
Resolvi!
Resolvi!
Daniel 1.1–21
Introdução
Conforme li, 45% das pessoas fazem a tão comum “resolução de Ano Novo.” Metade dessas resoluções estão ligadas a algum avanço pessoal ou educação. 38% fazem resoluções em relação ao peso. Apesar de a pesquisa não fornecer detalhes, tenho certeza de que ninguém deseja mais peso, e sim menos! 34% das pessoas fazem resoluções para quitar dívidas e 31% das resoluções estão ligadas a relacionamentos pessoais.
Pessoalmente, creio que fazer resoluções é uma aplicação excelente de Provérbios 4.26, onde lemos que devemos prestar atenção cuidadosa no caminho que nossos pés trilham. Pense onde você está indo e onde deseja estar. Esse é um exercício que vale a pena ser feito de maneira pensada e em espírito de oração.
Talvez você saiba que Jonathan Edwards, o grande pregador americano do século 18, formulou sua própria lista de resoluções. Posteriormente, ele se tornou um dos principais líderes do Grande Avivamento que varreu o país durante os anos de 1700. Em 1723, quando tinha 20 anos de idade, ele começou essa lista. Deixe-me ler algumas de suas resoluções:
- Resolvi jamais fazer alguma coisa que temo, mesmo que seja minha última hora de vida.
Isso basicamente engloba tudo, não é? Ele passou cerca de 1 ano escrevendo 70 resoluções ao todo, as quais serviram de leme na jornada de sua vida. Pelo fato de Jonathan Edwards ter uma perspectiva realista de sua santificação e crescimento pessoais, ele adicionou várias resoluções sobre o assunto:
- Resolvi jamais relaxar na luta com minhas corrupções, independente do sucesso que venha alcançar.
E novamente:
- Resolvi, caso tropece e desanime a ponto de negligenciar minhas Resoluções, me arrepender de tudo quanto me lembrar quando voltar ao juízo.
Aqui vai outra confissão realista e humilde que o conduziu a outra resolução:
- Resolvi sempre fazer aquilo que gostaria de ter feito quando vir alguém fazendo-o.
Mais uma—e eu acredito que esta foi fundamental para seu sucesso. Jonathan Edwards faz a resolução de revisar suas Resoluções:
- Resolvi inquirir toda noite, quando for dormir, onde fui negligente, quais pecados cometi e onde renunciei o “eu” (isto é, em quais áreas fiz o certo); e fazer isso também ao final de cada semana, cada mês e cada ano.
Em outras palavras, toda noite, Edwards prestava contas mentalmente de suas atitudes, mas no final de cada semana, mês e ano ele pegava e revisava a lista.
Talvez um de nossos problemas seja que nos esquecemos muito rapidamente das resoluções que fizemos. Apenas 40% ainda seguem suas resoluções 6 meses depois e somente 19% as observam 2 anos depois de as terem feito.
Em nossa nova série de estudos, gostaria de apresentá-lo a um homem que fez algumas resoluções quando ainda era bastante jovem. Suas resoluções o colocarão diretamente no meio do conflito. De fato, elas acabarão ameaçando sua própria vida. Por causa de suas resoluções, ele viverá a vida como a minoria, tendo poucos amigos. Além disso, sofrerá tremenda pressão no decorrer de toda sua vida para se conformar ao ambiente onde vive.
Se voltar o calendário cerca de 600 anos antes do nascimento de Cristo, você verá que Egito e Babilônia são as duas superpotências da época. No ano de 605 a.C., um príncipe chamado Nabucodonosor venceu uma batalha crucial, conquistando controle sobre a terra de Israel. Um pouco depois no mesmo ano, seu pai, Nabopolasar, rei da Babilônia, morreu e Nabucodonosor voltou para casa a fim de assumir o trono.
O relato histórico das Escrituras conta que, quando voltou para casa, Nabucodonosor levou consigo prisioneiros de Jerusalém. Além de pessoas, também levou embora utensílios sagrados do Templo e os colocou no templo de seu deus principal—Marduque. Daniel 1.1–2 nos informa que foi isso o que ele fez.
