencher um vazio interior porque nossos pais foram ausentes e não brincaram conosco? A solução não é voltar no tempo. Na verdade, em muitos de nossos casos, os pais já nem estão mais vivos. A solução é esta: se você deseja realmente desfrutar da vida—experimentar vida eterna agora e abandonar essa obsessão vazia por bens materiais—, precisa desenvolver um relacionamento com seu Pai celestial.
João escreve em 1 João 5, verso 20:
Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos no verdadeiro, em seu Filho, Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
Vida não é ter o maior, melhor, mais caro, mais novo, mais bonito, mais potente. Vida é conhecer o Pai! E Jesus ora: “Pai, quero que eles te conheçam com intimidade.”
- O segundo pedido diz respeito à segurança de nossa salvação.
Lemos nos versos 9 e 10:
É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado.
Agora, o primeiro erro que precisamos destruir é a ideia de que, já que Jesus ora apenas pelos seus discípulos, ele não se preocupa com o mundo. A verdade é que Jesus tem que se preocupar com o mundo; doutra forma, não estaria orando para que seus seguidores testemunhassem ao mundo. A ideia é que Jesus ora por nossa proteção e segurança, o que é algo que não pode pedir a favor do mundo, uma vez que os descrentes não lhe pertencem.
Continue até os versos 11 e 12:
Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
Agora, alguém pode olhar para Judas e dizer: “Aha! Jesus não foi capaz de trazer todas as ovelhas para o aprisco em segurança!” Nesses versos, Jesus deixa bem claro que Judas nunca foi um dos seus. Ele não era salvo e depois perdeu a sua salvação; ele fingiu ser um seguidor, mas, no fim, traiu seu Mestre pelo preço de um escravo.
Jesus entrega a segurança de seus discípulos nas mãos do Pai; ele nos coloca nas mãos do Pai. E nenhum dos que pertencem a Jesus Cristo se perderá!
Gosto do que o autor Stanley diz em seu livro Segurança Eterna:
Se Cristo veio buscar e salvar o que estava perdido e, mesmo assim, podemos perder nossa salvação—desfazendo, portanto, o que Cristo veio fazer—, não seria mais sábio se Deus apenas nos levasse para o céu no mesmo instante de nossa salvação, a fim de garantir que chegaríamos lá? Não é arriscado nos deixar viver aqui?
Sim, seria arriscado, se nossa segurança estivesse em nossas mãos e fosse baseada em nossa fidelidade. Sim, seria arriscado, se Deus pudesse, de alguma forma, falhar em sua Palavra. Veja novamente o verso 11b: Pai santo, guarda-os em teu nome.
Juan Ortiz falou sobre uma conversa que teve com um trapezista de circo. O trapezista concordou que a rede que fica embaixo é para prevenir que eles quebrem o pescoço, caso caiam. E adicionou:
A rede também nos ajuda a evitar a cair. Imagine que não houvesse nenhuma rede. Ficaríamos tão nervosos que não conseguiríamos fazer os movimentos e acabaríamos caindo. Se não houvesse nenhuma rede, jamais ousaríamos fazer coisas que fazemos. Mas, porque existe aquela rede, ousamos fazer giros duplos e, quando ousamos fazer um giro triplo... ainda bem que existe a rede!
Ortiz faz a seguinte observação:
Temos segurança em Deus. Quando estamos seguros em seus braços, ousamos fazer grandes coisas para Deus. Ousamos ser santos. Ousamos ser obedientes. Ousamos tudo isso porque sabemos que os eternos braços de Deus nos segurarão quando cairmos.
Alguns gostam de falar da perseverança dos santos; gosto de falar da perseverança do Salvador!
Agora, sei que algumas pessoas não gostam da ideia de segurança de salvação porque acham que pode servir como uma licença para pecar. Dizer que segurança de salvação leva a uma vida licenciosa é o mesmo que dizer que, porque tenho seguro de carro, vou sair batendo em tudo e atropelando tudo pela minha frente. Na verdade, o próximo pedido que Jesus faz está relacionado à questão da santidade pessoal e separação.
- À luz da segurança, Jesus agora ora pedindo por nossa pureza neste mundo.
Veja os versos 15 a 17:
Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
A palavra santifica-os no verso 17 é o termo grego hagiasmos. Significa “separar para serviço sagrado.” Não significa perfeição sem pecado; doutra forma, Jesus não poderia dizer o que disse no vero 19: E a favor deles eu me santifico a mim mesmo.
O ensino é que, da mesma forma como Jesus foi separado para o serviço, também o crente é separado para servir. Estamos no mundo, mas não somos como o mundo. Jesus ora para que o crente tenha contato com o mundo sem que seja contaminado pelo mundo.
Meu amigo, um dos motivos por que não estamos ganhando o mundo é porque não fornecemos um estilo de vida diferente. Como Howard Hendricks gostava de dizer: “Quanto mais parecido com o mundo você se torna, menos impacto faz para Jesus Cristo.”
