Evitando o Erro de Elifaz

Evitando o Erro de Elifaz

Ref: Job 1–42

Evitando o Erro de Elifaz

O Silêncio do Céu—Parte 3

Jó 4–5

 

Introdução

Existe algo incrível em palavras encorajadoras ditas em tempo oportuno.

As crianças de terceira série de nossa igreja que são alunas na Escola Dominical me enviaram alguns bilhetes uns meses atrás. Elas estavam estudando o livro de Atos e focando no assunto de serviço a Deus.

Os professores dessa turma escreveram: “Falamos sobre as várias maneiras como Deus usa o nosso pastor. Esperamos que você goste desses recados de agradecimento.”

Eu gostei; e muito! Deixe-me ler alguns deles para você.

Uma garotinha escreveu:

Obrigada por pregar o Evangelho... eu vejo você às 8 da manhã todos os domingos e faz um ótimo trabalho. Acho que você leva muito tempo para pensar naquilo que Deus quer que fale. Estarei orando por você.

Com amor (e três beijos, abraços e um desenho de um coração com uma cruz dentro).

A Angélica—muito madura—escreveu:

Eu sou a criança que teve uma cirurgia do coração. Quero lhe agradecer por tudo o que tem feito por essa igreja, minha família e por tudo. Você, o Senhor e a igreja têm sido bênção para mim. Se quiser conversar comigo, estarei na igreja e talvez o verei pelos corredores. Enfim, quero apenas dizer que gosto muito do trabalho que faz—conferências, estudos, reuniões, e-mails... você já entendeu.

Sua amiga,

Angélica.

Gosto muito da criança que escreveu este outro recado:

Na Escola Dominical, pediram que escrevêssemos para você cartões de agradecimento; então, aqui vai. Muito obrigado!

Ele continua e fala os nomes dos familiares e parentes e escreve:

Eu realmente não tenho mais nada a dizer; então, tchau.

David.

Esta última é uma das minhas favoritas. A menina Valéria escreveu:

Muito obrigado por ajudar a igreja e por pregar para a minha mãe. [Acho que a mamãe precisa!] Meu nome é Valéria e tenho certeza de que você já ouviu sobre mim. Espero que consiga terminar a construção da igreja. Estarei orando por você.

Com amor,

Valéria.

Que palavras encorajadoras da boca de crianças!

Salomão estava certo ao escrever que Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo (Provérbios 16.24). Ele também escreveu: A ansiedade no coração do homem o abate, mas a boa palavra o alegra (Provérbios 12.25). Ele ainda adiciona: a palavra, a seu tempo, quão boa é! (Provérbios 15.23).

Salomão também nos alertou quanto ao poder mortal das palavras:  A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito.

No livro de Tiago, agora no Novo Testamento, a língua é comparada a uma floresta em fogo que:

…põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno… é mal incontido, carregado de veneno mortífero (Tiago 3.6, 8).

Não existe nada mais reanimador, oportuno, encorajador, instrutivo e de grande ajuda do que as palavras. Ao mesmo tempo, não há nada mais destrutivo, desencorajador, deprimente e desanimador do que palavras inoportunas, faltas de sabedoria, sem amor, insensíveis, egoístas e presunçosas.

Em sete dias de silêncio naquele montão de cinzas em intensa dor e tristeza, senta-se um dos homens mais notáveis e piedosos do Oriente. Seu nome se tornaria sinônimo de sofrimento. Por uma semana, seus três amigos estimados, que viajaram grande distância para estar com ele, sentam-se em silêncio.

Finalmente, depois de sete dias, Jó quebra o silêncio e derrama sua dor e sofrimento. Apesar de ele não amaldiçoar Deus, Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento.

Em Jó 3 ele diz: “Por que não morri no meu nascimento?...” (Jó 3.11); “Por que não nasci morto?” (Jó 3.16); “pelo menos os mortos têm descanso” (Jó 3.17). “Mas eu tive que nascer a fim de crescer e experimentar o pior temor dos homens; pavores que tanto temia aconteceram comigo, muito além do que eu imaginava” (Jó 3.25).

Esse foi um clamor de lamento deprimente e desesperador de um homem que simplesmente queria morrer.

Agora, após sua explosão de emoção amargurada, o mais velho dos três amigos de Jó faz um discurso.

As Palavras Sem Conforto de Elifaz

Elifaz fala. Suas palavras são facilmente esboçadas com quatro características. Com as primeiras palavras, ele finge estar preocupado.

  • Primeiro: Elifaz finge preocupação.

