Momentos Decisivos

Momentos Decisivos

by Stephen Davey Ref: Esther 1–10

Momentos Decisivos

Uma Sombra de Soberania – Parte 5

Ester 4

Introdução

Ela nasceu escrava no ano de 1819. Sua mãe e seu pai eram africanos puros trazidos como escravos do continente da África. Sua dieta era à base de milho; de vez em quando, tinha a oportunidade de comer carne quando ao seu pai era permitido caçar ou pescar. Quando ia dormir, ela se aconchegava o mais próximo possível da fogueira, colocando seu pé sobre as cinzas para evitar que seus dedos congelassem.

Ao completar 6 anos de idade, ela foi considerada ter idade suficiente para trabalhar o dia inteiro, e foi então alugada para uma família vizinha. Nessa outra casa ela foi açoitada e depois enviada de volta depois de ter comido açúcar da dona da casa.

Aos 12 anos de idade, ela foi ferida por um senhor de escravos quando se recusou a ajudar amarrar um escravo fugitivo. O golpe na sua cabeça lhe causou convulsões e dores de cabeça pelo resto da vida.

Aos 29 anos de idade, ela decidiu arriscar sua vida e tentou escapar. Os demais escravos tentaram desencorajá-la, perguntando-lhe: “O que você vai comer? Como vai saber o caminho depois que escurecer?” Contudo, permaneceu determinada, e conseguiu escapar numa noite de 1849, alcançando, assim, sua liberdade.

Posteriormente ela diria aos escritores de sua biografia: “Eu tinha cruzado a fronteira e estava livre, mas não havia ninguém para me receber na terra da liberdade; eu era uma estranha em uma terra estranha.”

Depois que conseguiu sua liberdade, ela encontrou trabalho e economizava cada centavo com planos de voltar e resgatar sua família e amigos. Ela devotaria o resto de sua vida para resgatar escravos, conduzindo-os à liberdade.

Ela foi considerada uma das maquinistas mais corajosas no que ficou conhecida como “A Linha Férrea Subterrânea.” Seu apelido era Moisés. Em um dado momento, vários cartazes de “procurado” foram distribuídos em toda a região com a foto dela. Até mesmo uma grande recompensa de 50 mil dólares foi prometida para quem a capturasse; e isso foi 150 anos atrás.

Em uma certa ocasião ela disse: “Eu lutaria pela liberdade enquanto me restassem forças; se o momento de partir chegasse, o Senhor permitiria que eles me prendessem.”

No decorrer de suas fugas, escapando de caçadores de escravos, cães farejadores e animais selvagens, essa mulher acabou conduzindo 1000 escravos à liberdade.

Quando sua primeira biografia estava sendo escrita, um homem chamado Douglas, ex-escravo e então conhecido e respeitado comerciante e líder abolicionista, foi convocado para dar uma palavra de louvor a respeito dessa mulher. Ele disse:

A diferença que existe entre nós é evidente. Grande parte do que tenho feito e sofrido pelo serviço de nossa causa tem sido em público; e eu tenho sido encorajado a cada passo nessa jornada. Enquanto eu trabalhava de dia, você trabalhava de noite. O céu da meia-noite e as estrelas silenciosas são testemunhas de sua devoção... Eu não conheço nenhum outro [escravo] que se dispôs a passar pelos maiores perigos e dificuldades a fim de servir nosso povo como você.

Portanto, não me surpreende o fato de que, até ao dia de hoje, essa mulher apelidada de Moisés ainda é reverenciada e honrada por seu sacrifício diante da morte – várias e várias vezes –, a fim de conquistar a liberdade e a segurança de seus compatriotas escravos.

Sinceramente, existe algo dentro de todos nós que nos move muito diante da biografia de alguém que arrisca tudo por causa de outra pessoa, por algo que é reto, justo e verdadeiro.

Bom, o dia já está agendado e é uma data que a lei dos medos e dos persas não pode revogar. Milhares de cópias do edito do rei já foram feitas e distribuídas pelo mensageiro de plantão do Império Persa; cartazes de “procurados” foram espalhados por todo lugar, contendo uma simples frase: “Judeus devem morrer.” E a recompensa para aqueles que obedecerem ao edito do rei será tudo aquilo que conseguirem roubar dos judeus antes de Hamã colocar a mão sobre o despojo.

