Uma Estrela Desvanecente

Uma Estrela Desvanecente

by Stephen Davey

Uma Estrela Desvanecente

João 3.22–36

Introdução

Se fosse possível voltar no tempo, acho que eu gostaria de visitar o castelo da rainha Maria da Escócia, conhecida por muitos como “Maria Sanguinária.” Essa foi a rainha que cometeu atrocidades contra os crentes na Escócia. Queria visitar o seu tribunal, não para ver a rainha, mas para ouvir John Knox trovejando a verdade, mesmo que custasse sua vida.

Numa certa ocasião, quando John Knox estava a caminho da capela para pregar, alguém o advertiu que adiasse a visita, já que a rainha estava de péssimo humor. Knox continuou e disse: “Por que eu deveria temer a rainha depois de ter passado um tempo de joelhos com Deus?”

Gostaria de poder viajar até a Alemanha no ano de 1521 e me sentar no tribunal cheio de pessoas enquanto Martinho Lutero, o reformador, era julgado como herege. Queria muito ter estado presente para ouvi-lo dizendo aos mais prestigiosos e poderosos líderes políticos de sua época: “Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Eu não posso e não irei me retratar. Aqui eu permaneço. Essa é a única coisa que posso fazer.”

Gostaria de poder voltar no tempo e ouvir Hugh Latimer pregar. Ele foi um reformador que avançou a Reforma Protestante na Inglaterra, até que foi martirizado. Um sermão que ele pregou ofendeu o Rei Henrique VIII, que exigiu que Latimer pregasse novamente para se retratar; mas Latimer se recusou. Foi Hugh Latimer que proferiu as famosas palavras que acenderam as chamas da jovem igreja Protestante. Ele estava prestes a ser queimado vivo numa estaca por causa de seu envolvimento com a Reforma Protestante. Daí, ele se virou para Samuel Ridley, que também morreria queimado na estaca, e disse: “Anime-se, hoje acendemos uma chama na Inglaterra que tenho esperanças que jamais apagará.”

Também gostaria de voltar no tempo para uma época que poderia ser chamada de reforma. De repente e sem nenhuma advertência, um pregador fervoroso aparece pregando uma mensagem que chocou os mais elevados líderes políticos e religiosos. Sua mensagem ofendia seus sentidos religiosos. Esse pregador ofendeu até mesmo o rei com um sermão sobre pureza moral. O rei em seus dias não era Henrique, mas Herodes.

Agora, o tempo que gostaria de visitar não é o do aparecimento de João no deserto, mas o tempo em que algo inusitado ocorreu. O que eu gostaria muito de ver é o momento em que os discípulos de João chegam até ele com a notícia de que o ministério de Jesus estava começando a atrair mais seguidores do que o ministério de João Batista.

Apesar de não podermos voltar àquela época, podemos pelo menos ler o relato da conversa. Foi uma conversa que revelou a verdadeira grandeza de João Batista. Ela está registrada no capítulo 3 de João, verso 22:

Depois disto, foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia; ali permaneceu com eles e batizava.

Note agora o capítulo 4, verso 2:

(se bem que Jesus mesmo não batizava, e sim os seus discípulos),

Esse batismo era idêntico ao batismo praticado por João Batista. Era um batismo de arrependimento que identificava as pessoas com a verdade do ensino trazido pelo profeta. Esse não era o batismo do crente como conhecemos hoje, apesar de existirem vários paralelos. Nós já falamos sobre isso em estudos passados.

Continue no capítulo 3, versos 23 a 25:

Ora, João estava também batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas, e para lá concorria o povo e era batizado. Pois João ainda não tinha sido encarcerado.

A propósito, João estava preso por ter ofendido a amante de Herodes com seu sermão sobre infidelidade.

Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação.

Agora, não sabemos como essa discussão ocorreu, mas, em algum momento durante a discussão, esse judeu desconhecido levantou o questionamento de que João não era o único que batizava; os discípulos de Jesus batizavam também.

“Espere aí. O que? Jesus está batizando na Judeia?! Mas esse é o território de João e esse é o batismo de João!” Veja agora o verso 26:

E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro.