Agora, a questão da hagiasmos pessoal (ou separação) é um assunto complicado. Isso diz respeito não somente a questões bem definidas nas Escrituras (preto no branco), como também engloba as áreas cinzas nas quais o crente é deixado para tomar uma decisão.
Sete princípios para ajudar a discernir o correto do errado
Douglas MacGlaukin ofereceu grande ajuda no assunto em uma de suas publicações. Ele listou sete princípios que servem como guia para o crente discernir o correto do errado em assuntos sobre os quais a Bíblia se silencia. Como posso estar em contato com o mundo sem me contaminar com o mundo, a fim de ganhar o mundo?
- O primeiro princípio é o da conveniência.
Ou seja, por mais que seja possível ao crente gastar tempo e energia em inúmeras coisas enquanto constrói sua cadeia de valores e prioridades, nunca deixe que as coisas permitidas tomem o lugar das que são essenciais. Como Paulo escreveu em Filipenses 1, verso 10a: para aprovardes as coisas excelentes. Nem tudo o que é bom é o melhor.
- O segundo princípio é o da servidão.
Esse é o pensamento de ser escravizado por alguma coisa; isto é, ser conduzido por um hábito ou atividade é ser servo daquilo. Paulo escreveu em 1 Coríntios 6, verso 12b: Todas as coisas são lícitas, mas não me deixarei dominar por nenhuma delas.
- O terceiro princípio é o do enriquecimento.
Esse é o lado positivo da separação. Paulo escreveu em 1 Coríntios 10, verso 23:
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convém; todas são lícitas, mas nem todas edificam.
Paulo diz, com efeito, que podemos fazer muitas coisas, mas o critério não é se estamos ou não violando um dos mandamentos de Deus, mas se isso serve para edificar nossa caminhada com ele.
Creio que um dos maiores inimigos do nosso enriquecimento pessoal é a televisão. Um estudo revela que as pessoas passam em média quatro horas por dia assistindo à televisão—e sem propósito algum, apenas pulando de um canal para outro. O princípio do enriquecimento pode revolucionar sua vida. Imagine o que você poderia fazer com quinze ou vinte horas a mais numa semana! Pense nos e-mails ou cartas que poderia escrever, nas conversas que poderia ter, nas caminhadas e nos ministérios nos quais poderia se envolver.
- O quarto princípio é o da exaltação.
Paulo continua em 1 Coríntios 10, verso 31:
Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.
Todo o crente deveria se lembrar de que a reputação de Deus está em jogo em nosso comportamento. Nosso objetivo não deveria ser tentar escapar do máximo possível, mas como podemos exaltar o nome e o caráter de Deus.
- O quinto princípio é o do risco.
No capítulo 8 de 1 Coríntios, Paulo escreve no verso 13: E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão (ou seja, se o leva a enfraquecer na fé), nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.
O princípio é que eu e você somos responsáveis pelo cuidado e proteção dos crentes mais novos e fracos na fé. Crentes maduros que encaram seriamente suas responsabilidades diante dos que os observam evitarão qualquer coisa que pode escandalizar e levar um irmão a tropeçar na fé. Ao invés de levar seu irmão à beira do penhasco e mostrar o quanto ele pode arriscar, nosso desejo deve ser de protegê-lo com nossa própria pureza e integridade.
- O sexto princípio é o do embaraço.
Veja os versos 4 e 5 de 2 Timóteo 2. Paulo escreve a seu jovem filho na fé, Timóteo:
Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas.
Alguns de nós ficam tão presos e envolvidos em suas carreiras profissionais que acabam não tendo tempo para Cristo. Na melhor da hipóteses, arranjamos uma horinha ou duas no domingo à noite para o culto. Paulo diz: “Você está embaraçado.”
Alguns crentes estão no culto, mas com a mente bem longe de Cristo; suas mentes são varridas pela preocupação com o império financeiro terreno. Paulo diria: “Você está embaraçado, enrolado.”
- Finalmente, o sétimo princípio é o do equívoco.
“Equivocar-se” significa “hesitar entre duas opiniões; estar incerto, em dúvidas.”
Ouça as palavras de Paulo em Romanos 14, versos 22 e 23. Essa é a famosa passagem sobre comer e beber coisas sacrificadas a ídolos, um contexto que não existe em nosso meio, mas cujo princípio é bem real:
A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.
Se você não está certo a respeito da vontade de Deus em situações sobre as quais a Bíblia não se refere diretamente, então não faça o que pensou fazer.
Paulo usa uma palavra no verso 22 que desapareceu do vocabulário dos crentes; ele se refere às suas próprias “convicções.” Você tem convicções?
- homem de negócios—de que seus relatórios de despesas serão remetidos honestamente?
- moça—de que você irá namorar apenas um rapaz crente?