Contudo, no próprio palácio do rei, passando despercebida diante dessa conspiração, estava uma judia que havia ganhado a coroa e agora ocupava a posição de rainha do império. Toda essa crise agora se tornaria nada mais, nada menos do que seus momentos decisivos.

Ela e seu primo Mordecai mantiveram em segredo sua linhagem judaica por quase 5 anos. Mas Hamã, o primeiro-ministro, em retaliação por causa do insubordinado Mordecai – que se recusara a se curvar diante dele – descobriu segredo: Mordecai era um judeu.

E Hamã decidiu resolver a antiga intriga de família, buscando matar não somente o judeu Mordecai, mas também todos os judeus em todo o império. Agora, como você sabe, Deus não é explicitamente mencionado em lugar algum livro de Ester; e Satanás também não é mencionado. Mas não se engane; ambos estão agindo por trás das cenas.

Este é apenas mais um ataque de Satanás contra o povo da aliança de Deus; essa é mais uma tentativa de frustrar a promessa de um futuro Messias. E a essa altura na história da redenção, os holofotes de repente focalizam nessa garota órfã que se tornou rainha.

Simplesmente aconteceu de ela ter conquistado o coração do rei; e aconteceu de ela ser uma judia, prima de Mordecai, o qual aconteceu de estar trabalhando no escritório administrativo do rei; e, por causa dessa posição, aconteceu de ele ouvir sobre uma conspiração para assassinar o rei; e simplesmente aconteceu de ele contar para Ester e de ela contar para o rei. Que sequência maravilhosa de coincidências!

Essas coisas não são coincidências. Na verdade, coincidências não existem. Essa é uma explicação terrena, nossa explicação míope. Coincidências são os atos providenciais de Deus que prefere permanecer anônimo.

Momentos decisivos são, na realidade, nada mais do que reconhecer a mão providencial de um Deus anônimo, e render sua vida para se juntar a ele em uma obra específica, quer seja resgatar escravos ou arriscar sua coroa, reputação, fortuna, conforto pessoal ou talvez até mesmo sua própria vida.

Mais uma vez, o livro de Ester continua a se desenrolar como uma peça de teatro bem planejada. Pelo menos quatro cenas aparecem no capítulo quatro do livro de Ester.

  • A Demonstração de Mordecai

A primeira cena é do lado de fora do escritório administrativo do império. Convido sua atenção aos versos 1 e 2:

Quando soube Mordecai tudo quanto se havia passado, rasgou as suas vestes, e se cobriu de pano de saco e de cinza, e, saindo pela cidade, clamou com grande e amargo clamor; e chegou até à porta do rei; porque ninguém vestido de pano de saco podia entrar pelas portas do rei.

 

Então, aqui está Mordecai, cuja identidade havia sido recentemente revelada, identificando-se agora com o povo judeu que caminha para morte certa. Aqui está ele do lado de fora da porta do rei – o prédio administrativo – literalmente chorando com um clamor alto e amargurado.

Em nossa cultura ocidental, nós escondemos lamentação e lágrimas por trás de lenços e véus. Mas não no Oriente Médio. Talvez você já tenha visto cenas daquela parte do mundo – quem sabe por meio de vídeos ou noticiários – mostrando um grupo de pessoas carregando um caixão no meio da multidão enquanto lamenta e chora.

É exatamente isso o que acontece aqui. Ele não esconde nada. Mordecai veste uma roupa preta feita de pelo de bode, algo frequentemente utilizado para fazer sacos; é um material bastante semelhante à nossa estopa. Ele o veste em contato direto com sua pele para demonstrar preocupação com a dor. Mordecai também rasga suas vestes, um símbolo do quebrantar de seu coração e despedaçar de suas emoções. Ele veste de pano de saco e joga cinzas sobre sua cabeça e barba, chorando e lamentando do lado de fora das paredes do palácio. Esse costume judeu envolvia a lamentação e a tristeza por causa de um comportamento pecaminoso, ou em momentos especiais de oração por livramento.