Ao fazer isso, Nabucodonosor desejou expressar gratidão a Marduque por lhe permitir conquistar Israel. Ao mesmo tempo, ele quis humilhar Yahweh, o Deus dos israelitas, o qual, obviamente, era um Deus inferior ao seu. Somente alguns capítulos depois em Daniel, Nabucodonosor aprenderá duas lições: primeiro, Yahweh não tem rivais; e segundo, sua vitória sobre os israelitas tinha sido, na realidade, profetizada um século antes pelo profeta Isaías como parte do plano soberano de Deus. Yahweh desejava disciplinar seu povo com esse período de cativeiro por causa de sua rebelião e idolatria insistentes. Gosto da maneira como Warren Wiersbe colocou isso em seu comentário: “Deus evidentemente preferia que seu povo vivesse como prisioneiros numa terra pagã do que como pagãos na Terra Santa.”
Assim como Alexandre o Grande depois dele, Nabucodonosor adotou a política de usar os jovens mais promissores de seu novo Império a serviço do governo, independente de nacionalidade. O rei queria as mentes mais brilhantes e as melhores, não somente capturadas, mas também comissionadas. A maioria dos historiadores bíblicos concorda que cerca de 60 jovens dessa natureza foram levados para a Babilônia com esse propósito específico.
No verso 3 de Daniel 1, lemos que esses jovens eram da linhagem real de Judá, filhos de nobres e líderes da terra de Israel. No verso 4, eles são chamados de jovens—do hebraico yaladim—o que significa que tinham entre 13 e 17 anos.
No verso 4, encontramos 6 descrições breves desses jovens. Eles eram:
- sem nenhum defeito—ou seja, Nabucodonosor só queria exemplares com perfeição física em seu palácio.
- de boa aparência—assim como Israel escolheu reis com base em qualidades físicas apenas, Nabucodonosor exaltava a imagem exterior.
- instruídos em toda a sabedoria—o rei não queria rapazes de boa aparência que não sabiam escrever; eles tinham que ser inteligentes também.
- doutos em ciência—literalmente, eles tinham que ser “conhecedores do conhecimento.”
- versados no conhecimento—a diferença da anterior é que esta qualidade se refere a discernimento, ou seja, à capacidade de reunir informações, correlacionar fatos e chegar à conclusão correta.
- competentes para assistirem no palácio do rei—isso se refere ao comportamento, elegância no andar e às suas boas maneiras ou etiqueta. Fiquei pensando: como esses meninos devem ter aprendido bem a boa educação e boas maneiras à mesa! Isso seria interessante, agora que se encontravam numa outra cultura.
Em nossa viagem à Genebra, Suíça, eu e minha esposa descobrimos que a etiqueta de outro país pode ser completamente contrária daquela que estamos acostumados em nossa cultura. O pastor e sua esposa nos disseram que você deve colocar ambas as mãos e os cotovelos sobre a mesa; nada de deixar as mãos no colo. E esta outra foi estranha: não devíamos colocar o pão no prato, mas diretamente sobre a mesa. Se você colocar o pão no prato, está dizendo à anfitriã que a toalha de mesa está suja! Então, mãos, cotovelos e pedaços de pão sobre a mesa.
Quando eu era garoto, se eu ou um de meus irmãos colocasse as mãos sobre a mesa, minha mãe dava uma batida de leve nas costas das mãos com um garfo ou colher. Era uma velocidade incrível.
Obviamente, Daniel e esses outros jovens aprenderão outras maneiras de se comportar, outros costumes e outra etiqueta social. Todos eles, porém, demonstraram ter um comportamento gracioso e ensinável.
Os jovens que possuíam essas 6 qualidades, conforme lemos no final do verso 4, eram matriculados na Universidade Real da Babilônia. Eles não recebiam tarefas de escravos; eles ganhavam bolsas de estudos.
Hoje, gostaria de focar no primeiro capítulo de Daniel e observar 4 acontecimentos que impactaram, mudaram e desafiaram a mente, coração e vida de Daniel e seus amigos. A partir de tudo isso, surgirão novas resoluções que marcarão Daniel pelo resto de sua vida.
- O primeiro acontecimento transformador é que Daniel é conduzido a um novo mundo.
