Vivendo no Quarto Nível

Vivendo no Quarto Nível

by Stephen Davey

Vivendo no Quarto Nível

João 13.31–35

Introdução

Certa vez, quando saí de férias, estabeleci como um de meus objetivos atacar os arquivos desorganizados no meu escritório e tentar desafiar a segunda lei da termodinâmica, criando ordem a partir do caos. No processo, descobri algumas coisas que tinham estado escondidas há quinze anos. Entre elas, estavam uma foto da minha cerimônia de ordenação e algumas ilustrações que eu sabia que tinha mas não sabia onde estavam, etc. Além das outras milhares de coisas que achei, encontrei um esboço simples, misturado com outros materiais que não tinham relação alguma, sobre os estágios de crescimento que ocorrem na vida dos discípulos durante o processo de aprendizado.

No meu estudo de João capítulo 13, me lembrei daquele esboço e, para minha surpresa, pude agora recolocá-lo no arquivo ao qual ele pertencia.

Quatro Estágios de Crescimento

Antes de começarmos nossa exposição, gostaria de fornecer a você esses quatro estágios do meu esboço. Depois você pode perder o seu esboço no meio de seus arquivos pessoais e sua bagunça! Mas, mesmo que você perca, o Espírito Santo pode trazer de volta à sua memória o que creio ser um desafio para toda a sua vida. O desafio é o seguinte: Em que nível estou vivendo?

  • O primeiro nível ou estágio é o da infância. A frase principal nesse estágio é: “Ajude-me!” O foco principal é a sobrevivência.

Quando minha filha tinha nove meses de idade, vários acidentes aconteceram no espaço de só uma semana: ela caiu na banheira, se engasgou com biscoito, se queimou no fogão (a mão dela ficou vermelha quando a pele começou a crescer de novo) e caiu da escada quando eu deveria estar cuidando dela. Eu esqueci de fechar o portãozinho para ela não subir as escadas. Quando ela já estava na metade da subida, gritei: “Filha!” E foi a coisa errada! Ela se sentou no nada. Eu subi rapidamente e ela começou a cair escada abaixo. A pobrezinha rolou dois degraus e consegui pegá-la. Tudo isso aconteceu em questão de dias. O objetivo principal era sobreviver.

Da mesma forma, o jovem discípulo está suscetível aos maiores perigos, como o peregrino do livro O Peregrino de John Bunyan teve os seus encontros perigosos no início do livro e precisou ser levado em segurança. Então, sobrevivência é o foco principal e “ajude-me” a frase principal.  

  • O segundo estágio é o da descoberta. A frase principal é: “Adivinha o que descobri!” O foco principal é o aprendizado.

Jesus Cristo puxa o discípulo para uma série de aulas nas quais aprende intelectual, emocional e espiritualmente, absorvendo o máximo de informação possível.

É como a criança que está aprendendo a falar. Imagine, cada um de nós, criancinhas, aprendemos a falar o português ouvindo os outros, absorvendo e guardando não somente as palavras que nossos pais falavam, mas até mesmo o sotaque. E alguns brasileiros têm sotaques esquisitos! Onde você aprendeu a falar assim? Seu sotaque é agora parte de sua identidade e são as outras pessoas que falam esquisito. Você aprendeu tudo só ouvindo. Foi um tempo de descobertas.

  • O terceiro estágio ou nível é o da adolescência. A frase principal é: “Me mostre como.” O foco principal é o do desafio.

Nesse estágio, eu quero fazer a mesma coisa que pessoas mais maduras fazem. Quero dirigir um carro, dar aquela aula, fazer aquele vestido, construir aquele projeto; só “me mostre como.” O foco nesse estágio é o do desafio.

  • Depois desses três estágios, temos o quarto nível, que é o nível adulto ou o da maturidade. Uma palavra caracteriza esse nível; uma palavra representa a frase desse estágio e o foco principal. É “reprodução.”