Esse é o momento que eu gostaria de ter presenciado, pois ele marca a grandeza de João. Como que ele reagirá? Bom, digo a você que ele reage com bastante humildade. Na verdade, desejo pegar as palavras de João e descobrir algumas características maravilhosas de humildade que deveriam nos desafiar como mensageiros de Deus.

  • A primeira característica da humildade é que ela se recusa a promover conquistas pessoais.

Continue até o verso 27 e ouça a resposta imediata e inicial de João aos seus discípulos: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. Em outras palavras: “Qual é o problema? Meu ministério é de Deus. Eu não sou nada mais do que aquilo que Deus me criou para ser!”

No mundo animal sabemos como funciona: entre as ovelhas, a lei é a da cabeçada e quem tiver a cabeça mais dura sai vencendo; no mundo das galinhas, a lei é a da bicada. Na comunidade cristã, não determinamos importância e estatura baseados em quem tem a cabeça mais dura ou quem tem o bico mais afiado; nós possuímos nossas próprias leis. E é a lei da comparação. Comparamos contas bancárias, talentos, títulos acadêmicos, aparência, roupas, carros, casas, negócios, etc., a fim de designarmos um ranking de posições. E, no ministério, comparamos orçamentos da igreja e números de membros. Na verdade, o problema com os discípulos de João Batista não é que as pessoas não estão mais vindo ouvir João pregar; o problema é que mais pessoas estão indo para ouvir Jesus. Note o verso 23 novamente: e para lá concorria o povo e era batizado.

Aqui as pessoas eram batizadas por João. Ainda existe uma multidão e os resultados ainda são maravilhosos. Mas, daí, note o verso 26: e todos lhe saem ao encontro (de Jesus).

Evidentemente, eles tinham enviado um espião ou dois ao acampamento de Jesus para contar quantas cabeças tinha lá. A multidão indo até Jesus era tão grande que eles até exageraram no relatório: “João, todos estão indo atrás de Jesus!” Note novamente a resposta de João no veros 27: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.

A eficácia da vida e ministério de alguém é determinada de antemão por Deus e concedida como um presente ao servo disposto a trabalhar. Isso não significa que você está livre para ser preguiçoso em sua vida cristã e, daí, colocar a culpa em Deus por sua falta de resultados. Crer na soberania de Deus não significa que podemos ser preguiçosos, mas significa que, quaisquer que sejam os resultados de nossos esforços, vemos a mão de Deus neles e não ficaremos com inveja de outras pessoas, as quais Deus pode ter escolhido para ser eficientes. Como eu li certa vez: “Todo o serviço é igual diante de Deus.”

Existem dois tipos diferentes de atitudes entre os crentes: “Eu tenho a autoridade para...” e: “Eu fui confiado para...”. E a segunda atitude faz grande diferença no corpo de Cristo. Somos o que somos por causa do plano de Deus. E Deus colocou você junto com sua igreja para o benefício de todos.

Em 1 Coríntios 4.7, Paulo fala sobre o mesmo assunto; parece até que ele cita João Batista. Paulo diz:

Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?

E caso você esteja se perguntando por que Deus o capacitou com determinados dons, Paulo expande um pouco mais o assunto no capítulo 12, verso 12:

Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo.

Pule até os versos 15 a 17, onde Paulo faz uma ilustração:

Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato?

Imagine só isto: um corpo com uma orelha gigante e nenhuma capacidade de sentir cheiro, nem enxergar, nem sentir gosto de nada. Poderia até ouvir muito bem, mas, sem as outras partes do corpo, ele não poderia andar e, mesmo que pudesse, tropeçaria constantemente, uma vez que não enxergaria nada.

Daí, Paulo traz o ensino no verso 18:

Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve.

Portanto, pare de querer ser uma mão se você é um pé; pare de tentar ser a boca, se você já é uma orelha! A igreja precisa entender bem essa verdade.

Uma das coisas que fez de João um grande homem foi que ele se comprometeu a ser a estrela, não o sol. Ele era a voz da verdade. Seu compromisso era ser ele mesmo sob a direção e propósito de Deus.