Para nós é difícil imaginar o impacto de sair da terra de Judá e da vila onde cresceu e se mudar para o lugar mais grandioso, rico e belo do mundo antigo. Os jardins suspensos no palácio da Babilônia são considerados uma das sete maravilhas do mundo. Jardineiros bem treinados cuidavam desses jardins 24 por dia e 7 dias por semana. O rio Eufrates cortava a cidade e havia muros bem decorados com cerâmica nas margens do rio dentro da cidade, além de escadarias que levavam até a água, semelhante ao que vemos hoje em Veneza.
A entrada principal da cidade também era algo exuberante. Esse era o Portão de Ishtar, cujo nome era em honra à principal deusa dos babilônios, também considerada a Rainha do Céu. Esse portão foi escavado e reconstruído, e hoje se encontra no Museu de Berlim, Alemanha. Ele era coberto de cerâmica azul, e cerâmicas douradas formavam imagens de dragões e leões. Os predecessores de Nabucodosor utilizaram tijolos de barro queimados, os quais sobreviveram no clima árido até os dias de hoje, quase 3 mil anos depois. Escavações impressionam a imaginação do homem moderno e refletem a beleza, riqueza e poder desse império antigo.
Daniel passou exatamente por esse Portão de Ishtar; sem dúvidas, seu coração estava acelerado; quem sabe por trás de seus olhos estavam pensamentos de admiração e, ao mesmo tempo, desespero. Nessa época de destruição, havia o pensamento de que o Deus de Judá possivelmente tinha sido derrotado de fato, de que as promessas do reino de Deus não se cumpririam.
Ainda havia mais na propaganda babilônia e na doutrinação imediata desses jovens. Ao passarem pelo Portão de Ishtar, esses prisioneiros nobres se depararam com uma inscrição em hieróglifos que provavelmente foi lida para os adolescentes de Judá. O próprio Nabucodonosor havia mandado fazer essa inscrição. Ela dizia:
Nabucodonosor, rei da Babilônia, o príncipe piedoso apontado por Marduque... de deliberação prudente, tendo aprendido a abraçar a sabedoria; que sonda os seres divinos e reverencia sua majestade; o governante incansável... o sábio, o humilde, o primogênito de Nabopolasar, o rei da Babilônia, sou eu.
Depois de lerem essa inscrição, os jovens de Judá passaram pelo portão e desceram à avenida principal da cidade chamada “Caminho Processional.” A avenida tinha 45 metros de largura; ela tinha sido projetada para ser uma via de mão dupla e contava com um canteiro de jardim no meio, além de calçadas nos lados. Esses prisioneiros caminharam ao lado de muros com paredes cobertas de cerâmica em ambos os lados na Avenida da Procissão. As paredes foram escavadas e são de beleza espetacular também. Elas eram cobertas de mosaicos de palmeiras com uma fileira de leões marchando e tinham 9 metros de altura. Quando a parede era vista mais de perto, percebia-se que os leões tinham sido projetados para que parecessem estar marchando pela Avenida da Procissão com esplendor e ousadia. Cada leão tinha mais de 2 metros de comprimento e era desenhado em contraste com o fundo azul da cerâmica. A cor dos leões variava; alguns eram brancos com a juba amarela, enquanto outros eram amarelos com jubas vermelhas. Tudo isso não passava de uma exibição de riqueza e poder.
O rei Nabucodonosor era um tanto obcecado com leões. Ele criava alguns juntamente com outros animais selvagens para exibir seu poder. Além disso, ele os alimentava periodicamente com pessoas que não gostava. Esses leões aparecerão na narrativa da vida de Daniel cerca de 70 anos depois de sua chegada na Babilônia, apesar de o jovem ainda não saber disso.
Mas você consegue imaginar Daniel e seus amigos passando por esse portão enorme e caminhando pela avenida principal da cidade? Isso não é Jerusalém; trata-se da grande Babilônia. Seja bem-vindo ao novo mundo!
- Além da introdução a um novo mundo, o segundo acontecimento é que Daniel está prestes a receber uma nova educação.
O rei manda Aspenaz, chefe dos eunucos, organizar um curso superior de 3 anos com os melhores tutores disponíveis. Veja o que diz o final do verso 4: o rei mandou que lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeus.
