
Dama, Xadrez e o Jogo da Vida
Dama, Xadrez e o Jogo da Vida
Uma Sombra de Soberania – Parte 7
Ester 7.1–10
Introdução
Ontem, eu e minha esposa fomos a um restaurante da cidade. Geralmente, do lado de fora do restaurante, na calçada, ficam algumas cadeiras de balanço com tabuleiros de dama. Quando estávamos de saída, ouvi algumas crianças discutindo. Quando olhei para onde estavam sentadas nas cadeiras de balanço, vi um amontoado de crianças sobre um tabuleiro de damas. Imediatamente entendi o que se passava: o jogo tinha esquentado.
Aquilo me trouxe memórias de meus quatro filhos revezando no jogo, cada um tentando vencer o papai no jogo de damas. Em uma certa ocasião, ensinei-lhes o gosto da derrota: ganhei de todos eles, mas deixei minha filha mais nova – que na época tinha seis anos – me vencer. Meus filhos gêmeos ficaram indignados ao vê-la me derrotando; e eles sabiam que eu estava deixando. E ensinei para os dois que, se jogassem com um menina linda como ela, perder seria na verdade uma coisa sábia a se fazer.
Naquele mesmo dia, um de meus meninos quase me venceu de verdade; ele chegou perto. Dessa vez, ele me havia me encurralado e eu pensei: “Finalmente vou perder e não vai ser por que eu deixei.” Então, continuei lutando. Em um dado momento bastante estratégico, ele me forçou a pular com minha dama e comer uma de suas peças, levando-me para uma armadilha. Mas aquele movimento, na verdade, me conduziu à uma comida dupla vantajosa, comendo outra de suas peças e evitando a armadilha. A vitória era minha. Ele quis jogar mais uma, mas nossa comida estava chegando; não foi minha culpa. Durante toda a refeição, ele ficou dizendo: “Eu quase ganhei de você. Eu teria ganhado se não fosse aquela comida dupla no final.” Desde aquela época, ele já me venceu tantas vezes que agora fico surpreso quando eu ganho dele.
Eu recebi esse mesmo tipo de educação pela minha avó. Ela era uma viúva e por muitos anos serviu como mãe para muitos militares que ficavam na base em nossa cidade. Dentre muitas coisas que ela aprontava, uma delas era convidar um dos militares para um partida de xadrez e acabar com ele, a ponto de ele ficar humilhado e aberto para ouvir o que ela tinha a dizer. Daí, ela lhe apresentava a mensagem de que perderia no jogo da vida, caso não entregasse sua vida a Jesus Cristo.
Meu pai fazia a mesma coisa com marinheiros prepotentes. Eles os convidava para um jogo de pingue-pongue. Antes de o jogo começar, meu pai puxava uma cadeira e se sentava. O adversário ria e dizia: “Você acha que vai me ganhar jogando sentado?” Meu pai sorria e dizia algo do tipo: “Bom, vamos ver.” Daí, ele demolia o adversário completamente, o que conduzia a uma excelente oportunidade de compartilhar com esse recém-humilhado homem o Evangelho de Cristo.
Minha avó, apesar de todo o carinho, afeição e de sorrir amorosamente, quando jogava xadrez conosco era impiedosa, violenta e sanguinária. Não demorava muito e o jogo de xadrez virava um jogo de perseguição. Eu fugia com meu rei enquanto ela me perseguia com todas as suas peças ainda intactas. Cedo ou tarde, eu ouvia sua voz suave, enquanto ela olhava por cima de seus óculos: “xeque-mate.”
Esses jogos são bastante parecidos com a vida, não é mesmo? Exatamente na hora que você pensa que tem todas as próximas jogadas planejadas e mapeadas, a vida de repente proclama uma palavrinha: “xeque;” e isso nos surpreende e paralisa de início: “Mas de onde... como?” E o jogo da vida se torna um jogo de perseguição.
