Vai, Pega Sua Harpa!

Vai, Pega Sua Harpa!

by Stephen Davey

Vai, Pega Sua Harpa!

Esdras 2

Introdução

Alguém me enviou um artigo intitulado “Jovem Sabedoria.” O artigo diz:

Um menino de 3 anos de idade foi com seu pai ver um punhado de filhotes de gato. Quando voltaram para casa, o menino euforicamente informou sua mãe que dois eram machos e duas eram fêmeas. “Como você sabe disso?”, perguntou a mãe. “O papai os segurou e olhou embaixo,” respondeu o menino. E continuou: “Acho que vêm com uma etiqueta embaixo.”

Outro menino de 3 anos conseguiu calçar seus sapatos sozinho. A mãe, percebendo que o menino tinha trocado os pés, disse: “Filho, os sapatos estão nos pés errados.” O garoto olhou para baixo por um instante, depois olhou confuso para a mãe e falou: “Mãe, eu sei que estes são meus pés!”

No primeiro dia de aula, uma professora de jardim de infância informou sua nova turma acerca de várias regras de sala de aula. Ela disse: “Crianças, se alguém precisar usar o banheiro, é só levantar dois dedos.” Uma voz vinda do fundo da sala replicou: “E isso vai servir de que?”

Em 1 Coríntios 10.6, lemos que a história de Israel serve de exemplo para nós, os crentes, a fim de vivermos vidas que honram a Deus. Juntando essa passagem com 2 Timóteo 3.16–17, onde lemos que toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para equipar o crente para toda boa obra, aprendemos que não podemos negligenciar o estudo do Antigo Testamento, até mesmo aquelas passagens remotas.

Sinceramente, quando chegamos a textos como Esdras 2, essas duas passagens de 1 Coríntios 10 e 2 Timóteo 3 são postas a prova. Como uma lista longa de nomes difíceis até de pronunciar me ajudará a viver para Cristo?

Antes mesmo de começarmos nosso estudo nessa longa lista de nomes—e temos tempo para focar em apenas alguns desses personagens—deixe-me destacar logo 3 lições que aprendemos com esse catálogo de nomes.

  • Primeiro: o Senhor conhece seu povo pelo nome.

Isaías 45.3 declara: eu sou o SENHOR, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome. Deus não perdeu de vista sequer uma pessoa no decorrer dos anos. Os muros da Babilônia e a força feroz da Pérsia não prejudicaram a memória do Senhor. Ele sabia o nome de cada um desses exilados judeus; ele sabia quantos filhos cada um tinha; ele sabia todos os detalhes a respeito de suas famílias.

Enquanto estive na Índia, encontrei-me com um astrólogo hinduísta. Ele afirmou que podia me contar qualquer coisa sobre meu passado ou futuro. Então, comecei o desafio, pedindo-lhe que me dissesse qual era meu nome. Quando não conseguiu, apresentei-o ao meu Deus, cujo nome eu sei que é Jesus Cristo, o qual acontece de saber meu nome também. Como sei disso? Porque, segundo Apocalipse 20.12, os que colocaram sua fé em Cristo como Salvador tiveram seus nomes escritos no livro da vida.

  • A segunda lição é: o Senhor usa pessoas comuns para sua glória.

Esse grupo que retorna a Judá é composto de pessoas comuns. Serão pessoas ordinárias que reedificarão o templo e, depois, a cidade de Jerusalém. Essas são pessoas que não possuem alguma habilidade extraordinária, mas possuem disponibilidade transformadora.

Até mesmo em nossos dias, a igreja de Jesus Cristo avança por meio dos empurrões de pessoas comuns e ordinárias que, pela fé em Deus, realizam coisas extraordinárias para Deus. Conforme lemos em 1 Coríntios 1.26–27:

Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;

Quase 500 mil pessoas começaram uma jornada de fé que as levaria por meio de territórios perigosos no decorrer de 4 meses. A jornada os conduziria de volta à sua terra natal agora desolada, ao templo que precisava ser reedificado e à sua capital que, a essa altura, não passava de monturos. “Como conseguiremos realizar esse serviço?” “Não sabemos como, mas sabemos quem.” Se tivéssemos essa mesma fé, ousaríamos escrever como escreveu William Carey: “Espere grandes coisas de Deus e realize grandes coisas para Deus.”