Obviamente, o objetivo dessa nova educação é transformar esses judeus em babilônios. Os jovens foram introduzidos aos mitos babilônios da criação, dilúvio, origem da humanidade e à pluralidade de deuses. E eles seriam instruídos pelos melhores mestres daquela sociedade—os sábios e magos da antiguidade, homens castos por questões religiosas que educavam reis coroados; esses eram os adivinhos, mágicos, educadores da elite nas áreas da filosofia, astrologia, arquitetura, agricultura, história, lei e linguística. E o intuito aqui é bem simples: transformar esses hebreus monoteístas antiquados em crentes politeístas na melhor das hipóteses, e ateus na pior.
Isso é bastante semelhante ao sistema educacional de nossos próprios dias, o qual é fundamentado em humanismo e ateísmo. O alvo final dos professores é destruir o Cristianismo, o qual consideram ser uma muleta primitiva, ignorante e simplista. Lembro de uma universitária me dizer um tempo atrás que seu professor admitiu abertamente que um de seus objetivos era destruir a fé dos crentes em suas aulas. Assim como Daniel, nossos estudantes são bombardeados com verdades e mentiras. Isso não significa que você não pode estudar numa universidade secular, mas significa que é melhor aprender do mesmo jeito que come azeitona: engole a parte boa e cospe fora o caroço.
Na semana passada, assisti a um programa sobre o planeta terra; gosto muito dessas coisas que revelam a criação maravilhosa de Deus. Mas é mais proveitoso assistir com o volume no mudo porque os apresentadores ignoram a verdade. Uma mulher expressou sua admiração com o planeta preparado para sustentar todas as formas de vida, como a terra está a uma distância perfeita do sol para que não seja nem torrada nem congelada. Em seguida ela afirmou que a coisa mais incrível no nosso planeta é a quantidade imensa de água cobrindo a maior parte dele, o que acontece de ser um dos aspectos fundamentais na sustentação da vida... mas ainda não sabemos de onde veio toda essa água. Nesse ponto, a câmera focou num homem de pé à beira de um lago. Ele começou a explicar a probabilidade que milhões de anos atrás a terra foi bombardeada por milhares de asteroides e cada um deles trazia água, o que, com efeito, encheu nossos lagos e oceanos.
É claro, até mesmo os ateus precisam fornecer alguma explicação para as origens, não é? Não podemos culpá-los por tentar. A humanidade realmente busca saber de onde veio! Até este momento, Daniel aprendeu o Criacionismo conforme o relato inspirado de Gênesis; tudo isso prestes a mudar. Os babilônios dirão: “Ei, nós temos algumas teorias também! Temos uma árvore da vida, um dilúvio e um panteão de deuses. Sabemos que não evoluímos; os deuses nos criaram! E nossos deuses, obviamente, são mais poderosos do que seu Deus.”
- Daniel e seus amigos são introduzidos a um novo mundo e estão prestes a ser apresentados a uma nova educação. Em terceiro lugar, os jovens recebem novos nomes.
Tudo isso faz parte de uma reprogramação psicológica e espiritual, e esta foi uma ferramenta poderosa; veja o verso 7:
O chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abede-Nego.
Os nomes hebreus originais que esses jovens receberam no nascimento glorificavam Yahweh, o Deus dos judeus. Agora, eles recebem novos nomes com o intuito de que, toda vez que alguém disser seus nomes, os rapazes sejam lembrados de que seu Deus está morto.
Daniel significa “Deus é meu juiz.” Beltessazar começa com o nome do principal deus babilônio—Bel. A última parte do nome significa “príncipe” ou, talvez, “protegido por.” De qualquer maneira, Daniel, agora, recebe um nome em honra ao poder de Bel e seu nome que antes glorificou Yahweh é esquecido para sempre.
Hananias significa “Deus é gracioso;” seu nome é modificado para Sadraque, que significa “iluminado pelo deus sol.” Mais uma vez, esse novo nome foi dado para contradizer diretamente o significado de seu nome hebreu original: de “sob a graça de Deus” para “sob a iluminação do deus sol.”
O nome Misael declarava: “Quem é como Deus?” Agora, seu novo nome Mesaque declara: “Quem é como Venus?” isto é, a deusa do amor sensual. Por fim, Azarias, que significava “o Senhor é meu auxílio,” é modificado para Abede-Nego, que significa: “Eu adoro Nego,” o deus da sabedoria.
