Chegando ao Fundo do Poço

Chegando ao Fundo do Poço

Ref: Job 1–42

Chegando ao Fundo do Poço

O Silêncio do Céu—Parte 2

Jó 3

 

Introdução

William Wilberforce foi um grande personagem na história moderna. Poucos anos atrás, um filme foi lançado sobre sua vida; agora, algumas pessoas conhecem um pouco a seu respeito.

O ano de 2007 marcou 200 anos da aprovação da lei parlamentar que, por fim, conduziu à abolição do comércio de escravos nas Índias Ocidentais e na Grã-Bretanha. Em 1807, o Parlamento Inglês aprovou a proposta de lei de William, abolindo assim o comércio de escravos. O filme revela os detalhes de seus esforços com essa lei em particular.

Contudo, ele não parou com a aprovação de somente uma lei. William ainda passou mais vinte e seis anos defendendo fervorosamente a lei para abolir a escravidão por completo. A lei foi finalmente aprovada em 1833, três dias antes de sua morte.

Ele também era um crente compromissado, algo que aprendi com sua biografia que estou lendo. Seu tio e sua tia foram salvos com o ministério de George Whitefield, e eles, por sua vez, tiveram grande influência sobre a vida de William, o qual veio à fé em Cristo quando ainda jovem. Posteriormente, ele foi discipulado e encorajado na fé por John Newton, aquele pastor e autor do hino “Maravilhosa Graça.”

Apesar de as pessoas testemunharem por meio do filme o lado heroico de seus esforços em nome de Cristo, elas não saberão que ele sofreu muito. Cedo em sua vida, os médicos lhe receitaram uma dose diária de ópio para ajuda-lo a resistir às terríveis dores de uma inflamação no cólon. Na época, o remédio era considerado “droga pura,” mas os efeitos desgastavam sua saúde. Ele tinha problemas no cólon, dificuldades com a visão, problemas nos pulmões e úlceras, e sofreu sua vida adulta inteira com uma coluna torta que só piorava com o passar do tempo.

Um autor escreveu sobre William em sua meia-idade:

Um de seus ombros começou a deslocar; sua cabeça se inclinava para frente cada vez mais no decorrer dos anos, até que ela passou a se escorar em seu tórax; era erguida apenas com movimento consciente de sua parte; sua aparência teria sido algo grotesco se não fosse pela simpatia no seu rosto e sorriso em sua boca. Por vinte anos, ele usou debaixo de suas roupas um aparelho e a maioria das pessoas não fazia ideia—um aparelho de ferro em torno da cintura, revestido de couro, o qual servia de suporte para suas costas e braços.

A verdade é que, na maioria das vezes, gostamos que nossos heróis sofram um pouco, mas ficamos tristes quando descobrimos que eles sofreram grandemente.

Todavia, ficamos ainda mais perturbados quando descobrimos que nossos heróis da fé lutaram frequentemente contra o desespero e até mesmo a depressão.

Quando um grande teólogo do século dezenove perdeu dois de seus filhos dentro de um mês, ele se encontrou em uma situação que jamais tinha experimentado antes. Ele chegou ao fundo do poço e escreveu: “Quando Jimmy morreu, a tristeza foi profunda, mas os atos de fé, os abraços de consolo e as verdades encorajadoras que me ministraram conforto foram igualmente vívidos.”

Esse é um ponto bom para fazer uma pausa, não é? É isso que gostamos de ouvir. Um grande homem de Deus chegou ao fundo do poço, mas voltou com um sorriso.

Contudo, ele continua na mesma carta: “Mas quando o golpe se repetiu, sendo assim dois em seguida, fiquei paralisado e em choque. Sei que minha perda é dupla, e eu sei também que as mesmas verdades confortadoras se aplicam à segunda perda da mesma maneira que se aplicaram à primeira, mas eu continuo estarrecido, abatido... sem esperança e sem interesse.”

Não devemos falar esse tipo de coisa, não é?

Ficamos um pouco desconfortáveis com as palavras de Charles Spurgeon, o grande pregador do século dezenove, o qual escreveu certa vez: “Eu sou sujeito a uma depressão tão pavorosa que espero que nenhum de vocês jamais chegue aos extremos de depravação que eu chego.”