Mas essa atitude sozinha talvez não nos convença de que Mordecai está acertando seu coração com Deus. Talvez ele esteja apenas chateado, e com razão. E ele não é único; note o verso 3:

Em todas as províncias aonde chegava a palavra do rei e a sua lei, havia entre os judeus grande luto, com jejum, e choro, e lamentação; e muitos se deitavam em pano de saco e em cinza.

A única outra ocasião na Bíblia Hebraica em que esses três verbos ocorrem numa construção idêntica a essa é no livro do profeta Joel, capítulo 2, verso 12. Apesar de as palavras jejum, choro e lamentação aparecerem individualmente muitas vezes, elas dificilmente ocorrem juntas como aqui.

Concordo com os estudiosos do hebraico. Segundo eles, os leitores originais do livro de Ester identificaram essa construção de Ester como uma referência à profecia anterior de Joel, o qual convida o povo de Israel, dizendo: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto.

Em outras palavras, Mordecai não tem mais nenhum plano secreto. Na verdade, ele lidera uma convocação para reavivamento nacional em um abandono de tudo em troca da soberana misericórdia do seu Deus vivo e verdadeiro.

Também concordo com os comentaristas que acreditam que, no verso 16, quando ela pede que o povo jejue por ela, Ester está na verdade pedindo por uma oração intercessória. Mas Ester não está pronta para sua tarefa.

  • A Hesitação de Ester

Quando descobre que Mordecai está vestido de pano de saco, Ester lhe envia roupas novas e pede que ele troque de roupas.

O verso 5 nos informa que, quando Mordecai se recusa, Ester envia seu eunuco pessoal para ir e descobrir que confusão era aquela. Evidentemente ela está presa nas câmaras reais e ouve por meio de outras membros do palácio que Mordecai está do lado de fora pranteando – alguém da família provavelmente faleceu, ou outra tragédia qualquer aconteceu.

Ela não sabe do que se trata. É possível que ela ainda nem sabia a respeito do edito real. Então, ela envia Hataque, seu assistente pessoal, e sem dúvidas seu guarda-costas, lá fora para investigar o motivo da balbúrdia.

Alguns minutos depois, o eunuco retorna para a câmara real, trazendo em sua mão uma cópia do cartaz de “procurados.” Ele então lhe informa a notícia devastadora de que o povo judeu será dizimado por ordens de seu marido e do primeiro-ministro. Esse eunuco pessoal havia sido confiado com informação confidencial a respeito da nacionalidade de Ester que até então havia sido mantida em segredo.

Daí, a bomba explode. Mordecai dá uma ordem especial no verso 8b para que Ester fosse ter com o rei, e lhe pedisse misericórdia, e, na sua presença, lhe suplicasse pelo povo dela.

Mordecai só pode estar brincando. Ninguém sabe que ela pertence ao povo judeu. Ela manteve seu segredo escondido do rei e de seus conselheiros. Evidentemente, apenas seus amigos de confiança e empregados pessoais sabiam da sua origem. “Eu não quero revelar minha origem. Além disso, Mordecai, você se esqueceu dos detalhes?”

  • Um problema legal

Então, ela envia de volta uma mensagem por meio de Hataque, relembrando Mordecai de que ele está ignorando um problema legal óbvio. Veja o verso 11:

Todos os servos do rei e o povo das províncias do rei sabem que, para qualquer homem ou mulher que, sem ser chamado, entrar no pátio interior para avistar-se com o rei, não há senão uma sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva…

Ninguém entra no escritório do rei sem ser convidado.

 

 

 

  • Um problema pessoal

Além do problema legal, Ester adicionar um problema pessoal; um pequeno detalhe: e eu, nestes trinta dias, não fui chamada para entrar ao rei.

Muitos eruditos no antigo testamento acreditam que o interesse de Assuero em Ester havia diminuído. Até onde Ester sabe, esse é o pior momento possível! Como diz o ditado: “Quando você se casa com um filho do diabo, em algum momento terá problemas com o sogro.”