A essa altura, os jovens se perguntam: “Será que nossos nomes hebraicos eram legítimos? Será que tudo não passou de invenção? Porventura, nosso Deus é o Deus verdadeiro? É ele gracioso, sábio, todo-poderoso e capaz de cuidar de nós?” Não parece!
Imagine a pressão nesse novo mundo para dar as costas para tudo do passado. Eles aprendem novos caminhos e, quando alguém os chama, eles são relembrados diariamente de que Jerusalém e Yahweh são coisas de um passado remoto.
- Adicionado a isso, existe um quarto acontecimento: esses jovens se deparam com novas tentações.
E eles, de fato, se depararam com novas tentações. O restante do capítulo 1 lidará basicamente com a seguinte pergunta: será que eles comerão a comida e beberão o vinho da mesa do rei Nabucodonosor?
Agora, qual é o problema disso? A chave para entender essa questão encontra-se no verso 8. Na verdade, se quiser resumir a vida de Daniel com um verso apenas, o verso 8 é ideal:
Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.
Em outras palavras, Daniel e seus amigos se depararam com novas tentações com uma nova resolução. Resolvi jamais me contaminar com a comida e a bebida da mesa do rei, e isso se aplica a todas as demais coisas que o rei me oferecer.
Agora, de volta a comida—qual é o problema? Para começar, a comida incluía carnes impuras que os judeus estavam proibidos de comer conforme a Lei Mosaica.
Imagine o buffet enorme preparado na Universidade Real para esses primeiros alunos famintos. Eles nunca viram tanta comida assim em suas vidas! Derivados de porco, ostras, carne vermelha oferecida aos ídolos do rei. É claro... nesse novo mundo não tem problema mergulhar de cabeça nesse prato. Tudo indica que os demais jovens judeus estavam comendo. “Ei, Daniel... você tem que provar um pouco desse presunto aqui, cara... e aquele camarão ao molho de abóbora! Deus é bom ou o que?”
E qual o problema com o vinho? Historiadores nos contam que o vinho do rei era primeiramente derramado como oferta aos deuses. Bebê-lo seria reconhecer enfaticamente esses falsos deuses e participar num festival pagão.
Daniel e os outros 3 adolescentes não tocariam esse vinho. Eles se sentaram à mesa com estômagos vazios em protesto. Eles nunca tiveram que dizer “não” a essas coisas antes. Em sua terra natal, se sentiam o cheiro de bacon frito, alguém estava sem sérios apuros. Ninguém jamais tinha lhes oferecido pão com queijo e presunto. Eles nunca tiveram que dizer “não” a essas coisas. Além do mais, no momento parece correto dizer “sim.”
Talvez você esteja encarando novas tentações; elas acabaram de brotar em alguma área. Quem sabe é a tentação do poder numa promoção, bajulação, crítica, dinheiro, preguiça, lascívia. Como Spurgeon escreveu: “A única coisa que você fez foi olhar pela janela e uma nova corrupção passou a existir.” Tudo novo. Daniel e seus amigos resolveram dizer “não.”
Agora o reitor da Universidade está com um problema. Ele não pode ter 4 alunos passando fome; o rei arrancará sua cabeça. É por isso que Daniel propõe que o chefe dos eunucos faça um comprometimento. Veja os versos 12–13:
Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber. Então, se veja diante de ti a nossa aparência e a dos jovens que comem das finas iguarias do rei; e, segundo vires, age com os teus servos.
O desafio é o seguinte: “Dá-nos legumes por 10 dias.” Legumes ou zero’im—produtos da horta. Alface, feijão, ervilha, brócolis, tomate, etc. Esse é um plano no qual jamais eu teria pensado! Considere o fato de esses jovens estarem sempre com fome; eles não comem, devoram. Depois do terceiro dia, eles devem estar dizendo a Daniel: “Por que não 10 dias comendo lasanha?”
Quero que você note algo milagroso no verso 15:
No fim dos dez dias, a sua aparência era melhor; estavam eles mais robustos do que todos os jovens que comiam das finas iguarias do rei.
Você começa uma dieta à base de legumes e salada para perder, não para ganhar peso. Ninguém engorda comendo salada! Entretanto, após os 10 dias, os 4 estavam mais robustos do que todos os outros adolescentes que tinham comido camarão, porco, pão, queijo e sobremesa e tomado vinho. É algo que não conseguimos imaginar.
