A Joia Perdida e O Quebra-Cabeças

A Joia Perdida e O Quebra-Cabeças

by Stephen Davey

A Joia Perdida e O Quebra-Cabeças

Esdras 6.13–7.10

A Joia Perdida

A igreja de Jesus Cristo frequentemente parece ser tudo, menos um lugar de alegria com uma comunhão alegre de pessoas caracterizadas pela alegria. De fato, uma pesquisa realizada alguns anos atrás apontou a verdade de que 60% dos entrevistados que não frequentam igrejas consideravam a igreja não como um local para o qual indivíduos vão a fim de desfrutar da presença de Deus, mas como uma organização que simplesmente tenta se sustentar e preservar seu passado.

Quer o crente admita isso ou não, a igreja é sua pior propaganda. Por que alguém gostaria de se juntar a um grupo caracterizado como, conforme disse um autor, “um grupo de pessoas que parecem estar enjoadas no decorrer de toda a jornada da vida”? Focados, absorvidos e preocupados com nossos próprios desencorajamentos e dores, acabamos nos tornando pessoas incapazes de possuir ou manifestar alegria alguma. Onde está a vida sobre a qual Jesus Cristo falou em João 10.10—de que temos não só vida, mas vida abundante?

Um autor afirmou que “adoração é a joia perdida da igreja.” Apesar de concordar em parte, creio que: a) adoração é ação, mas alegria é a atitude por trás dessa ação; e b) adoração é ministério, mas alegria é a motivação que nos impulsiona a servir.

William Barclay escreveu: “Um crente melancólico é uma contradição em termos... o crente é uma pessoa de alegria; o crente é o cavaleiro sorridente de Cristo.”

As Escrituras nos ensinam em Hebreus 12.2 que a cruz de Cristo foi motivada pela alegria:

olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.

Em 1 Pedro 4.13, lemos que o crente, mesmo em meio a provações, é capaz de experimentar uma alegria transbordante. Paulo sugeriu aos crentes de Tessalônica, em 1 Tessalonicenses 5.16, que eles podiam se regozijar continuamente. Ele também definiu o reino de Deus em Romanos 14.17 com as seguintes palavras:

Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

Contudo, esse mesmo ingrediente—que falta nas vidas de muitos crentes; uma qualidade que supostamente nos distingue do resto do mundo; a joia brilhosa que atrai o mundo necessitado, insatisfeito e vazio—é a alegria. A joia perdida da igreja é a alegria!

Onde podemos encontrar alegria? Como ela pode ser garimpada no solo rochoso da experiência humana? Como ela pode ser descoberta quando jaz enterrada profundamente debaixo do barro comum da vida? A resposta se encontra no livro de Esdras, capítulo 6. Se tem um lápis, pode sublinhar uma expressão que aparece duas vezes nos versos que lerei—a expressão “com regozijo.” Veja Esdras 6.16:

Os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas e o restante dos exilados celebraram com regozijo a dedicação desta Casa de Deus.

E no final do capítulo o verso 22:

Celebraram a Festa dos Pães Asmos por sete dias, com regozijo, porque o SENHOR os tinha alegrado, mudando o coração do rei da Assíria a favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da Casa de Deus, o Deus de Israel.

Alegria É Encontrada em Nossa...

Permita-me listar algumas dicas que o ajudarão em sua busca pela alegria.

  • Primeiro: alegria é encontrada em nossa submissão.

Vamos ler Esdras 6.14–16:

Os anciãos dos judeus iam edificando e prosperando em virtude do que profetizaram os profetas Ageu e Zacarias, filho de Ido. Edificaram a casa e a terminaram segundo o mandado do Deus de Israel e segundo o decreto de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, rei da Pérsia. Acabou-se esta casa no dia terceiro do mês de adar, no sexto ano do reinado do rei Dario. Os filhos de Israel, os sacerdotes, os levitas e o restante dos exilados celebraram com regozijo a dedicação desta Casa de Deus.

A frase-chave se encontra no verso 14: Edificaram a casa e a terminaram segundo o mandado do Deus de Israel. Quando nos submetemos à vontade de Deus e a realizamos, existe grande regozijo.

“Regozijo” traduz uma palavra hebraica que denota uma alegria profunda que emana do coração, da alma. Não se trata de uma felicidade trivial, mas uma alegria intensa por causa de alguma conquista. Alguém descreveu a diferença da seguinte forma: “Felicidade é beijar sua namorada; alegria é celebrar bodas de ouro com ela.”

