O Céu Domina!

O Céu Domina!

O Céu Domina!

Daniel  4.1–37

Introdução

Uma das características universais da natureza humana é a indisposição de dar ouvidos a advertências. Um artigo que li recentemente contou a história de um homem que recusou usar o cinto de segurança, mesmo depois de ter recebido 32 multas em 5 anos. Tantas multas assim lhe custaram uma pequena fortuna, mas ele insistia que, dentro de seu próprio carro, ele era a maior autoridade e pagava uma boa soma de dinheiro em violações de trânsito para proteger essa independência. Por fim, ele cansou de pagar multas e, ao invés de obedecer à lei, fez um cinto de segurança falso que passava por sobre o ombro para dar a aparência de que usava um cinto. Ele amarrou uma ponta do cinto no encosto da cabeça no banco e passou a outra parte por sobre o corpo.

Você deve estar se perguntando: “Um trabalho desse! Não é melhor usar logo o cinto?” É incrível o esforço que o ser humano faz para resistir autoridades. Enfim, seu truque funcionou e ele não foi mais pego pela polícia. Mas, daí, sofreu um acidente de carro. Ele teria sobrevivido, caso estivesse usando o cinto, mas com o impacto acabou sendo arremessado pelo para-brisa e morreu.

Uma pesquisa médica recente mostrou que milhares de pessoas se submetem a cirurgia para fazer ponte de safena. Os cirurgiões alertam os pacientes, dizendo-lhes que o procedimento é uma solução temporária; médicos imploram que os pacientes, que receberam um nova chance de vida, parem fumar, beber, comer comida gordurosa e que comecem a se exercitar. Entretanto, de todas as pessoas que passam pela cirurgia, 90% não mudam nada em seu estilo de vida.

E por que elas fariam isso? Provavelmente pelo mesmo motivo por que nós não paramos para pedir ajuda quando estamos perdidos: temos que admitir a um estranho que estamos perdidos. E quem quer admitir que está errado, quem quer mudar de direção ou admitir fracasso?

Um dos maiores reconhecimentos de fracasso em todo o registro da história humana vem da pena de um rei poderoso que liderava o império mais potente da época. E seu coração transformado dará testemunho de sua conversão incrível. Mas isso só aconteceu depois de ele ter tido um encontro cara a cara com o julgamento de Deus. Só que em seu caso, ele sobreviveu para contar a história.

Esse relato aparece em Daniel 4, que é um dos capítulos mais singulares das Escrituras, pois é um documento autobiográfico oficial. É uma carta aberta preparada pelo rei Nabucodonosor e enviada a todo o reino; uma cópia é inserida no registro inspirado de Daniel. De forma típica de comunicados da realeza, a carta começa nos versos 1–2:

O rei Nabucodonosor a todos os povos, nações e homens de todas as línguas, que habitam em toda a terra: Paz vos seja multiplicada! Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.

Ou seja, Nabucodonosor está prestes a proclamar o que podemos chamar de testemunho pessoal de conversão. Ele termina com comentários de exaltação a Deus no verso 3:

Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração.

Ficamos com a impressão de que Nabucodonosor vai se gabar e dizer como é grandioso e como está perto do poder divino. Mas, ao invés disso, ele começa a revelar um pesadelo terrível que teve 7 anos antes que transformou radicalmente sua vida. Veja o verso 4:

Eu, Nabucodonosor, estava tranqüilo em minha casa e feliz no meu palácio.

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego entraram na fornalha de fogo entre 15 e 20 anos após terem chegado no reino da Babilônia. O que Nabucodonosor relata no capítulo 4 aconteceu entre 20 e 25 anos depois do episódio da fornalha no capítulo 3. O diário de Daniel cobre 75 anos de sua vida e, a essa altura no capítulo 4, ele está com mais de 50 anos. Esse é um detalhe importante, pois sabemos que o testemunho de Daniel tem permeado o palácio de Nabucodonosor há cerca de 35 anos. O rei já ouviu sobre o Deus verdadeiro nas inúmeras conversas que teve com seu primeiro-ministro, o líder dos sábios—Daniel—um homem reconhecido como o mais sábio do reino.