Como vemos, Deus já estava trabalhando, defendendo a resolução piedosa desses rapazes. Se você tem dúvidas de que Deus trabalha nos bastidores, veja o verso 17:
Ora, a estes quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em toda cultura e sabedoria; mas a Daniel deu inteligência de todas as visões e sonhos.
Bom, o dia da formatura chega nos versos 18–19:
Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem [i.e., 3 anos], o chefe dos eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. Então, o rei falou com eles; e, entre todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso, passaram a assistir diante do rei.
O rei entrevistou cada aluno pessoalmente e, no final da entrevista com os candidatos, Nabucodonosor pessoalmente contratou esses 4 rapazes para trabalharem em seu palácio. Assim, o palco está montado. Deus inseriu seus jovens embaixadores no coração do reino da Babilônia, onde em breve começarão a fazer a diferença para a glória de seu nome.
Conclusão
Permita-me fazer 3 observações com base no exemplo de Daniel e seus 3 amigos.
- Primeiro: resolver seguir a Cristo significa que você não permitirá que a cultura modifique seu caráter.
Você já pensou em como teria sido muito fácil para esses jovens simplesmente justificar suas atitudes por estarem num novo lar? Todos eles farão isso, exceto estes quatro. Eles poderiam ter racionalizado o pecado. Conforme um comentarista escreveu: “A lei de Deus deve ser obedecida em circunstâncias normais, mas a circunstância deles aqui não é nem um pouco normal.” Eles também poderiam ter dito: “A culpa é de Deus. Se não tivesse nos colocado nessa situação terrível, não teríamos que desobedecer sua lei.” Ou ainda: “Se desobedecermos o rei, poderemos perder nossas vidas e, no sistema de valores de Deus, a vida é mais importante do que obediência.” Eles poderiam ter justificado o comprometimento com o pecado com o seguinte: “Se comermos a comida do rei e bebermos seu vinho, seremos colocados na posição de governantes e imagine o impacto que teremos para Deus numa posição de influência no governo.”
Gosto muito da resolução número 61 de Jonathan Edwards: “Resolvi que não me renderei ao esmorecimento que relaxa minha mente para que não permaneça firme na minha convicção, independente da desculpa que tenha para isso.” Ele vai direto ao ponto, não é? A verdade é que podemos justificar qualquer coisa!
Você pode estar pensando: “Mas espere aí... é só uma comida... não é nada sério. O que há de errado com um comprometimento só? Afinal, é hora do almoço!” Mas pense no seguinte: Jesus Cristo não disse que aquele que pode ser confiado no muito pode ser confiado no pouco. Não. Ele disse que aquele que pode ser confiado no pouco, também pode ser confiado no muito (Mateus 25). Resolver seguir a Cristo significa recusar permitir que a cultura ao seu redor transforme seu caráter. Em outras palavras, um novo lar não precisa mudar seu coração.
- Segundo: resolver seguir a Cristo significa que você escolhe seguir a Deus sem qualquer garantia.
Não ignore isto: não havia ninguém dizendo a esses jovens:
- “se não comer desta comida, garanto que será contratado pelo rei;” ou,
- “se me obedecer, garanto que se formará com honras;” ou
- “se defender a verdade, garanto que conseguirá um emprego melhor e subirá na vida.”
Não houve nenhuma voz do céu, nenhum mensageiro angelical, nenhuma garantia precedendo a firme resolução desses rapazes. E lembre-se: Daniel nunca mais voltou para casa.
- Terceiro: resolver seguir a Cristo significa que você recusa seguir o exemplo da maioria.
Em grande medida, Daniel e seus amigos permanecerão sozinhos. Eles recusam ser conformados ao mundo e seguir o exemplo da multidão ao seu redor.
Acho interessante que o verso 19 sugere que esses 4 rapazes foram os únicos que acabaram conseguindo uma posição no governo. Eles fizeram sua resolução e Deus determinou sua profissão. Ao invés de serem mudados pela Babilônia, eles mudariam os babilônios—a começar do rei—para a glória e honra de Deus.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 18/11/2012
©Copyright 2012 Stephen Davey
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