  • A terceira e última lição é: o Senhor cumpre as promessas que faz ao seu povo.

A palavra-chave de Esdras 2 se encontra no verso 1. Veja o que diz esse verso: 

São estes os filhos da província que subiram do cativeiro, dentre os exilados que Nabucodonosor, rei da Babilônia, tinha levado para lá, e voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua cidade,

A palavra-chave é voltaram—são estes... os que voltaram. O último verso do capítulo, o verso 70, resume esse retorno:

Os sacerdotes, os levitas e alguns do povo, tanto os cantores como os porteiros e os servidores do templo habitaram nas suas cidades, como também todo o Israel.

Deus prometeu que eles voltariam depois do exílio babilônio. Tenho certeza de que muitas noites se passaram enquanto o povo se perguntava: “Como o Senhor nos levará de volta para Judá?” O verbo “voltar” já tinha sido arrancado do dicionário do povo. O desespero chegou a tal ponto que Jeremias encorajou os exilados com a clássica passagem de Jeremias 29.10–11:

Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.

Essa passagem foi escrita para o nosso encorajamento e ensino, já que Deus tem um plano para nós também. Quando você estiver em meio a escuridão, medo e dúvida, lembre-se de que Deus não o abandonou. Ele prometeu em Hebreus 13.5: nunca te deixarei, nunca jamais te abandonarei.

E quando Deus diz que seu povo voltará, ele voltará! Então, em Esdras 2, temos mais do que uma simples lista de nomes. Encontramos uma declaração da fidelidade de Deus.

Vamos, agora, dar uma olhada mais detalhada em alguns desses nomes. Podemos dividi-los em várias categorias, já que foi assim que Esdras os agrupou.

  • A primeira categoria é a dos líderes.

Encabeçando a lista no verso 2 está um homem chamado Zorobabel. Em Esdras 1.8, ele é chamado de Sesbazar. Além disso, ele também era conhecido como Tirshata. “Sesbazar” era seu nome babilônio, enquanto “Tirshata” era seu título persa, significando “governador.” Seu nome pessoal era Zorobabel e foi esse o nome dado por seus pais. O nome significa “descendente da Babilônia,” o que nos informa que ele nasceu durante o tempo do exílio, na terra da Babilônia.

Mais importante do que isso, Zorobabel era neto de Jeconias, um dos últimos reis de Judá antes do cativeiro babilônio. Na verdade, observe o seguinte detalhe interessante em Mateus 1.12–13:

Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel, a Zorobabel; Zorobabel gerou a Abiúde; Abiúde, a Eliaquim; Eliaquim, a Azor;

Descobrimos aqui, embutido na genealogia de Jesus Cristo, o nome de Zorobabel. Ele era descendente do rei Davi, o antepassado do Senhor Jesus. Se houvesse um trono em Jerusalém nessa época, Zorobabel teria sido seu herdeiro por direito. Mas não havia trono em Jerusalém. Na realidade, a cidade não passava de um montão de escombros.

Contudo, Zorobabel, o rei por direito, será o líder corajoso e fiel, cujo grande fervor não é seu trono, mas o templo de Deus. Zorobabel é quem supervisionará a reconstrução do templo.

Pense no seguinte: não existe homem melhor para retirar o povo da Babilônia e conduzi-lo de volta a Jerusalém do que um descendente do rei Davi e antepassado do Deus Filho—o Filho a quem Deus prometeu um reino eterno e um lugar no trono de Davi.

  • A segunda categoria é a dos leigos, segundo seu clã ou ancestral.

Veja Esdras 2.3–20:

os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois. Os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois. Os filhos de Ará, setecentos e setenta e cinco. Os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Jesua-Joabe, dois mil oitocentos e doze. Os filhos de Elão, mil duzentos e cinqüenta e quatro. Os filhos de Zatu, novecentos e quarenta e cinco. Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta. Os filhos de Bani, seiscentos e quarenta e dois. Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e três. Os filhos de Azgade, mil duzentos e vinte e dois. Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e seis. Os filhos de Bigvai, dois mil e cinqüenta e seis. Os filhos de Adim, quatrocentos e cinqüenta e quatro. Os filhos de Ater, da família de Ezequias, noventa e oito. Os filhos de Bezai, trezentos e vinte e três. Os filhos de Jora, cento e doze. Os filhos de Hasum, duzentos e vinte e três. Os filhos de Gibar, noventa e cinco.

