Um Passeio pelo Zoológico

Um Passeio pelo Zoológico

Ref: Job 1–42

Um Passeio pelo Zoológico

Quando Deus Fala—Parte 4

Jó 38.39–40.5

 

Introdução

Gosto muito de observar nossa cadela, uma beagle, cuidando do filhote dela. Dois meses atrás ela teve filhote—só um. Na verdade, ela não deveria ter tido nenhum; ela não pediu permissão para isso. Já fazia cinco antes desde sua última ninhada. Em anos de humanos, ela já tem cinquenta e seis anos de idade. Achávamos que não teríamos que nos preocupar mais com a possibilidade de ela ter filhotes.

Não tínhamos nenhum vizinho quando nos mudamos para a casa onde estamos agora; fomos os primeiros a construir numa área que era praticamente sítio. Mas, logo nossos vizinhos chegaram e trouxeram consigo um schnauzer—obviamente ainda não convertido, muito menos santificado. Aquilo que temíamos acabo acontecendo, e nossa cadela deu à luz um filhote. Minha filha deu a essa bolinha cinza hiperativa o nome Pixie.

Tem sido interessante observar o relacionamento dos dois. O filhote, uma fêmea, nasceu com o instinto de mamar. Apesar de ter nascido com os olhos fechados, ela consegue farejar e chegar ao jantar. Nossa cadela—já que era idosa demais para ter filhotes, e já que não havia cachorro macho algum em nossa vizinhança, portanto, não havia motivo para castrá-la—acabou tendo um filhote. E, pelo fato de ela já ser meio velha, houve alguns problemas.

Nas últimas semanas, três vezes ao dia, minha esposa usou uma garrafa e uma seringa de plástico grande para tentar alimentar o filhote com leite enquanto a cadela se recuperava de uma infecção que a deixou sem leite. Minha filha ajudou algumas vezes, e até eu me voluntariei—minha camisa ficou mais molhada de leite do que o filhote que só queria mastigar a seringa.

Eu já julguei pessoas que gastavam dinheiro com cachorros além de vacinas contra raiva. Mas, agora, a coisa é diferente. Minha esposa e minha filha dizem, “Existe alguma coisa errada com a cachorra e o filhote.”

Minha resposta é, “Elas vão conseguir resolver suas diferenças.”

Contudo, minha esposa e minha filha estavam certas. Agora temos contas médicas para pagar o tratamento dos cachorros.

Enfim, tem sido interessante observar os instintos de nossa cadela e até os do filhote que, de alguma maneira, sabe agir como cachorro—farejando e se coçando. Outro dia, o filhote foi para o banheiro no quintal do vizinho—finalmente o adestramento está dando frutos. Depois que terminou, ela empurrou terra para trás com as patas e saiu correndo. Que instinto maravilhoso!

Só para você saber, ambos—tanto a cadela quanto o filhote—estão bem. O filhote está crescendo como um bambu. Acabei de coloca-los no fundo do quintal onde viverão felizes para sempre.

Tudo em relação a esses cachorros—seus instintos maravilhosos, seu comportamento—é resultado do seu DNA que foi projetado para aquela espécie e implantado pelo Deus Criador.

Uma das descobertas mais devastadoras para a teoria da evolução foi esse código genético de informação chamado DNA. Sabemos que o DNA contém as informações que capacitam o organismo a se reproduzir, se preservar e se restaurar. Um autor escreveu:

A estrutura genética de cada organismo vivo restringe esse organismo àquilo que ele é—nada mais, nada menos...

Em meados dos anos de 1800, Charles Darwin aceitou a teoria de que variações causadas pelo ambiente poderiam ser transmitidas e herdadas pelos mais novos. Darwin usou essa teoria para postular que uma criatura poderia se transformar em outra espécie com o passar do tempo. Ele até explicou a origem do pescoço longo da girafa em parte, “por meio de efeitos herdados por causa do constante uso dos membros.” Em outras palavras, em épocas de escassez de comida, Darwin pensou, as girafas esticavam seus pescoços para comer as folhas mais altas das árvores, cujo resultado foi a transmissão dessa característica a gerações seguintes.

