Quando Contos de Fada Têm Um Final Infeliz

Quando Contos de Fada Têm Um Final Infeliz

Ref: Job 1–42

Quando Contos de Fada Têm Um Final Infeliz

O Silêncio do Céu—Parte 8

Jó 15–17

 

Introdução

Outro dia eu assisti com minhas filhas a um filme da Disney. A história foi imprevisível—e foi exatamente isso que os produtores desejaram fazer.

Nesse filme, havia um mágico que morava em uma torre enorme que governava tudo na terra dos Contos de Fada. Ele tinha uma balança, a qual representava o bem e o mal e equilibrava todos os acontecimentos daquele mundo. Os contos de fada se tornavam realidade e todos viviam felizes para sempre.

  • A Cinderela se casou com o príncipe;
  • A Bela Adormecida despertou de seu sono;
  • A Rapunzel estendeu seus cabelos e o príncipe subiu para resgatá-la;
  • A Chapeuzinho Vermelho foi salva quando o lenhador matou o lobo;
  • Além de muitos outros finais felizes de contos de fada.

O mágico fazia de tudo para que os roteiros fossem obedecidos e todos seguissem a história—tudo para manter a balança em equilíbrio.

Todavia, havia um problema: o mágico tinha dois assistentes desajeitados. Um dia, o mágico decidiu tirar férias para passear na Escócia. Enquanto esteve fora, seus assistentes conseguiram bagunçar todo o seu roteiro. A balança perdeu o equilíbrio e tudo começou a se perder.

  • A madrasta malvada da Cinderela se tornou a governante do universo;
  • O belo príncipe da Bela Adormecida finalmente chegou, mas depois que se ajoelhou e a beijou, ele também adormeceu;
  • O longo cabelo da Rapunzel a fez perder seu equilíbrio e ela da torre em cima do príncipe;
  • A Chapeuzinho Vermelho foi devorada pelo lobo mau;
  • Além de muitos outros finais trágicos.

Foi muito legal esse filme!

Passou pela minha cabeça que, para muitas pessoas, Deus é como esse mágico. No mundo delas, o trabalho de Deus é manter as balanças do bem e do mal em perfeito equilíbrio e fazer com que todos sigam o roteiro. Se Ele decidir tirar férias ou mesmo remover Suas mãos da balança, tudo se transformaria numa enorme bagunça e os finais esperados para o conto de fadas de cada um não se tornaria realidade.

Creio ser essa a versão de Deus que muitas pessoas nutrem simplesmente por causa da maneira como elas agem quando a vida não lhes concede aquilo que tanto desejavam. A maioria das pessoas possui uma convicção inata de que, se elas seguirem o roteiro, a vida concluirá cada capítulo com o final desejado. Quando isso não acontece, Deus é o culpado.

Um autor imaginou isso da seguinte forma:

Você está voltando para casa dirigindo depois de um dia terrível de trabalho. Preso no congestionamento, o cara atrás de você bate no seu carro. Com isso, você bate no carro à sua frente, o qual acontece ser um Porsche do ano. [O motorista não está feliz!] Finalmente, você faz o boletim de ocorrência com a polícia, mas o dono do Porsche fica tão irado que ameaça processá-lo. Quando finalmente chega em casa, percebe que está sem comida; o cachorro está com fome e mastigou as beiradas dos armários da cozinha; seus filhos estão se comportando mal e se agredindo; sua caixa de correspondências está transbordando de contas e seu dinheiro chegando ao fim. Daí, sua esposa chega e diz que o médico deseja vê-los logo no outro dia cedo pela manhã. A essa altura, você pensa, “Senhor, o que está acontecendo? E, falando nisso, cadê você?”—e nada de resposta. Amanhã é ainda pior do que hoje. Você está prestes a perder seu emprego, sua esposa está doente e o dono do Porsche acaba, sim, processando você... e assim por diante.”

Podemos nos identificar com o homem que passei a respeitar e admirar profundamente, e com o qual me simpatizo. Quando chegamos ao capítulo 15 do livro que carrega seu nome, o espírito de Jó está abatido, seus olhos vermelhos com lágrimas perpétuas, os dias o deixam cada vez mais exausto e as pessoas que aparecem apenas pioram as coisas. A pessoa que não aparece, que está ausente, é Deus.

Enquanto você abre sua Bíblia em Jó 15, considere o fato de Jó ter seguido o roteiro e feito tudo certo, mas o conto de fadas que vinha vivendo muda de repente—ele estava indo em direção a um fim que ele jamais esperava.