  • A terceira categoria é dos leigos listados conforme sua terra natal.

Veja Esdras 2.21–35:

Os filhos de Belém, cento e vinte e três. Os homens de Netofa, cinqüenta e seis. Os homens de Anatote, cento e vinte e oito. Os filhos de Azmavete, quarenta e dois. Os filhos de Quiriate-Arim, Cefira e Beerote, setecentos e quarenta e três. Os filhos de Ramá e de Geba, seiscentos e vinte e um. Os homens de Micmás, cento e vinte e dois. Os homens de Betel e Ai, duzentos e vinte e três. Os filhos de Nebo, cinqüenta e dois. Os filhos de Magbis, cento e cinqüenta e seis. Os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinqüenta e quatro. Os filhos de Harim, trezentos e vinte. Os filhos de Lode, Hadide e Ono, setecentos e vinte e cinco. Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco. Os filhos de Senaá, três mil seiscentos e trinta.

Não nos é dado detalhe algum acerca desses indivíduos, mas eram carpinteiros, pastores de ovelhas, fazendeiros e marceneiros. Essas eram pessoas comuns que Deus moveu a realizarem um desafio extraordinário da fé.

  • A próxima categoria de pessoas é a dos sacerdotes, listados conforme sua linhagem também.

Lemos nos versos 36–39:

Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Jesua, novecentos e setenta e três. Os filhos de Imer, mil e cinqüenta e dois. Os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete. Os filhos de Harim, mil e dezessete.

Era de suma importância que esses homens traçassem sua genealogia até os indivíduos corretos. Lembre-se: o sacerdócio era um ofício hereditário; esses homens precisam ser descendentes de Arão. Se não pudessem provar sua linhagem araônica, poderiam ser impostores e ameaçar a obra sagrada ao ministrar perante o Senhor.

Parece ser algo severo demais desqualificar homens que não descendem de Arão, conforme veremos acontecendo no capítulo 2. Entretanto, em nossos dias e de maneira análoga, os líderes na igreja precisam ter determinadas qualificações.

Além das qualificações de caráter, pense, por exemplo, na qualificação civil necessária para um pastor oficiar uma cerimônia de casamento religioso com efeito civil. Imagine ir ao pastor pedindo que ele oficie seu casamento. Você diz: “Pastor, você está registrado como membro em alguma convenção ou associação religiosa? Se sim, tem como conseguir uma Certidão de Habilitação para realizarmos nosso casamento no religioso com efeito civil?” O pastor responde: “Olha, não lembro se renovei legalmente minha membresia na convenção... eu acho que ainda sou considerado um ministro religioso. Mas olha, não se preocupe. Eu sou, mesmo sem minha carteirinha. Pode confiar em mim. Não vejo por que o cartório não me daria a autorização para oficiar a cerimônia. Não haverá problemas, ok?”

De jeito nenhum! Você não pode arriscar passar por toda a cerimônia e ela não ter validade alguma. Você não pode passar pela mesma coisa duas vezes... não tem nem energia nem dinheiro para isso. Tudo tem que dar certo da primeira vez!

Um colega meu que estudou comigo no seminário me contou sobre uma cerimônia de casamento que ele oficiou. O casamento foi em uma igreja pequena do interior no ápice do inverno. Quando chegou, percebeu que estava tão frio dentro da igreja quanto fora. Finalmente, o zelador chegou, mas apenas trinta minutos antes da cerimônia. Ele desceu ao porão e ligou o aquecedor e o deixou ligado jogando um ar quente e seco. O problema foi que ele se esqueceu de desligar depois, e já era tarde demais.

Durante as entradas, o trompetista desmaiou. Pouco depois, uma das madrinhas desmaiou e, finalmente, a própria noiva. O pessoal a acordou com um pano frio e a colocou de pé novamente; mas, logo depois, ela desmaiou de novo. No decorrer de toda a cerimônia, ela ficou com um pano gelado na parte de trás do pescoço.