Essa é a teoria que ouvimos com bastante frequência em canais de televisão como o Animal Planet. Ouvimos que os animais fazem o que fazem porque herdaram, no decorrer de milhões de anos, suas habilidades para sobreviver. Eles são muito mais inteligentes agora porque herdaram milhões de anos de conhecimento e comportamento.

O mesmo autor continua e escreve o seguinte:

Estudos genéticos modernos refutam completamente essa hipótese; o comprimento do pescoço da girafa é determinado pela sua informação genética... a estrutura genética de todo organismo vivo restringe esse organismo àquilo que ele é—nada mais, nada menos.

Tudo isso leva o crente a se maravilhar diante da engenhosidade e variedade criativa do Deus Criador.

O Deus Criador é Aquele no qual cremos. Segundo Gênesis 1, nos dias cinco e seis da criação Ele falou e a terra, mares e céus ficaram imediatamente infestados de peixe, pássaros e outras criaturas, tanto grandes como pequenas. Todos eles estavam já operando segundo o projeto que Deus teve para cada uma de suas espécies.

Deus já conduziu Jó em um passeio pelos céus—as constelações, planetas, terra, água e céu. Agora, Ele muda e leva Jó, com efeito, ao zoológico.

Deus relata detalhadamente a esse homem sofredor o Seu cuidado sobre a criação—desde os pequenos aos maiores. A mensagem implícita é que, se Ele cuida de criaturas mortais, quanto mais da humanidade imortal.

“Jó, você está se perguntando se Eu me preocupo com você e se tenho planos para aquilo que acontece em sua vida. Você não sabe se percebo seu sofrimento. Deixe-me responder isso levando você ao zoológico. Vou lhe mostrar um animal após outro, alguns maravilhosos, outros mais comuns. Vou maravilhá-lo com o meu projeto da criação e leva-lo a um entendimento renovado do Meu cuidado e providência sobre sua vida.”

Então, no final do capítulo 38, Deus reapresenta Jó a algumas espécies de animais. Alguns deles saltam, outros voam nos céus; alguns vivem nas montanhas, outros nos desertos; alguns correm a alta velocidade, outros voam para esconderijos nas montanhas.

A Criatividade de Deus

  • Primeiro, Deus chama atenção a um animal robusto.

Veja Jó 38.39: Caçarás, porventura, a presa para a leoa? Ou saciarás a fome dos leõezinhos

A verdade é que queremos ficar bem longe de leões, não é mesmo? Sinceramente, tudo bem se eles não quiserem comer mais.

Contudo, Deus se preocupa com eles e os projetou, conforme vemos no v. 40, como seres que se agacham nos covis e estão à espreita nas covas?

Pegue uma enciclopédia alguma hora e leia o artigo sobre leões. Um leão pesa em média 270 quilos e atinge a altura de 1,20 metro de pé em quatro patas. Já fiquei bem próximo a um leão dentro de um jipe numa reserva na África alguns anos atrás. Eles eram enormes. Quando caminhavam ao redor do jipe, suas costas atingiam a altura da parte inferior da janela do carro. Mesmo com as janelas fechadas, conseguíamos ouvir seus rosnados—e pareciam com o som de um motor parado.

Jó nem podia, nem queria cuidar desses predadores assustadores, mas Deus era e é o domador de leões.

  • Segundo, Deus vai de um animal robusto para um animal inquieto.

Veja Jó 38.41:

Quem prepara aos corvos o seu alimento, quando os seus pintainhos gritam a Deus e andam vagueando, por não terem que comer?

