No Caso de Você Desanimar

No Caso de Você Desanimar

by Stephen Davey

No Caso de Você Desanimar

João 16.1–33

Introdução

Chegamos hoje à seção final dos ensinos de Jesus aos discípulos. Em poucas horas, Judas identificará o Mestre com o beijo do engano e da traição; soldados o arrastarão para uma série de julgamentos, zombarias e acusações inventadas.

Ao ler João 16, descobri que essa é uma das mensagens mais cheias de emoção pronunciadas por Jesus. Existem várias frases emotivas aqui:

  • verso 2: Eles vos expulsarão;
  • verso 6: a tristeza encheu o vosso coração;
  • verso 16: Um pouco mais, e não mais em vereis;
  • verso 20a: chorareis e vos lamentareis;
  • verso 20b: vós ficareis tristes;
  • verso 21: dar à luz... tristeza... aflição; e
  • verso 33: paz... aflições... bom ânimo.

Existe grande preocupação e amor no coração de Jesus por seus discípulos. Se você duvida disso, a única coisa que precisa fazer é ler o motivo por que Jesus diz todas essas coisas registradas no capítulo 14 e também neste capítulo. Volte ao capítulo 14, onde Jesus deu início às suas últimas palavras antes de ser levado à cruz. O verso 1 diz: Não se turbe o vosso coração. Ou seja, “Parem de ficar perturbados!” A palavra turbe se refere a um coração agitado, sem descanso, ansioso e temeroso. Jesus começa seu último discurso, que cobre os capítulos 14 a 16, dizendo: “Não quero que seus corações fiquem perturbados, cheios de ansiedade e medo.”

Ele termina sua mensagem em João 16, verso 33, quando diz:

Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.

Essas são palavras estranhas a se dizer quando, ao mesmo tempo, os líderes religiosos se aglomeram em suas reuniões de portas fechadas, os guardas pegam suas espadas e Judas negocia o preço de sua própria alma.

O capítulo 16 é um capítulo bem interessante porque parece que Jesus resume e repete muitos dos temas já ensinados aos discípulos. Ele é como um pregador que, antes de terminar o seu sermão, diz: “Agora, vamos resumir os pontos principais para terminarmos.” 

A Mensagem Final de Cristo É Resumida

Existem cinco pontos principais.

  • O primeiro ponto é que a perseguição é garantida.

Vamos dar continuidade ao nosso estudo em João 16, verso 1: Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis.

Pare aqui e veja que o Senhor introduz a declaração de propósito da sua mensagem aos discípulos. Ele diz: para que não vos escandalizeis.

A palavra traduzida como escandalizeis ou “ofendais” é a expressão grega skandalon. Essa palavra significa “aquilo que causa escândalo ou ofensa.” Refere-se a uma pessoa cuja fé está em migalhas; uma pessoa que foi mal instruída e seu futuro crescimento espiritual está defeituoso. Jesus Cristo se preocupa que as más concepções dos discípulos irão conduzi-los a um caminho tortuoso.

E, mais uma vez, Jesus nunca esconde de seus discípulos a imagem da cruz. Pensamos que Jesus conseguiria ter feito muito mais discípulos se tivesse apenas dito: “Ouçam, quem me seguir terá tudo garantido na vida.” Mas não. Jesus diz em João 16, verso 1: “Não quero que vocês se ofendam por causa de falta de informação ou por causa de informação errada.”

Continue até o verso 2:

Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus.

“Não posso oferecer nada mais além de sangue, suor e lágrimas. Ainda querem ser meus discípulos? Porque, se querem me seguir até as trincheiras e me servir nos campos de colheita e nos campos de batalha, passarão por essas coisas. Não quero que se enganem! Se não querem saber de dor, tristeza e do peso da cruz, não se alistem!”