Recentemente, conversei por telefone com um casal de nossa igreja. 6 anos atrás, ele deu adeus à sua profissão no mundo financeiro, pegou sua esposa e dois filhos e foi para o seminário. Ontem à noite ele se formou; terminou. As coisas têm sido difíceis, mas percebi pelo seu tom de voz que estão plenos de alegria.

Alegria não é necessariamente algo fácil, mas ela espera por você no final daquela estrada chamada obediência. Nesses versos, os filhos de Israel celebram a dedicação do templo edificado e eles celebram, conforme diz o verso 16, com regozijo ou alegria. Alegria é encontrada na submissão à vontade de Deus.

  • Segundo: alegria é encontrada em nossa confissão.

Continue lendo Esdras 6.17–20:

Para a dedicação desta Casa de Deus ofereceram cem novilhos, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros e doze cabritos, para oferta pelo pecado de todo o Israel, segundo o número das tribos de Israel. Estabeleceram os sacerdotes nos seus turnos e os levitas nas suas divisões, para o serviço de Deus em Jerusalém, segundo está escrito no Livro de Moisés. Os que vieram do cativeiro celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês; porque os sacerdotes e os levitas se tinham purificado como se fossem um só homem, e todos estavam limpos; mataram o cordeiro da Páscoa para todos os que vieram do cativeiro, para os sacerdotes, seus irmãos, e para si mesmos.

Sacrifícios são oferecidos, pecado é reconhecido e a graça e misericórdia de Deus são rememoradas. E note no verso 17: e doze cabritos, para oferta pelo pecado de todo o Israel. 12 cabritos que correspondem ao número das tribos de Israel. Destaco isso porque existe uma teoria que afirma que as tribos de Israel estão perdidas, com exceção apenas de Judá e Benjamim. Entretanto, como Esdras 6.17 indica, não existe nenhuma tribo de Israel perdida, mesmo depois do cativeiro. Depois do exílio, o termo “Israel” se tornou sinônimo para “judeu” ou “hebreu.” No decorrer do livro de Esdras, todas as 12 tribos são representadas.

Em Esdras 2.70: habit[ou] em suas cidades... todo o Israel; em Esdras 8.35: Os exilados que vieram do cativeiro ofereceram holocaustos ao Deus de Israel, doze novilhos por todo o Israel; e aqui no capítulo 6, verso 17: doze cabritos, para oferta pelo pecado de todo o Israel. Se você ainda não está convencido de que as tribos não foram perdidas, a epístola de Tiago no Novo Testamento dá a última palavra e enterra essa teoria das tribos perdidas. Lemos em Tiago 1.1: Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações. Deus preservou as 12 tribos de Israel, mesmo em meio às vicissitudes da história.

  • Primeiro, alegria é encontrada em nossa submissão e, segundo, em nossa confissão. Terceiro: alegria é encontrada em nossa preocupação.

Veja Esdras 6.21:

Assim, comeram a Páscoa os filhos de Israel que tinham voltado do exílio e todos os que, unindo-se a eles, se haviam separado da imundícia dos gentios da terra, para buscarem o SENHOR, Deus de Israel.

Eles voltaram do exílio para buscarem o que, alegria? Não! Buscar o Senhor, Deus de Israel.

Creio que o maior ladrão da alegria é a nossa preocupação com outra coisa ou pessoa que não Deus. Alguns se preocupam com o passado, outros se preocupam com o futuro. Preocupar-se com o Senhor significa que, quando lembra do seu passado, você vê o sangue purificador e perdoador de Cristo. Quando é tentado a ficar ansioso em relação ao amanhã, você olha para o futuro e descobre que Deus já esteve lá e voltou para conduzi-lo amorosamente até ele. O mundo se preocupa com tudo, menos com Deus, o ser mais proeminente de todos. O crente deve dizer: “Escolho não participar dessas preocupações. Escolho me preocupar com Deus, aqui e agora.”

David Elkin registrou um momento interessante:

Lembro de visitar a turma de jardim de meu filho, a pedido da professora, para acompanhar meu “filho problemático” durante uma aula. Acabei testemunhando um grupo de vários meninos, incluindo meu filho, sentados em círculo ali perto e conversando. A conversa deles foi mais ou menos a seguinte. Um menino disse: “Meu pai é médico e ganha muito dinheiro e temos uma piscina.” Outro menino falou: “Meu pai é advogado e viaja muito de avião e conversa com o Presidente.” Ainda outro menino entrou na conversa: “Meu pai é dono de uma empresa e somos donos de nosso próprio avião.” Daí meu filho disse algo impossível de alguém superar. Com um olhar orgulhoso em minha direção, ele disse: “Meu pai está aqui!”