Uma das lições que minha avó sempre me ensinava era: “Fique sempre de olho na rainha.” Com exceção do rei, a rainha era a peça a ser mais protegida e guardada. A rainha era a sua arma ofensiva mais poderosa. Consequentemente, a rainha de seu oponente seria o seu inimigo mais temido. Fique sempre de olho na rainha... e durante o jogo inteiro. Nunca ignore os movimentos da rainha de seu adversário. E nunca se esqueça do local onde sua rainha se encontra.
Se você quiser resumir a queda do primeiro-ministro da Pérsia, Hamã, é possível fazer esse resumo em apenas uma sentença: Hamã não ficou de olho na rainha como deveria. Ele não fazia ideia de que ela estava prestes a se tornar seu inimigo mais assustador.
Em nosso encontro anterior estudando o drama do livro de Ester, vimos como Ester arriscou sua vida por algo aparentemente sem sentido. O rei pensa que ela apenas deseja mais posses: dinheiro, roupas ou talvez até mesmo o palácio pessoal dela. Ela convida o rei e o primeiro-ministro, Hamã, para um jantar a fim de fazer um pedido especial. Mas, ao invés de fazer o seu pedido, para a nossa surpresa—e talvez para a surpresa da própria Ester—ela apenas convida o rei e Hamã para retornar na noite seguinte para outro jantar. Ela promete então fazer seu pedido nessa segunda ocasião.
Nada disso foi surpresa para Deus. Na verdade, seria exatamente durante aquela noite que a mão interventora de Deus se tornaria ainda mais evidente. A insônia inspirada por Deus manteve o rei acordado a noite inteira. Ele até pediu que os registros históricos persas fossem trazidos da biblioteca do palácio e lidos para ele por um servo. Dentre todas as possíveis páginas, esse servo abre o registro que relata Mordecai descobrindo uma conspiração para assassinar o rei anos antes. O rei percebeu que não havia recompensado Mordecai como deveria; ele não havia dado a Mordecai o título de “Beneficiário do Rei,” um título conferido a um grupo seleto de cidadãos recompensados por terem prestado algum tipo de serviço especial a favor do rei.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Hamã prepara a forca na qual planeja enforcar Mordecai no dia seguinte, antes de comparecer ao jantar ilustre com o rei e a rainha. Hamã termina seu serviço na forca e troca de roupas; ele está tão animado com o grande dia de sua vida que até começa mais cedo no serviço no palácio do rei. Mas, naquele mesmo dia, ele se vê honrando Mordecai com presentes do rei ao invés de ele mesmo honrado pelo rei como tanto ansiava. Ele já tinha planejado os próximos movimentos de sua vida, mas agora se vê pasmo. E, para Hamã, o jogo da vida acabou de se tornar um jogo de perseguição.
O que ele fará com aquela forca de 25 metros de altura? Todos na vizinhança, e alguns dentro do palácio, sabem que Hamã tinha planos de empalar Mordecai naquela estaca. E Hamã ainda não sabe, mas seu edito de exterminar os judeus impactará não somente Mordecai, agora um dos beneficiários do rei, mas também Ester, a esposa predileta do rei. Hamã não tinha feito sua tarefa direito. Ele ficou movendo as peças no tabuleiro pensando o tempo todo que a rainha não seria um problema. Ele não ficou de olho na rainha.
Hamã corre até sua casa aquela tarde depois de ter honrado Mordecai, conta à sua família as novidades e eles reagem imediatamente dizendo que ele se encontra em sérios problemas. Eles proferem essas palavras, o capítulo 6 termina e o capítulo 7 inicia com o segundo jantar no palácio. Vamos dar continuidade no capítulo 7, versos 1 e 2:
Veio, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester. No segundo dia, durante o banquete do vinho, disse o rei a Ester: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. Que desejas? Cumprir-se-á ainda que seja metade do reino.