Observe a primeira parte do verso 2, onde Jesus diz que eles serão discriminados e expulsos das sinagogas. Talvez você pense: “Ah, grande coisa não poder ir mais para a igreja.” Mas, para o judeu, ser expulso da sinagoga significava ser privado das coisas espirituais. Era muito mais do que adoração; isso incluía até mesmo a leitura das Escrituras. Somente na sinagoga se poderia encontrar e ouvir as Escrituras; eles não tinham uma cópia pessoal da Almeida Revista e Atualizada ou uma Nova Versão Internacional. A sinagoga era o local primário de ensino. Os textos bíblicos eram explicados e, na verdade, a sinagoga se tornou o local onde as crianças recebiam educação fundamental. Portanto, ser banido da sinagoga significava ser banido da Palavra de Deus, como também da possibilidade de uma educação formal.

A excomunhão da sinagoga também era algo devastador para a vida social do indivíduo. Ali era o lugar de comunhão, amizades, casamentos e reuniões do vilarejo. Ser banido da sinagoga era ser banido de tudo isso. Antigos amigos se afastavam do excomungado, considerando-o pior que um pagão. Ele também era rejeitado por sua família ortodoxa e perdia seu trabalho na comunidade. Era negado até mesmo o direito de um velório com honras.

Dessa forma, quando Jesus disse aos discípulos que seriam expulsos das sinagogas, ele estava dizendo: “Vocês estão prestes a perder todos os seus amigos e familiares, toda vantagem e possibilidade econômica na comunidade. Viverão sozinhos e morrerão esquecidos.”

Mas isso não é tudo. Veja a última parte do verso 2:

...mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a Deus.

Em outras palavras, vocês serão caçados por pessoas que pensam que mata-lo é um ato de adoração e serviço a Deus. Saulo de Tarso cumpriu essa profecia naqueles dias.

Jesus, então diz, no verso 4:

Ora, estas coisas vos tenho dito para que, quando a hora chegar, vos recordeis de que eu vo-las disse...

“Estou avisando! Seguir-me pode fazer com que vocês desanimem.” 

Mas Jesus não para com o que devemos esperar ou com o que experimentaremos. Ele continua a dizer aos discípulos como podemos sobreviver—e sobreviver com alegria.

  • O segundo ponto é que o Auxiliador está a caminho.

Gosto muito da forma como o verso 5 começa: Mas, agora, vou para junto daquele que me enviou. A expressão Mas, agora é maravilhosa. Antecedendo essa expressão, existe a notícia devastadora de ser discriminado, abandonado e caçado. Mas, agora significa que Jesus ainda não terminou!

Existem muitos versos que dependem da palavra “mas” ou “porém” e que terminam com notícias maravilhosas:

  • Mateus 19, verso 26: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível.
  • Em Gênesis 50, verso 20, José disse a seus irmãos: Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem.
  • Paulo escreveu em 1 Coríntios 15, versos 16, 17 e 20: Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados... Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos.
  • Romanos 6, verso 23: Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Essa é uma conjunção pequena, mas poderosa!

Continue até os versos 6 e 7 de João 16:

Pelo contrário, porque vos tenho dito estas coisas, a tristeza encheu o vosso coração. Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.

Já falamos em outro estudo sobre o ministério do Espírito Santo como uma grande vantagem ou conveniência para o crente. Mas, por agora, lembre-se de que a palavra Consolador é a forma grega parakletosPara significa “junto, ao lado;” kaleo significa “chamar.” O Espírito Santo será chamado para junto dos discípulos. Jesus disse: “Eu estou subindo e o Espírito Santo descerá para habitar em vocês.” Ele caminhará junto de nós.

Charles Swindoll escreveu o seguinte ao comentar sobre essa passagem:

Esse não é nenhum cartão de simpatia superficial com palavras em rima para pessoas em aflição. É eternamente muito mais que uma “tapinha nas costas” ou um rápido “anime-se.” Nosso Deus poderoso é chamado para junto de nós enquanto sofremos! Aqui encontramos conforto genuíno, envolvimento profundo e compreensão infinita.