De todos os pássaros para os quais Deus chamará a atenção de Jó, o primeiro que nós escolheríamos dificilmente seria o corvo. Esses pássaros pretos grandes com seu crocito desagradável não parecem trazer benefício algum para a humanidade. Eles comem qualquer coisa, inclusive carnes podres, e são conhecidos por caçarem junto com lobos selvagens e por comerem as sobras.

Não há dúvidas de que Jó tinha visto corvos comendo os restos podres de animais mortos.

É como se Deus quisesse comunicar a Jó que Ele se importava até com os corvos e seus filhotes. Deus ouve quando eles gritam, Deus diz, como se eles gritassem para Deus.

Até mesmo os pássaros indesejáveis, desagradáveis e feios são conhecidos e recebem o cuidado da providência de Deus.

“Jó, se Eu cuido assim dos pássaros, quanto mais de você?”

A propósito, essa foi exatamente a mensagem de Jesus Cristo, quando Ele disse em Lucas 12.6:

Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus.

Em outras palavras, nem mesmo um pardal usado para sacrifícios está além da providência de Deus. Cristo concluiu dizendo aos Seus ouvintes no verso 7: Bem mais valeis do que muitos pardais.

Essa é uma mensagem que foi perdida em nossa cultura, algo já esperado. Quando o Criador é negado, animais e criaturas são elevadas a uma posição igual à dos seres humanos. Em nossa própria geração, temos visto os animais recebendo direitos semelhantes aos direitos de seres humanos. A confusão atingiu um nível alarmante. Um dos ramos da lei que mais cresce em nossos dias é o da lei dos animais. Esse é o reino animal, a respeito do qual Cristo dirá a Pedro em Atos 10.13: mata e come.

Os animais são, agora, considerados mais valiosos do que a humanidade e não devem mais ser utilizados apropriadamente para melhorar ou sustentar a vida humana.

Hoje não podemos matar um tamanduá bandeira sem uma penalidade severa do IBAMA, mas uma jovem pode abortar um embrião de um ser humano—matá-lo e, segundo a maioria dos políticos, usar as suas células-tronco para experimentos. Eu chamo isso de uma inversão trágica dos direitos humanos.

Ouça bem o que seria considerada hoje uma mensagem radical vinda dos lábios de Jesus Cristo, conforme registrado em Mateus 6.26:

Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta.

Ou seja, Deus se preocupa com as aves. Mas, Ele diz logo em seguida: …Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?

Cristo não seria muito popular nos programas de televisão. Sua mensagem seria muito radicalmente correta.

A lição de Jesus foi que o cuidado e organização do Pai para o reino animal serve de ilustração encorajadora do cuidado e organização maravilhosos do Pai para Sua mais sublime criação—a humanidade.

  • Deus mostra a Jó um animal robusto, um animal inquieto e, sem seguida, passa a um animal tímido.

Veja Jó 39.1–2:

Sabes tu o tempo em que as cabras monteses têm os filhos ou cuidaste das corças quando dão suas crias? Podes contar os meses que cumprem? Ou sabes o tempo do seu parto?

A resposta óbvia é, “Não”—para todas as perguntas.

Esses animais se escondem durante o dia—eles saem durante à noite. Quando passo de carro por algumas árvores onde minha sogra mora, é comum ver uns três ou quatro veados correndo pelas árvores.

“Jó, Eu os vejo o tempo todo—seus caminhos não são ocultos a Mim.”

  • Quarto, Deus passa de um animal tímido para um animal teimoso.

Veja Jó 39.5–8:

Quem despediu livre o jumento selvagem, e quem soltou as prisões ao asno veloz, ao qual dei o ermo por casa e a terra salgada por moradas? Ri-se do tumulto da cidade, não ouve os muitos gritos do arrieiro. Os montes são o lugar do seu pasto, e anda à procura de tudo o que está verde.

“Jó, o jumento alguma vez já pediu a você permissão para pastar? Você disse para ele onde deveria morar?”

Não, a verdade é que mal conseguimos dar uma ordem a um jumento, não é verdade? “Ele não ouve os gritos do seu dono.”