Agora, quero que você imagine estar dentro de uma floresta densa e se deparando com um grupo de animais pequenos. Eles estão todos sentados em fileiras e, lá na frente, está um coelho falando alto, segurando uma prancheta na mão, fazendo um discurso. Obviamente, ele está liderando aquela reunião ou, pelo menos, ninguém pode interrompê-lo para objetá-lo. Você decide ficar ali escutando e logo descobre que o coelho está fornecendo uma lista de qualidades que faz de qualquer animal um ser especial. Você o ouve dizendo: “Agora, se vocês querem ser realmente grandes animais, precisam aprender a correr rápido e saltar.” Lá no meio do grupo está um pato que objeta em voz alta: “Ei, e o que você diz de voar e nadar?” “Nadar?!” diz o coelho enquanto ri, “Quem precisa saber nadar? Quem gosta de nadar? E voar... pffff... grandes animais mantêm seus pés no chão firme!” Então, o pato, juntamente com todos os demais animais, começam a treinar a como correr e saltar. O pobre pato... ele simplesmente não consegue. Na verdade, quando começa a acelerar, seu rabo balança tão forte que acaba rolando no chão. E ele nunca consegue acertar o salto, a não ser que bata as asas; mas aí já não é mais um salto como o coelho faz. Então, finalmente, desencorajado, o pato volta para o lago. Lá está ele sobre a água, flutuando e dizendo: “É, acho que nunca serei um grande animal...”.

Temos em nossas igrejas muitos patos; temos alguns coelhos também. Também temos pardais, águias e borboletas. E teremos muitos problemas, caso tentemos nos parecer todos como um coelho, correndo e dando saltos.

Deus, com um propósito bem específico, escolheu nos criar diferentes. Não temos todos as mesmas habilidades, inteligência e dons. De fato, querer ser como outra pessoa é desconfiar da sabedoria de Deus, o qual nos criou, formou e teceu nossas partes no ventre de nossas mães.

Portanto, ao invés de tentar aprender como pular, nadar ou correr, tente duas outras atividades:

  • A primeira atividade é: seja grato!

Agradeça a Deus pela forma como ele o projetou. Você é original! Quer seja seu corpo ou sua alma, você foi criado de acordo com um DNA divinamente projetado.

Ainda me lembro de quando garoto ter ficado chateado por não ser maior e mais forte. Além disso, um menino que morava no final da rua aterrorizava todas as crianças do bairro, incluindo eu. Então, comprei um pote de vitamina numa loja de suplemento—uma com a foto na frente de um homem com bíceps gigantes e uma mulher bem bonita ao lado. Era isso que me faltava na vida. Minha mãe até me apoiou e fez os meus milk-shakes. Mas nunca ganhei nem um quilo sequer!

O problema é que muitas pessoas nunca superam esse tipo de incerteza. Então gastam muito dinheiro com equipamentos esportivos, carros mais potentes e roupas de marca para, de alguma forma, atingir a estatura desejada.

Olhe bem para a sua digital: ela é única no mundo inteiro. É como se Deus quisesse comunicar a mensagem de que você é especial e distinto de todas as demais pessoas.

  • A segunda atividade é: seja realista!

Deus nos criou abaixo do ideal. Ninguém é intelectual ou fisicamente perfeito. Talvez Deus deseje nos ensinar que o interior é mais importante do que o exterior. Na verdade, você já parou para pensar que suas imperfeições externas servem de lembrete das prioridades de Deus? Ele está preocupado com as qualidades de caráter. Se você pode correr ou saltar, o crédito não pertence a você; se não consegue nadar, a culpa não é sua. Se a única coisa que é capaz de fazer é andar mancando, então ande assim para a glória de Deus. Se pode voar alto, correr ou pular, então faça isso com todo o seu ser. Acima de tudo, lembre-se de quem concedeu a você essas capacidades pessoais.

Eu creio que, um dia, ficaremos maravilhados diante da variedade de pessoas à quais Deus dirá: “Muito bem, servo bom e fiel.” Ele não dirá:

  • “Muito bem, servo brilhante!”
  • “Muito bem, servo com muita instrução acadêmica!”
  • “Muito bem, servo ativo e saudável!”
  • “Muito bem, servo sem falhas, perfeito!”