Mais Conselho Ruim para Jó

Jó 15 começa uma segunda rodada de discursos entre Jó e seus conselheiros enganados.

  • Na primeira rodada, Elifaz, Bildade e Zofar afirmaram que Jó carecia de arrependimento.
  • Na segunda rodada, todos os três conselheiros falarão novamente—e eles aumentarão a pressão.

Da primeira vez, Elifaz começou com palavras discretas e diplomáticas, mas não da segunda vez. Dessa vez, Elifaz deixa de lado suas luvas e começa a dar golpes. Ele está pessoalmente ofendido porque Jó recusou o conselho desses homens enganados.

Veja Jó 15.1–3:

Então, respondeu Elifaz, o temanita: Porventura, dará o sábio em resposta ciência de vento? E encher-se-á a si mesmo de vento oriental, argüindo com palavras que de nada servem e com razões de que nada aproveita?

Em outras palavras, “Como você ousa ignorar nosso conselho sábio e experimentado?”

Veja o verso 4: Tornas vão o temor de Deus e diminuis a devoção a ele devida.

É como se Elifaz dissesse, “Jó, você está estragando meu andar com Deus por me segurar aqui nesse montão de lixo para tentar colocar juízo na sua cabeça.”

Amigos, neste capítulo encontramos um homem desprovido da graça oferecendo conselho a um homem em sofrimento. Esse conselheiro somente agrava as feridas de Jó.

Donald Grey Barnhouse comentou nesse capítulo dizendo que é algo triste que as línguas de crentes professos estão geralmente ocupadas demais fazendo o trabalho do diabo.

O conselho de Elifaz:

  • Começa com orgulho ofendido, Jó 15.2;
  • É seguido por insultos, Jó 15.3;
  • Inclui uma arrogância piedosa, Jó 15.4;
  • E adiciona uma dose ainda maior de condenação, Jó 15.5–6.

Veja Jó 15.5–6:

Pois a tua iniqüidade ensina à tua boca, e tu escolheste a língua dos astutos. A tua própria boca te condena, e não eu; os teus lábios testificam contra ti.

Ou seja, “Jó, toda vez que abre sua boca, você cava um buraco ainda mais fundo. Além disso,” Elifaz sugere, “quem você pensa que é?”

Em seu conselho, Elifaz agora:

  • Usa de sarcasmo, Jó 15.7–10:

És tu, porventura, o primeiro homem que nasceu? Ou foste formado antes dos outeiros? Ou ouviste o secreto conselho de Deus e a ti só limitaste a sabedoria? Que sabes tu, que nós não saibamos? Que entendes, que não haja em nós? Também há entre nós encanecidos e idosos, muito mais idosos do que teu pai.

Ou seja, “Nós somos veteranos, Jó. Observe meu cabelo branco—sou mais velho do que seu pai.”

Elifaz está dizendo, “Nó somos os verdadeiros sábios do oriente e não mudaremos a nossa perspectiva sobre sua dor.”

Entenda bem que, para esses homens, era algo importantíssimo ganhar o debate; que seu diagnóstico estivesse correto. Na verdade, o diagnóstico agora se tornou mais importante do que o paciente. Por quê? Porque se Jó não fosse um pecador punido por Deus, então o entendimento que esses três amigos tinham de Deus estaria de todo errado. Ainda pior, isso significava que eles mesmos também não tinham proteção contra o sofrimento. Se obediência não garantia saúde e riqueza, então o que aconteceu a Jó poderia muito bem acontecer a eles também.

Portanto, para eles, é muitíssimo importante que Jó admita logo, que os três finalmente provem que ele é um pecador.

Em outras palavras, “Já entendemos o mágico; sabemos como a balança funciona. Jó, você não está conseguindo o final que deseja porque não seguiu o roteiro. O seu coração o traiu e você está se voltando contra Deus (Jó 15.12, 14). É impossível que você seja um homem justo; isso tem que ser culpa sua!”

Observações sobre conselho errado

Permita-me fazer duas observações sobre o conselho de Elifaz e sobre conselho errado em geral.

  • Primeiro, conselho errado busca provar que está certo mais do que busca oferecer conforto.

O conselheiro, o crente que oferece ajuda, o líder ou colega de trabalho simplesmente quer mostrar que está certo. Um conselheiro falto de sabedoria e egoísta se interessa mais na sua própria perspectiva do que na dor daquele que aconselha.

Elifaz queria mais estar certo do que ajudar Jó. E quando o argumento sai da lógica e perde suporte bíblico, faça como Elifaz—repita o que já disse, mas fale mais alto da segunda vez.

