O Primeiro Sermão

O Primeiro Sermão

by Stephen Davey

O Primeiro Sermão

Atos 2.13–28

 

Introdução

Em nosso último estudo, descobrimos verdades maravilhosas por trás dos eventos do último Pentecostes.

Foi um cumprimento da promessa do Senhor dada em Atos 1, verso 8, que diz:

Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

E é exatamente isso o que ocorre em Atos 2. O Pentecostes de Atos 2 começa com a descida do Espírito Santo. O batismo e os sinais sobrenaturais da vinda do Espírito Santo eram parte do plano de Deus para a criação da igreja do Novo Testamento.

Então, a pregação do poder de Deus em outros idiomas que os apóstolos não tinham aprendido anteriormente serviu como atestação de que esse evento era, de fato, o Pentecostes.

Em nosso estudo, também vimos a resposta do povo e detectamos três respostas diferentes:

  • Perplexidade e confusão, como vemos em Atos 2, verso 12:

 

Todos, atônitos e perplexos, interpelavam uns aos outros: Que quer isto dizer?

 

  • Ridicularização ou rejeição, conforme o verso 13, que diz:

 

Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados!

Essa última reação de tornou a introdução do primeiro sermão de Pedro que estava de pé em frente ao Pórtico de Salomão, onde os apóstolos se reuniam com aos multidões em torno deles. E Pedro começa a pregar o primeiro sermão da igreja do Novo Testamento.

Agora, os primeiros sermões são geralmente experiências traumáticas. Talvez você ainda se recorde do momento em que falou em público pela primeira vez. Pode ter sido uma apresentação numa sala de aula ou um testemunho para colegas da escola. Para muitos, foi uma experiência cheia de nervosismo.

Ainda me lembro, quando era adolescente, dei um estudo bíblico durante uma reunião de adolescentes na igreja num domingo à noite. Fiquei muito nervoso para dar o estudo sobre Neemias reconstruindo os muros de Jerusalém. Também me recordo da bondade dos ouvintes depois para comigo.

E, a propósito, o melhor cumprimento que você pode dar a mim e a qualquer pessoa que subir no púlpito de minha igreja é ter o desejo de estudar e aprender as verdades bíblicas. Já ouvi muitas colocações de pregadores que pregaram em nossa igreja em ocasiões especiais e se admiraram ao ver muitas Bíblias abertas e a harmonia de todos. E eu recomendo que você tenha sempre sua Bíblia aberta durante as mensagens em sua igreja.

Essa não era a realidade na igreja de um pregador que conheci. No meio do culto, logo antes da pregação, uma senhora se lembrou que havia se esquecido de desligar o forno em sua casa. Apressadamente, ela escreveu um bilhete e passou para o seu marido que estava cantando no coral. Infelizmente, houve um mal-entendido no meio do trajeto até seu marido e um dos irmãos pegou o bilhete levou até ao púlpito, logo antes do pastor começar a pregar. Ele parou, abriu o bilhete e leu em voz alta: “Por favor, vá para casa e desliga o gás.”

De diversas formas, a audiência exerce bastante efeito sobre o pregador. Lembro-me que, quando ainda estava na faculdade, pregava todas as quartas-feiras à noite para seis ou sete pessoas que se reuniam fielmente. Tinha um homem que sempre dormia durante todas as minhas pregações. Tornou-se meu desejo ardente pregar para mantê-lo acordado. Nada funcionou, até o dia em que usei uma ilustração da Segunda Guerra Mundial. Aquele homem me ensinou sobre a eficácia da ilustração, algo que nunca esqueci. Na verdade, estou usando uma neste momento com você.

A verdade é que, pregar as verdades das Santas Escrituras é um chamado santo e maravilhoso. É a prioridade do chamado do Novo Testamento, como vemos em Mateus 28, versos 19 e 20:

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações... ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.

No decorrer do livro de Atos, essa nova forma de comunicação chamada de pregação será cumprida em várias ocasiões. Por exemplo:

  • Atos 4, verso 2:

Ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos;

 

  • Atos 5, verso 42:

E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.

 

  • Atos 8, verso 4:

Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra.

O ministério dos apóstolos ecoou o ministério do próprio Jesus. Ele começou o Seu ministério, como lemos em Mateus 4, verso 17:

Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.

Marcos relata no capítulo 1, verso 14, que:

Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus.

O apóstolo Paulo também toca no assunto em 1 Coríntios 1, verso 17, quando diz:

Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo.