Por isso, lemos em 2 Coríntios 1, verso 3, que Deus é chamado de “Deus da consolação”! Perseguição é garantida, mas o Consolador está a caminho.

  • O terceiro ponto é que a tristeza é apenas temporária.

Somos convidados para a luta dentro de uma sala de parto. Veja os versos 20 e 21:

Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem.

Agora, alguns dos homens mais velhos nunca entraram numa sala de parto. Nos tempos antigos, os homens ficavam apenas nos corredores, andando de um lado ao outro, aguardando agitados e nervosos. Na minha era, você pode entrar e até ligar uma câmera para filmar. Quando a isso me pergunto: quem vai assistir a esse vídeo depois? Eu estava na sala de parto e tirei algumas fotos de nossos bebês logo que nasceram e não quero nem olhar para eles daquele jeito agora. O que você faria com um vídeo—sentar na sala com os amigos e ver aquilo comendo uma pipoquinha?

Para aqueles que já passaram por isso, é meio traumático. Nosso último bebê gerou muita dor. Minha esposa estava ligada aos monitores que transcreviam os altos e baixos de suas contrações. Quando a linha subia, uma contração estava a caminho. Chega me dava arrepios ver aquela linha subindo! Grande era a dor da minha esposa e ela só conseguia gritar: “Me ajuda!” Mas o que eu poderia fazer? A única coisa que pensei que poderia ajudá-la foi dar uma paulada de leve na cabeça dela para dormir até que tudo terminasse. Nunca me esquecerei disso; não havia nada que eu pudesse fazer. Daí, na minha animação, nossa filhinha nasceu e tirei fotos que hoje nem quero ver.

Jesus coloca a palavra tristeza nesse contexto traumático e vívido para nos ajudar a entender o que ele deseja ensinar. Tristeza é igual a dor combinada com desamparo. Jesus diz: “Vou transformar isso em alegria.”

Como? Veja o verso 22:

Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.

Muitos teólogos sugerem a que momento Jesus se refere aqui nessa passagem. Será que são às aparições de após a sua ressurreição? Com certeza, isso gerou bastante alegria. Alguns dizem que foi ao Pentecostes, quando o Espírito desceu, dando início à era da igreja. Outros dizem que Jesus tem que estar falando do céu, quando todos nós o veremos face a face eternamente e sem interrupções. Creio que os três podem ter significado. Mas acho sugestivo que será somente por ocasião do novo céu e da nova terra que Deus enxugará dos olhos toda a lágrima e dor. Veja Apocalipse 21, versos 1 a 4:

Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.

Alegria é um benefício do controle do Espírito; é um dos aspectos do fruto do Espírito. Mas a ausência de tristeza não chegará antes de vermos Jesus. E o Senhor está dizendo: “Estou avisando para que, quando a tristeza chegar, vocês não digam: ‘Ei, não sabia que isso fazia parte do plano’.” Em seguida ele continua: “Isso é temporário.” Assim como Davi escreveu no Salmo 30, verso 5: ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.

Pessoalmente, acredito que a alegria acontece quando vislumbramos Cristo pela fé, e a alegria virá, sem ser interrompida pela tristeza, quando ele enxugar toda lágrima para sempre.

  • O quarto ponto é que a oração é o nosso meio de comunicação primário.

Nos capítulos 1 a 16 de João, os princípios da oração foram ensinados e nós já os vimos em estudos anteriores. Mas no capítulo 17, esses princípios da oração serão ilustrados na oração do próprio Senhor Jesus Cristo. Em nossa passagem de hoje, a verdade da oração é ensinada; no capítulo 17, a verdade da oração será aplicada. Aqui é ouvida; depois é observada.