O verso 4 nos informa que a Babilônia desfruta de um tempo de paz e prosperidade. A história nos conta que Nabucodonosor se envolveu em muitos projetos de construção, tanto em casa como em outras regiões. O rei escreveu aqui que estava tranquilo em minha casa e feliz em meu palácio. A palavra aramaica traduzida como feliz pode ser traduzida como “florescer, reverdecer,” indicando que tudo estava luxuoso e próspero sob seu comando. Durante esse tempo de tranquilidade, Nabucodonosor começa a ter pesadelos que muito lhe perturbam. Por isso, ele convoca os sábios e magos de todo o reino. Como de costume, ninguém faz ideia do significado dos sonhos, já que ele vem de Deus. E também como de costume, Nabucodonosor convoca Daniel por último. Por que? Não somos informados por que, mas suponho que o rei quis dar uma segunda chance aos seus sábios caldeus, ou suspeita que o sonho não tem significado positivo.

E ele está certo. Veja o verso 8: Por fim, se me apresentou Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus. A propósito, não ignore este detalhe: no início de sua carta, o rei Nabucodonosor se refere a Daniel por seu nome hebreu, o que é um sinal de que há algo diferente no rei. Ele adiciona o nome caldeu Beltessazar porque ninguém saberia a quem se referia, já que não o chamava de Daniel em seu palácio. Agora os leitores saberão sobre quem o rei fala.

No verso 9, encontramos mais duas observações, onde Nabucodonosor se refere à intimidade de Daniel com o espírito divino. Nesse verso, o rei relata o tempo em que ainda estava confuso com o politeísmo. Isso, porém, mudará após o julgamento de Deus. Nabucodonosor também chama Daniel no verso 9 de chefe dos magos, ou seja, Daniel é o mestre dos magos.

O conteúdo dos pesadelos de Nabucodonosor aparece nos versos 10–15a. Leia comigo:

Eram assim as visões da minha cabeça quando eu estava no meu leito: eu estava olhando e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande; crescia a árvore e se tornava forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra. A sua folhagem era formosa, e o seu fruto, abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e todos os seres viventes se mantinham dela. No meu sonho, quando eu estava no meu leito, vi um vigilante, um santo, que descia do céu, clamando fortemente e dizendo: Derribai a árvore, cortai-lhe os ramos, derriçai-lhe as folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela e as aves, dos seus ramos. Mas a cepa, com as raízes, deixai na terra, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo...

Até agora, tudo está ligado a uma árvore, mas o rei, e todos os que ouvem seus pesadelos, têm ideia do que se trata. É possível que os magos caldeus não queriam sugerir ao rei o significado negativo dos sonhos—pelo menos não as partes óbvias—pois isso ameaçaria seus empregos.

No decorrer da história, a árvore tem sido usada como símbolo de reino; quanto maior a árvore, mais poderoso o reino. No pesadelo de Nabucodonosor, as raízes dessa árvore chegavam aos confins da terra e seus galhos proviam sombra para todas as pessoas. Evidentemente, essa é uma referência ao reino poderoso da Babilônia.

Entretanto, essa não é a parte de fato ruim no sonho. O pesadelo começa quando a linguagem muda de pronome, de forma que o julgamento para de falar em termos gerais e se torna mais pessoal. A partir da segunda parte do verso 15, o pronome pessoal muda para o masculino da terceira pessoa do singular “ele:”

e seja [ele] molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais na grama da terra.  Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e seja-lhe dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos.

Não se trata mais de uma árvore aqui. Continue no verso 17:

Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem, por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles.

Nabucodonosor pensa: “Espere um pouco... esse aí sou eu, não é? Não preciso de ajuda para entender essa parte! E o que você quer dizer com ao mais humilde dos homens? Eu não sou o mais humilde, sou o maior de todos! E que história é essa que o Altíssimo foi quem me deu o reino? Eu sou filho de rei e este reino que chega aos confins da terra é obra das minhas mãos.”

O pesadelo de Nabucodonosor transmite a seguinte mensagem: Deus coroa quem ele escolher; às vezes, Deus coloca em posições de liderança de nações e cidades os indivíduos mais perversos. Simplesmente leia os jornais. Mas Deus usa até mesmo os homens mais simples para liderar seus pequenos reinos deste mundo a fim de cumprir o propósito de seu reino final.

“Nabucodonosor, você é uma árvore grande, não porque merece, mas porque eu o fiz assim. E aqui vai a novidade: você está prestes a ser arrancado.” E essa acontece de ser uma metáfora irônica à luz de descobertas recentes.