A história está repleta das bênçãos de Deus fluindo de pregações ousadas. A Reforma despertou a arte da pregação. Martinho Lutero, João Calvino, João Knox e Zuínglio estremeceram multidões com a verdade sem desculpas.

Na verdade, um dos resultados da Reforma Protestante foi que as igrejas foram reorganizadas para que o púlpito ocupasse o lugar principal no palco. Isso denotou a centralidade da pregação das Escrituras como a missão da igreja neotestamentária.

No mundo em que vivemos hoje, nossa geração carece de pregação clara e ensino da Palavra; a pregação bíblica está deixando de ser a prioridade na igreja.

Deixe-me ler a propaganda feita por uma mega-igreja.

Aqui não tem nem fogo nem enxofre. Nenhuma Bíblia enorme. Somente mensagens práticas e humoradas. O sentimento é bastante informal em nossos cultos. Você não vai ser ameaçado com o inferno e nem ouvir dizer que pessoas são pecadoras. O objetivo é fazer você se sentir bem-vindo. Como todos os clérigos, a resposta de nosso pastor é Deus – mas ele introduz Deus somente no final de tudo e, mesmo quando o faz, não fica nada pesado. Ele nunca usa a palavra “inferno”. Pode chamar isso de o evangelho leve. Tem a mesma salvação trazida pela velha religião, mas apenas com um terço da culpa.

John MacArthur escreveu as seguintes palavras:

No esforço de atrair o interesse das pessoas, a igreja hoje enfatiza a enorme variedade dos programas, metodologias e abordagens. Nem todas essas coisas são danosas. Algumas delas, em seu devido lugar, são até úteis. Mas, o que geralmente é sacrificado em detrimento dessas atividades, programas e agitações é a pregação da Palavra.

Às vezes eu recebo convites de igrejas ao redor do país. Apesar de saber pouco das doutrinas dessas igrejas, já li de tudo, desde “a igreja mais animada da cidade” até um panfleto que dizia: “Quando foi a última vez que você se divertiu na igreja?”

Raramente lemos a expressão “pregação expositiva.” De acordo com os estrategistas de propaganda, você não pode intimidar nem acusar ninguém. Segundo eles, quando um visitante descrente entra na igreja e se sente confortável o bastante com tudo e se interessa, você, agora, “chegou” e pode ser chamado de “usuário de uma igreja amistosa.” Se você quer fundar uma igreja, não dê nenhum veredito; não seja intolerante, pois nunca conseguirá ganhá-los dessa forma. Amolde-se aos novos tempos!

Então, que tipo de sermão deu início à igreja do Novo Testamento? Será que podemos dizer que o tipo de sermão que deu início à igreja é o mesmo que a igreja precisa continuar pregando?

O Primeiro Sermão Começa com Uma Repreensão

Vamos voltar ao primeiro sermão pregado na era da graça. Começaremos em Atos 2, versos 13 a 15.

Outros, porém, zombando, diziam: Estão embriagados! Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia.

A terceira hora do dia era em torno de 9 da manhã. A primeira refeição do dia era servida à décima hora e, no sábado, uma grande refeição era dada em torno da sexta hora, ou por volta do meio-dia. Pedro, portanto, está dizendo: “Ouçam só, ninguém está bêbado aqui. Nem tomamos café ainda e o almoço ainda é daqui a três horas.”

O criticismo foi absurdo e Pedro inicia seu sermão deixando bem claro que bebedice estava completamente fora de questão!

O Primeiro Sermão Expõe as Escrituras

Agora, note a maneira como o primeiro sermão expõe as Escrituras do Antigo Testamento. Veja o verso 16 de Atos 2.

Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel:

Continue até os versos 17 e 18.

E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.

Agora, pare nesses versos. Em alguns círculos hoje, os pastores estão pregando dizendo que o Pentecostes cumpriu a profecia de Joel. Eles dizem: “Pedro não disse nos versos 16 a 18:

Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel...vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões....

Então, eles dizem, “É isso o que está acontecendo hoje. O Espírito está sendo derramado; isso é cumprimento de profecias. Quão maravilhoso não é podermos viver nesses últimos dias de derramamento especial!”

Ah? Precisamos relembrá-los de não colocar um ponto final aonde Pedro simplesmente parou para pegar um fôlego no seu discurso e continuou depois a sua pregação. Veja os versos 19 a 21.

Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor. E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

Eu imagino que você não vai querer estar no planeta terra quando os eventos descritos nesses versos começarem a acontecer. A profecia de Joel se refere aos eventos relacionados à segunda vinda de Jesus Cristo. Esses eventos ocorrem durante o final da tribulação e são revelados no livro de Apocalipse. A propósito, abra sua Bíblia em Apocalipse 6, versos 12 a 16.