Meu amigo me disse que, após o casamento, ela não quis ir para a lua-de-mel porque não conseguia se lembrar de haver se casado. Ela não tinha memória alguma do casamento. Ela insistiu para ver os vídeos para ouvir a si mesma repetindo os votos. Depois de assistir ao vídeo, eles prosseguiram para a lua-de-mel.

Como você percebe, é preciso ter bastante certeza de que a cerimônia vai valer mesmo!

  • A quinta categoria de pessoas listadas em Esdras 2 e que voltaram do exílio é a dos levitas. Assim como os sacerdotes, eles trabalhavam no templo e também tinham que provar sua linhagem levítica.

A genealogia dos levitas aparece no verso 40:

Os levitas: os filhos de Jesua e Cadmiel, dos filhos de Hodavias, setenta e quatro.

  • A sexta categoria é a dos cantores. Havia um coral com 128 vozes de descendentes do grande musicista Asafe.

Veja Esdras 2.41:

Os cantores: os filhos de Asafe, cento e vinte e oito.

Asafe foi um grande musicista que, a propósito, teve um começo humilde. Sua primeira responsabilidade foi tocar os címbalos de bronze durante a cerimônia na qual a Arca da Aliança foi levada ao Tabernáculo, conforme lemos em 1 Crônicas 15.16–19. Em seguida, em 1 Crônicas 16.4–5, Davi designou Asafe para servir, dando louvor e ações de graças contínuos ao Senhor, Deus de Israel. Um pouco depois no mesmo capítulo, versos 7–37, vemos Asafe liderando Israel inteiro num cântico de louvor especial. Por fim, deparamo-nos com o nome de Asafe numa coleção de hinos inspirados: os Salmos 50 e 73–83, dos quais Asafe foi o compositor. Também descobrimos que ele criou uma espécie de corporação, isto é, um grupo de musicistas profissionais cuja tarefa e alegria era compor e tocar músicas para a glória do Senhor.

  • A sétima categoria de pessoas que aparece em Esdras 2 é a dos porteiros.

Veja o verso 42:

Os filhos dos porteiros: os filhos de Salum, os filhos de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai; ao todo, cento e trinta e nove.

Esses porteiros foram os primeiros seguranças: eles barravam ou admitiam visitantes no templo. Esses porteiros eram responsáveis por supervisionar ofertas e proteger os armazéns. No ápice do reinado de Davi, havia 4 mil seguranças. Eles tinham que ser homens de caráter que não podiam ser comprados ou subornados.

  • A oitava categoria dos indivíduos que deixaram para trás o exílio e retornaram para Judá é a dos servos, listados segundo seus respectivos clãs.

Lemos em Esdras 2.43–58:

Os servidores do templo: os filhos de Zia, os filhos de Hasufa, os filhos de Tabaote, os filhos de Queros, os filhos de Sia, os filhos de Padom, os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de Acube, os filhos de Hagabe, os filhos de Sanlai, os filhos de Hanã, os filhos de Gidel, os filhos de Gaar, os filhos de Reaías, os filhos de Rezim, os filhos de Necoda, os filhos de Gazão, os filhos de Uzá, os filhos de Paséia, os filhos de Besai, os filhos de Asná, os filhos dos meunitas, os filhos dos nefuseus, os filhos de Baquebuque, os filhos de Hacufa, os filhos de Harur, os filhos de Baslute, os filhos de Meída, os filhos de Harsa, os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Temá, os filhos de Nesias, os filhos de Hatifa. Os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Soferete, os filhos de Peruda, os filhos de Jaala, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel, os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Poquerete-Hazebaim e os filhos de Ami. Todos os servidores do templo e os filhos dos servos de Salomão, trezentos e noventa e dois.

Pense neles da seguinte forma: esses nomes representavam maestria e tradição transmitidas de uma geração a outra por mais de 50 anos. Imagine só tentar encontrar, daqui a 30 anos, alguém que sabe consertar uma vitrola!

Embutido nessa longa lista de nomes está o princípio de que Deus não somente preservou seu povo, mas preservou também o propósito que tinha para seu povo! Assim, quando a hora chegou, essas pessoas sabiam muito bem o que fazer.

  • Finalmente, a nona e última categoria de nomes é a dos estrangeiros que não puderam identificar sua ascendência judaica, além de sacerdotes que não conseguiram estabelecer sua linhagem araônica.