Steve Lawson escreveu em seu comentário de Jó: “Toda pessoa tem um limite; até mesmo crentes genuínos possuem um limite no qual ficam severamente desencorajados e até deprimidos. Esse tipo de desespero pode levar a pessoa a querer desistir da vida.”

Meu amigo, se você já passou por um desespero desse nível e se perguntou como poderia ser crente e se sentir daquela maneira; se você já foi ferido a ponto de querer ir para o céu; se já sofreu tanto tempo com alguma dor e está cansado a ponto de apenas querer se deitar numa cama e morrer; se alguma vez já buscou uma saída de emergência para escapar da vida, alguma placa de saída, um alívio, é possível, então, que você tenha algo em comum com três heróis da fé que jamais imaginou ter.

Vemos um exemplo disso em Davi, o herói rei e compositor de Israel que escreveu no Salmo 88 começando e terminando com desespero. Ele escreveu no verso 6: Puseste-me na mais profunda cova. Em outras palavras, “Já atingi o fundo do poço.” As últimas palavras, de fato, não são sobre a superfície, e Davi lamenta no verso 18: os meus conhecidos são trevas. “Nem mesmo uma migalha de conforto.” Essa é a última estrofe na vida de Davi naquele momento.

Também vemos essa realidade na vida de João Batista, o profeta herói que ofendeu o mundo e defendeu o Evangelho do Cordeiro de Deus, mas ficou totalmente desesperado e desiludido.

Vemos João sentado em uma cela a poucas horas de ser morto por Herodes depois de havê-lo condenado por sua imoralidade, se perguntando se todos os seus esforços e pregação fizeram alguma diferença; na verdade, ele até se pergunta se havia seguido o Messias errado. Afinal, parecia que Cristo não estava cumprindo as profecias do Antigo Testamento—cativos não estavam sendo libertos e o jugo da escravidão ainda permanecia sobre os ombros do povo.

Então, João envia uma delegação de seus discípulos a Cristo e eles fazem uma pergunta por seu líder aprisionado: És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro? (Mateus 11.3)

Ele tinha chegado ao fundo do poço. Agora, apesar de ele mesmo ter batizado Jesus, ouvido a voz do céu, visto o Espírito descendo como um pássaro, ouvido o Salvador pregar e visto-o realizando milagres que somente Deus era capaz de realizar, agora João Batista tinha atingido seu limite. Ele perguntou: “Senhor, você é mesmo o Messias ou devemos arrumar nossas malas e sair em busca de outro?”

Não imaginamos que heróis da fé agiriam dessa maneira.

Talvez seja esse o motivo por que Jó 3 nos causa desconforto. Talvez seja esse o motivo por que a maioria de nós estuda Jó 1 e 2 e se maravilha do homem que disse: bendito seja o nome do Senhor! (Jó 1.21), e: Temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? (Jó 2.10).

É assim que os heróis agem em face à dor horrível! Daí, chegamos ao capítulo 3, no qual Jó atinge o fundo do poço.

Pense nisto—você conheceu alguém que tenha decorado algum verso de Jó 3? Não conheço uma pessoa que tenha memorizado Jó 3.3a, onde Jó diz: Pereça o dia em que eu nasci. Que tal essa frase em um cartão de aniversário? Ou Jó 3.11a: Por que não morri eu na madre? Ou o último verso, Jó 3.26: Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação.

Isso não é encorajador? Você já viu essa frase colocada numa moldura e pendurada na parede de uma igreja? “Não tenho descanso, nem sossego.”

Esse verso pode ser até apropriado para o berçário—pode até ser o lema! Contudo, ele nunca será estampado em camisetas ou canecas como Romanos 8.28 e Jeremias 29.11.

Então, vamos logo avançar para o final do livro onde Jó é confortado por Deus e restaurado à sua saúde e até recebe uma nova família.

Não. Vamos com calma. E Jó 3?

O Lamento de Jó

O primeiro discurso de Jó é dividido em três estrofes:

  • A primeira estrofe pode ter como título: “Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento.” Essa estrofe vai de Jó 3.3–10.
  • A segunda estrofe pode ter como título: “Jó gostaria de ter morrido no dia de seu nascimento.” Ela vai de Jó 3.11–19.
  • A última estrofe pode ter como título: “Jó deseja a morte.” Ela vai de Jó 3.20 até o final do capítulo.
  • Primeiro, Jó amaldiçoa o dia de seu nascimento.