Arqueólogos descobriram algumas inscrições feitas por Nabucodonosor nas quais ele se refere à Babilônia como uma árvore sob a qual todos encontram refúgio abundante. Um comentarista destaca que achados recentes apontam que Nabucodonosor era amante da força das árvores. De fato, em uma de suas viagens ao Líbano, o próprio Nabucodonosor derrubou uma árvore enorme. Ele ficou tão orgulhoso de seu feito que mandou esculpir em pedra um retrato dele cortando a árvore. Deus diz: “Nabucodonosor, deixe-me esculpir um retrato aqui: nessa imagem, você é a árvore que Deus derrubará.”

Continue no verso 19:

Então, Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o turbavam. Então, lhe falou o rei e disse: Beltessazar, não te perturbe o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar e disse: Senhor meu, o sonho seja contra os que te têm ódio, e a sua interpretação, para os teus inimigos.

Pensamos: “Daniel não deveria ter dito isso, mas deveria proclamar ao rei: ‘Nabucodonosor, você já era!’ Afinal, destruiu nosso templo, arrancou os olhos de nosso rei depois de matar seus filhos, destruiu nossa querida Jerusalém, tentou assar meus amigos na fornalha ardente... cara, como estou feliz em ver Deus finalmente arrancando suas raízes!’”

O que testemunhamos é uma reação maravilhosa por parte de Daniel e um exemplo para todos nós. Ele não descarrega tudo o que vinha corroendo seu interior e o deixando amargurado, ressentido e amedrontado. Daniel não diz: “Você pediu por isso, rei... na verdade, acho até que Deus está pegando leve com você.” O profeta diz: “Rei, é má notícia. Gostaria que fosse para os que o odeiam e o buscam destruir.” O que indica que Daniel não está entre os inimigos de Nabucodonosor.

Quanta graça, humildade e compaixão pelo perdido. Como Daniel pode se sentir desse jeito? Simplesmente porque ele tinha crido na interpretação desse sonho muito tempo antes de Nabucodonosor. Deus reina sobre a humanidade; Deus está no controle; o coração do rei está em suas mãos; os regentes deste mundo estão, no fundo, sob a administração e instituição de Deus porque o céu domina!

Em seguida, Daniel fornece a interpretação do sonho. Ele diz basicamente: “Rei, você está em sérios apuros com Deus. Ele decidiu mudar seu coração” (v. 16). A Bíblia fala do coração como o centro da moralidade, como o lugar onde decisões são tomadas e de onde emana o comportamento. Em outras palavras, Daniel diz: “Rei, Deus tocará na sua mente, no seu coração—ou seja, em sua bússola moral e no seu comportamento; com efeito, você perderá sua sanidade e passará sete anos agindo e vivendo como uma besta do campo. Chegou a hora de você entender que, independente de como pensa ser grandioso, quem domina é o céu.”

O que é interessante é que os reis orientais viviam em isolamento; muitos deles recusavam ouvir notícias negativas; eram acostumados a ouvir apenas coisas boas. Então o que acontece em seguida exige bastante coragem. Veja os versos 24–26:

esta é a interpretação, ó rei, e este é o decreto do Altíssimo, que virá contra o rei, meu senhor: serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e dar-te-ão a comer ervas como aos bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. Quanto ao que foi dito, que se deixasse a cepa da árvore com as suas raízes, o teu reino tornará a ser teu, depois que tiveres conhecido que [preste atenção agora] o céu domina.

O céu domina! Se isso já não fosse coragem suficiente, Daniel improvisa e pressiona o rei para que ele se arrependa; ele busca uma decisão da parte do rei. Veja o verso 27:

Portanto, ó rei, aceita o meu conselho e põe termo, pela justiça, em teus pecados e em tuas iniqüidades, usando de misericórdia para com os pobres; e talvez se prolongue a tua tranqüilidade.

Você acredita nisso? “Rei, pare de pecar. Pare de tratar as pessoas com indiferença insensível. Deus o colocou no trono para fazer o bem, não o mal. Abandone seu pecado, arrependendo-se e reconhecendo que o céu domina.”

Daniel saiu de profecia para pregação: “Nabucodonosor, você precisa se arrepender de seu pecado e se acertar com Deus.” E ele termina a pregação dizendo praticamente: “Se fizer isso, talvez Deus impedirá que esse pesadelo se torne realidade.” Com isso, Daniel vai embora e deixa o rei pensando no assunto sozinho.

Evidentemente, Deus deu um ano para Nabucodonosor se arrepender. Encontramos essa informação no verso 29:

Ao cabo de doze meses, passeando sobre o palácio real da cidade de Babilônia.