Em outras palavras: “O que você quer? Garanto que compro esse presente para você, não importa o preço.”
Então, respondeu a rainha Ester e disse: Se perante ti, ó rei, achei favor, e se bem parecer ao rei, dê-se-me por minha petição a minha vida, e, pelo meu desejo, a vida do meu povo. Porque fomos vendidos…
Ester aqui empresta a linguagem do próprio edito – essa é uma citação direta.
…eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e aniquilarem de vez...
Ela não quer nenhum brinquedo, propriedade ou coisas; ela quer vida, para si mesma e para o seu povo! Caso você não tenha percebido, note bem a mudança em Ester. Por pouco mais de cinco anos ela vinha mantendo segredo a respeito de seu mundo. O lema dela até então havia sido: “Sou judia, mas estou mantendo segredo!” Na verdade, ela poderia ter continuado mantendo seu segredo e apenas dito ao rei: “Veja bem, rei, alguns de meus empregados são judeus e eu gosto do pessoal judeu; não creio que a ideia que Hamã teve de exterminar o judeus seja boa.”
Ah não. Duas vezes nesse discurso corajoso Ester basicamente declara: “O povo judeu é meu povo; eu e meu povo fomos vendidos para ser destruídos, assassinados e aniquilados. A ficha ainda não caiu direito para o rei, apesar de o coração de Hamã estar a essa altura saltando pela boca.
Ester continua e cria ainda mais suspense e tensão. Note como o verso 4 continua:
se ainda como servos e como servas nos tivessem vendido, calar-me-ia, porque o inimigo não merece que eu moleste o rei.
Em outras palavras, “Se fôssemos pelo menos ser vendidos à escravidão eu não o estaria incomodando com isso. Mas não seremos simplesmente vendidos, seremos violentamente assassinados!”
E isso é novidade para ambos os homens. O rei está descobrindo que sua esposa está em perigo sem saber exatamente por que. Ester sabiamente evita qualquer detalhe que implicaria culpa sobre o rei. Sinceramente, eu imagino que o rei nem sabe que os judeus estão sendo condenados pelo edito. Em sua desconsideração insensível à vida, ele simplesmente autorizou Hamã a escrever o edito para tentar se livrar de um povo que evidentemente vinha causando problemas ao reino. É somente depois, de acordo com o capítulo 8, que Ester informa ao rei o que está realmente acontecendo, incluindo o fato de ela e Mordecai serem primos. Mas, por enquanto, Ester sabiamente se refreia de fornecer muitos detalhes porque deseja que seu marido apenas entenda isto: alguém busca assassinar tanto ela como também seus parentes.
Hamã, contudo, acabou de descobrir, para sua admiração e pavor, que Ester é judia. Hamã sabe exatamente ao que Ester se refere; afinal, foi ele mesmo quem escreveu o edito. Ela não precisa dizer mais nada para fazer Hamã entender bem aquele cenário.
Ao escrever seu edito, Hamã havia usado exatamente estes três verbos para excluir a possibilidade de os judeus escaparem: destruir, matar e aniquilar. Ele está doido para decapitar esses judeus; ele mal consegue se conter. Agora, para o seu espanto e horror, ele descobre que, de todas as pessoas na Pérsia, a rainha Ester é um dos judeus! Ele não ficou de olho na rainha e ignorou esse importante detalhe.
Hamã está desesperado buscando saber o que acontecerá em seguida; o rei está furioso: tem alguém querendo matar a mulher dele. E isso também significa que tem alguém mexendo com sua autoridade sobre o reino da Pérsia, em seu próprio palácio, com sua própria esposa!
Veja os versos 5 e 6:
Então, falou o rei Assuero e disse à rainha Ester: Quem é esse e onde está esse cujo coração o instigou a fazer assim? Respondeu Ester: O adversário e inimigo é este mau Hamã. Então, Hamã se perturbou perante o rei e a rainha.