E como Ester está com problemas agora! Parece que o diabo a encurralou e deixou sem esperanças. Se ela permanecer em silêncio, o edito será obedecido e, com certeza, alguém – talvez mesmo Mordecai – revelará a origem étnica da rainha. Mas, se Ester entrar na presença do rei, ela não somente estará pedindo ajuda para o seu povo, mas também estará admitindo que o enganou. Ele pensou que ela fosse persa; o fato de ela não pertencer às famílias nobres da Pérsia já havia sido algo ruim em si, pois este era o costume persa: rainhas procediam de famílias nobres.

Agora o rei se vê diante de uma incrível humilhação e vergonha pelo fato de ter aprovado o massacre do povo de sua própria rainha. Ele deve ser um tolo! Mas ele não é o tipo de homem a ser considerado tolo; ele não é o tipo de homem a ser envergonhado e humilhado publicamente; e a rainha anterior é prova disso!

Mas ainda existe outro problema nessa tentativa de contar ao rei a verdade, um problema que geralmente é ignorado. A fim de chegar até o rei, seu pedido deveria primeiro passar pelo comandante-chefe; os apelos eram enviados ao escritório do comandante e ele agendava reuniões com o rei de acordo com certas prioridades. O problema é que o comandante-chefe é Hamã. Obviamente, Ester não pode apelar a ele a fim de ser admitida ao trono do rei. E o rei não está muito interessado em vê-la de novo; ela está de mãos atadas e sem esperança; então, ela decide não fazer nada.

Talvez Mordecai tenha previsto o medo e a hesitação dela; sem dúvidas ele reconheceu como a situação dela era complicada. Mordecai sabia que estava pedindo demais dela. Enquanto está sentado nas cinzas do lado de fora do palácio do rei, ele formula uma resposta inspirada por Deus. Quando Hataque voltar trazendo a decisão de Ester de não poder se envolver com a situação, Mordecai estará preparado com três declarações decisivas para o empasse; declarações que servirão de motivação para Ester.

  • O Confronto de Mordecai

Este é um dos maiores discursos na história da humanidade que serve para desafiar cada crente até ao dia de hoje. Note o verso 13:

Então, lhes disse Mordecai que respondessem a Ester: Não imagines que, por estares na casa do rei, só tu escaparás entre todos os judeus.

  • Primeira declaração decisiva de motivação: “Você não escapará!”

Não pense, não imagine nem por um momento, que você estará segura no palácio enquanto os judeus são massacrados por todo o império. Você não pode se esconder atrás das cortinas de seu quarto, nem debaixo da coroa de sua cabeça. Ester começa a encarar a realidade agora: “Você não tem chance alguma. O segredo será revelado. Se os judeus morrerem, você também morrerá. Então, é melhor você admitir logo quem realmente é.”

É mais do que simples ironia o fato de o autor nos fornecer os dois nomes dessa mulher. É-nos dito que ela possui dois nomes: Hadassa é seu nome hebreu; Ester, seu nome persa. De maneira bem real, o resultado desses momentos decisivos será estabelecido pelo nome que ela escolher representar. Será que ela escolherá ser uma hebreia ou uma persa?

Em minhas viagens para outros países, sempre conheço vários irmãos crentes. E quando nos conhecemos, eles me dizem seu nome nativo. Depois dizem: “Mas o nome que escolhi no meu batismo foi Daniel,” ou Jeremias, Pedro ou outro nome de um personagem bíblico. Para muitos crentes ao redor do mundo, o batismo representa um momento decisivo no qual escolhem para si outro nome. E eles desejam ser definidos pelo resto de suas vidas por aquele nome bíblico.

Em um sentido bem real, todos nós possuímos dois nomes: um é o nome que nos foi dado pelos nossos pais; o outro nome é o nome do nosso Senhor: Cristão. E hoje, momentos decisivos em nossas vidas geralmente são determinados pelo nome que escolhemos representar.

Mordecai está definitivamente mandando Ester se identificar e representar seu relacionamento com o povo da aliança de Deus.

