Felicidade e Pé Sujo

Felicidade e Pé Sujo

by Stephen Davey

Felicidade e Pé Sujo

João 13.1–20

Introdução

Hoje chegamos ao capítulo 13 das boas-novas de João. Agora, João desacelera a sua narrativa e passa a relatar os eventos em câmera lenta. Os doze primeiros capítulos cobrem aproximadamente três anos e meio; os próximos cinco capítulos cobrirão apenas um dia. Pelo fato de essa narrativa ser em câmera lenta, podemos captar melhor os detalhes, as cores brilhantes e um nível de emoção e intensidade inacreditável.

Na verdade, chegou a hora de vermos algo mais dramático. Depois de milhares de horas de ensino pessoal, três anos de discipulado intenso e de centenas de lições e histórias, você concluirá: “Os discípulos não estão entendendo muito bem.” Chegou a hora de Jesus realizar um ato que marcaria o resto de suas vidas.

A necessidade de ação é ilustrada por um homem que estava parado no meio da estrada com seu jumento. O animal fincou suas patas no chão e, independente do que o homem fizesse, não se mexia. O homem ficou de pé gritando com o jumento e puxando a corda, mas o animal não dava nenhum passo. Enquanto isso, um velho fazendeiro passou pela estrada e rapidamente resolveu o problema. “Quer ajuda?” perguntou. “Com certeza, mas não acho que vai conseguir resolver este problema aqui. Faz mais de meia hora que estou gritando com este jumento, mas ele não sai do canto.” “Posso dar um jeito nisso,” disse o fazendeiro.

Ele foi ao lado da estrada, pegou um pedaço de galho de árvore, voltou e bateu com o galho entre os olhos do jumento. Depois disso, ele deu dois passos para trás e disse calmamente ao animal: “Anda.” E o jumento imediatamente se mexeu. “Não entendo,” disse o dono do animal. “Eu puxei a corda dele e fiquei bem na frente dele gritando, mas ele agiu como se não me visse. Você falou num tom de voz tranquilo e ele andou.” “É verdade,” disse o fazendeiro, “mas primeiro eu chamei a atenção dele.”

Se você acha que o Senhor não precisa chamar a atenção dos discípulos, está engando. Os problemas ficam óbvios no final do Evangelho de Mateus. Veja o capítulo 20. Aqui, Tiago e João, os filhos do trovão, vão até Jesus com a mamãezinha deles. A mãe, com seus dois filhotes adultos, chama Jesus de lado. Veja os versos 20 e 21:

Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e, adorando-o, pediu-lhe um favor. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita, e o outro à tua esquerda.

Você consegue imaginar essa cena? Os dois marmanjos ficam ali com cara de coitadinhos.

Vamos entender melhor isso. É como se a sua mãe o pegasse pela mão, entrasse no escritório do presidente na empresa onde você trabalha e lhe dissesse: “Senhor presidente, meu filho é o melhor menino do mundo. Não entendo como você não dá para ele a posição de vice-presidente da sua empresa. Tem como fazer isso por ele?”

O interessante é que mães estão dispostas a fazer isso mesmo. Toda mãe é naturalmente líder de torcida de seu filho e acha que seu filho deve jogar todos os jogos na melhor posição. Caso contrário, existe algo de errado com o técnico!

O maior fã de meus filhos é a mãe deles. Ela até ganhou um prêmio de melhor torcedora numa festa de futebol de um de nossos filhos! Minha própria mãe também é incrível. Acho que, quando eu tinha vinte e cinco anos, um grande apagador veio na mente dela e eliminou da sua memória todas as coisas erradas que eu tinha feito quando criança. Ela não lembra de nada. Quem a ouvir falando hoje, pensa que eu era um aluno modelo, um cidadão modelo e um filho modelo. Eu não vou despertar a memória dela! Eu gosto disso!

Tendo em vista como as mães são por natureza, não vejo nada de ruim no que a mãe de Tiago e João fez. Mas eu também não acho que Tiago e João ficaram em pé do lado apenas ouvindo ela falando.