Veja Jó 4.1–2a: Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse: Se intentar alguém falar-te, enfadar-te-ás? Ou seja, “Você vai ficar bravo comigo se eu disser alguma coisa?”

A propósito, Jó irá, de fato, controlar sua ira e dor e não interromperá Elifaz, apesar de as palavras de Elifaz serem arrogantes e desprovidas de amor. Você perceberá isso um pouco mais adiante no texto.

Continue em Jó 4.3–4:

Eis que tens ensinado a muitos e tens fortalecido mãos fracas. As tuas palavras têm sustentado aos que tropeçavam, e os joelhos vacilantes tens fortificado.

Se eu pudesse resumir essas primeiras considerações, seria: “Jó, você foi muito bom no passado em ajudar pessoas que estavam desencorajadas. Você as exortou a trilhar o caminho certo, fortaleceu pessoas que estavam derrotadas e tomadas de medo... e... e... o começo aqui não está tão ruim assim.”

Daí, gostaríamos que o texto dissesse em seguida,

E agora, Jó, chegou a hora de outra pessoa chegar e fortalecer suas mãos; encorajá-lo a prosseguir. Estamos aqui para tranquilizá-lo e confortá-lo.

Jó provavelmente estava sedento para ouvir palavras como essas. Contudo, veja o que diz Jó 4.5: Mas agora, em chegando a tua vez, tu te enfadas; sendo tu atingido, te perturbas.

Ou seja, “Você pode ajudar outros, mas é incapaz de se sustentar a si mesmo. Você diz a outros o que fazer para se restabelecerem, mas não consegue se restabelecer a si mesmo.”

A expressão tu te enfadas significa: “Você está em pânico.”

As palavras insensíveis de Elifaz ignoram algo óbvio: apesar de uma pessoa ter encorajado outros em dor, ela não pode encorajar a si mesma.

Nossas palavras são poderosamente encorajadoras a outros, mas quando foi a última vez em que você se olhou no espelho segunda-feira pela manhã, fez um discurso para si mesmo e disse: “Nossa! Que palavras de apoio maravilhosas! Estarei de volta amanhã no mesmo horário”?

A essa altura, Elifaz deveria ser a pessoa a dizer: “Jó, agora é a minha vez de encorajar você!” Ele começa fingindo que se preocupa, mas não está tão preocupado assim.

Por quê?

Porque ele pensa que Jó não precisa de encorajamento—ele já está convencido de que Jó precisa de disciplina.

Então, Elifaz deixa para trás seu fingimento.

  • Segundo: Elifaz transmite uma condenação pessoal.

Veja Jó 4.7–8:

Lembra-te: acaso, já pereceu algum inocente? E onde foram os retos destruídos? Segundo eu tenho visto, os que lavram a iniqüidade e semeiam o mal, isso mesmo eles segam.

Esta é a teoria clássica do sofrimento humano, na qual milhões de crentes acreditam até hoje: o inocente não sofre e o justo não é destruído.

Ou seja, “Os bonzinhos sempre ganham e os maus sempre perdem.”

Tudo o que Elifaz dirá a Jó pode ser resumido com a seguinte frase: “Jó, é tudo culpa sua!”

Você acredita nisso? Mesmo se fosse verdade, a hora de dizer isso a alguém não é quando o sofredor está coberto de feridas lamentando o velório recente de seus dez filhos. Mesmo que Elifaz estivesse certo, ele ganha a medalha de ouro por seu conselho sem tato, sem sensibilidade, sem amor e sem simpatia.

Mais adiante, em Jó 5.4, Elifaz sugere que os filhos de Jó morreram por causa do pecado tolo de Jó que havia sido evidentemente encoberto e varrido para debaixo do tapete.

O que é ainda pior é que Jó se sente compelido a acreditar em Elifaz. Qual pai ou mãe sofreu a morte de um filho e não ficou se perguntando se foi por que não era digno dele? Talvez os pais não mereciam a criança; talvez tenha sido culpa deles.

Pais já me abraçaram em lágrimas e perguntaram: “Será que Deus levou meu filho ou filha por causa de algo que eu fiz?” Essa é uma reação comum de um pai que alegremente teria trocado de lugar com seu filho.

Ao invés de palavras de conforto, Elifaz vai direto na jugular com palavras de condenação. Sua premissa fundamental é:

  • Pecado = sofrimento;
  • Sofrimento = julgamento.
  • Jó está sofrendo; logo, Jó está em pecado. E já que Jó está em pecado, seu sofrimento é, no fim, um julgamento de Deus.

Elifaz fracassou em considerar que Jó não era perfeito—ninguém é—, mas Jó era inocente.