  • Segundo, conselho errado, no fundo, é egocêntrico.

Qual é a razão para servir a Deus se Deus não recompensa? Elifaz, na verdade, elabora uma perspectiva de Deus que transforma Deus em servo do homem. Doutra sorte, religião não vale nada.

Elifaz usa o mesmo argumento que Satanás antes usou em Jó 1 quando disse a Deus, “Tire a família de Jó, sua riqueza e sua fortuna que ele O amaldiçoará.”

Em outras palavras, “Remova as recompensas de sua religião e observe-o abandonar sua convicção. Tire sua fortuna e ele renunciará sua fé.”

A verdadeira pergunta é, “Como nós reagimos a um Cristianismo que parece não nos recompensar?”

Quando obediência gera conflito e desconforto, como lidamos com os imperativos bíblicos?

Gostaríamos de poder acreditar que, quando fazemos o que é certo, coisas boas acontecem. Contos de fada sempre têm um final feliz.

Uma ilustração simples dessa verdade aconteceu diante dos meus olhos alguns dias atrás. Eu estava saindo de um estacionamento para pegar uma via principal. Essa avenida estava congestionada com carros parados no sinal vermelho. Uma mulher que estava em uma caminhonete viu que eu precisava entrar; então ela acenou para mim dizendo que poderia entrar na frente dela. A fim de dar espaço para o meu carro, ela deu ré e acabou batendo no carro que estava atrás dela.

Fiquei com pena daquela mulher. Ela estava agindo com bondade e educação; ela tinha feito a coisa certa, e isso acabou com um final não tão feliz.

No fundo, nossa motivação em fazer o que é certo não é para que coisas boas aconteçam, mas para que Deus seja glorificado.

Jesus Cristo desafiou Seus discípulos em Mateus 5.16: Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e [aumentem seu salário, elejam você para presidente, coloquem você em primeiro lugar, deem um “10” pela sua atitude... Não! Mas para que] glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.

Se conselheiros e seus conselhos não removem o foco de nós mesmos para a honra e glória de Deus, então é bem possível que estaremos seguindo nada mais do que conselhos egoístas, arrogantes, presunçosos e que encorajam comprometimento da verdade.

Elifaz continua no decorrer do capítulo e apresenta sua experiência pessoal, o que é outro sinal de conselho ruim. Ele diz em Jó 15.17: Escuta-me, mostrar-to-ei; e o que tenho visto te contarei.

  • O perverso terá dor pelo resto de sua vida, Jó 15.20;
  • O perverso fica cheio de ansiedade, Jó 15.22;
  • O perverso fica aterrorizado com a morte, Jó 15.23;
  • O perverso se acha invencível, Jó 15.25–26;
  • Mas a riqueza do perverso não durará, Jó 15.28–29;
  • O perverso perderá tudo o que possui, Jó 15.30;
  • O perverso não deixará uma herança/legado, Jó 15.31–33;
  • O fim do perverso é algo certo, Jó 15.34–35.

Obviamente, Elifaz está falando sobre Jó nesses versos. Ele quase nem mesmo camufla sua condenação. Em seu entendimento, e no entendimento do demais, tudo o que tem acontecido a Jó prova essa perspectiva.

Então, aqui está, Jó! Pessoas más não desfrutam de um conto de fadas, mas pessoas boas vivem felizes para sempre.

A Resposta de Jó

É de se esperar que Jó responderia. Fico imaginando-o levando as mãos à cabeça e dizendo em Jó 16.2: Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois consoladores molestos.

A palavra molestos poderia ser traduzida como, “opressivo, pesado.”

Ele diz em Jó 16.4:

Eu também poderia falar como vós falais; se a vossa alma estivesse em lugar da minha, eu poderia dirigir-vos um montão de palavras e menear contra vós outros a minha cabeça;

Em outras palavras, “Vamos trocar de lugar e ver se você aceitará com facilidade o conselho que você tem dado.”

  • Suba neste leito de hospital...
  • Assuma minha posição de desempregado...
  • Vamos trocar de contas bancárias e você assume minhas dívidas.

“Vamos trocar de lugar e ver se será fácil para você sair com respostas óbvias e razões simples para provações e tribulações.”

Um autor disse que, às vezes, precisamos dos equívocos de amigos insensíveis a fim de aprendermos como ministrar a outros.

Se isso é verdade—e é—então Jó um dia será um conselheiro de primeira.

Contudo, neste momento, Jó não sabe ao certo se escapará desse poço de desespero. Em Jó 16.6, ele lamenta sua dor emocional: Se eu falar, a minha dor não cessa; se me calar, qual é o meu alívio?