Vi quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, as estrelas do céu caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair os seus figos verdes, e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola. Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar. Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro...

Agora, vá para Apocalipse 8, versos 6 e 7.

Então, os sete anjos que tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar. O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das árvores, e também toda erva verde.

Pule até o verso 12.

O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite.

Note o cumprimento a fumaça e fogo conforme Joel profetizou. Veja Apocalipse 9, versos 18 a 21.

Por meio destes três flagelos, a saber, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre que saíam da sua boca, foi morta a terça parte dos homens; pois a força dos cavalos estava na sua boca e na sua cauda, porquanto a sua cauda se parecia com serpentes, e tinha cabeça, e com ela causavam dano. Os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos, não se arrependeram das obras das suas mãos, deixando de adorar os demônios e os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar; nem ainda se arrependeram dos seus assassínios, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.

Agora, sabemos por meio de outras passagens em Apocalipse que muitas pessoas invocarão o nome do Senhor e serão, de fato, salvas.

Volte para Atos 2.

Então, o que Pedro estava dizer quando se referiu à profecia de Joel em relação ao Pentecostes?

Bem, uma coisa é certa, no verso 16 ele não disse que o Pentecostes era o cumprimento de Joel 2. Sabemos disso porque nenhuma das coisas terríveis profetizadas aconteceram nessa ocasião. Graças a Deus!

Pedro está simplesmente dizendo: “Esse é o mesmo Espírito sobre o qual Joel escreveu. Ele agora chegou. E o mesmo Espírito que terá poder para executar todos os eventos da profecia de Joel está agora nos capacitando para falarmos em outros idiomas. Aquele mesmo Espírito que um dia será derramado sobre toda carne [note o que verso 17 diz: “toda carne”] foi agora derramado sobre algumas pessoas [as cento e vinte que falavam em idiomas estranhos]!”

Agora, nesse ponto, Pedro apresenta novamente o Rei que se assentará no trono de Davi quando a profecia for cumprida. Veja o verso 22.

Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis;

Em outras palavras, Jesus Cristo fez coisas que somente Deus pode fazer. E Seus milagres tinham um propósito divino.

Aqueles que dizem que nós deveríamos poder curar e ressuscitar pessoas, etc. porque Jesus fez essas coisas, ignoram o princípio básico contido nesse verso. Jesus não realizou essas coisas sem objetivo, mas havia uma razão bem delineada por trás de cada ato.

Jesus não alimentou milhares de pessoas com cinco pães e dois peixes simplesmente porque as pessoas estavam famintas, mas para validar a reivindicação que faria posteriormente em João 6, verso 35: Eu sou o pão da vida.

Jesus não ressuscitou Lázaro porque era Seu amigo e não queria ver as irmãs Marta e Maria chorando como estavam, mas para validar sua declaração que faria depois em João 11, verso 25: Eu sou a ressurreição e a vida.

Se Jesus, na verdade, simplesmente curou pessoas porque estavam doentes, então Ele passa a ser a pessoa mais cruel que já pisou esta terra. Por que? Porque Ele, enquanto estava na terra, não curou todas as pessoas que estavam doentes.

Com frequência, Jesus se retirava para uma cidade onde havia uma colônia de leprosos, contudo, lemos que Ele curou apenas um leproso daquela cidade. E a colônia de leprosos continuou lá após a ascensão de Jesus. Por que Ele não curou todos daquela colônia?

Jesus selecionou cuidadosamente os variados milagres que realizou que comprovavam que Ele era o verdadeiro Messias. E, de acordo com Pedro, os israelitas sabiam disso. Tanto o é que Jesus pôde dizer em João 15, verso 25: odiaram-se sem motivo.

O Primeiro Sermão Dá Um Veredito

Agora, Pedro direciona a atenção dos seus ouvintes ao veredito! E a palavra é: “Culpados!”

Veja o verso 23 de Atos 2.

Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;

Pule até o 26.

Por isso, se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; além disto, também a minha própria carne repousará em esperança.

Que tal essa pregação, amistosa? Que tal essa pregação para deixar os descrentes confortáveis?

A verdadeira pregação declara a verdade de forma proposicional. O Espírito de Deus se move através da declaração e exposição da verdade bíblica.

Agora, no caso de eles pensarem que tinham tudo a ver com isso e antes de começarmos a colocar a responsabilidade nos judeus por terem matado o Deus em carne, veja as próximas palavras de Pedro.

Sendo este entregue pelo determinado desígnio...