Aquele garotinho experimentou alegria, que é o produto de um relacionamento com seu Pai Celestial, o qual está aqui.

A pergunta, portanto, não é: “Você tem alegria?”, mas: “Você se deleita em Deus, se preocupa com ele?” Seu Pai está aqui, agora!

  • Quarto: alegria é encontrada por meio da percepção.

Veja o verso 22:

Celebraram a Festa dos Pães Asmos por sete dias, com regozijo, porque o SENHOR os tinha alegrado, mudando o coração do rei da Assíria a favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da Casa de Deus, o Deus de Israel.

Ah, não pense que eles ignoraram isso. Eles já tinham aprendido com Zacarias que nada no reino de Deus é realizado pela força do homem. Veja a segunda parte do verso 22 novamente: porque o SENHOR os tinha alegrado, mudando o coração do rei da Assíria a favor deles, para lhes fortalecer as mãos na obra da Casa de Deus. Essa é a percepção apropriada do que realmente aconteceu! Conforme Zacarias disse em Zacarias 4.6: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos.

 

Alegria está intimamente ligada com o olhar. Lemos em Hebreus 12.2: olhando firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé; em Tito 2.13: aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus. Alegria não significa que sorrimos o tempo todo; não negamos aqueles momentos de dor e sentimentos de tristeza. Porém, existe uma diferença entre tristeza e melancolia.

Será que podemos celebrar mesmo quando a vida não é perfeita? Esdras 6 responde com um enfático “Sim!” Como crentes, temos alegria em nossos corações num mundo confuso porque sabemos o final da história.

Um planetário da cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, colocou uma propaganda falsa nos jornais da cidade. A propaganda convidava os leitores que gostariam de morar em outro planeta a preencher um formulário. Em questão de dias, mais de 18 mil pessoas deixaram seus formulários no planetário, os quais, em seguida, foram enviados a um grupo de psicólogos para avaliação. Após avaliação, os psicólogos concluíram que a maioria dos que preencheram o formulário estavam tão desiludidos com a vida neste planeta que esperavam poder começar uma nova vida em outro planeta.

Essas eram pessoas normais, não pessoas segregadas da sociedade ou fanáticos de seitas. Mas como disse um autor: “Essas pessoas descobriram que a vida não produzia alegria e satisfação, mesmo que possuíssem mais e mais coisas. E quando buscaram a resposta na igreja do bairro descobriram que a igreja não tinha esperança alguma a lhes oferecer.”

Jamais convenceremos o mundo de que temos a resposta se nós mesmos não estamos convencidos disso. E mesmo que estejamos convencidos disso, jamais pareceremos convictos sem essa joia perdida chamada “alegria.” Walter Knight escreveu: “A alegria é a bandeira hasteada no castelo de nossos corações, anunciando que o rei está no palácio hoje.”

A alegria é encontrada por meio da submissão, confissão, preocupação e percepção. Será que o Rei está sentado no trono do seu coração? Quando ele está no trono, você pode hastear a bandeira da alegria.

O Quebra-Cabeças

Agora, avançando para o capítulo seguinte, apesar de o capítulo 7 estar separado do 6 por 2 cm em sua Bíblia, passam-se, na verdade, 50 anos entre o final de Esdras 6 e o início de Esdras 7. Lemos em Esdras 7.1: Passadas estas coisas. Mas Esdras não nos conta quais coisas foram essas. Juntando as peças do quebra-cabeças, todavia, descobrimos que uma dessas coisas foi o casamento de um rei com a vencedora de um concurso de beleza chamada Ester.

Durante esse tempo entre Esdras 6 e 7, a animação dos judeus em torno do término da construção do templo entrou em declínio; o próprio Zorobabel sumiu nos bastidores. A cidade de Jerusalém ainda se encontra em ruínas sem muros e portões; o povo trabalha em suas plantações e desfruta de seus lares. Infelizmente, eles também estão satisfeitos com um relacionamento medíocre com Deus e com o comprometimento ao se relacionar com gentios pagãos ao seu redor. Conforme descobriremos mais adiante, eles começaram a se envolver em casamentos mistos com pagãos. Zorobabel tinha edificado o templo; Neemias virá mais adiante e edificará os muros da cidade. Alguém, nesse momento crítico, precisa se levantar para edificar o povo. Os judeus precisavam de uma reforma e uma reforma, conforme mostra a história, sempre acontece quando o povo volta a edificar suas vidas conforme a planta provida nas Escrituras.