Veja Esdras 2.59–63:

Também estes subiram de Tel-Melá, Tel-Harsa, Querube, Adã e Imer, porém não puderam provar que as suas famílias e a sua linhagem eram de Israel: os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de Necoda, seiscentos e cinqüenta e dois. Também dos filhos dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os filhos de Coz, os filhos de Barzilai, que se casara com uma das filhas de Barzilai, o gileadita, e que foi chamado do nome dele. Estes procuraram o seu registro nos livros genealógicos, porém o não acharam; pelo que foram tidos por imundos para o sacerdócio. O governador lhes disse que não comessem das coisas sagradas, até que se levantasse um sacerdote com Urim e Tumim.

Apesar de serem excluídos do sacerdócio, eles não foram excluídos da promessa. E de fato, um verso precioso aparece em Esdras 6.21, dizendo que, embora não tenham podido servir como sacerdotes—embora não conseguiram comprovar que eram judeus puros—eles puderam participar da Páscoa. Eles puderam participar da companhia dos crentes que colocaram sua fé no sangue do cordeiro, o qual, anos antes, fora passado nos umbrais das portas para que fossem salvos da execução do anjo da morte.

Semelhantemente, hoje, independente de sua raça, linhagem e história de vida, se colocou sua fé no Cordeiro de Deus morto como seu único Salvador do castigo pelo pecado, você também pode entoar o cântico dos redimidos.

Conclusão

Gostaria de finalizar com duas observações úteis aos que estão interessados em se juntar à corporação de Asafe—aos que se comprometem em cantar louvores ao Senhor.

  • A primeira observação é: é necessário compromisso de fé para gerar música na alma.

Uma das marcas dos redimidos na era da igreja é a da música, do louvor. Conforme lemos em Efésios 5.19 e em Colossenses 3.16, é dever da igreja cantar canções com seus lábios e fazer melodia com os corações ao Senhor.

Pessoalmente, gosto muito da menção dos porteiros e dos cantores por causa de sua fé evidente. É claro, foi a mesma fé exercida pelos indivíduos dos demais grupos, mas quando li sobre os porteiros e cantores, uma coisa ressaltou: esses eram os porteiros, mas não havia portão algum para proteger; esses eram os cantores, mas não havia nada sobre o que cantar. Se Deus não cumprisse sua palavra, não havia motivo algum para cantar no futuro. Um autor colocou isso da seguinte forma: “Fé significa descansar no fato de que Deus tem um propósito em me deixar no planeta terra, mesmo quando pareço inútil a ele e um fardo a outros.”

Parecia algo inútil ser um cantor ou porteiro naqueles dias de cativeiro na Babilônia e depois Pérsia—“Rapaz, vá arranjar o que fazer!” Ninguém entendia o que faziam, nem por que davam continuidade àquela tradição da família. Deus, todavia, tinha um plano, e a fé desses homens nele, no fim, transformou esse plano em realidade.

  • A segunda observação é a seguinte: é necessária a qualidade da obediência para compor música no coração.

Podemos quase ouvir a melodia e a animação no meio desses que foram obedientes a Deus, a ponto de voltarem a Judá. Eles ouviram os profetas Jeremias, Ageu e Zacarias e, agora, caminham em direção à terra da promessa de Deus.

E não se engane: o cativeiro na Babilônia não foi um período para cantarem; nessa época, eles não criaram nenhuma canção nova. Como sei disso? Veja o Salmo 137:

Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas, pois aqueles que nos levaram cativos nos pediam canções, e os nossos opressores, que fôssemos alegres, dizendo: Entoai-nos algum dos cânticos de Sião. Como, porém, haveríamos de entoar o canto do SENHOR em terra estranha? Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria. Contra os filhos de Edom, lembra-te, SENHOR, do dia de Jerusalém, pois diziam: Arrasai, arrasai-a, até aos fundamentos. Filha da Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizeste. Feliz aquele que pegar teus filhos e esmagá-los contra a pedra.

Em outras palavras, “Na Babilônia, nós não cantamos, mas soluçamos de tanta tristeza. Tínhamos desobedecido ao Senhor e ignorado sua palavra. Penduramos nossas harpas; ninguém cantava, não havia música.”