- Rapaz—de que protegerá a pureza em seu namoro?
- casados—de que o seu casamento é para o resto de suas vidas?
James Boice conta que certa vez ouviu os votos numa cerimônia de casamento. Era o casamento de dois descrentes que convenientemente reescreveram os tradicionais votos: de “amar um ao outro até que a morte nos separe” para “até que o amor nos separe.”
Jesus ora para que você tenha uma vida santificada—uma vida separada para a santidade, testemunho distinto e ministério efetivo. “Oh, Pai, peço que tu os mantenhas puros pela tua palavra!”
Peter Marshall era o capelão do Senado nos Estados Unidos, bem como o pastor de uma igreja no centro de Washington; uma igreja sempre cheia para ouvi-lo pregar. Ele morreu jovem. Sua esposa, Catherina, continuou e se tornou uma escritora famosa. Seu romance intitulado Christy se tornou até um programa de televisão. Ela contou que, depois da morte inesperada de Peter, percebeu que a vida não é medida pela sua duração, mas por sua doação. Não importa o quanto uma pessoa vive, mas como a pessoa vive. Cada alma purificada e santificada faz uma doação.
Finalmente, Jesus continua orando ao Pai e faz um quarto pedido crítico.
- O quarto pedido de oração é por unidade na nossa igreja.
Veja os versos 20 e 21 de João 17:
Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
A oração é por unidade, não uniformidade. Somos chamados por Deus para multiplicar, não para fazer fotocópias de nós mesmos.
Essa unidade é baseada na verdade. O verso 17 declara, primeiro, a necessidade da verdade. Então, para aqueles que aderem a verdade da palavra de Deus, pode existir unidade.
Quando as pessoas veem a palavra “unidade,” na mesma hora pensam: “Ah, deveríamos unir todas as denominações e apresentar ao mundo uma frente unificada.” O problema é que muitas igrejas e denominações não creem na verdade sobre Jesus Cristo. E pureza da verdade precede a unidade.
Tenho o artigo de uma revista secular americana datado de 1993 que faz um resumo das principais denominações protestantes em nossos dias. Dizia: “As correntes protestantes mais poderosas estão perdendo dinheiro, membros e significado.” O autor continua demonstrando a perda da integridade teológica baseada nas Escrituras e como essa é a razão fundamental para a principal denominação estar perdendo espaço.
Simplesmente juntar todas as denominações não ajudará nada. Gosto do que Erwin Lutzer diz em relação a isso: “Colocar vários cemitérios juntos nunca produzirá uma ressurreição.”
Jesus Cristo baseou nossa unidade na verdade de sua divindade, ressurreição, sua palavra como autoridade primária, sua volta, um céu e inferno literais, etc. O problema é que, mesmo entre aqueles que creem em tudo isso, ainda existe desunião e falta de unidade.
A “Operação Mundo” recentemente cobriu a região da Ucrânia e o fato de a igreja estar enfrentando sérias ameaças. A liberdade naquela região trouxe à tona sérias dificuldades. Parte do problema é que, sob a perseguição comunista, muitos crentes foram subornados e ameaçados para se tornarem informantes. Isso causou um problema profundo em como os crentes fieis deveriam lidar com aqueles que se prostraram, se comprometeram, colaboraram e se juntaram aos perseguidores. Será que a igreja mostrará ao mundo o verdadeiro perdão? No século primeiro, o primeiro desafio da igreja foi decidir se deixariam Saulo de Tarso fazer parte da igreja ou não.
O que a igreja evidencia para o mundo? Será que a igreja reflete suas facções, brigas, competições e orgulho, ou o perdão, compaixão, honestidade e verdade que resultam em unidade a fim de ganhar o mundo para Cristo?
Veja o verso 23:
Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.
Jesus pede ao Pai: “Oh, Pai, unifique a igreja, tanto ao redor do mundo, como também as igrejas locais. Faça deles uma unidade, a fim de ganharem o mundo.”
Mais uma coisa. Jesus faz o seu último pedido. Está no verso 24 e você se surpreenderá com isso:
Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.
Imagine só! Jesus havia dito antes que estava voltando para a casa de seu Pai. Agora, ele diz nesta oração: “Pai, o que eu realmente quero é que os meus discípulos estejam comigo na tua casa.” Oramos para vivermos longa vida sobre a terra; Jesus ora para estarmos com ele no céu. Queremos ficar aqui; Jesus nos quer lá em cima!
Bom, vamos deixar agora este local onde Jesus faz essa oração. Tivemos o privilégio de ouvir o Salvador confidenciando ao Pai seus mais profundos desejos. Ele orou por você e por mim. E quais foram seus pedidos? E quais os nossos privilégios?
- Intimidade com o nosso Pai;
- Segurança na nossa salvação;
- Pureza em nosso mundo; e
- Unidade em nossa igreja.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 13/11/1994
© Copyright 1994 Stephen Davey
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