Elifaz também ignorou o fato de que, apesar de pecadores serem julgados essencialmente por Deus, eles não são todos julgados imediatamente.

Alguns pecadores vivem vidas longas de perversidade e tranquilidade; depois, morrem em idade avançada com muito dinheiro no banco e muitos filhos para brigarem pela herança. Esse foi o dilema de Asafe quando ele escreveu no Salmo 73.3–5, 13–14:

Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos. Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio… Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado.

Não é verdade que pecadores são julgados imediatamente; o que é verdade é que eles serão julgados finalmente.

Semelhantemente, contrário ao conselho de Elifaz, o justo nem sempre prospera imediatamente, mas prosperará finalmente.

Então, qual evidência Elifaz apresenta para provar que todos os pecadores são julgados na terra e que Jó, portanto, deve estar em pecado?

  • Terceiro: Elifaz expressa condescendência arrogante.

De Jó 4.12 até Jó 5.16, podemos resumir as palavras de Elifaz com a seguinte declaração a Jó: “Felizmente, Jó, eu tenho a resposta e bastante evidência!”

É algo irônico, mas a evidência que esse primeiro pregador do evangelho da prosperidade apresenta a Jó é que ele havia tido uma visão. Veja Jó 4.12–13:

Uma palavra se me disse em segredo; e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela. Entre pensamentos de visões noturnas, quando profundo sono cai sobre os homens,

Pule para os versos 15–17:

Então, um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz: Seria, porventura, o mortal justo diante de Deus? Seria, acaso, o homem puro diante do seu Criador?

Essas são perguntas retóricas aplicadas a Jó e a resposta é óbvia: “Jó, você não é justo e sem culpa diante de Deus.”

Quando alguém diz: “Tive uma visão de Deus... sei a verdade sobre você,” como argumentar contra isso? Uma vez que Deus falou, quem pode se livrar disso? Crentes usam essa técnica o tempo inteiro! Sempre que uma carta ou uma conversa começa com a sentença: “Deus falou comigo,” não há mais lugar para discussão.

Eu mesmo já perdi as contas de quantas vezes no decorrer dos anos ouvi pessoas dizendo que Deus havia falado com elas. Ligue sua televisão e ouça um pregador passando mais tempo dizendo o que Deus falou para ele ou ela do que falando sobre o que Deus já comunicou em sua Palavra.

Quando alguém diz: “Deus me disse,” não podemos dizer mais nada! Não temos como corrigir seus pensamentos ou desafiar suas decisões.

O que complica ainda mais as coisas para Jó é que essa suposta visão é teologicamente correta. É verdade que:

  • nenhum homem é justo diante de Deus (Jó 4.17);
  • homens e anjos erram (Jó 4.18);
  • vivemos em corpos feitos de pó (Jó 4.19);
  • a vida é curta (Jó 4.20–21).

Tudo isso está correto teologicamente, mas Elifaz está absolutamente errado na aplicação dessa visão à situação de Jó.

Como sabemos disso?

Por causa do que Deus já tinha dito! Anteriormente em Jó 1, Deus deixou bem claro que Jó não sofreria por causa que era ímpio; ele seria provado severamente porque era justo!

Elifaz, o conselheiro orgulhoso, arrogante e com coração de pedra tinha invertido tudo por completo. Jó não estava sofrendo porque era um pecador; ele estava sofrendo porque era santo.

Todavia, pelo fato de Elifaz estar tão consumido com seu próprio sistema medíocre, sua própria opinião e sua arrogância enganosa com seus sonhos, visões e experiências pessoais, os quais ele continua relatando em Jó 5, ele perverte seu conselho e inverte sabedoria piedosa e pronuncia algo contra o qual Salomão adverte: A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito (Provérbios 15.4).

Elifaz deixa de fingir que se preocupava, passa a uma condenação, depois a condescendência arrogante e, em seguida:

  • Quarto: Elifaz oferece um conselho deturpado.

Poderíamos resumir as palavras de Elifaz com uma afirmação arrogante que estava em seu coração: “Eu entendo Deus melhor e você está lidando com o pior lado de Deus.”

Veja Jó 5.8: Quanto a mim, eu buscaria a Deus e a ele entregaria a minha causa. Ou seja, “Se eu fosse você, confessaria logo a Deus meu pecado e me arrependeria.”

Elifaz continua em Jó 5.11, 16–18, dizendo: “Veja bem, Jó, faça isso e Deus colocará:”

os abatidos num lugar alto e para que os enlutados se alegrem da maior ventura… Assim, há esperança para o pobre, e a iniqüidade tapa a sua própria boca. Bem-aventurado é o homem a quem Deus disciplina; não desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso. Porque ele faz a ferida e ele mesmo a ata; ele fere, e as suas mãos curam.