Mas agora que os judeus estão voltando para casa, eles tinham um cântico para entoar novamente. Chegou a hora de reunir novamente os filhos de Asafe; chegou a hora de pegar as harpas e afiná-las para os cânticos de Sião.

A propósito, leia os capítulos finais de Apocalipse e veja as canções entoadas ao Cordeiro. Lemos os quatro “Aleluias” que serão cantados; vemos a queda da Babilônia, um nome que passou a representar tudo o que se opõe à aliança de Deus com seu povo; e encontramos música maravilhosa na criação vitoriosa do novo céu e nova terra de Deus; haverá música maravilhosa e sem igual!

Quando cantamos ao Senhor em nossas congregações hoje, estamos apenas afinando as cordas para o grande concerto de nossas vidas. Se você é membro do grupo de redimidos, é melhor começar a aprender a cantar agora. Como? Por meio das mesmas duas coisas que levaram os judeus a cantar novamente: por meio de uma decisão de fé e um ato de obediência—fé e obediência, mesmo quando Deus pede que tentemos realizar ou experimentar algo que exige grande medida de resolução e confiança. É melhor você fazer como os israelitas que saíram da Babilônia: desça até os salgueiros à beira do rio, encontre sua harpa e afine as cordas. Música é o resultado de fé e obediência.

Fiquei pensando como o potencial para música na Babilônia foi afetado seriamente. Por que? Porque os filhos de Asafe foram embora; os musicistas deixaram a terra; os cantores obedeceram ao chamado de Deus e voltaram para casa.

Pouco mais de duzentos anos atrás, uma mulher estava viajando em uma carruagem. Sentado do outro lado estava um senhor. Em um momento durante a viagem, ela começou a reproduzir a melodia de um hino que se tornou muito querido para ela e para toda a igreja da Inglaterra.

Num dado momento, ela perguntou ao homem sentado do outro lado da carruagem o que ele pensava sobre o hino enquanto ela cantava a letra em voz alta. Ao invés de responder sua pergunta, ele começou a chorar.

Ela parou e lhe perguntou se havia algo de errado. Por que ele estava tão triste? Ele disse, “Madame, meu nome é Robert Robinson. A letra que você acabou de cantar foi escrita por mim, e essas palavras hoje me assombram. Por causa da minha vida desobediente, já faz bastante tempo que não consigo mais entoar esse hino.”

O Senhor usou aquele encontro e a sua conversa naquela viagem que pareceu ser por acaso para trazer Robert Robinson de volta à comunhão com o Pai e colocou o hino de volta em seu coração.

A letra desse hino que tem sido cantado há mais de duzentos anos diz:

Fonte és tu de toda bênção;
vem o canto me inspirar;
a misericórdia tua
quero em alto som louvar.
Oh, ensina o novo canto
dos remidos lá dos céus
ao teu servo e ao povo santo
pra louvarmos-te, bom Deus!

Ao Senhor eu agradeço,
pois Jesus me socorreu
e, por sua graça, um dia
vai levar-me para o céu.
Eu, perdido, procurou-me,
longe do meu Deus, sem luz;
dos 
pecados meus lavou-me
com seu sangue o 
bom Jesus!

Devedor à tua graça
cada dia e hora sou.
Teu cuidado sempre faça
com que eu ame a ti, Senhor.
O meu ser é vacilante;
toma-o, prende-o com amor,
para que eu, a todo instante,
glorifique a ti, Senhor.

Essa é uma letra bastante honesta—como somos vacilantes! Como temos a tendência de nos desviar! Temos dificuldades com coisas como fé e obediência, não é?

Justamente porque pecamos, vacilamos e por vezes paramos de cantar, deixe-me lembra-lo daquele dia vindouro, quando desobediência se tornará impossível, quando cantaremos no coral dos redimidos no novo céu e nova terra. Estabelecidos em santidade, cantaremos como nunca antes. O plano de Deus é que eu e você cantemos por muito, muito tempo. Então, não espere até lá. Vai, pega sua harpa e afine-a para uma decisão de fé e alguns atos de obediência, e comece a entoar o novo canto dos remidos lá do céu!

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 07/03/1999

©Copyright 1999 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

 

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