(a palavra grega “boule,” ou “conselho”),

...e presciência de Deus...

(sim),

...vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;

Isso foi parte do plano eterno feito pelo Deus Triúno antes da fundação do mundo. E agora ouça o resto do plano. Veja o verso 24.

ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela.

Agora, Pero começa a expor as palavras que saíram da pena do próprio Davi que estavam diretamente relacionadas à ressurreição e ascensão do Messias. Pedro está armando o laço para cima dos judeus.

Vocês O crucificaram, Deus O coroou.

Vocês O sepultaram, Deus O entronizou.

Vocês O abandonaram, Deus O tomou para Si.

Vocês O executaram, Deus O exaltou.

“Essa é a verdade, goste você ou não.”

Veja o resultado no verso 37.

Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração...

(a palavra grega traduzida como “compungiu-se-lhes” significa “atordoar” – eles ficaram literalmente atordoados ao perceberem que tinham crucificado o Messias e eram agora culpados diante de Deus)

...e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?

Que pergunta trágica. Soa bastante como o carcereiro em Filipos que disse em Atos 16, verso 30: “Senhores, que farei para ser salvo?”

A resposta a essa pergunta é a resposta mais importante do mundo. Na verdade, amigo, se alguém perguntasse a você: “Como posso me tornar um crente? Como posso ser salvo?” O que você diria?

Respostas a essa perguntam incluem:

  • Um legalista diria: “Você tem que parar de fazer essas cosias erradas!”
  • Um moralista diria: “Você precisa começar a fazer coisas boas!”
  • Um religioso diria: “Você precisa começar a ir para a igreja e ler a Bíblia.”
  • Um humanista diria: “Você precisa dar dinheiro e outras coisas!”
  • Um pluralista diria: “Você precisa desenvolver sua própria religião e esperar o melhor.”

Meu amigo, a maioria das respostas à pergunta: “Como posso ser salvo?” caem em duas categorias.

  • Uma categoria pode ser definida pela palavra “processo.”

Nessa categoria, ser um crente ou ser salvo é um longo processo. Você se sente mal sobre a vida, então decide começar tudo do zero; começa a frequentar uma igreja e um estudo bíblico e acaba se tornando um crente ao longo do tempo.

  • Um segunda categoria pode ser definida pela palavra “transação.”

A Bíblia ensina que ser salvo é uma transação e não um processo. É um evento num momento do tempo em sua vida quando você entrega seu coração a Cristo, confessa seus pecados e pede que Ele, com base na obra que Jesus fez na cruz, salve você. Em algum ponto de sua vida, você reconhece a verdade bíblica que você não pode salvar a si mesmo e que nada que você faça o tornará merecedor do céu; então você clama Àquele que reconhece ser o único Salvador que você precisa.

A primeira palavra de Pedro após a pergunta daqueles homens de acordo com o verso 38, é: Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos.

“Arrepender-se” é a palavra grega “metanoeo” que significa “mudar de pensamento.” Antes da salvação, você pensa que está bem diante de Deus e que Cristo é desnecessário; mas, você muda de pensamento; você descobre que é um pecador e que Cristo é totalmente necessário.

Agora, a próxima parte do verso 38 é problemática para muitas pessoas. Pedro disse:

...Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.

Duas repostas ao ensino da regeneração batismal

Aqueles que creem na regeneração batismal, ou seja, que você precisa passar pelo batismo para completar a obra de salvação, irão usar esse verso como um de seus versos-chave.

Deixe-me fornecer duas respostas para essa teologia errada. Primeiro, contudo, circule a palavra “para” no verso 38: para a remissão de pecados.

Essa é a palavra grega “eis”, uma preposição grega que geralmente exige uma tradução expandida em nosso português.

 

 

Preposição de expectativa – o batismo é sacramental

  • “Para” pode ser entendida como uma preposição de expectativa. Dessa forma, o verso 38 seria traduzido: “Você precisa ser batizado com o objetivo de ter seus pecados perdoados; se você for batizado, você pode ter a expectativa de ser perdoado.” Para os que creem assim, o batismo é sacramental.

Preposição de explicação – o batismo é um memorial

  • “Para” também pode ser entendida como uma preposição de explicação. Então, o verso 38 poderia ser traduzido como A. T. Robertson traduz: “Arrependa-se e seja batizado por ocasião da, por causa que seus pecados foram perdoados.” Para os que assim creem, o batismo não é sacramental, mas memorial.

Eu creio que as duas ordenanças da igreja são memorial e não sacramental. A ceia do Senhor é uma mesa de recordação e a água do batismo identifica o crente com a morte e sepultamento passados de Cristo.