  • Ester não somente é lembrada de que não escapará do palácio com vida, Mordecai ainda faz uma segunda declaração decisiva de motivação: “Você não pode apagar a promessa de Deus;!

Note o verso 14:

Porque, se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis…

Ester não é a única pessoa passando por momentos decisivos aqui! Mordecai está dizendo que decidiu colocar sua confiança nas mãos de Deus: de outra parte  para os judeus socorro e livramento.

O termo hebraico maqom, traduzido como lugar, é uma referência a Deus. Os rabinos se referiam a Deus com a mesma palavra: maqom; “o Lugar.”

Mordecai não sabe quais são os planos de Deus, mas está decidido a permanecer firme em sua fé pessoal na providência e proteção de Deus. Essa é a fé desesperada de um judeu que escreveu em uma parede de um celeiro em Cologne, Alemanha, enquanto se escondia dos nazistas: “Eu creio no sol, mesmo quando ele não está brilhando; eu creio em Deus, mesmo quando ele está em silêncio.”

Flávio Josefo, historiador judeu do século primeiro, juntamente com outros inúmeros comentaristas hebreus que viveram mais de 1000 anos atrás, entendia que essa é uma alusão encoberta a Deus. De alguma forma Deus levantará um remanescente de seu povo porque alívio e livramento certamente virão de suas mãos.

Daí, Mordecai lança sobre Ester um julgamento de Deus não muito encoberto: “Ester, você não pode escapar, mesmo estando no palácio; Ester, você não pode apagar a promessa de Deus.” Por último, a terceira e mais eficaz de todas as motivações para esse momento decisivo na vida de Ester:

  • A terceira declaração decisiva de motivação: “Você não pode se esquivar de sua posição!”

As famosas palavras de Mordecai estão esculpidas na última parte do verso 14: e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?

“Ester, você precisa entender isto! Este é o agir de Deus. Em toda essa situação, sempre houve algo muito além de sua coroa e minha carreira profissional. Foi a mão de Deus que a colocou ao lado do rei para preservar o povo de Deus.”

E esse continua sendo o maior de todos os incentivos para servirmos a Deus. O que está em jogo não é o medo da morte ou o medo de encarar julgamento. A questão é se envolver no plano de Deus, nos propósitos de Deus para a glória de Deus.

A providência de Deus não somente exige que eu e você nos rendamos a Deus; é mais que isso. Na verdade, a providência de Deus nos convida a participar com Deus em sua busca universal por aqueles que irão adorá-lo em espírito e em verdade. Essa é a parte interessante da sinergia misteriosa entre a vontade de Deus e a obediência de seus filhos. O mesmo Senhor que disse: Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela, é mesmo Senhor que disse aos seus discípulos em suas palavras finais antes de ascender ao Pai nos céus: Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando-os a guardar tudo o que vos tenho ordenado.

Ele não descerá aqui para ensinar aquela turma de três anos na Escola Dominical, não descerá aqui para colocar dinheiro no gazofilácio como oferta para construção da igreja, e ele não descerá aqui para preparar o currículo para  turma dos adultos.

Você vive sua vida com um senso de providência e propósitos divinos—aquele senso de que Deus o usará e tem algo em mente para você? Pode ser uma pia cheia de louças, uma sala cheia de crianças, uma loja cheia de ferramentas ou um escritório cheio de papelada. Isso é tudo que você consegue enxergar, ou será que vê essas circunstâncias como a providência divina ou um encontro marcado por Deus, e você ouve a voz de Deus das sombras dizendo: “Eu tenho planos para você”?

Recentemente, eu li sobre os três diferentes níveis de motivação. O primeiro nível é o das preocupações físicas; o segundo é o do reconhecimento e respeito; mas o terceiro nível de motivação para uma pessoa é fazê-la enxergar que ela possui um propósito na vida e um senso de destino.

