O Evangelho Segundo Ester

O Evangelho Segundo Ester

by Stephen Davey Ref: Esther 1–10

O Evangelho Segundo Ester

Uma Sombra de Soberania – Parte 9

Ester 9.17–10.3

Introdução

Os últimos parágrafos do rolo de Ester relatam o estabelecimento de um memorial ao povo judeu, um dia de celebração e ação de graças para o povo. Ester e Mordecai não deixariam que esse evento maravilhoso, quando o povo judeu escapou da morte por pouco, passasse despercebido às futuras gerações. E veja bem: o que eles estabeleceram cerca de 500 anos antes do nascimento de Cristo ainda é celebrado até aos dias de hoje pelo povo judeu. É a chamada Festa do Purim.

Se você abrir sua Bíblia no capítulo 9 de Ester, verá que esse memorial começou, na verdade, com uma pequena celebração. O verso 17 do capítulo 9 nos diz que, depois que as lutas terminaram e os judeus foram resgatados da morte em todo o império, a festa começou. Note a última parte do verso 17; Esdras comenta: fizeram dia de banquetes e alegria. A guerra terminou; suas vidas foram poupadas. Foi literalmente tumulto com festança.

Assim como a celebração que transbordou pelas ruas diante da notícia de que a Segunda Guerra Mundial havia cessado. As pessoas dançavam e sorriam e se abraçavam; mesmo sendo estranhos, não importava. Sinceramente, não podemos imaginar a euforia devido ao final da ameaça de morte, a não ser que tenhamos experimentado a mesma coisa.

Mordecai define nos versos 21 e 22 o que se tornaria um feriado nacional:

ordenando-lhes que comemorassem o dia catorze do mês de adar (que é o mês de março) e o dia quinze do mesmo, todos os anos, como os dias em que os judeus tiveram sossego dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa; para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem porções dos banquetes uns aos outros, e dádivas aos pobres.

 

Foram, na verdade, dois dias de celebração: 14 de março para aqueles que moravam por todo o império, e 15 de março para os que viviam dentro das cidades cercadas por muralhas, o que incluiria Jerusalém. Esse foi o dia do livramento do povo judeu. O livro de Ester se tornaria um monumento nacional do livramento dos judeus, e a Festa do Purim se tornaria um feriado nacional.

Achei interessante descobrir que, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas, por motivos óbvios, odiavam qualquer menção ao livro de Ester. Na verdade, um historiador registra que, caso um judeu aparecesse em um campo de concentração carregando consigo uma cópia do livro de Ester, ele seria morto imediatamente. Os nazistas não queriam nenhuma mensagem de esperança ou livramento mencionada nos campos de concentração. Mesmo assim, muitos presos de vários campos produziram cópias do livro de Ester a partir da memória e se amontoavam, lendo a narrativa quietamente e em segredo durante os dias da Festa do Purim. Houve tempos de alegria; havia dias melhores para se recordar, mesmo dentro de um campo que os havia marcado para a morte. Como isso revela a minha pecaminosidade! Considerar um campo de concentração um contexto para se regozijar com profunda esperança e confiança no Deus invisível.

Ao estudar o livro de Ester, encontrei analogias e ilustrações maravilhosas do Evangelho. Por isso, intitulei este estudo “O Evangelho Segundo Ester.” Esse livro é, de fato, uma ilustração tremenda do Evangelho que, no fim, nos leva a relembrar de nossa libertação da morte eterna; um Evangelho que nos regozijar naquela mudança de eventos eterna, final e vindoura, quando Deus fará novas todas as coisas.

  • Uma Plebeia se Torna Rainha

A primeira coisa que chamou minha atenção, logo no início de nosso estudo, foi o fato de uma plebeia se tornar uma rainha. Pela primeira vez na história persa, o rei muda séculos de tradição e permite que a coroa seja posta na cabeça de uma camponesa. Uma estrangeira, órfã, filha de exilados, se torna a esposa do rei. Isso é significante ou não?

Nós, filhos caídos de Adão e Eva, como C.S. Lewis poeticamente nos descreveu, pecadores comuns alienados de Deus, nascemos de novo pela graça de Deus (Efésios 2.8), fomos adotados como filhos e filhas na família de Deus, recebendo todos os direitos e benefícios como se fôssemos filhos biológicos. Conforme Efésios 1.5: predestinados para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade.

E daí, se você consegue imaginar, no futuro seremos exaltados e coroados como a noiva de Cristo; nosso destino futuro é reinar com ele em seu reino vindouro (2 Timóteo 2.12) e por toda a eternidade (Apocalipse 22.5).