Veja, agora, a reação dos demais discípulos no verso 24: Ora, ouvindo isto os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.

Isso é interessante porque sugere que Tiago e João não ficaram mudos do lado, mas instigaram a mamãe para fazer aquilo. Uma das razões era que eles buscavam prestígio. Segundo Lucas 22, um pouco antes da narrativa de João da última Ceia, os discípulos discutiam entre si quem entre eles era o maior no reino. Outra razão era que também buscavam preeminência. Em outras palavras, poucos dias antes da crucificação, os discípulos não estavam nem um pouquinho preparados para dar continuidade ao ministério. Por quê? Porque ainda não haviam entendido uma das qualidades primárias do caráter de Jesus.

Paulo escreveu em Filipenses capítulo 2, verso 5 a 8:

...Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo... a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.

Os discípulos estavam tão despreparados que, se a igreja em Jerusalém tivesse sido criada com eles dessa forma, imagino que discutiriam sobre quem tinha mais convertidos, quem falou a língua que alcançou o maior número de gentios e quem deveria ser o chefe. A igreja se autodestruiria dentro de um mês depois de sua fundação.

Então, é hora de uma ação mais dramática por parte do Mestre; é hora de chamar a atenção deles de uma forma que jamais esquecerão.

O Contexto

Deixe-me fornecer a você o contexto. Veja João capítulo 13, versos 1 e 2:

Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus,  

Agora, tenho que parar aqui porque esse verso é muito significante. Se colocarmos os quatro Evangelhos todos juntos, veremos que Jesus lavou os pés de Judas. Eu creio que Judas saiu de cena antes de Jesus instituir a Ceia, mas ele ainda foi objeto do serviço de Jesus.

Pule até os versos 18 e 19:

Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar. Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU.

Em outras palavras: “Somente Deus pode prever o futuro. Portanto, vou prever algumas coisas aqui para que, quando acontecerem, vocês tenham mais uma evidência da minha divindade.”

Continue até o verso 20:

Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou.

E a predição aparece no verso 21:

Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá.

Mais adiante teremos um estudo específico sobre Judas Iscariotes. Mas, uma vez que se relaciona ao nosso assunto de hoje, tenho uma pergunta importante.

Como lavar os pés de alguém como Judas Iscariotes? Já sei! Vou tratar seus pés com aspereza, arrancar violentamente as cutículas ou entortar seus dedos. Melhor ainda, vou encher a vasilha com água escaldante ou com água gelada cheia de pedaços de gelo. Pelo menos, acho que o colocaríamos como último na fila para que, quando chegasse sua vez, a água estivesse toda suja e a toalha encharcada. E, é claro, faríamos de conta que, sem querer, derramamos água suja na roupa dele. Isso é o que nós faríamos.

Além disso, jamais lavaríamos os pés de alguém que só nos dá maldade em troca. Não! Só lavamos pés bonitinhos, amáveis. Lavamos os pés de amigos, não de traidores ou covardes infiéis. Não lavamos os pés de pessoas desleais.

Mas Jesus está prestes a fazer isso. Veja os versos 3 e 4:

Sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela.

Espera aí! Somos tão rápidos em nossas histórias que podemos perder algo bem importante. Por que João nos dá o currículo de Jesus no verso 3? Veja novamente o verso 3 e continue até o 4 e o 5:

sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia... e passou a lavar os pés aos discípulos...

Creio que João nos dá o currículo de Jesus para mostrar que ele deveria ter recebido tratamento especial. Afinal, ele está ligado ao Pai. É-nos dito nesse verso que ele viera de Deus e voltava para Deus. Deixe-me tentar ilustrar o que João está dizendo aqui.