A frase principal dita pelo discípulo não é mais “ajude-me,” “adivinha o que descobri” ou ainda “me mostre como,” mas “siga-me.” Em outras palavras, essa pessoa atingiu o ponto no qual diz a outros para segui-lo. Agora, ele se tornou aquele indivíduo que diz, ajuda e demonstra.

Mais tarde falaremos sobre isso, mas deixe-me só destacar algo rapidamente. Em João 15, vemos que a marca do discípulo maduro não é conhecimento, mas reprodução. Paulo falou algo que nos causa até espanto quando disse à jovem e problemática igreja de Corinto em 1 Coríntios 4, verso 16: sede meus imitadores. Em outras palavras, “Quer saber como viver? Olhe para mim e reproduza minha vida na sua.”

Meu amigo, essa experiência não foi somente para o apóstolo Paulo. De acordo com o plano de Deus para o amadurecimento do discípulo, cada um de nós deveria chegar ao ponto em nossas vidas onde pudesse olhar ao redor, ver um jovem crente em Cristo e lhe dizer: “Olhe meu estilo de vida e repita.” Isso não é soberba espiritual, mas grande humildade criada por uma responsabilidade maravilhosa. E é uma responsabilidade que pouquíssimos carregam em nossos dias.

Qual é o problema? Sempre o mesmo. Ficamos presos no primeiro, no segundo ou no terceiro nível. Ainda estamos tentando sobreviver com nosso testemunho intacto; ainda dizemos: “Diga-me de novo por que eu deveria viver desse jeito e não daquele. Mostre-me como!”

Por isso, o autor de Hebreus deu uma surra verbal nos crentes quando escreveu no capítulo 5, verso 12:

Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus...

Um discípulo que está amadurecendo é manifestado por sua habilidade de reproduzir seu discipulador.

Esse é o poder de João 13, verso 34. Abra sua Bíblia nesse verso. Ele nos diz:

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.  

Já havia se passado três anos e meio. Durante esse tempo, o Mestre deu bastante ajuda aos doze; foram três anos e meio de teoria; três anos e meio de demonstração. Agora, Jesus diz: “Vocês precisam desenvolver para o quarto nível.” Em outras palavras: “Vocês devem reproduzir aquilo que eu tenho oferecido, ajudado, dito e demonstrado. Quero que vocês, os discípulos, comecem a me reproduzir, o discipulador, por toda sua vida.”

Certamente, eu e você jamais fecharemos as portas para qualquer estágio de aprendizado. Nunca chegaremos ao ponto no qual não precisaremos de ajuda, conselho ou demonstração. A razão para isso é que o Cristianismo não é como uma faculdade. Numa faculdade, você se matricula para certas aulas. Quando o semestre daquelas aulas termina, você, finalmente, guarda os livros daquelas disciplinas e parte para outras. Já conseguiu passar por média e não precisa mais escrever nenhum artigo em microbiologia. Mas a vida cristã é diferente. Você nunca se forma em nada. É um longo processo de aprendizado e prática, ensino e falha. Contudo, ainda existe uma medida para a maturidade cristã, não determinada pela quantidade de livros que lê, aulas que cursa ou orações que realiza.

Dito isso, vamos continuar nosso estudo no Evangelho de João onde paramos da última vez; no capítulo 13, verso 34, que apresenta uma das medidas da maturidade cristã:

 Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.  

E o verso 35:

Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.

Anteriormente, falamos sobre Judas que saiu do cenáculo onde Jesus está reclinado, comendo com os discípulos. Essa será a última refeição deles juntos antes de Jesus ser crucificado.

Logo no início da Ceia, segundo os versos 26 e 27 do capítulo 13, Jesus dá o pão a Judas como sinal de que ele sabe que Judas planeja traí-lo. Judas acabou de sair da sala e é nesse momento, de acordo com os demais Evangelhos, que Jesus institui a celebração da Ceia como uma ordenança. Ele não pôde fazer antes porque Judas não era um crente e somente os salvos podem participar.