Preciso lembrar de que não estou pregando agora para camponeses; estou pregando para realeza. Não estou encorajando plebeus, mas expondo a Palavra para príncipes e princesas, futuros reis e rainhas. O que aconteceu com Ester acontecerá com cada um de nós também. Existe um dia vindouro de mudança radical de eventos!

  • Um dia, você abandonará as roupas comuns da mortalidade e se revestirá com os mantos da imortalidade;
  • Você sairá de casas feitas de tijolos e madeira e se mudará para um lar feito de pedras preciosas construído sobre ouro brilhante;
  • Um dia, você deixará de lado seus fardos do fracasso e imperfeições, e se revestirá de um corpo glorificado sem pecado e em perfeita santidade;
  • Um dia, você colocará de lado toda tristeza e dor, e entrará nos aposentos de Cristo com louvor e jamais sairá dali;
  • O dia está vindo quando se despojará de todo medo e incerteza ao conversar com seu Rei invisível, olhando diretamente, sem hesitação e com perfeito amor e confiança diretamente nos olhos dele.

Por quê? Porque você foi escolhido; a igreja, um grupo de plebeus escolhidos, casa-se com um rei!

  • Um Edito de Morte Irrevogável

A segunda analogia que me maravilha nesse Evangelho segundo Ester está ligada ao edito de morte. O rei permitiu que aquele homem perverso, Hamã, publicasse um decreto de morte. E era um decreto irrevogável.

Da mesma sorte, toda a humanidade está sob um edito irrevogável de morte. A Bíblia diz em Hebreus 9.27:

E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo,

Também fico maravilhado com o fato de que o povo judeu durante os dias de Ester não foi condenado à morte por algo que haviam feito, necessariamente. Eles foram condenados por aquilo que eram: eles eram judeus; era simples assim. E isso levou a sentença de morte a todos os judeus ao redor de toda a Pérsia. Eles não tiveram que cometer nenhuma lista de crimes hediondos ou ações realmente perversas para caírem na maldição desse julgamento; apenas tinham que pertencer à raça judaica.

Hoje, também, toda a humanidade está sob esse edito de morte. Você nem precisa fazer coisas más para cair nesse julgamento. O assassino e o moralista ambos experimentarão a mesma coisa; a pessoa boa e a pessoa ruim, o instruído e rico estão na mesma situação do ignorante e do pobre. E os túmulos são um testemunho silencioso da imparcialidade desse edito irrevogável. Deus assinou esse edito: O salário do pecado é a morte (Romanos 6.23). O contracheque por simplesmente pertencermos à raça humana caída é a morte.

Outra analogia desse edito de morte é vista no fato de que, uma vez debaixo desse edito, os judeus se encontravam totalmente indefesos e não podiam de forma alguma proteger a si mesmos. E os correios a cavalo da Pérsia galoparam pelas terras do Império com a notícia: “Se você faz parte do povo judeu, então está condenado à morte!” Não havia esperança!

Da mesma maneira, o edito de morte foi entregue ao mundo, escrito no coração de cada pessoa: “Se você pertence à raça humana, então está condenado à morte.” Não existe nenhuma saída secreta; não existe nenhuma brecha nessa lei; o edito de morte será cumprido na vida de todos nós.

Eu li a história de Sarah Winchester, esposa de Oliver Winchester, o inventor do rifle Winchester. Após criar e patentear o seu rifle, Oliver ficou riquíssimo porque a arma foi bastante utilizada na Guerra Civil nos Estados Unidos no final do século 19. Inúmeros contratos foram feitos e ele enriqueceu com a sua invenção. Vários anos após a guerra civil, Oliver contraiu tuberculose e morreu. Sua esposa Sarah se tornou a herdeira de uma vasta fortuna, mas nenhum dinheiro no mundo poderia remover sua tristeza e dor. Aconselhada por uma de suas amigas, Sarah buscou fazer contato com seu marido falecido por meio de uma necromante. Durante uma das sessões, a necromante informou Sarah que seu marido estava na sala, dizendo que a família tinha sido amaldiçoada por causa do rife Winchester e os espíritos agora buscavam vingança. Ele também lhe disse (supostamente) que ela precisava se mudar para uma região remota e construir uma casa para os espíritos que haviam morrido na batalha, feridos por seu rifle. Por meio da médium, Oliver disse à sua esposa que ela continuaria vivendo, caso nunca parasse de construir a casa. Se parasse, morreria.