Martinho Lutero, o reformador do século 16, escreveu:

Fiz uma aliança com Deus para que ele não me envie nem visões, nem sonhos, nem anjos. Estou satisfeito com o presente das Sagradas Escrituras, as quais me dão abundante instrução e tudo quanto preciso saber tanto para esta vida quando para a vida por vir.

Quero rapidamente destacar as símiles das Escrituras que revelam seu poder na vida do crente.

  • Primeiro: a Bíblia é como um bisturi que o Espírito Santo utiliza para realizar uma cirurgia espiritual. Hebreus 4.12 diz: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes.
  • Segundo: a Bíblia é como um espelho e, quando olhamos para suas páginas, ficamos face a face conosco mesmos. Encaramos nossa depravação e toda nossa fraqueza, fracasso e pecado, conforme diz Tiago 1.22–25.
  • Terceiro: a Bíblia é como uma janela porque, através dela, vemos um Deus santo cujo amor é tão profundo e a misericórdia tão infinita, a ponto de ele pegar um pecador como eu e você e nos transformar em filhos em sua família, conforme diz João 1.12.
  • Quarto: a Bíblia também é como uma máquina do tempo que nos leva ao passado para observarmos nações, governos, famílias e indivíduos em suas lutas com verdades eternas. Em seguida, ela nos conduz ao futuro e revela a proporção incrível do céu e os terrores do inferno eterno.
  • Quinto: a Bíblia é como um guarda-costas para o coração, alma e corpo. Lemos que a Bíblia, escondida no coração, nos protege de pecar (Salmo 119.11).
  • Sexto: a Bíblia é como uma loja de produtos diversos. 2 Timóteo 3.16–17 nos conta que as Escrituras foram dadas para que o homem de Deus seja habilitado para toda boa obra. A palavra traduzida como habilitado significa “preparado”—equipado com os materiais necessários para fazer toda boa obra.
  • Sétimo: a Bíblia é como uma roupa. Paulo disse em Tito 2.10 que devemos “adornar a doutrina de Deus,” ou seja, os crentes devem se vestir com a doutrina de Deus revelada nas Escrituras.

Essas são algumas símiles da Palavra de Deus. Além dessas símiles, encontramos nas Escrituras várias atividades da Bíblia.

  • Primeiro: a Bíblia convence a pessoa de pecado. Hebreus 4.12–13 nos diz que a Bíblia penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.
  • Segundo: a verdade da Bíblia regenera e traz vida ao pecador morto em seu pecado. Romanos 10.17 diz que a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. E 1 Pedro 1.23: pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente.
  • Terceiro: a Bíblia alimenta o crente. Lemos em 1 Pedro 2.2: desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação.
  • Quarto: a Bíblia produz esperança. Paulo escreveu em Romanos 15.4: Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança. É pela consolação das Escrituras que temos esperança. Davi também escreveu no Salmo 119.49: Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo, na qual me tens feito esperar; e no verso 52: Lembro-me dos teus juízos de outrora e me conforto, ó SENHOR.
  • Quinto: a Bíblia aconselha e guia o crente. Conforme 2 Timóteo 3.16, ela serve para ensino, repreensão, correção e educação na justiça.
  • Sexto: a Bíblia vivifica o crente. Davi também escreveu no Salmo 119.50: O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica.
  • E sétimo: a Bíblia é a foto na caixa do quebra-cabeças, pois ela nos mostra qual é o produto final.

Eu não gosto de quebra-cabeças, mas minha esposa adora montá-los. Deus jamais pede que o crente monte um quebra-cabeças sem providenciar a foto. Isso significa que Deus orienta o crente em relação a como ele deve se parecer, agir, reagir e confessar após pecar. Deus não nos introduz em sua família e depois diz: “Pronto. Daqui em diante, dê o seu melhor!” Como um autor escreveu:

Deixar um novo convertido sozinho logo após sua decisão de seguir a Jesus Cristo se assemelha a colocar um jovem na cabine de um avião e dizer: “Parabéns por sua decisão de ser um piloto! Aqui está o manche. Tenha um bom voo!”

Não. Deus nos dá um livro. Dentro desse livro estão as imagens vivas de pessoas reais como Davi, Moisés, Paulo e Esdras. Essas são imagens que você coloca em pé na sua escrivaninha para observar e analisar, a fim de ajuda-lo a montar o quebra-cabeças.