Em outras palavras, “Ouça bem, Jó, se você admitir seu pecado e se arrepender, será salvo de sete coisas que Deus jamais permite que toquem o justo. Não ignore isto: crentes piedosos não sofrem!”

Ele diz em Jó 5.19: De seis angústias te livrará, e na sétima o mal te não tocará.

  • fome (Jó 5.20);
  • derrota em guerras (Jó 5.20);
  • sofrimento físico ou violência (Jó 5.21);
  • perigo diante das feras selvagens (Jó 5.22);
  • perda financeira (Jó 5.25);
  • morte prematura (Jó 5.26).

“Jó, se você colocar sua causa diante de Deus e andar com ele, terá tudo aquilo que sempre sonhou e jamais terá que temer alguma coisa.”

Veja Jó 5.26a: Em robusta velhice entrarás para a sepultura. Ou seja, “Você nem ficará doente antes de morrer. Alcançará a linha de chegada sem doença, sem dores nas juntas ou cansaço nas pernas e braços... você morrerá trabalhando.”

Continue em Jó 5.27: Eis que isto já o havemos inquirido, e assim é; ouve-o e medita nisso para teu bem. Ao invés de oferecer palavras de conforto, Elifaz apenas aumentou a agonia do sofrimento de Jó.

Elifaz baseou tudo o que disse em uma suposição errada. Jó não estava sofrendo porque não vivia uma vida santa; ele estava sofrendo exatamente porque era um exemplo de vida santa a ser seguido na terra.

Elifaz teve boas intenções, mas, na verdade, como veremos no próximo estudo, o efeito foi devastador. Suas palavras não ajudaram; elas tornaram a dor ainda mais aguda.

Observações para Aqueles
que Oferecem Conselho

Como podemos evitar o erro de Elifaz?

Permita-me fazer algumas observações para aqueles que oferecem conselho.

  • Primeiro, reconheça a dor do sofredor antes de desafiar sua perspectiva.

O sofredor precisa de seu ouvido e coração antes de ouvir as palavras de sua boca. Por exemplo:

  • “Não consigo imaginar a dificuldade de ser uma mãe solteira.”
  • “Deve ser algo agonizante encarar uma sentença de dez anos.”
  • “Meus pêsames pela perda de sua família naquele acidente de carro quando você diria alcoolizado.”
  • “Fico profundamente entristecido porque você perdeu sua família por causa de seu adultério.”
  • “Ouça, não consigo imaginar como é a vida com AIDS. Fico triste que suas decisões pecaminosas trouxeram essa doença em sua vida.”

Mesmo quando o sofredor é o culpado e todo o seu sofrimento é consequência de seu comportamento pecaminoso, você não será visto como cúmplice de seu pecado se mostrar simpatia por causa das consequências desastrosas.

Reconheça a dor antes de desafiar sua perspectiva.

  • Não disseque as palavras de alguém; lide com o espírito primeiro.

Um autor chamou o amigo de Jó de “Elifaz, o Exterminador.”

Elifaz ouviu o desespero da dor e tristeza de Jó e criticou o que ele disse ao invés de lidar com o espírito abatido de Jó, o qual originou palavras de desespero de sua boca.

Ouça os sentimentos, não somente as palavras.

Warren Wiersbe disse: “Um conselheiro e confortador sábio deve ouvir com o coração e responder tanto aos sentimentos como às palavras. Você não cura um coração quebrado com a lógica; o coração quebrado é restaurado com amor.”

  • Certifique-se de que o conteúdo de seu conselho é verdade bíblica, não experiência pessoal.

Podemos ilustrar com experiência pessoal quando for útil. Contudo, a base da verdadeira esperança e restauração genuína não é o que experimentamos, mas o que Deus revelou; não é o que vemos, mas o que Deus disse.

Se alguém diz como está ferido e você responde relatando algo que aconteceu com você, você acabou de errar o alvo como Elifaz errou.

Pessoas em dor não têm problema em ouvir um sermão, mas elas gostariam de ver um pouco de simpatia também.

Coloque um pouco de açúcar em seu remédio.

Advertências Àqueles que Recebem Conselho

Ao ler o discurso de Elifaz, talvez você tenha se identificado e sido desafiado não com Elifaz, mas com Jó. Você não quer dar conselho, mas receber. Ao ler essa passagem, você se vê não diante de Jó com respostas, mas ao lado dele cheio de perguntas.