Então, Sarah vendeu sua propriedade na cidade e comprou uma terra muito vasta no interior. Por 36 anos, companhias de construção construíram e reconstruíram, fizeram modificações e reformas, e construíram um cômodo da casa após outro. O barulho dos martelos e serras ecoava durante toda noite. Mais e mais materiais eram trazidos por trem e Sarah se reunia toda manhã com o chefe de obras para elaborar mais e mais cômodos. Quartos e mais quartos eram adicionados; varandas e mais varandas eram construídas; escadas levavam a lugar nenhum; portas abriam para o nada e guarda roupas para paredes lisas; corredores e mais corredores serpenteavam pela casa, a qual se tornou um grande e comprido labirinto, elaborado tanto para abrigar como para confundir os espíritos que atormentavam sua mente.

Sarah Winchester investiu toda sua fortuna em construções e mais construções, reformas e modificações em sua mansão não planejada, confusa, toda espalhada e comprida. Na noite de 4 de setembro 1922, após outra reunião—após mais uma sessão espírita—Sarah Winchester foi para o seu quarto e morreu dormindo aos 82 anos de idade. Durante toda a sua vida ela pensou que continuaria vivendo, caso permanecesse construindo. Ela estava errada.

A humanidade se ocupa com martelos e serras, brincando, construindo, entretendo-se, comendo, casando-se, brincando de ser pai, educando, trabalhando, investindo, planejando e, enquanto isso, tenta afogar o inevitável edito de morte.

Um artigo recentemente admitiu que a indústria da saúde luta fervorosamente por uma coisa, que não é apenas por uma vida mais saudável, mas a tentativa de se evitar a morte. A humanidade corre rapidamente a toda velocidade, mas corre apenas para apressar seu encontro com a morte.

Esse é o veredito do rei. Não existe nenhum tribunal superior para o qual apelar; não existe nenhum corpo de jurados a convencer; não existe nenhum juiz a influenciar; não existe nenhuma brecha na lei da morte irrevogável.

  • A Intercessão de Ester

Mas, aí, surge um raio de esperança. Ainda existe outra analogia no Evangelho de Ester. Após três dias de solidão, Ester de repente aparece sem nenhuma apresentação anterior. Ela se põe de pé diante do rei e intercede a favor de seu povo. Ela se dispõe a arriscar sua vida para salvar a vida de seu povo.

Em meus estudos, descobri que muitos rabinos e estudiosos judeus acreditam que os três dias de solidão estão, de alguma forma, conectados misteriosamente aos três dias de Jonas no ventre do grande peixe. A tradição judaica tem ensinado por vários séculos que os mortos voltarão à vida após três dias contados a partir do início do julgamento final. Eles baseiam isso numa interpretação errada de Oséias 6.2: Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele. Entendido propriamente, esse evento fornece uma imagem maravilhosa da futura morte e ressurreição de Cristo. Após três dias no túmulo experimentando a ira e o julgamento de Deus o Pai, não meramente arriscando sua vida mas literalmente entregando sua vida, agora ele se coloca diante do Deus Pai e intercede por nós.

O reformador Martinho Lutero escreveu sobre essa mesma analogia do Evangelho:

Ao terceiro dia depois de o julgamento ter sido revelado na cruz, Jesus Cristo ressuscitou, garantindo segurança para entrar na presença de Deus a todos os que estendem sua mão e tocam com fé no cetro em formato de cruz.

É verdade, não é mesmo? O Pai alegremente recebe a petição do Filho, bem como de todos aqueles que se aproximam dele por intermédio do Filho. Jesus, o Intercessor, diz em João 14.6: Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.

  • O Eterno Edito de Vida

Existe ainda outra analogia no Evangelho segundo Ester: é o edito de vida!

No capítulo 7, verso 25, o autor do livro de Hebreus escreveu que Jesus também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

Antes eu citei um verso, mas citei apenas parte dele: Por que o salário do pecado é a morte. Esse é o edito irrevogável de morte. Mas o verso continua, não é verdade? Mas. Essa é uma conjunção importante, não é mesmo? Na verdade, quando conversamos com alguém, o que realmente importante é o que vem depois do “mas.”

Seu chefe o chama ao escritório e diz: “Aquele serviço que você fez foi ótimo, mas...”. Sua namorada diz: “Eu realmente gosto de passar tempo e me divertir com você, mas...”. Você sabe o que isso significa; agora está livre para viajar sozinho pelo país. A professora de quarta série do seu filho liga e diz: “Gostamos demais de ter o Joãozinho em nossa turma, mas... a confusão que ele causa...”. Talvez, para você, é um cliente que ligou e disse: “Bom, gostamos muito de fazer negócios com você e você sempre realiza um excelente trabalho, mas...”. Ou a secretária do consultório médico que liga, dizendo: “Tudo parece estar sob controle, mas...”. Como vemos, quando a palavra “mas” surge na conversa, nossa atenção redobra imediatamente. O que vem depois dela é mais importante do que o que veio antes. Na verdade, a segunda parte tem o poder de anular os efeitos da primeira.