Então, agora, podemos interpretar Atos 2, verso 38, com uma pequena gramática de grego em nossa mão.

Existe uma outra forma de chegarmos à conclusão correta sem sabermos de preposições gregas. É um princípio de interpretação bíblica chamado de “a analogia das Escrituras.”

Meu amigo, esse é um dos princípios mais importantes! Simplesmente significa: “Nenhuma passagem das Escrituras, interpretada corretamente, irá contradizer outra passagem das Escrituras.”

Portanto, a salvação é resultado da fé em Cristo mais a água do batismo? O que o resto das Escrituras diz?

Veja João 1, verso 12:

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus...

Também, veja Efésios 2, versos 8 e 9.

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras...

(o batismo é algo que fazemos em obediência a Deus – é uma obra),

...para que ninguém se glorie.

Por que o batismo não é necessário para a salvação

Qual a importância de Atos 2, verso 38? Deixe-me expandir o pensamento um pouco mais. Por que o batismo não é importante para a salvação, ou então, se o batismo nas águas é necessário para a salvação, quais os seus resultados? Deixe-me dar cinco.

  • Primeiro, se o batismo nas águas é necessário à salvação, então o significado da nova aliança é totalmente desconsiderado.

Meu amigo, a nova aliança não é sangue mais água, é somente o sangue.

1 Coríntios 11, verso 25, diz: Este cálice é a nova aliança no meu sangue.

Efésios 1, verso 7, diz:

no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça,

Romanos 5, verso 9, diz:

Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.

  • Se o batismo nas águas é necessário à salvação, o propósito da encarnação de Cristo é destruído.

Jesus veio para morrer. E Hebreus 10, verso 10, diz:

Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

Por que vir para morrer se poderíamos ser salvos pela água?

  • Se o batismo nas águas é necessário à salvação, o significado das últimas palavras de Jesus é diluído.

Em Mateus 28, verso 19, lemos a ordem de Jesus aos discípulos:

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

O discípulos tornaram pública a sua identificação com Jesus por meio do batismo nas águas. Esses eram discípulos, não crianças. Eram crentes que se identificaram com Jesus Cristo.

  • Se o batismo nas águas é necessário à salvação, então a integridade do ministério de Paulo é diminuída.

Em outras palavras, o ministério de Paulo foi um fracasso se o batismo nas águas é necessário.

Em 1 Coríntios 1, verso 17, Paulo ousadamente disse:

Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo.

  • Se o batismo nas águas é necessário à salvação, a essência do evangelho é diminuída.

1 Coríntios 15, versos 3 e 4, define o evangelho como a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. Fé em Cristo salva – não fé mais água; não Cristo mais boas obras; não Cristo mais moralidade; não Cristo mais rituais; não Cristo mais religiosidade – Cristo somente.

Em Atos 2, verso 38, creio que Pedro está dizendo: “Arrependam-se e sejam batizados no nome de Jesus Cristo por causa do perdão dos pecados.”

Por que o batismo é importante na vida do crente

Por que, então, o batismo é tão importante na vida do crente a ponto de Cristo nos ordenar ser batizados? Se o batismo não é necessário para a salvação, por que é necessário? Deixe-me dar três razões.

  • O batismo é importante na vida do crente porque revela uma quebra com a velha vida.

Para a nação judaica o batismo era um evento que transformava a vida inteira. Ser publicamente batizado como um seguidor de Jesus Cristo era se desligar completamente do judaísmo e da antiga aliança. Era como dizer: “No passado, o perdão dos pecados estava ligado aos sacrifícios, mas, agora, o perdão dos pecados relaciona-se ao Salvador, que se sacrificou pelos nossos pecados de uma vez por todas.”

  • O batismo é importante na vida do crente porque revela obediência à ordem de Cristo.

O batismo segue a salvação; não causa a salvação. Contudo, não se esqueça que Pedro ordena o batismo no verso 38. Também Cristo deu ordem à igreja neotestamentária em Mateus 28, verso 19, para batizar (i.e., “baptizomai” no grego, que significa “imergir”) os novos discípulos. Discípulos são aqueles que vêm à fé em Cristo. Você já obedeceu essa ordem?

  • O batismo é importante na vida do crente porque ele identifica o crente não somente com Cristo, mas também com a igreja de Cristo.

Daremos mais uma olhada nesse assunto mais tarde em Atos 2 e daremos continuidade ao nosso estudo no nosso próximo encontro.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 20/10/1996

© Copyright 1996 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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