“Mas Eu, o Criador, determinei seu habitat. Eu determinei o lugar onde deve viver.”

Que grande lição para Jó—Deus não somente determinou o habitat do jumento selvagem, mas também determina o habitat de Seus filhos e filhas.

Imagine—Deus não somente criou você para um lugar na vida, mas criou também um lugar na vida para você.

Se Deus tem algo a dizer sobre o lugar onde um simples jumento viverá, Ele com certeza tem algo a dizer sobre o lugar onde você e eu agora vivemos.

Deus está dizendo a Jó, “Neste momento, Eu determinei o seu habitat, e ele só existe com a minha devida permissão.”

  • Quinto, Deus parte do robusto, para o inquieto, para o tímido, para o teimoso e chega ao animal vigoroso.

Veja Jó 39.9–12:

Acaso, quer o boi selvagem servir-te? Ou passará ele a noite junto da tua manjedoura? Porventura, podes prendê-lo ao sulco com cordas? Ou gradará ele os vales após ti? Confiarás nele, por ser grande a sua força, ou deixarás a seu cuidado o teu trabalho? Fiarás dele que te traga para a casa o que semeaste e o recolha na tua eira?

Esse não é o boi que imaginamos arrastando um arado. Ele é traduzido como “unicórnio” na versão Revista e Corrigida, mas esse animal aqui descrito não é um cavalo bonito com um chifre pontudo.

A maioria dos eruditos no Antigo Testamento acredita que esse animal já foi extinto e era aquele conhecido como “auroque,” uma espécie que habitou no Oriente Médio por muitos séculos.

Um touro auroque tinha mais de 1,80 metro de largura nos ombros, além de chifres longos e pontudos para frente. Imagine um touro enorme do tamanho de um rinoceronte; isso serve como ideia do que era um auroque.

No Salmo 22.11–12, Davi pede para ser liberto dos chifres desse mesmo animal.

Extinto desde 1627, o auroque era considerado a mais poderosa de todas as bestas de casco e foi caçada no passado pelos assírios.

Achei interessante descobrir que o Faraó Tutmósis III, que reinou 1500 anos antes de Cristo, uma vez se gloriou por haver matado setenta e cinco auroques em uma caçada somente.

Esses não eram bois domesticados que Jó usaria em seus campos. Esses eram animais selvagens que podiam matar um homem de diversas maneiras.

Deus pergunta, “Jó, você acha que pode domar um auroque? Você acha que consegue amarrá-lo no seu arado?”

A resposta óbvia é, “Não.”

Deus sugere a Jó, “Se Eu consigo determinar o habitat do jumento selvagem e domar um auroque e todos os demais animais selvagens da Minha criação, então Eu também consigo controlar o caos selvagem que assolou sua vida.”

Se você pensa que Deus não estava respondendo a Jó—e como estava! E usando as ricas analogias de Seu mundo criado.

  • Sexto, Deus passa de um animal vigoroso a um animal esquisito.

Por um momento, Deus para de fazer perguntas nesse passeio pelo zoológico e começa a fazer algumas afirmações. Ele fala em Jó 39.13–17:

O avestruz bate alegre as asas; acaso, porém, tem asas e penas de bondade? Ele deixa os seus ovos na terra, e os aquenta no pó, e se esquece de que algum pé os pode esmagar ou de que podem pisá-los os animais do campo. Trata com dureza os seus filhos, como se não fossem seus; embora seja em vão o seu trabalho, ele está tranqüilo, porque Deus lhe negou sabedoria e não lhe deu entendimento;

Em outras palavras, o avestruz não é um dos animais mais inteligentes no planeta!

Que pássaro esquisito. Na verdade, ele é o maior pássaro na terra, pesando até 140 quilos e chegando a uma altura de quase 2,5 metros. Esse é o único pássaro que tem cílios. Ele tem asas, mas não consegue voar. Por isso, a fêmea faz seu ninho no solo.