Bom, aqui está um caso nas Escrituras em que a pequena palavra “mas” se torna o gancho no qual toda a eternidade se pendura e do qual depende:

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 6.23)

Essa é a maior de todas as minúsculas palavras! Morte... mas... vida. Um edito irrevogável de morte – mas – uma oportunidade de receber um edito de vida. Por meio da obra de intercessão de Cristo Jesus em nosso favor, o edito de morte é contrariado por um outro edito. Jesus Cristo disse: Eu sou a ressurreição e a vida; que crê em mim, ainda que morra, viverá (João 11.25). Em outras palavras, nenhum de nós pode evitar o edito de morte – ele é irrevogável –, mas todos nós podemos, pela fé em Jesus Cristo nosso Messias, experimentar o edito da vida. Com esse edito vem a paz; a guerra termina.

No último verso do capítulo 10, Mordecai é descrito em sua nova posição de influência e poder. É-nos dito na última parte do verso 3 que ele era o segundo em todo o reino: tendo procurado o bem-estar do seu povo e trabalhado pela prosperidade de todo o povo da sua raça. Literalmente, essa frase diz que ele “falou shalom,” isto é, falou paz. Que forma maravilhosa de resumir o trabalho de intercessão, tanto de Ester, como de Mordecai a favor de seu povo: paz!

Veja bem: não existe paz em nenhum lugar deste planeta, a não ser dentro do coração do redimido em Cristo e reconciliado com Deus. Não estou falando de um estado de constante alegria e felicidade. Estou falando de paz duradoura independente das circunstâncias. Tudo está resolvido; nossa situação com Deus é a de reconciliados.

Estes últimos meses têm disso bastante frutíferos em nossa igreja pelo poder do evangelho. Tenho ouvido muitos testemunhos de pessoas encontrando paz por meio do Evangelho de Cristo. Vários são os relatórios, vindo de diversos lugares onde nossos ministérios atuam, de indivíduos reconciliados e redimidos.

Dentre várias pessoas, uma senhora nos enviou uma carta, dizendo que planejava se matar. Ela era crente, mas depois de vários anos de dificuldades físicas e financeiras, incluindo 22 cirurgias complicadas e o recente falecimento de sua mãe – sua única família que restava – ela decidiu tirar sua vida. Ela escreveu dizendo que, naquele dia decisivo, aconteceu de ligar sua rádio e ouvir. Depois de ouvir a rádio, ela nos escreveu a carta, informando-nos como Deus havia usado nosso programa aquele dia para lhe dar esperança e fazê-la mudar de atitude, continuar seguindo e rendendo sua vida à vontade de Deus, não importasse o que. Meu amigo, esse é apenas um exemplo de como o Evangelho transforma e sustenta a vida!

Quero ainda destacar outra ilustração de uma verdade espiritual relacionada ao Evangelho vista no livro de Ester.

  • Um Lembrete Constante de Livramento

Note os versos 26 a 28 do capítulo 9:

Por isso, àqueles dias chamam Purim, do nome Pur. Daí, por causa de todas as palavras daquela carta, e do que testemunharam, e do que lhes havia sucedido, determinaram os judeus e tomaram sobre si, sobre a sua descendência e sobre todos os que se chegassem a eles que não se deixaria de comemorar estes dois dias segundo o que se escrevera deles e segundo o seu tempo marcado, todos os anos; e que estes dias seriam lembrados e comemorados geração após geração, por todas as famílias, em todas as províncias e em todas as cidades, e que estes dias de Purim jamais caducariam entre os judeus, e que a memória deles jamais se extinguiria entre os seus descendentes.

 

Em outras palavras, “Vamos nos certificar de que esse dia jamais será esquecido. Vamos chamá-lo de Purim.” O termo purim é a forma verbal de pur, uma palavra acadiana para “dados” ou “lotes.” A palavra se referia ao lote determinado pela sorte dos dados. É interessante que a palavra em nosso idioma possui a mesma ideia. Nós nos referimos a isso como “loteria.”