Vamos com calma; tente imaginar essa cena. Do ponto de vista humano, Nabucodonosor tem todo motivo para acreditar em sua própria propaganda. Ele provavelmente era o maior empreendedor da antiguidade; até agora, 49 inscrições arquitetônicas foram encontradas com sua assinatura. A maioria dos tijolos recuperados da região da antiga Babilônia, que é o atual Iraque, foram estampados com a inscrição: “Eu sou Nabucodonosor, rei da Babilônia.” Ele passeia sobre o topo do palácio real e, sinceramente, ele passeia sobre o topo do mundo.

Enquanto caminha lá em cima, ele diz no verso 30: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder e para glória da minha majestade? Parte do problema é que ele conseguiu as coisas do seu jeito a vida toda; ninguém jamais o confrontou; ele sempre ficava em primeiro lugar e fazia as coisas do seu jeito. Imagine como dele deve ter sido quando adolescente! Nabucodonosor deve ter sido um homem mimado, um “bebezão.” Até onde ele sabe, aquilo que Daniel lhe disse 12 meses antes é coisa do passado; ele é mais poderoso do que Deus e pensa: “Acho que nem mesmo o Deus de Daniel pode me encarar.”

Precisamente nesse instante, Deus diz nos versos 31–33:

Falava ainda o rei quando desceu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Já passou de ti o reino. Serás expulso de entre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; e far-te-ão comer ervas como os bois, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti, até que aprendas que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem quer. No mesmo instante, se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor; e foi expulso de entre os homens e passou a comer erva como os bois, o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceram os cabelos como as penas da águia, e as suas unhas, como as das aves.

Da perspectiva de Deus, ele tocou a mente do rei e removeu um pouco de sua sanidade. Da perspectiva humana, o termo técnico para esse fenômeno é “zoantropia,” um distúrbio raro no qual a pessoa pensa ser um animal. O distúrbio se manifesta por meio de vários comportamentos de animal, como andar de quatro, comer capim e se comunicar somente do jeito que um animal se comunica.

O pregador Wiersbe faz uma aplicação prática sobre esse texto. Ele escreve que, quando homens e mulheres recusam se submeter a Deus como criaturas feitas à sua imagem, eles se colocam sob o grave risco de descer ao nível de um animal. Podemos até não comer e nos comunicar como eles, mas certamente vivemos como eles.

Bom, Deus guarda sua promessa do julgamento, mas também guarda a promessa de livramento. Lemos no verso 34:

Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.

Não se esqueça: essa é uma declaração aberta e oficial de sua fé e reverência ao Deus vivo e verdadeiro. Nabucodonosor informa seu império inteiro que agora é um seguidor do Deus de Daniel que o disciplinou severamente. Ele diz, com efeito: “A melhor coisa que já me aconteceu foi Deus ter me pego em meu pecado e se preocupado comigo a ponto de me julgar.”

Todo pai e mãe entende bem isso, não é? Os filhos não entendem, mas um dia entenderão. Enquanto eu crescia como filho de missionário, parecia que eu sempre era pego; nunca escapava das artes que aprontava. Hoje, fico feliz por isso. Lembro do que aconteceu quando eu tinha 8 anos de idade. Meu pai chegou em casa com um cacho enorme de banana e o guardou no porão, atrás de uma cortina; tinha pelo menos umas 150 bananas no cacho. Ele se virou para nós, os meninos, e disse: “Meninos, fiquem longe deste cacho, estão me ouvindo?” Respondemos: “Sim, senhor.” E depois saiu para a cidade.

Para nós, aquele cacho era como a Arca da Aliança, escondido ali atrás da cortina. Daí, um de meus amigos chegou em casa. Eu logo dei a novidade; descemos, abrimos a cortina e lhe mostrei o cacho enorme. Ficamos ali encarando as bananas. Findamos devorando uma após outra; até competimos para ver quem conseguia comer mais rápido. Enchemos a barriga. Mas, agora, tínhamos que nos livrar de 24 cascas de bananas. Ali perto estava o nosso piano; era o lugar perfeito. Ele pesava uns 1300 kg, mas o conseguimos afastar da parede alguns centímetros para esconder as cascas atrás dele. Ficamos apenas com dor de barriga. Naquela mesma noite como sobremesa... bom, pela primeira vez, recusei um pudim maravilhoso de banana. Tenho certeza de que meus pais ficaram se perguntando por que.