O comentário no v. 16 de que ela trata com dureza os seus filhos, como se não fossem seus é uma referência ao fato de que, antes de a fêmea enterrar os ovos em um buraco raso na areia geralmente cavado pelo macho, ela deixa alguns ovos do lado de fora do ninho para serem usados como comida para os filhotinhos quando nascerem.

Sua ignorância elementar e falta de qualidades eram lendárias no mundo do Oriente Médio.

Na verdade, o naturalista e escritor romano Plínio foi um dos primeiros a escrever que o avestruz esconde sua cabeça e pescoço em uma moita pensando estar seguro porque não consegue enxergar nada.

Isso originou a famosa tirinha satírica que vemos com frequência, na qual o avestruz enterra a cabeça na areia pensando estar em segurança diante dos seus predadores.

Mas veja, contudo, que, apesar de toda a sua ignorância, o avestruz se diverte correndo. Jó 39.18 diz: mas, quando de um salto se levanta para correr, ri-se do cavalo e do cavaleiro.

Ou seja, algo que o avestruz faz melhor do que muitos animais é correr. Poucos animais no planeta conseguem correr mais rápido do que o avestruz que chega a 65 km/h. Erguendo sua cabeça e esticando suas asinhas para se equilibrar, o avestruz dispara em sua corrida e chega a 65 km/h, dando passadas gigantescas de 4,5 metros.

Acho muito interessante que Deus tenha levado Jó para ver o avestruz, que é uma das maneiras de Deus dizer, “Eu criei coisas que você jamais imaginaria que criaria, coisas que nem parecem fazer sentido!”

Quando vamos ao zoológico, observamos o avestruz e a única coisa que fazemos é rir. Estamos dizendo para nós mesmos o que jamais diríamos em voz alta, “O que Deus estava pensando quando criou esse negócio?”

Existem momentos em que perguntamos a mesma coisa sobre nossas vidas; tememos pronunciar essas palavras em voz alta, mas estamos confusos e nos perguntando secretamente em nossos corações, “Senhor, o que Você estava pensando? Como conseguirei entender essas coisas que Você realizou em minha vida? Isso não faz sentido!”

Existem criaturas que se enquadram na categoria de “esquisito,” mas concordamos com o Senhor, conforme diz Isaías 55:8:

Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR.

  • Sétimo, Deus sai de algo esquisito como o avestruz e passa a descrever a pompa do cavalo.

Veja Jó 39.19–25:

Ou dás tu força ao cavalo ou revestirás o seu pescoço de crinas? Acaso, o fazes pular como ao gafanhoto? Terrível é o fogoso respirar das suas ventas. Escarva no vale, folga na sua força e sai ao encontro dos armados. Ri-se do temor e não se espanta; e não torna atrás por causa da espada. Sobre ele chocalha a aljava, flameja a lança e o dardo. De fúria e ira devora o caminho e não se contém ao som da trombeta. Em cada sonido da trombeta, ele diz: Avante! Cheira de longe a batalha, o trovão dos príncipes e o alarido.

“Jó, você pode até conseguir treinar um cavalo de batalha, mas quem deu a ele a avidez de lutar? Quem o fez correr em direção a forças inimigas? Quem o permite sentir cheiro de guerra e inchar o solo em uma corrida para chegar em primeiro?”

“A majestade, energia, força, impaciência para batalha e o espírito do cavalo são provas da grandeza daquele que o criou.”

Talvez haja aqui um palpite sutil para Jó não fugir da batalha; para enfrentar a guerra na qual está e permanecer firme.

Assim como o cavalo é corajoso diante do conflito, a implicação, como disse um autor, era a de que Deus também poderia tornar Jó confiante ao passar por tribulações devastadoras.

“Jó, eu revesti, criei e infundi no cavalo tudo aquilo de que ele necessita para encarar a batalha. Se consigo fazer isso com um cavalo, Jó, também posso fortalece-lo a perseverar pelas provas e batalhas da vida.”