E ele fala da dor física no verso 7: as minhas forças estão exaustas.

Socialmente, Jó se transformou em uma ilha isolada, pois ele diz ainda no verso 7: tu, ó Deus, destruíste a minha família toda.

Espiritualmente, Jó está no seu fim. Veja Jó 17.1:

O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se vão apagando, e só tenho perante mim a sepultura.

Em outras palavras, “Não há saída... não há mais esperança.”

Em seu livro Aflição em Observação, C. S. Lewis escreveu sobre suas lutas espirituais e emocionais após a morte de sua esposa. Ele escreveu com tanta sinceridade e transparência quanto Jó fala nesses versos em sua resposta. C. S. Lewis escreveu:

Onde está Deus? Esse é um dos sintomas mais perturbadores. Quando estamos felizes, tão felizes que nem sequer sentimos necessidade dEle, somos, ou pelo menos nos sentimos como que recebidos de braços abertos. Mas vá até Ele quando sua necessidade é desesperadora, quando todas as demais ajudas são vãs, e o que encontra? Uma porta fechada; o barulho de um trinco e de outro trinco do lado de dentro; depois disso, silêncio.

O silêncio de Deus inspirou verdades profundas dos sofrimentos do Seu servo Jó. Os que sofrem mais gravemente tendem a ver as coisas mais claramente.

Talvez você tenha visto essa verdade na sua própria vida. Nos momentos de maior desespero, sua mente se abre mais para a Palavra de Deus, seu coração se torna mais sensível ao Espírito de Deus, sua vida mais disponível para o serviço e vontade de Deus. Você provou o doce fruto que acompanha a tristeza.

Talvez você se recorda que Jó fez uma resolução incrível em Jó 13.5: Eis que me matará, já não tenho esperança; contudo, defenderei o meu procedimento.

Uma coisa é certa—sua resolução procede de uma consciência limpa. Ele diz em Jó 16.16–17:

O meu rosto está todo afogueado de chorar, e sobre as minhas pálpebras está a sombra da morte, embora não haja violência nas minhas mãos, e seja pura a minha oração.

“Mas Jó, não vale a pena; não há recompensa alguma; Deus não o retribui pela sua justiça.”

Veja outra resolução maravilhosa em Jó 17.9: Contudo, o justo segue o seu caminho, e o puro de mãos cresce mais e mais em força.

Essa é outra forma de dizer, “Não desistirei do meu caráter. Não abrirei mão de minha fé. Perseverarei no caminho que tenho seguido, apesar de ele parecer não estar dando certo.”

Para os que se identificam com Jó hoje, seu envolvimento na igreja é uma afirmação de seu compromisso a Cristo e ao caminho da piedade; sua comunhão com os irmãos na assembleia faz uma declaração: você persevera e, como Jó, olha para cima.

Veja Jó 16.19:

Já agora sabei que a minha testemunha está no céu, e, nas alturas, quem advoga a minha causa.

Pela revelação das Escrituras, sabemos que o nosso advogado é Jesus Cristo, o qual pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles (Hebreus 7.25).

O grande missionário e pastor Robert Murray McCheyne escreveu certa vez, “Se eu pudesse ouvir Cristo orando por mim no quarto ao lado, jamais temeria milhões de adversários. Contudo, a distância não faz diferença. Ele ora por mim.”

Então, continue olhando para cima e persevere.

O autor de Hebreus pediu que fizéssemos a mesma resolução de Jó ao escrever em Hebreus 4.14–16:

Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.

E Paulo desafiou Tito em Tito 1.9 a que fosse:

apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem.

Esse é o motivo por que as disciplinas espirituais não são chamadas de lazer espiritual. Apesar de produzirem deleite espiritual, elas são disciplinas espirituais. A oração não fica cada vez mais fácil, ela fica mais difícil. A batalha espiritual pela pureza não melhora; ela piora.

Isso é tópico de outra mensagem, mas preciso mencionar vários elementos que aparecem em Jó 16 e 17. Para mim, ao ler esses capítulos várias vezes, senti a fragrância inconfundível da Sexta-Feira da Paixão. Nós lemos em Jó 16.10–11:

Homens abrem contra mim a boca, com desprezo me esbofeteiam, e contra mim todos se ajuntam. Deus me entrega ao ímpio e nas mãos dos perversos me faz cair.

Você consegue enxergar a crucificação do Senhor nisso?

Veja Jó 17.2: Estou, de fato, cercado de zombadores, e os meus olhos são obrigados a lhes contemplar a provocação.