Nossa! Que inimigo devastador era essa rainha! Ela não somente deixa escapar o nome dele, como também continua aumentando a tensão e o suspense com cada palavra: adversário, inimigo, é este mau Hamã. E Hamã fica aterrorizado; e deveria mesmo!
No verso 7:
O rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho e passou para o jardim do palácio…
O rei se encontra numa situação complicada:
- Como ele punirá Hamã por um edito selado com seu próprio anel real?
- Como lidar com Hamã sem admitir seu envolvimento?
- Como renunciar o edito que agora se tornou a lei dos medos e dos persas?
- Como pode amenizar o edito, se expressa claramente que o povo judeu deve ser aniquilado?
- Será que é possível, de alguma forma, proteger a vida de Ester e proteger sua própria reputação ao mesmo tempo?
- E se ele não puder, como explicará a morte dela?
- Por que ele confiou em Hamã dessa forma?
- E por que ele assinou o edito?
- Por que não leu os detalhes?
Um autor resumiu isso da seguinte forma:
Quem sabe quantos editos Assuero assinou naquele dia? Quem sabe quantos assuntos reais o pressionavam naquele dia? Ele tinha inúmeras decisões a tomar. E Hamã, seu oficial de confiança, havia proposto aquilo de uma forma que parecia ser a solução de um problema que afetava diretamente o bem-estar do império.
Mas nada disso importava agora. A assinatura do próprio rei estava, na realidade, naquele edito. Agora, o rei ainda não sabe, mas ele está prestes a ser retirado dessa bagunça imensa pelo próprio tolo Hamã, o qual, a propósito, tem um problema maior em suas mão, não é mesmo?
Continue no verso 7:
…Hamã, porém, ficou para rogar por sua vida à rainha Ester, pois viu que o mal contra ele já estava determinado pelo rei.
Hamã toma uma decisão desesperada aqui. Ele decide não seguir o rei até o jardim. Ele sabe, baseado na expressão facial do rei, que se encontra em seríssimos problemas.
Ele também decide não fugir, o que revelaria sua culpa; o rei rapidamente daria ordens para os soldados o prenderem e matarem. Ele está totalmente encurralado. Hamã está levando um xeque-mate da providência de Deus que moveu a rainha para sua devida posição, uma rainha que expôs a traição dele e da qual Hamã jamais deveria ter retirado seus olhos. E agora ele implora por sua vida.
Mas veja isto: ele implora por sua vida a alguém condenado à morte. Ela não pode salvar a vida dele; Ester não pode nem sequer salvar sua própria vida. De acordo com o edito, ela tem apenas 11 meses de vida. A verdade é que, nesse cenário, os dois imploram por suas vidas. E ambos dependem da decisão do rei.
O texto nos informa que em seu pavor – e ira – Hamã tinha caído sobre o divã em que se achava Ester. A lei persa determinava que nenhum homem podia ultrapassar a distância de sete passos (ou cerca de 5 metros) de qualquer mulher do harém do rei. Descobri em meus estudos que a lei condenava à morte qualquer homem que tocasse a esposa do rei.
Em sua ira, fervor e pavor, Hamã acaba caindo sobre o sofá onde Ester estava sentada, mais provavelmente debruçando-se sobre ela, ou tocando-a nos ombros. Posso apenas imaginar, mas o ódio desse homens pelos judeus deixou se transparecer nessa ocasião: “Quem você pensa que é? Eu sou o primeiro-ministro da Pérsia e você não passa de uma judia medíocre! É você que deve morrer aqui! Como ousa armar essa armadilha para cima de mim?”
Enquanto ele cai sobre o sofá, com uma postura ameaçadora (tendo, na minha imaginação, esse tipo de conversa), o rei acontece de voltar à sala de jantar e ruge, conforme a última parte do verso 8: Acaso, teria ele querido forçar a rainha perante mim, na minha casa?