Nós somos informados da mesma coisa, só que com uma revelação mais clara:

  • Fomos capacitados completamente para toda boa obra (2 Timóteo 3.17);
  • Recebemos a armadura de Deus para que consigamos resistir o maligno todos os dias e permanecer firmes (Efésios 6.13);
  • Pelo divino poder de Deus, recebemos tudo o que nos conduz à vida e à piedade (2 Pedro 1.3).

Recebemos poder, capacidade e traje para a vida.

Se Deus se preocupou em capacitar um cavalo real para a batalha, quanto mais Ele nos capacitará—nós que somos os filhos e filhas do Rei?

Esse passeio pelo zoológico está quase terminando. Deus ainda tem uma parada a fazer.

  • Deus mostrou um animal robusto, um inquieto, um tímido, um vigoroso, um esquisito, um pomposo e, por fim, Deus descreve um animal incrível.

Deus dá mais uma olhada nas aves maravilhosas—o falcão, com seu sistema migratório embutido em si, e a águia, que voa pelas alturas com uma visão incrível. Vamos observar a águia rapidamente. Veja Jó 39.27–29:

Ou é pelo teu mandado que se remonta a águia e faz alto o seu ninho? Habita no penhasco onde faz a sua morada, sobre o cimo do penhasco, em lugar seguro. Dali, descobre a presa; seus olhos a avistam de longe.

Eu li que o olho da águia possui oito vezes mais o número de células visuais por centímetro cúbico do que o olho humano. Não faço ideia do que isso significa, mas parece ser bastante.

O que eu entendo é que uma águia, voando a uma altitude de 180 metros de altura, consegue enxergar uma aranha andando na calçada. Uma águia consegue ver um peixe do tamanho de nossa mão pulando em um lago a uma distância de oito quilômetros.

Segundo os evolucionistas, a águia desenvolveu essa visão aguçada porque ela fez seus ninhos nas grandes alturas. Deus deu essa visão para a águia porque ela faria seus ninhos nas grandes alturas.

A Responsabilidade da Humanidade

Deus criou o avestruz que deposita seu ovo na areia. Deus criou a águia que deposita seu ovo na área elevada da lateral de uma montanha e voa nas alturas.

A diversidade da criação revela a diversidade da habilidade criativa de Deus.

Todavia, mais do que isso, a habilidade criativa de Deus aponta para a responsabilidade da humanidade. Até mesmo nesse texto, Deus termina o passeio pelo zoológico com o tópico da responsabilidade.

Veja Jó 40.1–2:

Disse mais o SENHOR a Jó: Acaso, quem usa de censuras contenderá com o Todo-Poderoso? Quem assim argúi a Deus que responda.

 

Várias vezes no capítulo anterior, Jó pediu uma audiência com Deus; ele queria declarar seu caso e contender com seu adversário em um tribunal.

“Muito bem, Jó, esta é a sua oportunidade no tribunal! O que você tem a dizer agora?”

Veja Jó 40.3–4:

Então, Jó respondeu ao SENHOR e disse: Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca.

Essa é uma expressão de reverência.

Em outras palavras, “Não tenho nada a dizer. Pensei que encontraria alguma brecha legal para argumentar contra o Senhor.”

Em meus estudos, deparei-me com um relato interessante de um advogado que pensou ter encontrado uma brecha inteligente para conseguir vantagem no tribunal. Charles Swindoll registrou esse incidente em seu comentário de Jó nesse momento em que Jó responde a Deus. O artigo diz o seguinte:

Um advogado de Charlotte, Carolina do Norte, comprou uma caixa de charutos caríssimos e raros, e fez uma apólice de seguros para protegê-los contra incêndio, dentre outras coisas. Dentro de um mês, após haver fumado a caixa inteira com vinte e quatro charutos, o advogado processou a empresa de seguros. Em sua queixa, o advogado afirmou que os charutos foram perdidos em “uma série de pequenos incêndios.”