Meus filhos estavam na Escola Dominical e havia uma professora nova. E ela criou uma regra, determinando que as crianças não poderiam sair da sala até que seus pais fossem buscá-las. Quando a aula terminou, meus filhos estavam prontos para sair correndo da sala para a liberdade. Mas a nova professora parou na frente deles e disse: “Vocês não podem sair.” Os garotos protestaram, dizendo: “Podemos sim, nós sempre saímos.” “Acabou isso!” ela respondeu. Um de meus filhos colocou a mão na cintura e disse com autoridade: “Você sabe quem é o meu pai?” Ela disse: “Não. Quem é?” Ele respondeu: “É o pastor da igreja!” E ela replicou: “Não importa quem seu pai seja, você não vai sair da sala até ele chegar!” Eu disse: “Muito bem, professora!”

E nós adultos somos do mesmo jeito, temos o mesmo problema: “Sabe quem eu sou? Sou o sobrinho do homem que é primo de segundo grau da menina que é babá dos filhos do prefeito!” Grande coisa!

Nesses versos, é como se João introduzisse um prefácio com o título: “Para pensarmos um pouco sobre quem Jesus é!” Jesus é o Deus soberano! E o verso 3 dá toda a razão do mundo por que os discípulos deveriam ter lavado os pés de Jesus ao invés de ele ter lavado os pés dos discípulos. João nos lembra de quem é o Pai de Jesus.

A Cultura

Antes de caminharmos mais à frente, precisamos ter em mente o contexto cultural da época. As ruas da Palestina não eram pavimentadas e limpas. Em tempo seco, as estradas ficavam cheias de poeira e, quando chovia, o lamaçal era grande. Os sapatos de pessoas comuns eram simples e davam pouca ou nenhuma proteção. Por esse motivo, sempre havia várias vasilhas de água à entrada das casas, como também um servo pronto que ia com uma concha e uma toalha para lavar os pés dos convidados que chegavam.

Nessa história, fica claro que havia vasilhas de água e toalhas, mas o grupo de discípulos de Jesus não tinha nenhum servo. Isso é má notícia. Naquela época, as pessoas se sentavam em tapetes no chão, escorando-se com os cotovelos. Isso significa que, se seus pés estavam sujos, a pessoa do seu lado via tudo. Mas ninguém se mexe! Aparentemente, os discípulos não iam lavar nem seus próprios pés, quanto menos se voluntariar para lavar os de todo mundo na sala.

Veja novamente os versos 4 e 5: [Jesus] levantou-se da ceia. Isso indica que eles haviam acabado de se sentar para comer ou estavam perto de terminar já.

...tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.

Se você está se perguntando por que Jesus fez isso, veja o verso 12:

Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?

Obviamente a resposta é: “Você lavou nossos pés.” Bom, Jesus tinha outra coisa em mente ou ele não teria perguntado algo tão óbvio e simples. Veja os versos 13 e 14:

Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.

Agora, alguns irmãos crentes acham que Jesus está instituindo outra ordenança para a igreja, o chamado “lava-pés,” dizendo que devemos lavar os pés uns dos outros. A verdade é que Jesus não deu um mandamento, mas um exemplo. Não foi uma ordem, mas um modelo. Veja a palavra-chave “exemplo” no verso 15: Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.

Em outras palavras, existem milhares de maneiras de servir humildemente. Jesus simplesmente diz: “Sirva!”

Interessante que existem apenas duas ocasiões no Novo Testamento que claramente recomendam que sigamos o exemplo de Cristo. Nesse verso, o exemplo está relacionado ao serviço; a segunda referência, em 1 Pedro, se relaciona ao sofrimento. Devemos seguir o exemplo de Cristo, o qual foi pendurado numa cruz. Apesar de não buscarmos a morte por crucificação, buscamos obediência no sofrimento. Apesar de não lavarmos pés sujos, buscamos humildade no serviço. Então, Jesus ensina aos discípulos que eles devem servir humildemente.