Ao observarmos rapidamente a primeira estrofe, vemos a repetição de verbos no modo imperativo. Na sintaxe do hebraico, esses verbos são chamados jussivos, ou seja, eles expressam desejos como se fossem ordens. Poderíamos traduzi-los usando a expressão “Queria eu”:

  • Queria eu que nunca tivesse chegado o dia em que nasci (v. 3);
  • Queria eu que a noite em que fui concebido nunca tivesse acontecido (v. 3);
  • Queria eu que o dia do meu nascimento tivesse sido trevas (v. 4);
  • Queria eu que Deus não tivesse se importado com meu nascimento e que a luz não tivesse raiado naquele dia (v. 4);
  • Queria eu que as trevas da noite e a sombra tivessem obliterado aquele dia (v. 5);
  • Queria eu que ninguém celebrasse meu aniversário novamente porque eu nem queria ter nascido (v. 6).

E isso continua por vários versos.

Por que Jó diria esse tipo de coisa? Porque ele está deprimido; ele chegou ao fundo do poço e não quer mais saber da vida.

É por isso que Robert Alden escreveu: “O terceiro capítulo de Jó deve ser um dos capítulos mais deprimentes da Bíblia; poucas mensagens são pregadas nessa passagem; poucos versos são reivindicados como promessas e poucos são lembrados por sua ternura... esse [pode muito bem ser] o ponto mais baixo em todo o livro.”

A verdade é que Jó chegou ao ponto em que:

  • ele não consegue enxergar um bom motivo ou explicação para suas tribulações;
  • ele não faz ideia do que fará em seguida;
  • ele não vê o fim de seu sofrimento;
  • ele pressupõe que Deus o abandonou e sem motivo;
  • ele não vê escapatória ou saída desse sofrimento e dessa dor.

O profeta Jeremias chegou ao fundo desse mesmo poço. Ele escreveu:

Maldito o dia em que nasci! Não seja bendito o dia em que me deu à luz minha mãe! Maldito o homem que deu as novas a meu pai, dizendo: Nasceu-te um filho!, alegrando-o com isso grandemente… Por que saí do ventre materno tão-somente para ver trabalho e tristeza e para que se consumam de vergonha os meus dias? (Jeremias 20.14–15, 18).

Nessa primeira estrofe do lamento de Jó, também notamos a repetição da palavra trevas:

  • trevas (v. 4);
  • trevas e a sombra (v. 5);
  • se apoderem densas trevas (v. 6);
  • escureçam-se as estrelas do crepúsculo matutino (v. 9).

Eu já li as histórias de duas pessoas que sofreram profundamente e achei interessante que ambas desejaram ficar sozinhas no escuro.

Uma história foi de Joni Erickson Tada, a qual, depois de ter ficado paralisada do pescoço para baixo, ficou prostrada em um leito de hospital. A cada três horas, seu leito era virado com ela amarrada em cima para que não caísse no chão. Daí, ela ficava pendurada, de frente para o piso, olhando para o chão do hospital—a cada três horas. Finalmente ela pediu que todos saíssem e apagassem as luzes—ela queria ficar só no escuro.

É isso o que fazemos quando chegamos ao fundo do poço.

Jó até sugere que alguém invoque o Leviatã em Jó 3.8—o monstro marinho que Isaías chamou de o monstro que está no mar (Isaías 27.1).

Existe muita superstição quanto a essa criatura agora extinta; uma delas dizia que esse monstro poderia se levantar e engolir o sol. Jó diz: “Se isso for realmente verdade, então provoquem o Leviatã para que ele engula o dia em que eu nasci para que ele não raie.”

  • Segundo, Jó deseja ter morrido em seu nascimento.

A segunda estrofe do lamento de Jó não traz mais esperança do que a primeira. Jó diz, com efeito: “Certo, já que não posso voltar no tempo e não nascer, queria pelo menos ter nascido morto.”

Veja Jó 3.11–12a:

Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela? Por que houve regaço que me acolhesse?...

A frase regaço que me acolhesse não se refere à mãe recebendo seu bebê, mas ao pai colocando o seu filho no colo e o abençoando diante de Deus.

Jó diz: “Por que eu tive que ser concebido, nascido, abençoado e alimentado? Por que eu não simplesmente morri e fui privado de toda essa miséria?”