Tenho tido o privilégio de estudar aos domingos com um grupo de homens que se converteram nos últimos dois anos. Estamos usando o livro Disciplinas de um Homem Piedoso de Kent Hughes. Recentemente, lemos e discutimos o capítulo que fala sobre a disciplina da oração. Creio que Kent Hughes descreve corretamente a oração como uma “disciplina.” Se fosse algo fácil, mais crentes estariam fazendo e faríamos com maior frequência. Creio também que a pergunta hoje não é: “Devemos orar?” Já estamos convencidos que precisamos orar. A pergunta é: “Por que devo orar? Que diferença isso faz?”

Deixe-me ler para vocês dez razões por que devemos orar. Originalmente, essas razões foram escritas por Reuben Torrey, que serviu como presidente no Instituto Bíblico Moody, em Chicago, Estados Unidos. Ele escreveu essas razões na virada do século vinte. Devemos orar:

  • porque existe um diabo e a oração é o meio designado por Deus para resisti-lo;
  • porque a oração é a maneira estabelecida por Deus para obtermos o que precisamos de Deus;
  • porque os apóstolos, a quem Deus enviou como modelos para nós, consideraram a oração como a coisa mais importante de suas vidas;
  • porque a oração ocupou lugar proeminente e fez parte importante da vida terrena de nosso Senhor;
  • porque a oração é o aspecto mais importante do presente ministério de Cristo, uma vez que ele intercede por nós;
  • porque a oração é o meio que Deus estabeleceu para recebermos misericórdia e acharmos graça para momento oportuno;
  • porque a oração é o meio pelo qual obtemos completa alegria de Deus;
  • porque a oração com ações de graças é o meio de se obter liberdade da ansiedade e, no lugar da ansiedade, a paz que excede todo entendimento;
  • porque a oração é o meio pelo qual nos mantemos vigilantes e alertas até o retorno de Cristo;
  • porque a oração é usada por Deus para promover nosso crescimento espiritual, trazer poder para realizarmos o trabalho, levar outros à fé em Cristo e trazer todas as demais bênçãos à igreja de Cristo.

Em outras palavras, a questão não é: “Devemos orar?”, mas: “Como podemos não orar?”

  • O quinto ponto é que o bom ânimo será sempre necessário.

Jesus disse nos versos 32 e 33:

Eis que vem a hora e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só; contudo, não estou só, porque o Pai está comigo. Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim...

Tenha paz—nas suas circunstâncias? Não. Nos seus problemas e em suas lágrimas? Não. Ele disse: paz em mim. Jesus diz: “Em mim e por meu intermédio, você experimentará a paz, segurança e contentamento.”

Ele continua no verso 33: 

...No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.

Assim como a fé, o nosso ânimo deve estar no objeto certo. Jesus não disse: “Tenha bom ânimo, você consegue!” Não. Ele disse: “Tenha bom ânimo, eu venci o mundo.”

Na verdade, note o falso ânimo e segurança dos discípulos nos versos 29 e 30:

Disseram os seus discípulos: Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura. Agora, vemos que sabes todas as coisas e não precisas de que alguém te pergunte; por isso, cremos que, de fato, vieste de Deus.

“Ah, Senhor, agora entendemos. Agora sabemos com certeza que o Senhor é Deus e que tem tudo sob controle.” Em outras palavras, amigo, eles expressaram coragem, bom ânimo, entendimento e segurança. Contudo, dali a poucas horas, estariam todos tremendo de medo e se escondendo para salvar suas vidas.

A moral da história é: entendimento passado não garante entendimento futuro; bom ânimo presente não é o suficiente para as provas do futuro. As tribulações de ontem são diferentes das de hoje, e as tribulações de hoje são diferentes das de amanhã. Jesus está no processo de nos ensinar, moldar e desenvolver para lidarmos com o hoje e temos que deixá-lo continuar a fazer a mesma coisa amanhã também. A qualquer momento da corrida, todo crente pode ser um vencedor. Jesus diz: “Estou avisando, bom ânimo será sempre necessário.”

Aplicação—Sobreviver com Alegria Significa...