Veja os versos 30 a 32:

Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite. Quando ele saiu, disse Jesus: Agora, foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele; se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará nele mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente.  

A palavra-chave que dá início ao comentário de Jesus é agora no verso 31: Agora, foi glorificado o Filho do Homem. A palavra agora, ou nun no grego, indica que o processo de glorificação começou. Ou seja, Satanás entrou em Judas e o abandono de Judas dá início às etapas finais no processo de glorificação.

Quando Jesus fala, e na sua fala repete uma palavra, precisamos notar isso cuidadosamente. Nos versos 31 e 32, Jesus repetiu a mesma palavra cinco vezes; é a palavra glorificado ou glorificar. As palavras “glória,” “glorificar” ou “glorificado” que vemos repetidas nos versos 31 e 32 vêm da palavra grega doxazo. É dessa palavra grega que derivamos a nossa palavra “doxologia.” Ela significa “louvar ou dar glórias.” Refere-se a algo maravilhoso e digno de louvor.

Doxologia

Você percebeu a palavra-chave nessa doxologia? Cada linha tem a palavra “louvar.” Essa não foi uma mensagem mórbida de Jesus. Ele não disse no verso 31: “Agora o Filho do Homem será glorificado... pobre de mim!” Haverá tempos de agonia pessoal mais à frente, mas lembre-se: Jesus nunca se refere à cruz como um desastre ou falha. Jamais! Ele se refere a ela como glória.

Continuando no texto o verso 33 diz:

Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco; buscar-me-eis, e o que eu disse aos judeus também agora vos digo a vós outros: para onde eu vou, vós não podeis ir.

Essa é a única ocasião em que Jesus se refere aos discípulos como filhinhos nos Evangelhos (no grego teknion). É um termo de intimidade e carinho, geralmente utilizado pelos gregos para descrever o relacionamento entre uma mãe e seu filho. Como uma mãe diz: “Meu filho querido,” Jesus diz: “Meus filhos queridos, estou de partida e vocês não podem vir comigo.”

Mas por que esse termo de afeição paternal? Porque ele lhes diz algo que trará muito medo: o pensamento de estarem agora sozinhos.

Quando tinham oito anos, meus filhos gêmeos dormiam no mesmo quarto. A irmãzinha deles de seis anos tinha o próprio quarto. Ela pensava que eles eram sortudos, mas isso mudaria. Sendo ainda uma menina pequena, ela pensava que seus irmãos eram sortudos porque, quando apagávamos as luzes, eles tinham um ao outro no mesmo quarto, enquanto ela ficava sozinha. Então, toda noite, depois da oração em família, minha filha perguntava a mesma coisa: “Mãe, o que você vai fazer agora? Para onde você vai? Pai, em qual quarto você vai dormir?” Ela não queria ficar sozinha. Agora, imagine se eu dissesse para ela: “Querida, o papai e a mamãe vão deixar a casa hoje à noite. Não podemos dizer para você exatamente quando vamos voltar, mas você vai ficar sozinha no seu quarto.” Nunca diríamos algo desse tipo. Ela ficaria desesperada!

Num sentido bastante real, os discípulos, nesse momento, sentiram um medo como de criança: “Você vai embora? Está nos deixando? Nós não podemos ir também?” “Isso mesmo, filhinhos, estou de partida e vocês vão ficar sozinhos por um tempo.”

Eu penso que os discípulos não ouviram nem uma palavra que Jesus disse. Assim que o Mestre terminou de falar, veja o que Pedro pergunta nos versos 36 e 37:

Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus: Para onde vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás. Replicou Pedro: Senhor, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida.

Traduzido quer dizer: “Senhor, não nos deixe sozinhos!”

Agora, no próximo capítulo, sabemos que Jesus promete o Espírito Santo como Auxiliador e Consolador. Mas precisamos lembrar que ele não deu o Espírito Santo para que não mais necessitássemos uns dos outros. 