Um dos temas predominantes nessa segunda estrofe é o desejo de Jó por descanso. Ele está exausto física, emocional, intelectual e espiritualmente.

Veja Jó 3.13:

Porque já agora repousaria tranqüilo; dormiria, e, então, haveria para mim descanso.

Na morte, segundo Jó 3.17–18:

Ali, os maus cessam de perturbar, e, ali, repousam os cansados. Ali, os presos juntamente repousam e não ouvem a voz do feitor.

“Estou cansado; quero apenas repouso dessa aflição. Preciso aliviar minha tristeza. Preciso ser resgatado por alguém—por qualquer um.”

 

  • Terceiro, Jó deseja a morte.

A terceira estrofe começa no verso 20 e é intitulada: “Eu só quero morrer agora!”

Veja Jó 3.20–21:

Por que se concede luz ao miserável e vida aos amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem? Eles cavam em procura dela mais do que tesouros ocultos.

Ou seja, um caixão seria melhor do que um baú de tesouros enterrado.

A morte é um tesouro para Jó. Em sua mente, ela seria melhor do que ouro.

A propósito, esse não é um clamor de afronta contra Deus, mas um clamor de desespero a Deus. Jó não duvida da existência de Deus; na verdade, ele se refere a Deus várias vezes e presume que foi Deus quem o colocou em todo esse sofrimento.

Jó não está falando sobre suicídio—ele quer que Deus tire sua vida. Existe grande diferença entre esses dois. Ambos os desejos buscam o término da vida, mas um coloca isso nas mãos de Deus, enquanto o outro resolve tudo com suas próprias mãos.

Talvez você esteja ouvindo essa mensagem e pensando: “Nossa! E eu achava que as coisas estavam ruins para mim; pensei que eu estava sofrendo e deprimido, mas não depois de Jó 3! Minha situação é bem melhor do que eu imaginava!”

Ou talvez você esteja ouvindo e pensando: “Sei exatamente o que Jó está dizendo; sei como ele se sente. Heróis da fé não devem falar assim, por isso fiquei calado; mas Jó falou por mim.”

A verdade é que se uma pessoa com o caráter, a integridade e a fé de Jó pode chegar ao fundo do poço, nós também podemos—e provavelmente já chegamos em algum momento ou outro.

Será que é surpresa alguma, portanto, que muitas pessoas no decorrer dos séculos correram para o livro de Jó quando elas mesmas chegaram ao fundo do poço? Joni Erickson Tada escreveu: “Enquanto estive deitada no hospital imobilizada, minha cabeça rodava com perguntas. Quando soube que minha paralisia seria permanente, fiquei desesperada em busca de respostas. Um dos primeiros lugares para o qual fui após meu acidente de mergulho foi o livro de Jó.”

Aplicação

Vamos fazer algumas aplicações a partir do discurso de um dos heróis da fé que trilhou o vale do desespero.

Momentos que até mesmo os crentes mais fortes experimentarão

Deixe-me fornecer algumas aplicações até mesmo para os crentes mais fortes.

  • Haverá épocas quando você pensará estar atolado em sofrimento sem esperança.

Em Jó 3.23, Jó diz que Deus o cercou de todos os lados. A mesma palavra foi usada por Satanás em Jó 1.10 quando ele disse que Deus havia cercado Jó e sua família com uma sebe, protegendo-o para que nenhum mal o afligisse. Agora, Jó diz que Deus o cercou de maneira que não consegue escapar de coisas terríveis.

Ou seja, a placa adiante diz: “Sem saída.”

  • Haverá momentos quando a solidão será melhor do que a comunhão.

Não estou defendendo, nem sugerindo isso como estratégia. Na verdade, ao fazer isso, sua depressão e desespero podem se prolongar ainda mais. Mas esse é o caminho que você poderá muito bem trilhar ao lutar com o fato de que a vontade de Deus às vezes dói.

  • Haverá situações em que a raiva substituirá o louvor.
  • Haverá momentos em que o ressentimento obscurecerá a confiança.
  • Haverá tempos em que o desespero substituirá a esperança.

Um autor disse: “O crente verdadeiro nem sempre se levanta de seus joelhos cheio de encorajamento e esperança renovada. Haverá tempos em que ele permanecerá caído no lixão mesmo depois de ter orado bem.”