Como aplicação, vamos resumir o sermão de Jesus. Sobreviver com alegria significa:

  • reconhecer que a tristeza o levará a tropeçar, ao menos que seja vista como temporária, permitida e planejada para a maturidade. A marca de um discípulo maduro é aprender a não pensar que Deus já terminou, antes de ele de fato haver terminado. É preciso entender que tristeza temporária se transforma em alegria eterna;
  • desenvolver um relacionamento com o Espírito Santo a ponto de a satisfação ser somente possível quando ele se torna o seu guia, professor e companheiro;
  • disciplinar sua vida para incluir períodos de oração sincera que, no fim, buscam a honra e os propósitos de Deus, não os seus;
  • aceitar o desafio de reconhecer a Cristo como soberano não só sobre os eventos do mundo, mas, principalmente, sobre os eventos na sua própria vida e coração. 

O bom ânimo ou coragem não é necessário para reconhecer que Deus está no controle do sistema mundial, mas precisamos de bom ânimo para viver com esta perspectiva: se Deus é grande o suficiente para ter o controle de tudo nesse mundo, você não acha que ele também é grande o suficiente para controlar sua vida?

Antes de nossos filhos irem dormir, minha esposa lê histórias para eles. Geralmente ela faz isso no sofá da sala com todos eles em volta dela. Uma das meninas fica alisando o cabelo da mamãe—é uma estratégia para que a mamãe fique mais tempo lendo. Nesses dias, ela tem lido a biografia de Adoniram Judson.

E que grande história é essa de Adoniram Judson. Mal havia começado seu trabalho em Myanmar (ou Birmânia) e já foi capturado e preso, acusado de ser um espião inglês. Sua esposa, Anne, buscou sua liberdade com coragem e fidelidade por todos os meios possíveis. Adoniram ficou numa cela pequena, forçado a ficar em pé para que outros pudessem se deitar e dormir. O calor era, em determinados momentos, insuportável e o fedor horrível, uma vez que os prisioneiros não podiam tomar banho.

Num belo dia, os oficiais decidiram que a prisão não era o castigo adequado para esse infiel. Então, decidiram torturá-lo, levantando-o do chão pendurado por seus polegares. A dor invadiu cada célula de seu corpo. Quando voltava para a cela, sua esposa Anne ia visitá-lo, levando a seguinte mensagem: “Aguente firme aí, Adoniram, Deus nos dará a vitória.” Durante as várias semanas de tortura, Anne ia encorajá-lo, fazendo o melhor que podia. Ela sempre usava as mesmas palavras: “Aguente firme aí, Adoniram, Deus nos dará a vitória.”

Daí, Adoniram foi liberto para se tornar um intérprete para os birmaneses. Ficou separado de sua esposa por um tempo, durante o qual ninguém lhe informou que Anne estava morrendo.

Meses depois, ele foi dispensado. A essa altura era um homem com um corpo tão debilitado que o simples fato de andar era um milagre. Ele retornou para o lugar onde tinham morado. Enquanto vagarosamente se arrastava em direção à casa, viu uma criança sentada na terra. Era uma menininha toda coberta de sujeira que nem reconheceu ser sua filha. Ele entrou na simples cabana da família e, tentando olhar em meio à escuridão, viu sua esposa—um amontoado de ossos e panos deitados numa cama, muito fraca e frágil. Abraçando sua filha contra seu peito, Adoniram se ajoelhou e chorou, gritando repetidas vezes o nome de sua esposa.

O autor de sua biografia escreve:

Suas lágrimas caíram no rosto de Anne e, devagar, seus olhos foram se abrindo, reconhecendo seu esposo. Em meio à sua luta para falar, ela proferiu suas últimas palavras: “Adoniram, Deus nos dará a vitória.”

Hoje, quero que você ouça as palavras de Jesus, dizendo: “Não desanime; tenha bom ânimo, pois eu venci o mundo.” Ouça as palavras de Anne Judson dizendo a mesma coisa: “Aguente firme, Deus nos dará a vitória.”

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 23/10/1994

© Copyright 1994 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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