Perceba como Jesus responde ao medo dos discípulos nesse momento. Veja novamente a primeira parte do verso 34: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros. Sabe o que eu creio que Jesus está dizendo? “Vocês não estão sozinhos, pois têm uns aos outros!” Ele nos diz: “Você não está sozinho; tem o seu irmão ou sua irmã no seu quarto. Tem uma família que o ama assim como eu o amo!”

Jesus continua dizendo: “E o mundo perceberá a diferença nessa família.” Veja o verso 35:

Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.

Nos tempos de Jesus, as pessoas sabiam quem era discípulo de algum filósofo grego por causa do seu conhecimento e inteligência. O povo sabia quem era um discípulo de Alexandre o Grande por causa do seu desejo de controlar o mundo. Jesus diz: “O mundo saberá que vocês são meus discípulos por meio deste crachá, desta insígnia, deste emblema: o amor.”

Vamos dar uma outra olhada no verso 34: Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros. Espere um pouco. Esse mandamento não é novo. Já sabemos por meio de Deuteronômio e Levítico no Antigo Testamento que devemos amar a Deus e o próximo como a nós mesmos.

O Que Há de Novo Neste Novo Mandamento?

Então o que há de novo nesse novo mandamento? Deixe-me fornecer três novos aspectos nesse mandamento.

  • O primeiro aspecto é que temos um novo conceito de amor.

A palavra escolhida por Jesus para amor é agapao ou agape como normalmente conhecemos. Essa palavra se refere à uma escolha voluntária de sacrificar, comprometer e dar.

Na mente dos escritores gregos, essa palavra era desprovida de sentimento, paixão e animação. Os gregos preferiam a palavra eros, que se refere ao amor sensual e físico; também usavam filia, que fala de amizade profunda; storge para se referir à lealdade e amor entre membros de uma mesma família; e epithymia, referindo-se ao desejo ardente.

O interessante é que a palavra agape é praticamente inexistente nos escritos gregos pré-neotestamentários. Para eles, essa palavra era sem graça. Contudo, os escritores bíblicos escolheram esse termo, quase que exclusivamente, para se referir à comunidade cristã. Veja: com o amor agape, você não se apaixona, você escolhe amar.

Em Efésios 5, vemos a mesma palavra para se referir ao amor entre marido e esposa. Você não se apaixona pela sua esposa ou marido, mas escolhe amar seu cônjuge. Você escolhe dar, se comprometer, sacrificar e servir. Esse é um novo conceito.

  • O segundo aspecto desse novo mandamento é que temos um novo exemplo de amor. 

Veja de novo o verso 34:

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei...

Jesus está dizendo: “Progrida para o quarto nível. Eu mostrei a vocês como amar; ensinei sobre o amor; agora reproduzam esse amor no decorrer de suas vidas. E comecem com os dez companheiros nesta sala!”

Geralmente, nos esquecemos de que esse mandamento foi dado a onze homens. Nossa tendência é torná-lo mais abrangente do que foi originalmente. Quando Jesus disse no verso 34 ameis uns aos outros, pensamos no corpo de Cristo como um todo. Mas eles olharam ao redor naquela sala e viram outros dez homens. Jesus diz: “Agora, Pedro, você sabe que você e João são totalmente diferentes em personalidade, mas se amem. André, eu sei como você é ousado, mas aqui está Tomé que precisa dos fatos e certezas—vocês dois precisam se amar. Simão o Zelote, sei como você odeia o Império Romano, como também qualquer judeu que trai a sua herança, mas ali está Mateus [Mateus era um coletor de impostos, o que significa que tinha o direito de cobrar impostos dos judeus e enriquecia com isso; ele era um traidor dos judeus]. Simão, você deve escolher amá-lo.” É como se colocássemos dois candidatos à presidência na mesma sala, um da direita e um da esquerda, e lhes disséssemos: “Se amem!” Esse é um amor prático que leva ao serviço. É um amor vestido de macacão e botas.