Eu mencionei Esdras já? Imagine o crente chegando no céu e ouvindo falar de Esdras pela primeira vez! Daí, Deus diz: “Esta é uma imagem que inseri na Palavra para encorajá-lo a andar comigo. Ajudou?” Esdras acontece de ser uma das imagens que Deus projetou para nos dar esperança. Ele finalmente aparece na segunda metade do livro que leva seu nome. De imediato somos apresentados ao relacionamento de sua família com os sumo sacerdotes em Esdras 7.1–5:

Passadas estas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, filho de Salum, filho de Zadoque, filho de Aitube, filho de Amarias, filho de Azarias, filho de Meraiote, filho de Zeraías, filho de Uzi, filho de Buqui, filho de Abisua, filho de Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sumo sacerdote, este Esdras subiu da Babilônia.

Essa é uma notícia importante. Esdras descende do primeiro sumo sacerdote, Arão, irmão de Moisés. Nem todos os homens entre Arão e Esdras são listados, apenas alguns para relembrar a nação da herança significante de Esdras.

O verso 1 menciona Seraías, o avô de Esdras e o sumo sacerdote assassinado por Nabucodonosor quando a Babilônia capturou e escravizou os israelitas. Mais adiante, aparece Hilquias. Em 2 Reis 22, descobrimos que, quando a nação estava sendo reformada sob o reino de Josias, foi Hilquias, o sumo sacerdote, que encontrou os livros perdidos da Lei. Foi essa descoberta que ocasionou o reavivamento nacional. Acho interessante que Esdras, várias gerações depois, fará a mesma coisa.

Antes de Hilquias houve Zadoque, mencionado no verso 2. Ele foi o sumo sacerdote que recusou seguir o filho de Davi, Adonias, e permaneceu fiel a Davi, mesmo quando parecia que todas as pessoas seguiam o usurpador do trono. Ele arriscou sua vida ao seguir as ordens de Davi e ungir o outro filho, Salomão, como rei.

Que herança! Não é surpresa que Esdras contou imediatamente com seguidores quando tomou a decisão de deixar a Babilônia e voltar a Jerusalém para reedificar o povo conforme a Lei de Moisés.

Talvez você seja filho de uma longa linhagem de homens e mulheres fieis a Deus. Não a menospreze! Agradeça a Deus por ela. Assim como Timóteo, a quem Paulo lembrou de sua herança ao escrever que o jovem tinha aprendido as sagradas letras desde criança por meio do ensino de sua mãe e avó. A coisa mais importante que você pode dar aos seus filhos é a Palavra de Deus. Converse com eles sobre o Senhor; conte-lhes sobre a vida à luz de seu compromisso a Jesus Cristo; lembre-lhes de que foram criados de forma singular para glorificar a Deus. Timóteo aprendeu, aos pés de sua mãe e avó, as Escrituras que Paulo usava para pregar e elas foram úteis para torná-lo sábio para salvação. Se você é como Timóteo ou Esdras, não menospreze sua herança espiritual. Edifique sobre ela, tire vantagem dela e a multiplique nas vidas de outros.

Por outro lado, talvez você não possui esse tipo de herança—quem sabe é o único seguidor de Cristo em sua família. Você não vem de uma longa linhagem de crentes, mas está iniciando essa linhagem e herança de fé em Cristo hoje. Nesse caso, você é o Arão na sua árvore genealógica! Não tenha isso como desvantagem, mas regozije-se nela e se maravilhe com a graça de Deus. Ele permitiu que você ouvisse e cresse e ele o salvou. Seja como o ex-presidente americano Abraão Lincoln, o qual disse: “Não sei quem foi meu avô. Estou mais preocupado com quem meu neto será.”

Veja agora Esdras 7.6:

Ele era escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel; e, segundo a boa mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira.

O hebraico diz que Esdras era um escriba “rápido,” ou seja, ele copiava com rapidez. Entretanto, o termo não diz respeito tanto à velocidade com que Esdras copiava Gênesis, Êxodo, Levítico e outros livros, mas à sua proficiência na Lei de Deus. O escriba era, na verdade, um erudito na Lei do Senhor. O que destacava Esdras dos seus demais colegas—a qualidade que fazia dele um homem dinâmico nas mãos de Deus—não era sua herança espiritual, mas seu coração.

Continue no texto e veja o verso 10:

Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus juízos.

Não é surpresa, então, que as gerações que vieram após Esdras o chamavam de “o Segundo Moisés.” O povo se referiu a ele dessa forma porque ele os conduzia ao pastos verdes da Palavra de Deus.

Zorobabel edificou o templo, mas Esdras edificou o povo. Ele os conduziu das trevas espirituais para a luz da verdade espiritual. E se você pegar essa peça do quebra-cabeças e coloca-la de pé à sua frente, descobrirá como Deus projetou que ele servisse de ajuda para montarmos o quebra-cabeças de nossas próprias vidas.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 09/05/1999

©Copyright 1999 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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