Soluções para aqueles que estão nas trevas do desespero

Será que existem soluções? Será que existe uma forma de emergir mesmo após havermos chegado ao fundo do poço? Permita-me fornecer várias soluções a fim de ajuda-lo a pensar de forma bíblica a esse respeito.

  • Aceite somente os pensamentos sobre Deus que são claramente apoiados pelas Escrituras.

Paulo escreveu em 2 Coríntios 10.4b–5:

para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,

Leve todo pensamento cativo—passe pelo escâner—, a fim de se certificar de que a mala não está levando coisas perigosas para dentro de sua mente. É na sua mente que a batalha é travada; portanto, proteja-a bem.

Quando C. S. Lewis estava perdendo sua esposa para o câncer, ele escreveu: “Não estou em perigo de deixar de acreditar em Deus. O perigo real é passar a pensar coisas terríveis sobre Deus. A conclusão que temo não é: ‘É, Deus não existe, afinal,’ mas: ‘Então quer dizer que Deus é assim?’”

  • Recuse o conselho de outros, incluindo de seus próprios sentimentos pessoais que duvidam do plano soberano de Deus.

Esse foi o tropeço de Eva, a qual creu que Deus a estava privando do melhor, e dos israelitas, os quais se convenceram de que não valia muito a pena seguir a Deus no deserto.

O sofrimento nos faz esquecer das alegrias do passado e nos convence do desespero do futuro.

Qualquer sentimento que o leve mais fundo nesse poço, qualquer conselho que levante dúvidas de que o passado, o presente e o futuro estão no controle do Soberano, é um falso conselho e uma emoção desviada.

  • Cultive um amor e gosto mais profundos pela substância sagrada.
  • Pode ser a assembleia—quando chega ao fundo, você será tentado a evitá-la;
  • Pode ser as Escrituras—quando chega ao fundo do poço, você será tentado a negligenciá-la;
  • E pode ser sua amizade com outros crentes—quando chega ao fundo, você será tentado a recusá-la.

Você terá a tendência de desenvolver um hábito por coisas ruins da vida que apenas aumentam sua miséria.

Alguns crentes assistem a programas de televisão que apenas acentuam sua miséria. Se você está tendo problemas conjugais, não assista a programas de televisão nos quais as pessoas dão testemunho de terem encontrado o cônjuge perfeito e todas dizem: “Encontrei alguém como eu.” Desde quando isso é uma coisa boa? Se você encontrou alguém como você, seus problemas apenas dobraram.

Aqui está um pensamento radical: se você está tendo problemas na vida, pare de ouvir músicas seculares—ouça músicas cristãs. Na minha época de faculdade, tomei a decisão de nunca comprar nem ouvir músicas seculares, a não ser músicas clássicas. E essa é uma decisão da qual jamais me arrependo.

Cultive um amor e um gosto mais profundo pelas coisas sagradas antes mesmo de você chegar ao fundo do poço para que, quando chegar lá, tenha recursos à sua disposição.

  • Lembre-se de que você não é o primeiro crente a sofrer uma dor a ponto de querer ficar sozinho.

Tenha bom ânimo—você não é o único a passar por tristeza profunda a ponto de querer que as luzes se apaguem e ficar lá sozinho.

Um autor fez uma conexão interessante com Cristo, o qual nos é retratado nos Evangelhos como aquele que, em todas as coisas, se tornou semelhante aos irmãos (Hebreus 2.17). Ele foi tomado de pavor e de angústia, com a alma angustiada até a morte (Marcos 14.33–34). Como disse B. B. Warfield sobre essa passagem: “Nesses momentos, o nosso Senhor [experimentou] as profundezas reais da angústia humana e, pela intensidade de seus sofrimentos mentais, vindicou o direito de [ser chamado] de Homem de Dores.”

 

  • Aplique a última energia que você tem a algo que produz ajuda e esperança em outros.

Já me referi a Joni Erickson Tada. Parte de sua história foi registrada em um livro editado por John Piper e Justin Taylor intitulado: O Sofrimento e a Soberania de Deus.