E você percebeu que ele não faz nenhuma espécie de anúncio? Ele nunca se levanta para dizer: “Ouçam, homens, agora irei demonstrar a humildade. Vejam o meu serviço.” Não. Ele simplesmente sai de seu lugar à mesa, coloca uma toalha nas costas e, com uma vasilha à mão, quietamente lava os pés dos discípulos. Acho que dava para ouvir até um alfinete caindo no chão. Todos pararam de comer; uns ficaram boquiabertos, outros se encheram de vergonha ao ver o Mestre agindo como escravo. Talvez até alguns começaram a chorar. Aqui está Deus lavando seus pés sujos.

O Conceito

Daí, chega Pedro para ilustrar o conceito do ensino. Pedro não está chorando, mas indignado. Veja o verso 6: Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim? Acho que seria correto traduzirmos: “Senhor... você vai lavar os meus pés? Isso não está certo!”

Continue até o verso 7 para vermos a resposta de Jesus:

Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois.

Em outras palavras: “Vou explicar depois, Pedro. Na verdade, daqui a oito versos, vou esclarecer tudo.”

Verso 8a: Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. No original é o negativo duplo “ou mē,” que é traduzido em outras partes como “de modo nenhum!” Podemos entender essa frase da seguinte forma: “Senhor, não há a mínima possibilidade neste mundo de o Senhor lavar os meus pés. Com todo respeito, a resposta é: ‘de jeito nenhum!’.”

Acho que Jesus recuou um pouco, olhou nos olhos de Pedro bem calmamente e disse: Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo. Eu creio que a palavra parte se refere a comunhão. Um pouco mais à frente explicarei por que.

Bom, parece que Pedro entendeu o assunto, pois ele exclamou no verso 9: Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça. Em outras palavras: “Dá-me o tratamento completo. Não quero que nenhum centímetro quadrado do meu corpo fique seco.”

O próximo verso é muito importante. Veja o verso 10:

Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.

Esse verso se refere a dois banhos ou duas lavagens. São também duas palavras gregas distintas. Existe:

  • o banho que limpa totalmente—esse dura eternamente; e
  • outro banho que limpa apenas os pés—esse é uma necessidade diária.

O primeiro é o banho da regeneração; você só precisa desse uma vez; só precisa ser salvo uma vez; ou, como Paulo escreveu em Tito 3, verso 5:

Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo.

Também existe o banho da restauração; você precisa desse sempre, pois a comunhão deve ser sempre restaurada.

Agora, existe um homem naquela sala que nunca havia passado pelo banho espiritual, apesar de ter seus pés lavados. Veja os versos 10 e 11:

Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos. 11 Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos. 

Preste atenção. Creio que existem muitas pessoas que pensam estar bem com Deus porque pediram para Jesus lavar seu pés, ou seja, perdoar pecados individuais. Essas pessoas se ajoelharam e confessaram seus pecados, mas nunca pediram para Jesus salvá-las, dar-lhes um banho completo. Agora, imagine isso acontecendo no mundo material. 

Outro dia, um de meus filhos estava brincando fora de casa. Ele se cobriu totalmente com as cinzas da lareira de nossa casa que eu havia jogado fora—ele colocou cinzas na cabeça e a esfregou em todo o corpo. Estava brincando de monstro—e ficou assustador! Minha esposa se desesperou. Já eu, corri para pegar nossa câmera para filmar aquilo. Quando chegou a hora do jantar, fui lá fora e abri a mangueira. Jamais o deixaríamos dar um passo dentro de casa daquele jeito. Então, dei um banho nele lá fora e as cinzas desceram pelo seu corpo, formando uma lama aos seus pés. Agora, imagine meu filho dizendo: “Olhe, pai, dá só uma molhadinha nos meus pés e eu entro para jantar; limpa só meus pés.”

Muitas pessoas estão desesperadas, tentando limpar os seus pés, mas nunca tomaram o banho da regeneração. Essa é a mensagem para o descrente. 

E para o crente? Aqui vai a mensagem: “Pedro, você não pode estar em comunhão comigo com seus pés sujos.” Veja como funciona. Você toma um banho na hora da salvação, mas depois, quando caminha da estrada da vida, suja os seus pés. Jesus está dizendo: “Enquanto seus pés estiverem sujos, você não pode ter comunhão comigo.” Comunhão deve ser precedida pela purificação.