Você se lembrou de Cristo sendo traído por Judas em Jó 17.5a? Se alguém oferece os seus amigos como presa.

O que vemos é o nosso Senhor diante de Seu povo em Jó 17.6: Mas a mim me pôs por provérbio dos povos; tornei-me como aquele em cujo rosto se cospe.

Jó não fazia ideia de que seus sofrimentos espelhariam de diversas maneiras o sofrimento do nosso Senhor. Ele, de fato, se tornaria um coparticipante dos sofrimentos de Cristo; e, quando Cristo veio para libertá-lo do Paraíso, ele se tornou um coparticipante da vitória de Cristo sobre a morte e a sepultura. E nós também, os que cremos no sofrimento, morte, ressurreição, ascensão e intercessão do Salvador.

Aplicação

Antes de deixarmos para trás este episódio na vida de Jó, permita-me fazer algumas observações como aplicação.

Para os que são criticados:

  • Permaneça aberto.

Pode haver verdade enterrada debaixo de palavras podres e pensamentos perversos. Aprenda com eles, se puder, e cresça.

  • Fique atento.

Não acredite em críticas pessoais só porque alguém oferece de graça. Fique atento. Existe um motivo por que Satanás é conhecido como o “acusador dos irmãos.”

  • Fique focado.

Não saia da trilha. Jó se segurou firme na âncora de sua esperança. Ele sabia bem que o céu, depois, sairia em sua defesa como alguém que andou com Deus com mãos limpas e coração puro.

Não perca de vista o seu caminho. O diabo está pronto para distrair o crente ou a igreja local, bem como para destruí-los.

Portanto, fique aberto, fique atento e fique focado.

Para os que confortam:

Esse acontecimento entre Elifaz e Jó é um bom lembrete de que o conforto não é oferecido em doses convenientes como um remédio de gripe. As oportunidades surgem de repente. Quantas oportunidades desperdiçamos? Estamos, verdadeiramente, cercados de pessoas que silenciosa e desesperadamente necessitam de uma palavra de encorajamento.

Minha sogra começou a fazer hemodiálise recentemente. Outro dia, eu a busquei na clínica e ela estava me contando sobre os outros pacientes que fazem hemodiálise três vezes na semana. Essas são pessoas de todas as idades, tamanhos, raças e com toda espécie de personalidade.

Existe a vovozinha de oitenta e cinco anos que acena com as mãos cumprimentando todo mundo. Existe um casal de meia-idade que acabou de começar o tratamento. Existe um jovem de dezesseis anos que chega com uma atitude alegre e fala com todos. Conectado às máquinas de hemodiálise por três horas, toda segunda, quarta e sexta-feira à tarde, esse jovem está lá. Fico me perguntando quem em sua escola sabe de sua situação. Quantos colegas sabem o motivo por que ele sai da aula mais cedo e perde conteúdo? Fico me perguntando quantos professores sabem por que ele sai da biblioteca às pressas, ou por que a diretoria lhe concedeu o direito de sair mais cedo das aulas três dias da semana sem ser prejudicado.

Quem faz ideia dessa subcultura de sofredores? Esse é apenas um dos milhares de pequenos mundos nos quais pessoas vivem um dia após outro. Sinceramente, você provavelmente ficaria chocado se descobrisse a multidão de sofredores ao seu redor na sua igreja.

Graça é algo sempre necessário; conforto é sempre bem-vindo; uma palavra bondosa, um aperto de mão ou abraço, até mesmo um aceno com a cabeça pode ser a única atitude que alguém receberá nesta semana e que se assemelha um pouco a demonstração de cuidado e graça.

Não nos esqueçamos de que Deus nos conforta, não para que fiquemos confortáveis, para que sejamos confortadores. Na verdade, o conforto de Deus nunca é concedido, mas sempre emprestado. Deus espera que o distribuamos a outros.

Para os que precisam de conforto:

Deixe-me dar uma última palavra àqueles que precisam de conforto, àqueles que ouviram essa mensagem e se identificaram com Jó. Vou deixa-lo com este pensamento.

Este não é o final do conto de fadas. Não importa qual direção as coisas parecem estar tomando agora, este não é o fim.

A verdade é que o crente que colocou sua vida nas mãos de Deus viverá, de fato, feliz para sempre. Seu Príncipe está a caminho e Ele consertará tudo e renovará todas as coisas. Então, persevere em seu caráter, princípio, pureza, nos caminhos de Deus e continue olhando para cima—o Príncipe está chegando.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 10/06/2007

© Copyright 2007 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

Transcript

 

 

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