O verbo traduzido como forçar pode ser entendido como “atacar,” sugerindo violência física. Em outras palavras, “Será que ele está querendo matar minha esposa na minha frente?”
O verso 8 continua dizendo: Tendo o rei dito estas palavras, cobriram o rosto de Hamã. Ou seja, de acordo com o costume, Hamã está sendo conduzido à morte e considerado indigno de olhar para alguém, nem ser olhado por ninguém.
Por que o rei procederia e executaria Hamã? De acordo com Heródoto, a lei persa exigia pelo menos duas acusações sérias convincentes a um tribunal para o rei poder executar Hamã. E agora o rei tem essas duas acusações. A conspiração de Hamã para matar os judeus poderia ser considerada uma ameaça direta à esposa do rei, a rainha Ester. Essa seria a primeira ofensa. Depois, Hamã se aproxima demais de Ester a ponto de cair sobre o sofá dela, sugerindo que a toca fisicamente de maneira ameaçadora; essa seria a segunda ofensa.
E a essa altura, de maneira inesperada, com certeza além das esperanças que Ester tinha com seus eventos coreograficamente planejados, de repente, surge uma terceira ofensa, o que coloca um ponto final em toda a disputa, acelerando o processo de execução de Hamã. Veja o verso 9:
Então, disse Harbona, um dos eunucos que serviam o rei: Eis que existe junto à casa de Hamã a forca de cinqüenta côvados de altura que ele preparou para Mordecai – note isso - que falara em defesa do rei. Então, disse o rei: Enforcai-o nela.
Em outras palavras: “Rei, você provavelmente não sabe disso; mas dá para ver daqui mesmo: uma forca que Hamã construiu para enforcar Mordecai. Lembra de Mordecai? Aquele homem que você honrou ontem mesmo por ter salvo sua vida; ele é um dos beneficiários do rei; pois é, Hamã queria vê-lo morto também!” Isso ultrapassa completamente os limites legais!
De onde veio esse eunuco? Por causa do testemunho dele, tudo agora muda e começa a soar como intriga política e traição. Na verdade, a tradução grega desse texto adiciona que Hamã, o conselheiro mais chegado do rei, será executado em desgraça por motivo de traição. Que comida dupla de dama! E xeque-mate ao mesmo tempo!
Alguém pode ler essa história e dizer: “Nossa, que ironia tremenda, não é?” Nós olhamos para isso, creio eu, e dizemos: “Nossa, que soberania maravilhosa! Que providência divina precisa!”
Deus é o estrategista por trás de tudo isso; o jogo pertence a ele. Mesmo quando Deus está em silêncio, ele está presente. Mesmo quando parece distante, ele permanece soberano. Mesmo quando parece atrasado, seus propósitos são cumpridos na hora exata.
Conclusão
Deixe-me fazer quatro observações finais sobre a estratégia de Deus enquanto ele trabalha no jogo da vida por meio de suas incontáveis providências.
- Deus frequentemente usa reveses em nossas vidas para nos desenvolver e aprofundar.
As coisas estavam indo bem: Ester tinha ganhado a coroa e Mordecai havia sido promovido ao escritório administrativo pessoal do rei; de repente, as coisas mudaram. Tudo por causa de um maníaco egocêntrico que perdeu a cabeça porque Mordecai não se prostrava diante dele.
Mas ouça bem: se esse edito contra os judeus não tivesse sido assinado, Ester jamais teria revelado seu segredo. Nem ela, nem Mordecai, seu primo, teria se identificado com o povo de Deus. Eles teriam vivido na hipocrisia até o final de suas vidas. Foi o perigo de morte iminente, a falta de esperança diante desse edito e o revés em suas vidas que os levaram a dobrar seus joelhos e a caminhar com coragem e confiança.
- Deus frequentemente usa coisas inesperadas para cumprir seus planos.
Ester não fazia ideia de que um dos eunucos do rei traria o último pedaço de informação, uma fonte inesperada de suporte para o povo judeu. Esse servo também trouxe consigo o último prego a ser pregado no caixão de Hamã.