Joni escreveu o capítulo 9 do livro. Algumas de suas palavras foram:

Amarrada com o rosto virado para o chão, olhando para o piso hora após hora, meus pensamentos ficaram mais sombrios e sem esperança. A única coisa na qual conseguia pensar era: “Deus, eu orei pedindo para andar mais próximo contigo; se essa é a sua ideia de oração respondida, jamais confiarei no Senhor novamente com outra oração. Não acredito que eu tenho que ficar deitada olhando para o chão sem fazer nada, além de contar o número de azulejos aqui no chão desta sala de tortura. Odeio minha existência.” Pedi para as enfermeiras apagarem as luzes e fecharem as cortinas e a porta.

Ela escreve que uma amiga veio e ficou ouvindo suas palavras de ira, fúria e choro. Daí, ela colocou uma Bíblia em uma banquinho próximo dela e abriu no Salmo 18, o qual diz no verso 6: Na minha angústia, invoquei o SENHOR, gritei por socorro ao meu Deus.

Agora, anos depois, Joni está determinada a fornecer aproximadamente 18 milhões de cadeiras de rodas a deficientes ao redor do mundo junto com o Evangelho de Cristo. Recentemente, ela recebeu um e-mail de uma mulher que dizia:

Querida Joni,

Estou sem esperança, mas me pergunto se você pode ajudar meu marido Ron, o qual teve um acidente no ano passado que o deixou quadriplégico. Ele é pastor e continuou [trabalhando] por um tempo, mas, agora, ele resignou o cargo. Ele não quer mais sair da cama; não conversa; não quer as luzes acesas, nem assistir à televisão. Ele não quer mais viver e não se importa mais com nossa família. Parece que todos estão se perdendo nisso tudo. Meu marido se sente inútil e sem esperança. Precisamos de ajuda.

Joni escreveu:

Eu respondi ao pedido dessa mulher e liguei para eles. Ela atendeu o telefone e [depois de conversarmos um pouco e de orar com ela] pedi para falar com Ron.

Ela bateu à porta e ele deixou que a esposa colocasse o telefone perto de sua orelha. Apesar de não responder, falei um pouco sobre a quadriplegia.

Todavia, queria deixar esse assunto para trás e direcionar a conversa para coisas espirituais. Então comecei a compartilhar versos favoritos que têm me sustentado em meio aos tempos mais difíceis, como Romanos 8.18, que diz: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” Do outro lado, houve apenas silêncio.

Finalmente, fiz a única coisa que pensei na hora e que ainda não havia tentado. Perguntei se ele tinha assistido ao filme Um Sonho de Liberdade.

“Sim, já vi. Por quê?” disse Ron.

Não acreditei—Ron tinha falado alguma coisa.

Daí eu disse: “Então, Ron, você se lembra daquela cena em que Red encontra a carta de Andy? Você se lembra do que diz a carta?

“Acho que sim. Hum... ‘Esperança é uma coisa boa... e nada bom morre.’”

“Ron, existem dezenas de pessoas quadriplégicas como você ao redor do país... e todas elas estavam deitadas na cama nesta manhã se perguntando se ficariam ocupadas em viver ou ocupadas em morrer. Ron, eu decidi me ocupar em viver. Você deseja se unir comigo nessa decisão hoje?”

“Sim, sim, eu quero.”

A última coisa que Joni ouviu foi que Ron e sua esposa estavam compartilhando seu testemunho a todos, pregando em locais perto e longe.

Ron tinha chegado ao fundo do poço, mas emergiu em esperança. Ron decidiu se ocupar com a vida e ajudar outros a emergir de seus próprios momentos em que também chegaram ao fundo do poço.

  • Aceite apenas pensamentos sobre Deus que são claramente ensinados nas Escrituras;
  • Recuse conselhos de outros, incluindo seus próprios sentimentos pessoais que duvidam do plano soberano de Deus;
  • Cultive um amor e um gosto mais profundo pelas coisas sagradas;
  • Lembre-se de que você não é o primeiro crente a sofrer uma dor a ponto de querer ficar sozinho;
  • E aplique a pouca energia restante a algo que traz esperança e ajuda a outros.

Lembre-se: Jó pensou que havia sido esquecido. Ele não fazia ideia de que não somente estava debaixo dos olhares de Deus, mas que seria, na verdade, lembrado por milhões de crentes no decorrer da história humana.

Ao se lembrar de Jó, descubra um verdadeiro herói da fé e mude sua definição de heroísmo. Através das lutas dele e em seu Senhor vivo, encontre esperança.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 04/03/2007

© Copyright 2007 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

Transcript

 

 

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