Não! Deus dirá: “Muito bem, servo bom e fiel!” Em outras palavras, “Você foi fiel com aquilo que eu o concedi para utilizar para a minha glória!”

Agora, volte a João 3. Vamos dar continuidade e ver mais características da humildade reveladas por João Batista.

  • A segunda característica da humildade é, conforme João Batista exemplifica, recusar enfatizar a importância pessoal.

Veja o verso 28 de João 3:

Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor.

Em outras palavras, João diz aos seus discípulos: “Esperem aí, colegas, não se esqueçam de quem eu não sou!” E eles estão dizendo: “Espere aí, João, não pense pouco de si mesmo. Olhe à sua volta... já se esqueceu do anjo?”

Já que nós provavelmente já nos esquecemos do anjo, abra sua Bíblia comigo em Lucas 1, versos 13 a 17:

Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, a quem darás o nome de João. Em ti haverá prazer e alegria, e muitos se regozijarão com o seu nascimento. Pois ele será grande...

(Aí está a palavra—ele será grande!)

...diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos,

“Você se esqueceu disso, João? Você é grande! E o seu ministério está realizando um impacto triplo:

  • uma restauração da família;
  • um reavivamento de um povo rebelde; e
  • uma concentração da nação inteira no Messias.

É isso o que está acontecendo, João!”

E João responde calmamente: “Peguem umas cadeiras aí, amigos, e deixe-me dar a vocês uma perspectiva um pouco diferente.”

Volte a João 3, verso 29:

O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim.

Nos dias de João, era costume naquela região ver o amigo do noivo fazendo todos os preparativos para o casamento. Ele era o mestre das cerimônias e, por um tempo, todos davam ouvidos às suas instruções e obedeciam às suas ordens. Seu ato final, que era acima de tudo um ritual, era ficar de pé à porta do quarto da noiva, onde o casamento seria consumado, certificando-se de que ninguém mais entraria no quarto além do noivo. Ele ficava à porta até que o noivo saísse em tempo determinado. Daí, ele saía também de cena; esse era o término de suas responsabilidades.

João Batista está dizendo: “Por um tempo, todos me ouviram. Mas lembrem-se: eu estava apenas fazendo os preparativos para a nação—a noiva—conhecer seu noivo—o Messias. Eu ouço a voz dele. Agora que ele chegou, chegou a minha hora de sair de cena com alegria.”

E isso me conduz à terceira e talvez a mais difícil de todas as características da humildade.

  • A terceira característica da humildade mostrada por João é que ela recusa preservar o reconhecimento pessoal.

Note o verso 30: Convém que ele cresça e que eu diminua. Isso literalmente significa: “Convém que ele continue a crescer e eu continue a diminuir.”

Uma estrela brilha enquanto há escuridão; mas, depois, quando a luz do sol sobe no horizonte, a estrela começa a desaparecer, a desvanecer. Ela ainda está lá, mas seu reflexo não é mais necessário. João é essa estrela desvanecente.

Essa é a oportunidade para João se sentir injuriado, esquecido, abandonado! E os discípulos de João não gostaram de vê-lo obscurecido por outra pessoa. Eles dizem: “Olha só, João, mande Jesus parar com isso!”

É interessante que o contrário do crente humilde é o crente que perde de vista aquilo que ele deveria estar fazendo. É como um pregador que está pregando sobre o arrebatamento e, no meio da sua pregação, Jesus chega às nuvens e leva a igreja, e o pastor fica chateado que seu sermão foi interrompido! Ou como um padeiro chateado porque seus pães estão sendo comidos; ou um construtor, chateado porque as pessoas ficam comprando suas casas! Ou um artista triste porque suas pinturas estão sendo leiloadas. Tolice?! Sim. Por quê? Porque esse é o alvo de suas ocupações. Aqui estão os discípulos de João, cujo trabalho é apresentar Jesus, chateados porque as pessoas estão seguindo Jesus. O orgulho faz coisas ridículas!