Após estudar o conselho desse homem reverenciado—boa teologia, mas conclusões absolutamente erradas, além de um espírito arrogante—, creio ser necessário fornecer algumas advertências àqueles que se identificam dessa vez com Jó.

  • Primeiro, esteja preparado: pessoas bem-intencionadas podem somente agravar sua dor.

Um livro as chama de “dragões bem-intencionados.” Essas pessoas têm boas intenções, mas são incapazes de assumir sua posição; elas não conseguem entender a profundeza de sua dor. Na verdade, elas nem querem ouvir sobre isso!

A verdade é que elas já entenderam Deus por completo—e sua vida também.

Você expõe a elas sua vida e a primeira coisa que fazem é repreendê-lo e corrigi-lo; ainda pior, ignoram o que você disse porque não querem nem ouvir, nem lidar com suas palavras.

Li o testemunho pessoal de uma mulher depois que ela descobriu estar com câncer. Quando compartilhou sua dor com sua mãe, sua mãe ficou sentada por alguns momentos e depois disse: “O que você acha que deveríamos fazer para o jantar?” Esse tipo de pessoa prefere não lidar com a dor do próximo; então, muda de assunto o mais rápido que pode.

A desconsideração e falta de bondade de Elifaz esmagará Jó contra o chão ao invés de levantá-lo em seus pés.

Bem-intencionado—sim. Na verdade, Elifaz é o mais compassivo dos conselheiros que falarão com Jó. Se você consegue imaginar isso, é ele quem oferece mais simpatia entre os homens que viajaram longas distâncias para consolar Jó e reanima-lo.

E isso me conduz de volta à advertência: esteja preparado—pessoas bem-intencionadas podem apenas agravar sua dor.

  • Segundo, cuidado: conselho errado geralmente está mais facilmente disponível do que conselho sábio.

Já que conselho ruim não cessou com Elifaz, certifique-se de que você não considera todos os conselhos no mesmo nível.

Você está tendo problemas com seu casamento? A sua vizinha pode até ter muitos conselhos, mas ela pode ser influenciada por sua própria experiência e fracasso.

Eu já recebi casais em meu escritório dizendo que foram aconselhados a se divorciarem e a permanecerem divorciados, porém a continuarem vivendo juntos.

Recentemente, um pastor me contou que um casal de sua igreja, trabalhadores fiéis e membros comprometidos por vários anos, haviam se divorciado quinze anos antes e viviam juntos—eles dois e seus filhos. Quando perguntados por que, disseram que o pastor anterior havia recomendado essa abordagem a fim de evitar que o banco tomasse a casa e seus bens. Eles seguiram o conselho, transferiram tudo para o nome da mulher e pediram um divórcio. Pelos quinze anos seguintes, mantiveram isso em segredo. Finalmente, seus filhos agora já crescidos disseram: “Isso está errado. Segundo a Bíblia, vocês estão vivendo em imoralidade porque não são casados.” Esse casal se arrependeu de sua vida secreta, recasou-se e se reconciliou com a família.

Você deve não somente escolher seus conselheiros cuidadosamente, mesmo que eles usem terno e gravata, mas deve também filtrar seu conselho com a Palavra de Deus, oração e bom-senso.

  • Terceiro, fique alerta: a trilha da dor geralmente vai paralela ao mistério do plano de Deus.

A dor e a vontade de Deus geralmente são companheiros de viagem—e isso não faz sentido algum para nós. A trilha da dor geralmente vai paralela ao mistério do plano de Deus.

Contudo, sua trilha da dor não é mistério algum para Deus. Jó disse em Jó 23.10: Mas ele sabe o meu caminho. Deus sabe quanto tempo você passará naquela trilha, onde ela o levará, quão profundo ela o conduzirá e por que.

Um jovem aluno de teologia foi uma tarde ao grande pregador C. H. Spurgeon em busca de conselho. O próprio Spurgeon era um grande sofredor com muitas pressões e doenças físicas. Esse aluno lutava com sua falta de entendimento quanto a algumas questões que o perturbavam muito. Spurgeon lhe respondeu: “Jovem, permita-me dar a você um conselho: entenda que Deus saberá algumas coisas que você não entenderá.”

Às vezes, a coisa mais sábia a dizer é: “Deus sabe—ele sabe e ele entende.”

Elifaz, você não sabe. Elifaz, você, com suas palavras que esmagam espíritos, pensa que sabe de tudo, mas não sabe nada. Deus, todavia, sabe e, no fim, isso é o que importa.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 15/03/2007

© Copyright 2007 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

Transcript

 

 

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