- Terceiro, Deus frequentemente nos coloca em grandes dificuldades antes de providenciar livramento.
A verdade é que, se Deus quisesse simplesmente no livrar, ele nos livraria rapidamente e sem dor alguma envolvida. Mas ele não está em busca de livramento, mas de desenvolvimento. Se o nosso Senhor quisesse nos dar conforto, ele não permitira desvios e reveses e tribulações. Mas seu propósito em fazer com que todas as coisas cooperem para o nosso bem, conforme Romanos 8.28, se encontra no verso 29: ele deseja nos conformar à imagem de seu Filho.
É por isso que Deus não está interessado em nos livrar dos desafios da vida; seu interesse é nos livrar por meio dos desafios da vida.
- Deus frequentemente nos coloca em grandes dificuldades antes de providenciar livramento;
- Deus frequentemente usa coisas inesperadas para cumprir seus planos;
- Deus frequentemente usa reveses em nossas vidas para nos mover adiante e nos aprofundar.
- Finalmente, Deus oferece parceria especial com aqueles que se submetem à sua providência.
Esse é o princípio da colaboração que o apóstolo Paulo tanto desejou enfatizar com sua vida ao escrever à igreja de Corinto as seguintes palavras poderosas:
Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho (1 Coríntios 3.8).
Isso não significa que alguns possuem um trabalho maior ou mais importante do que outros. O ponto é que servimos como pudermos e onde formos colocados pela providência de Deus no grande tabuleiro de xadrez de nosso mundo.
Esse foi o encorajamento de Paulo aos filipenses que o apoiavam financeiramente. E ele lhes escreveu para lhes agradecer e informa-los a respeito desse princípio incrível de que, por causa do apoio deles, o fruto do trabalho deles lhes aumentaria o crédito (Filipenses 1.22; 4.17). Imagine ser incluído no fruto e galardão do próprio apóstolo Paulo!
Meu amigo, quer seja um servo ou a rainha na casa do rei, você serve e é totalmente recompensado como um colaborador de Cristo. Submeta-se à providência de Deus, onde quer que ele o coloque, seja qual for a forma como ele tenha criado você, e seja qual for o trabalho que ele designou para você hoje.
Ravi Zacharias, em seu livro Jesus entre Outros Deuses, conta uma história que ilustra bem esse ponto. Em uma ocasião, ele viajou para a Índia e viu um pai e seu filho tecendo um dos trajes de casamento mais bonitos que ele já tinha visto. Ele explica dizendo:
Esse traje, o sári, é usado por mulheres indianas. Seu comprimento é de aproximadamente 6 metros. Sáris de casamento são uma obra de arte: são cheios de fios de ouro e prata e resplandecentes com várias tonalidades de cor. O lugar que eu visitava é famoso por fazer os melhores sáris do mundo. Eu esperava ver um sistema de maquinário e design bem desenvolvido que me impressionaria. Na verdade não! Cada sári era feito individualmente por esse pai e seu filho. O pai se sentava na parte de cima sobre uma plataforma uns 90 centímetros de altura mais alto que seu filho, cercado de vários novelos de fios, alguns escuros, outros brilhosos. O filho fazia apenas uma coisa: ao sinal de seu pai, ele movia a lançadeira de um lado ao outro repetidamente. Isso se repetia por vários dias, centenas de horas, até que começavam a ver um modelo magnífico emergindo. O filho tinha a tarefa mais fácil: simplesmente mexer ao sinal de seu pai. Em todo tempo, o pai tinha em mente o design e ele juntava os fios. Quanto mais reflito em minha vida agora e estudo as vidas de outros crentes, fico mais fascinado ao ver o plano de Deus para cada um de nós: o dever dele é planejar, o nosso é responder em obediência.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 06/11/2011
© Copyright 2011 Stephen Davey
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