Agora, os ministérios de João e Jesus evidentemente se misturaram um pouco. Por que João continuou batizando? Eu creio que foi porque Deus havia lhe dado uma missão e ele continuaria na sua missão até que Deus o chamasse para fazer outra coisa. Em breve, seu novo chamado será manifestado—ele seria encarcerado por Herodes e martirizado. Mas quando os discípulos de João chegam até ele, ele humildemente continua dizendo: “Alguém aí mencionou Jesus? Deixe-me falar para você sobre o Messias.” João não desperdiça essa oportunidade e imediatamente proclama seu assunto predileto: o Messias. E João Batista declara duas coisas a respeito de Cristo:

  • A primeira é que Jesus é uma testemunha ocular.

Veja comigo os versos 31 e 32a:

Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de todos e testifica o que tem visto e ouvido...

Talvez você se recorde de um estudo anterior quando enfatizamos a palavra “testemunha,” em João capítulo 1. Naquele capítulo, o autor chama João Batista de “a testemunha.”

Você ainda se lembra do que faz de alguém uma boa testemunha? É alguém que se levanta e diz o que ouviu. O que faz de alguém uma testemunha perfeita? Alguém que se levanta e diz o que ouviu e o que viu. Uma testemunha ocular é o tipo mais poderoso de testemunha num tribunal.

E é aí que João, uma testemunha fantástica e fiel, não pode superar o testemunho de Jesus Cristo. É como falar a um grupo de pessoas por um intérprete e falar a essas mesmas pessoas no idioma delas. Volte ao verso 32 e continue até o verso 33:

...contudo, ninguém aceita o seu testemunho. Quem, todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez, certifica que Deus é verdadeiro.

João diz, com efeito: “Posso dizer a vocês algumas verdades sobre Deus e posso contar coisas sobre o Reino de Deus, mas nunca fui até lá e nunca vi a Deus.” Quando você ouvir Jesus falando sobre:

  • Adão e Eva e o Jardim do Éden—ele estava lá!
  • Noé e o dilúvio—ele estava lá!
  • Abraão, Isaque, Davi ou Daniel—ele os observava!
  • O futuro e a fundação da igreja—ele, que não está confinado à nossa dimensão de tempo e espaço, já viu o início e a consumação da igreja!
  • O céu e a morada de seu Pai—ele tinha acabado de descer de lá!

Jesus é uma testemunha ocular!

  • A segunda coisa que João Batista declara é que Jesus é a autoridade eterna.

Veja os versos 34 a 36:

Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida. O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.

João diz: “Se vocês pensam que o meu ministério tinha alguma autoridade, apresento-os agora ao Mestre. Ele fala as palavras de Deus; ele é membro da Triunidade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Ele possui autoridade eterna!”

Mas e João Batista? Jesus mesmo disse que nenhum homem foi maior que João Batista. Historiadores judeus estimam que mais de 300 mil pessoas seguiram o ministério desse homem. Ele causou tanta animação a ponto de muitos o chamarem de “a reaparição de Elias.” Agora, essa estrela está desvanecendo. Por quê? Porque o Filho aparece no horizonte da história humana. As cortinas se fecham, encerrando a carreira ilustre de um homem corajoso e humilde. E—interessante—ele não sente arrependimento algum.

Uma vez, quando Hudson Taylor, o grande missionário pioneiro na China, visitava a Austrália, agendaram que ele fosse falar em uma igreja. O pastor apresentou Hudson Taylor usando adjetivos no superlativo, exaltando-o e até chamando-o de “grande.” Hudson Taylor achegou-se ao púlpito e disse calmamente: “Meus amigos, sou o pequeno servo de um Mestre ilustre.”

Como Hudson Taylor, João Batista foi um homem contente em estar no segundo lugar. E nós o honramos; Cristo o honrou. No reino vindouro haverá posições de prestígio para aqueles que serviram bem mesmo estando em segundo lugar; aqueles que, com fervor, preencheram lacunas; que ficaram com o segundo lugar com graça; cujo desejo primário não foi o de ser servido, mas apontar o holofote para “a Testemunha,” o Cordeiro, o Rei dos reis, o Senhor Jesus Cristo.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 12/12/1993

© Copyright 1993 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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