Muitos discípulos hoje estão entupidos no nível três—sabem a definição de amor, foram amados e ensinados sobre o amor, mas não aplicam o amor na prática. Jesus deixa bem claro que a aplicação do amor agape é a reprodução do seu amor pelos discípulos. E essa reprodução é sinal de maturidade.

Pense em todos os adjetivos do amor de Jesus. Era um amor constante, carinhoso, exigente, desafiador e perdoador. Ele sabia o que Pedro faria em breve; mesmo assim, amou Pedro.

Li certa vez num livro a história de um garoto chamado Johnny que visitava seus avós. Ele ganhou o seu primeiro estilingue e estava se divertindo muito brincando no mato. Ele mirava e soltava, mas nunca acertava nada. Numa tarde, quando voltava para casa perto da hora do almoço, ele entrou no quintal e viu um pato que sua avó criava. Ele mirou e soltou. A pedra foi direto no alvo e o pato caiu duro no chão, morto. O menino entrou em pânico. Em seu desespero e medo, ele pegou o pato e escondeu num amontoado de madeira. Foi aí que ele viu sua irmã, Sally, em pé, no canto do quintal. Ela tinha testemunhado tudo.

As crianças foram almoçar. Sally não disse nada. Depois do almoço, a vó disse: “Pronto, Sally, vamos tirar a mesa e lavar a louça.” Sally falou: “Ah, vovó, Johnny disse que hoje ajudaria com a louça, não foi Johnny?” Daí, ela disse bem baixinho no ouvido dele: “Lembre-se do pato.” Então, Johnny lavou a louça. Naquele mesmo dia, um pouco mais tarde, o avô combinou com eles de sair para pescar. Mas a vovó disse: “Sally não pode ir. Ela tem que ficar para me ajudar a limpar a casa e preparar o jantar.” Sally deu um sorriso largo e falou: “Ah, vovó, já está tudo resolvido. O Johnny falou que quer ajudar hoje, não é Johnny?” Mais uma vez, veio o sussurro infernal: “Lembre-se do pato.”

E isso se arrastou por vários dias. Johnny fez todos os trabalhos domésticos seus e de sua irmã. Finalmente, ele não pôde mais suportar; foi e contou tudo para a sua avó. A vovó pegou Johnny nos braços e disse: “Eu sei, Johnny. Eu estava na cozinha e eu vi tudo o que aconteceu. Mas, porque eu amo você, já estava disposta a perdoá-lo. Nunca iria mencionar o incidente do pato.”

Temos, dentro de nós, uma natureza pecaminosa que naturalmente se recusa a perdoar. Se Pedro tivesse negado que nos conhecia, teríamos dificuldades para perdoá-lo. E as palavras que provavelmente lhe diríamos seriam: “Pedro, lembre-se do pátio, lembre-se do galo cantando....” Temos dificuldades com o amor agape de Jesus.

É interessante que Jesus não disse: “Tentem amar uns aos outros, façam o melhor possível.” Não. Ele disse: “Amem uns aos outros, como eu amei vocês.” Temos um novo exemplo. 

  • E o terceiro aspecto desse novo mandamento é que temos um novo impacto por causa do amor. 

Como poderíamos perceber que um determinado judeu, por causa de sua cultura, pertencia ao Antigo Testamento? Por aquilo que ele comia, pela forma como se vestia, pelo ritual da circuncisão, pela forma como sacrificava, etc. Como notamos um crente no tempo do Novo Testamento? Pelo seu amor. Esse amor se tornaria algo inconquistável que varreria todo o mundo com seu poder imenso.

Portanto, no Evangelho de João, no capítulo 13, verso 34, Jesus, de forma um tanto forçada, diz: “Não se odeiem; não sejam desagradáveis, maldosos, problemáticos e rudes uns com os outros. Vocês só têm um ao outro.” E, quando amamos alguém de forma sacrificial, transparente, servindo e praticando o amor, o mundo perceberá, bem como a igreja.