A empresa de seguros se recusou pagar fornecendo um motivo óbvio: o próprio homem havia consumido os charutos—uma reclamação contra a empresa de seguros por perdas em caso de incêndio não é a mesma coisa que um fogo pelo qual o próprio cliente consumiu os charutos. O tribunal, de fato, concordou com o advogado e ele ganhou o caso.

Ao pronunciar o veredito, o juiz concordou com a empresa de seguros de que a queixa era ridícula. Contudo, o juiz declarou que o cliente tinha em suas mãos uma apólice da empresa na qual ela garantia que os charutos estavam assegurados e garantia também que asseguraria contra fogo sem definir o que não constituía fogo aceitável. Portanto, a empresa era obrigada a pagar a indenização.

[Para a surpresa de todos], a empresa de seguros aceitou a decisão e pagou 15 mil dólares ao advogado pela perda dos vinte e quatro charutos consumidos pelos “incêndios.” O advogado ficou orgulhoso consigo mesmo por esse feito tão inteligente.

(Agora vem a melhor parte).

Depois que o advogado sacou o cheque, a empresa de seguros o processou contra vinte e quatro casos de incêndio criminoso. Com seu próprio testemunho usado contra ele, o advogado foi condenado por intencionalmente colocar fogo em propriedade assegurada vinte e quatro vezes e sentenciado a dois anos de prisão e a uma multa de 24 mil dólares.

O advogado foi pego por suas próprias palavras.

Jó em pego em seu próprio testemunho. Anteriormente, ele havia orgulhosamente demandado uma audiência com Deus. Ele disse em Jó 31.35:

Tomara eu tivesse quem me ouvisse! Eis aqui a minha defesa assinada! Que o Todo-Poderoso me responda! Que o meu adversário escreva a sua acusação!

Essas são palavra autoconfiantes—Que o Todo-Poderoso me responda!

Deus apareceu. Logo Jó percebe que ele mesmo se encurralou. Ele diz em Jó 40.5: Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei.

Em outras palavras, “Já abri a boca demais. Não tenho mais nada a dizer ou sugerir ao Senhor.”

Talvez a melhor hora de levar nossa mão à boca e parar de falar seja agora. Não argumentemos com Deus; vamos deixar de lado todas as queixas e espertezas. Vamos simplesmente:

  • ficar em silêncio;
  • nos render;
  • nos submeter.

 

 

 

Observações Finais

Permita-me concluir com duas observações retiradas desse capítulo, desse passeio pelo zoológico.

  • Primeiro, em sua grande maioria, o reino animal está além de nossa compreensão, mas não da compreensão de Deus.

Do vigoroso ao pomposo, Deus compreende tudo; do inquieto ao esquisito, Deus desenhou cada filamento de DNA para cumprir Seus propósitos e para Sua glória.

  • Segundo, em sua grande maioria, o reino animal está não somente além de nossa compreensão, mas está também além de nosso controle, mas não do controle de Deus.

Meu amigo, assim como o reino animal não está além da compreensão e do controle de Deus, nós também não estamos.

Ele não nos perdeu de vista; Ele não nos perdeu porque dobramos a esquina. Deus nos vê naquele penhasco escarpado; Ele nos vê com nossa cabeça enterrada na areia.

Nada surge em nosso habitat que não tenha sido antes projetado por Deus. E apesar de não nos sentir preparados para ele, Deus o preparou para nós.

Esse passeio pelo zoológico deve nos deixar como Jó—com nossa mão na boca, em silêncio e submissão aos caminhos de Deus.

Ele que criou os mundos com Sua palavra; Ele, que deu a primeira palavra, deve ter a última palavra na sua vida e na minha, até mesmo neste exato momento.

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 18/11/2007

© Copyright 2007 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

Transcript

 

 

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