O salmista Davi usou a mesma palavra ao escrever: “Senhor, tu tens determinado a minha porção e o meu cálice; tu fizeste segura a minha sorte.” Em outras palavras, Davi reconheceu que a sua sorte na vida estava diretamente relacionada à obra da providência de Deus; tudo estava nas mãos de Deus. Até mesmo o lançar dos dados é determinado pela soberania de Deus. Não existe algo chamado “destino,” “acaso” ou “sorte” como as pessoas geralmente entendem.

E Deus em sua soberania nos coloca em posições para falar por ele e encontrar nossa alegria nisso. Não é nenhuma coincidência que o Purim seria um tempo de alegria. E até aos dias de hoje, o povo judeu se reúne para ler o livro de Ester. Quando chegam no capítulo 3, conforme um autor disse, todos vão à loucura. A cada menção do nome de Hamã, a plateia se deleita em vaiar, chiar, fazer barulhos e bater os pés. Que celebração pela vida!

Conclusão

Deixe-me concluir o nosso estudo no maravilhoso livro de Ester com algumas verdades eternas.

  • Primeiro, a providência de Deus reflete sua graça e deve ser comemorada.

Nossa tendência é a de erguer memoriais de coisas ruins, decisões ruins e situações ruins. E, na maioria das vezes, memoriais desse tipo são feitos de mármore.

Invista tempo para apreciar e relembrar as coisas boas, as boas decisões, as boas situações e a boa mão de Deus sobre sua vida. Faça um registro ou uma lista, e compartilhe com outros.

O inimigo de nossas almas ama nos assombrar com as derrotas do passado, os erros do passado, as decepções do passado, os desastres e calamidades do passado, transformando nossas vidas em um túnel comprido e sombrio, sem nenhum sinal de luz no fim. Foi isso o que o apóstolo Paulo quis dizer quando escreveu: Esquecendo-me das coisas que para trás fico... prossigo (Filipenses 3.13-14).

  • Segundo, a providência de Deus é discernida espiritualmente, mas geralmente ignorada.

O último capítulo do livro de Ester mostra o rei afligindo o povo de seu reino com impostos. Essa é outra maneira de dizer: “As coisas voltaram ao normal.” Nada muda na vida desse rei. Ele não se converteu ao Deus de Ester e Mordecai; não há menção de algum avivamento no palácio. Sabemos pela história que Assuero fez pouco mais além de aumentar seu próprio harém e adicionar coisas ao seu palácio, antes de ser assassinado em seu quarto poucos anos depois.

A verdade desafiadora para todos nós que dizem seguir o Deus de Ester como nosso Senhor é que podemos continuar nossas vidas como sempre, ignorando um acontecimento após outro, nos quais a mão de Deus atuou poderosamente.

Esse é um chamado para ficarmos alertas. Não caia na ideia do mundo de que coincidências acontecem; o acaso é que determina. Não! Vejamos nós ou não, existe significado em cada acontecimento e em cada decisão, não importa quão trivial pareça, em cada vida e em cada passo, não importam as dificuldades. Pois Deus continua a nos mover em direção ao seu propósito final.

Quando ela ganhou a coroa, Ester não fazia ideia de que havia algo muito maior em questão. Ela também não fazia ideia alguma de que Deus traria a morte de seu marido no momento perfeito, a fim de ascender ao trono o filho de Assuero, um rei que teria uma experiência semelhante.

Um de seus oficiais mais confiáveis se colocaria diante dele um dia com o semblante tomado de profunda tristeza. Um judeu chamado Neemias, a quem o rei mostraria grande favor, sem dúvidas influenciado pela mulher sentada junto a ele na corte real. Conforme Neemias 2 nos informa, a rainha estava sentada junto ao rei quando Neemias fez seu pedido. Essa teria sido, na verdade, uma prática incomum no reino persa, como já descobrimos no livro de Ester. A rainha não se sentava em um trono próximo ao rei. E isso tem levado muitos, inclusive a mim mesmo, a crer que essa é uma referência à mãe-rainha, ou seja, a esposa do rei anterior, mãe do rei atual. Nesse caso, a mãe-rainha seria ninguém mais além da própria Ester.

Portanto, a influência da rainha Ester continuaria por mais 21 anos quando Neemias receberia permissão para reconstruir Jerusalém.

Meu último princípio nos coloca exatamente no mesmo lugar onde começamos; e é bastante simples:

  • A providência de Deus é fisicamente invisível, mas no final invencível.

No final do livro, Deus é o herói. Ele somente merece nosso louvor. Sua providência revelou que ele cumpre suas promessas passadas, bem como as promessas ainda por vir.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 20/11/2011

© Copyright 2011 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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