Verdades Eternas

Deixe-me concluir nosso estudo fazendo duas afirmações que resumem o que falamos. Essas declarações eram verdades no século primeiro e são verdades hoje também.

  • Primeiro: para o mundo, Jesus dá a oportunidade de testar nossa autenticidade.

É como se Jesus tivesse se virado para o mundo e dito: “Dou a vocês o direito de provar a autenticidade de qualquer um que diz me seguir. Vocês decidem baseado no que veem!”

Será que um descrente tem como saber se você é crente apenas observando a maneira como trata sua esposa? Será que eles podem saber se você é crente pela forma como fala de outras pessoas?

Um certo advogado romano do século primeiro chamado Félix escreveu o seguinte sobre os crentes: “Eles amam uns aos outros mesmo sem se conhecerem.” Um zombador chamado Julian, o Apóstata, escreveu: “O mestre deles implantou a ideia de que são todos parentes.” A evidência suprema e a marca do discípulo é o amor.

John Maxwell fez a seguinte colocação: “As pessoas não se importam com o quanto você sabe, até que elas sabem com o quanto você se importa.”

Abra sua Bíblia em 1 Coríntios capítulo 13, versos 1 a 3 e leia o que Paulo disse:

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.  

Oswald Sanders escreveu: “Podemos pregar, podemos orar, podemos ofertar, podemos servir; mas se não podemos amar, nada temos conquistado.”

  • Segundo, para o crente, Jesus dá a responsabilidade de medir seu próprio crescimento.

Para os crentes do século primeiro, os testes foram mais claros—geralmente era uma questão de vida ou morte. Dificilmente vemos essa oportunidade em nossos dias. Mas, quando acontece, o mundo fica pasmo.

Depois que o navio U.S.S. Pueblo foi capturado pelos norte-coreanos, os oitenta e dois sobreviventes foram lançados num cativeiro bruto. Numa ocasião em particular, treze homens foram violentamente forçados a sentar em cadeiras em volta de uma mesa. Depois de várias horas, a porta se abriu com toda força e um guarda norte-coreano golpeou brutalmente o homem da primeira cadeira com o seu rifle. No dia seguinte, depois que cada homem sentou no seu devido lugar, outra vez a porta foi aberta com violência e o mesmo homem foi surrado severamente. Ao terceiro dia, a mesma coisa aconteceu com o mesmo homem. Sabendo que o homem não sobreviveria, outro marinheiro jovem tomou o seu lugar. Quando a porta abriu, o guarda bateu na nova vítima. Por várias semanas, todos os dias, um novo homem se sentava na cadeira do horror, sabendo muito bem o que aconteceria. Finalmente, os guardas pararam de bater. Eles não podiam bater naquele tipo de amor.

Para nós, os testes são mais simples, porém ainda difíceis. Pode ser permitir que seu filho sirva ao Senhor em tempo integral num local distante, ou se voluntarie para servir num ministério com o qual você não é muito entusiasmado, apesar de saber que existe uma necessidade; ou talvez perdoar alguém que prejudicou você financeira ou emocionalmente. Amar com o serviço pode ser algo simples como deixar alguém cortar a sua frente no trânsito, ser um voluntário na igreja servindo no berçário, limpeza, cozinha, etc.

Meu amigo, companheiro seguidor de Cristo, Jesus, aqui em João 13, verso 34, não nos estendeu um convite para serviço e sacrifício como expressão de nosso amor; ele nos deu uma ordem. Ele não disse: “Aqui está uma série de passos para uma vida mais feliz, caso você esteja interessado.” Ele deu um mandamento. Ele simplesmente disse para os discípulos daquela época e de hoje: “Faça do quarto nível algo constante em sua vida; reproduza meu amor para com os demais. E não se esqueça de que o mundo observa.” O mundo nos observa.  

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 14/08/1994

© Copyright 1994 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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