Alguns de vocês, hoje, que são crentes, precisam lavar seus pés. O motivo por que alguns não estão servindo é que não estão em comunhão. E esses estão fora de comunhão porque estão escondendo pecado—os pés estão sujos. O Senhor lavará o necessário. Ele ama você e a água está pronta. 

A Cura

Agora, a mensagem primária dessa passagem não é lavar os seus próprios pés, mas lavar os pés do próximo. Veja os versos 12 a 14:

Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros.

Pule até o verso 17: Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. A expressão bem-aventurados é makarios no grego, que significa “feliz, pleno.” Você deseja ser feliz? Então fique atento aos pés sujos.

Veja novamente o verso 17: Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois. Muitos crentes colocam o ponto final aqui. Não!

Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. 

Felicidade não é o resultado de informação, mas da aplicação prática dessa informação! Em última análise, felicidade decorre de fazermos coisas. A diversão começa quando arregaçamos nossas mangas, pegamos a toalha e lavamos pés—quieta, graciosa e alegremente.

Aplicação

Deixe-me fornecer alguns princípios de aplicações práticas.

  • O primeiro princípio é: lavar pés significa abrir mão do privilégio de receber resposta adequada.

Nossa tendência é lavar os pés daqueles que lavarão os nossos. Se você pensa em lavar os pés somente daqueles que retornarão o seu serviço em apreciação, amor e aceitação, você nunca lavará os pés de ninguém. Muitos crentes nunca lavarão os pés de outros porque isso não gerará o lucro que esperam na vida.

Mas pense nisto: Jesus lavou todos os pés dos doze discípulos; e qual foi a reação deles? Tomé ainda duvidava; Judas ainda o trairia; Pedro ainda o negaria. Mas Jesus ainda lavou os seus pés.

  • O segundo princípio é: lavar pés é abrir mão da prerrogativa de escolher quem você serve e como serve. 

Se você somente serve os pés da conveniência, nunca será um servo. Se você serve apenas os pés de algo que o anima e revigora, então passará muito tempo sem lavar pés. Por isso, enchemos nossas vidas de diversão—brinquedos—e enchemos nossas igrejas de pés sujos. A igreja tem:

  • salas cheias de crianças—precisamos de alguém para lavar seus pés;
  • salas cheias de adolescentes—precisamos de alguém que lave seus pés.
  • e muito mais.

Certa vez, li um poema de Ruth Harms Calkin intitulado Me Pergunto. Dizia:

Sabe, Senhor, te sirvo com grande fervor e emoção quando sirvo sob os holofotes.

O Senhor sabe como falo com zelo numa reunião de mulheres.

O Senhor sabe como fico animada quando promovo uma reunião de grupo.

O Senhor conhece meu genuíno entusiasmo num estudo bíblico.

Mas me pergunto como eu reagiria 
se o Senhor me desse uma vasilha com água 
e me pedisse para lavar os pés calejados e enrugados de uma senhora todos os dias, todos os meses, 
numa sala onde ninguém me visse nem soubesse de nada.

A propósito, você percebeu que João não nos informa se os pés de Jesus foram lavados naquela noite? Será que alguém se voluntariou? Será que Jesus se recusou a ter seus pés lavados? Se assim fosse, creio que Jesus teria se tornado um exemplo incoerente. Tenho quase certeza de que, após o término da lição, os discípulos se aglomeraram ao redor do Mestre e todos participaram daquele serviço. E anos depois, a mensagem ainda estava viva, porque todos, exceto o traidor, dariam suas vidas como servos daquele que, numa noite quente de abril, se tornou o Servo de todos eles.

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 26/06/1994

© Copyright 1994 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

Add a Comment


Our financial partners make it possible for us to produce these lessons. Your support makes a difference.
CLICK HERE to give today.

Never miss a lesson. You can receive this broadcast in your email inbox each weekday.
SIGN UP and select your options.