Uma semana depois, por algum motivo estranho, meus pais decidiram, de repente, mexer nos móveis que estavam no porão. No processo, viram aquelas cascas secas de bananas, lembraram-se da noite da sobremesa, juntaram as peças e pediram que eu descesse até o porão. Ali, tive que tomar o cálice da ira do julgamento. Em nunca conseguia escapar ileso. E como estou feliz por isso.

E você, tem cascas de bananas escondidas em sua vida? Eu oro para que você seja pego e sua vida produza arrependimento. Temo por aqueles que nunca são pegos.

Nabucodonosor ouviu o alerta, mas está no topo do seu palácio, não há ninguém mais lá; ninguém ouve sua jactância arrogante. E o rei é pego; Deus o ouvia e, sete anos depois, ele afirma estar feliz que Deus o fez prestar contas. E como tudo está diferente agora! Nessa carta aberta, o rei admite ter enlouquecido, mas ele honra Deus.

Imagine essa correspondência em massa! Não seria incrível se um líder político de nosso mundo—alguém de posição elevada no poder—pegasse um microfone e dissesse na televisão em rede nacional: “Quero que todos vocês saibam que meu juízo voltou. Enlouqueci e perdi a sanidade, mas agora meu juízo voltou. Sei que Deus é o Rei dos céus e quero dar glórias ao reino que dura de geração a geração.”

Nabucodonosor, com efeito, se gloria em Deus. Ele se gloria pelo menos em três atributos de Deus.

  • Primeiro, ele anuncia que ninguém se iguala a Deus no governo de sua criação.

Veja o verso 34:

Mas ao fim daqueles dias, eu, Nabucodonosor, levantei os olhos ao céu, tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é sempiterno, e cujo reino é de geração em geração.

  • Em seguida, ele anuncia nessa campanha de correspondência em massa que Deus não presta contas a ninguém em sua criação.

Veja o verso 35:

Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?

Este é o atributo que gera mais ódio na humanidade do que outra coisa qualquer—Deus é soberano e não deve explicação alguma à humanidade pelas coisas que faz. Exatamente aquilo que a raça humana deseja ser é aquilo que ela mais odeia em Deus: que ele não presta contas a ninguém. Spurgeon expressou isso muito bem quando escreveu: “Todos nós gostamos de ser pequenos soberanos.” Não vou mudar, me arrepender ou ceder. A vida é minha!

Um autor escreveu que o capitão de um navio tentava enxergar em meio à escuridão e conseguiu ver um pequeno brilho de luz à distância. Imediatamente, ele mandou um dos marinheiros enviar a mensagem: “Altere seu curso 10 graus ao sul.” Logo em seguida, eles receberam uma mensagem de volta: “Altere seu curso 10 graus para o norte.” O capitão ficou furioso porque seu comando foi totalmente ignorado. Então, ele enviou outra mensagem: “Altere seu curso 10 graus para o sul. Quem fala aqui é o capitão.” Mais uma vez, voltou a mensagem: “Altere seu curso 10 graus para o norte. Quem fala aqui é um cabo.” Imediatamente, o capitão enviou a terceira mensagem, sabendo que ela amedrontaria o  cabo sabidão: “Altere seu curso 10 graus para o sul. Sou um navio de guerra.” A resposta voltou: “Altere seu curso 10 graus para o norte. Sou um farol.” Nada mais precisou ser dito.

  • Não há ninguém igual a Deus no governo de sua criação; Deus não presta contas a ninguém em sua criação. Terceiro, ninguém atrapalha Deus na administração de sua criação.

Veja o verso 36:

Tão logo me tornou a vir o entendimento, também, para a dignidade do meu reino, tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; fui restabelecido no meu reino [isto é, “Deus me devolveu o trono”], e a mim se me ajuntou extraordinária grandeza.

Veja que ele não diz que conquistei ou mereci extraordinária riqueza, mas a mim se ajuntou. E quem fez com que riqueza se ajuntasse em torno de Nabucodonosor? Lemos no verso 37:

Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que andam na soberba.

Essa é uma maneira comprida de dizer: “Agora, eu sei que o céu domina.”

E a propósito, nesse parágrafo final, Nabucodonosor em nenhum momento se refere a si mesmo como rei. Repare, porém, que no verso 37 ele exalta e glorifica ao Rei do céu. Concordo com os estudiosos e comentaristas que acreditam que um dia veremos Nabucodonosor no céu. Aqueles sete anos terríveis alteraram radicalmente seu destino eterno. A partir desse momento, esse rei se tornou um rei-embaixador e sua mensagem era bem simples: o céu domina e ponto final.

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Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 02/12/2012

©Copyright 2012 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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