“Ester, você é a rainha, mas a essa altura isso não importa. Você possui contatos, poder, respeito e conforto físico, mas essas coisas não são as mais importantes. Você consegue ver algo por trás de tudo isto – você como plebeia e o rei a escolhendo você dentre outras mil moças; seu casamento com rei e seu título de rainha – será que isso é tudo que consegue enxergar? Ou será que consegue entender que foi introduzida na história da Pérsia justamente para este momento? Essa é a sua hora; esse é o seu momento decisivo. Levante-se! Fale ou morra! Qualquer que for sua decisão, não permaneça em silêncio!”

E a última cena neste capítulo é de tirar o fôlego.

  • A Afirmação de Ester

Ester responde positivamente ao desafio de Mordecai e coloca em ação três atitudes decisivas.

  • Primeiro, ela convoca os judeus a jejuar.

Ela diz a Mordecai no verso 16:

Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia…

Ester aplica à sua fé a profecia de Joel, capítulo 2, verso 15, que diz: Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembleia solene.

  • Segundo, ela se identifica com o povo judeu.

Ela diz no verso 16: eu e as minhas servas também jejuaremos. Em outras palavras, “Estamos juntos nessa.”

Muitos estudiosos acreditam que Ester havia se cercado com homens e mulheres judeus como seus empregados e assistentes pessoais por causa de sua simpatia e preocupação por eles. Por quase cinco anos, esses assistentes devem ter se perguntado por que uma rainha persa se preocupava tanto com o povo judeu. Mas agora eles sabem o porquê: ela é um deles.

  • Terceiro, ela não somente convoca os judeus para jejum e ela não somente se identifica com povo judeu, mas finalmente ela se rende a vontade de Deus.

Note o verso 16: Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci.

Esse é o seu momento decisivo! E que  mudança! Ela mudou de medo para fé, de hesitação para determinação, de preocupação com sua segurança para preocupação com a sobrevivência de seu povo. Como o jovem Davi que olhou para Golias e disse aos soldados ao seu redor: “Não lutamos por uma causa? Isto é tudo que conseguimos enxergar? Não existe uma motivação maior?” Como um autor disse, Ester reconheceu que “Não existe segurança alguma em uma vida significante e não existe significância alguma em uma vida segura.”Esse foi o seu momento decisivo.

Conclusão

Deixe me fazer duas observações finais sobre esses momentos decisivos que ocorrem em sua vida talvez mais do que você consiga perceber.

  • Momentos decisivos são aqueles pequenos passos de obediência dados quando você age como o discípulo que realmente deseja ser.

Douglas Arthur disse certa vez que existe no mundo uma conspiração constante contra os corajosos. Ele disse: “É a velha luta entre o bramido da multidão de um lado e a voz da consciência do outro lado.”

Gostaria de adaptar essa frase para o discípulo crente: “É o bramido da multidão de um lado e a voz de Cristo do outro lado.” Para você, o momento decisivo será amanhã quando decidirá se irá ou não ler a Palavra de Deus; se irá ou não abaixar sua cabeça e orar no restaurante ou no refeitório de sua escola ou universidade; se irá ou não, quando perguntado, dizer às pessoas que foi à igreja no final de semana. Momentos decisivos são pequenos passos simples de obediência quando você vive de acordo com o seu nome e atende à voz de Cristo.

  • Segundo, momentos decisivos são os pequenos passos de fé dados quando você confia em Deus da forma como ele realmente merece ser confiado.

O teólogo Eugene Peterson escreveu as seguintes palavras a respeito de Ester:

No momento que Hamã se revelou, Ester começou a deixar de ser simplesmente uma bela rainha para se tornar uma [crente]; a deixar de ser um símbolo sexual cabeça-oca para ser uma intercessora fervorosa; a deixar de se ocupar com a vida corrida no harém do rei para se aventurar perigosamente a falar a favor e a se identificar com o povo de Deus.

Ela precisava começar a viver dessa forma, e Deus merecia ser confiado dessa maneira também.

Portanto, deixe a multidão bramir e as nuvens se juntar sobre sua cabeça sem nenhuma outra garantia, além de que Deus merece ser confiado e que ele é fiel. Então, eu me levantarei, me pronunciarei, darei tudo o que sou e tenho e não permanecerei mais em silêncio.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 16/10/2011

© Copyright 2011 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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