Perdendo A Cabeça!

Perdendo A Cabeça!

by Stephen Davey

Perdendo A Cabeça!

Atos 23

 

Introdução

Rudyard Kipling escreveu um poema há várias décadas atrás com algumas linhas famosas. Foi um poema intitulado Se que ele escreveu para jovens rapazes que desejavam amadurecer.

Se você conseguir manter a cabeça no lugar enquanto todos ao seu redor estão perdendo as estribeiras e culpando você;

Se você conseguir confiar em si mesmo quando todos ao seu redor duvidam de você, mas também considerar o que eles dizem;

Se você conseguir esperar e não se cansar de esperar, ou, mesmo quando enganado, se recusar a enganar;

Ou, quando odiado, se recusar a odiar...

Se você conseguir falar com multidões e ainda manter sua virtude... você, meu filho, será um homem.

Um dos versos mais conhecidos é o primeiro. Esse verso, na verdade, diz que você conseguiu chegar lá: “Se você consegue manter a cabeça no lugar enquanto todos ao seu redor estão perdendo as estribeiras e culpando você.” Qualquer pessoa que consegue agir assim fará parte de um grupo seleto de pessoas para as quais você olhará e dirá: “Rapaz, eles são desenrolados.”

Se existe alguém no Novo Testamento que você diria ser desenrolado, esse alguém era Paulo. Se havia alguém que poderia manter a cabeça no lugar enquanto todo mundo ao seu redor estava perdendo as estribeiras, esse alguém era Paulo. Mas, até mesmo Paulo perdeu a cabeça!

Para sermos justos com Paulo, vamos refrescar nossa memória com as semanas que devem ter sido as mais difíceis de sua vida. Em Atos 21, Paulo é mal entendido e caluniados pelos judeus que estavam na igreja. Depois, ele se dirigiu ao templo onde um motim se formou; lá, ele apanha de uma gangue e é preso em cadeias, enquanto a multidão clama por sua morte e os soldados romanos quase o açoitam.

O Concílio Entrou em Sessão!

Agora, no capítulo 23, Paulo finalmente se coloca perante o Sinédrio, ou o Supremo Tribunal dos judeus.

A consciência de Paulo está limpa

Paulo deixa bem claro ao Concílio que sua consciência está limpa. Veja o verso 1.

Fitando Paulo os olhos no Sinédrio, disse: Varões, irmãos, tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência até ao dia de hoje.

Paremos aqui por um instante. Paulo faz algumas coisas que, à luz do que está prestes a ocorrer, não são as coisas mais sábias a se fazer.

Primeiramente, ele se dirige aos membros do Supremo Tribunal como se fossem seus colegas e os chama de “Varões, irmãos.” O protocolo judaico nos conta que a maneira formal de se dirigir aos membros do Sinédrio era: “Governantes do povo e anciãos de Israel.”

Em certo sentido, Paulo estava certo; ele era colega deles. Ele mesmo havia servido como membro do Sinédrio. Ele conhecia muito bem vários desses homens!

Entretanto, suas primeiras palavras ajudaram a criar a impressão de que Paulo estava sendo desrespeitoso para com esses membros ilustres.

A segunda coisa que Paulo fez foi começar sua defesa apontando para a sua boa consciência. Eu creio que, posteriormente, Paulo notou que deveria ter ido direto à verdade do evangelho, assim como havia feito anteriormente no templo.

Mas, não se engane; essa é uma declaração maravilhosa de se fazer. Paulo não está dizendo: “Sou perfeito,” mas simplesmente: “Tenho prestado as contas com Deus.” Na verdade, Paulo se refere a sua boa consciência como prova de defesa número 1, declarando que, diante de Deus, sua consciência é pura.

A propósito, você pode dizer o mesmo hoje? Meu amigo, existem apenas poucos travesseiros mais macios que uma consciência pura.

Então, Paulo diz: “Homens, eu tenho uma consciência limpa diante de Deus.”

A conduta do sumo sacerdote viola a Lei

Note, agora, os versos 2 e 3a.

Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam perto dele que lhe batessem na boca. Então, lhe disse Paulo: Deus há de ferir-te, parede branqueada!...

Aqui está o grande apóstolo dizendo: “Deus vai bater na sua boca, sua parede branqueada!”

Agora, não sabemos o que “parede branqueada” significa, mas, com certeza, o que Paulo disse foi ótimo, não é? E eu fico do lado de cá me dizendo: “Muito bem, Paulo! Já estava na hora!”

Finalmente, aquele velho sumo-sacerdote foi posto no seu lugar!

Agora, os crentes, obviamente, não devem usar palavrões. Mas existem aqueles momentos em que você está bravo com seu chefe ou colega do trabalho e precisa dizer alguma coisa. Bom, tente usar esse xingamento: “Você não passa de uma parede branqueada!” Com isso, você vai falar o que precisa e ainda estará usando a Bíblia ao mesmo tempo. Perfeito!

Sinceramente, Paulo estava no limite. Aquele tapa na boca foi a última gota que fez o apóstolo perder a cabeça e ele abriu espaço para palavras inapropriadas e desrespeitosas, das quais, em alguns instantes, se arrependerá de ter dito.

Paulo não para por aí. Note a segunda parte do verso 3: Tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei e, contra a lei, mandas agredir-me?

Paulo está certo. O sumo-sacerdote violou a Lei ao ordenar punição durante o julgamento.

Mas foi por causa da ofensa “parede branqueada” que os espectadores disseram a Paulo em espanto no verso 4: Estás injuriando o sumo sacerdote de Deus?

Continue no verso 5.

Respondeu Paulo: Não sabia, irmãos, que ele é sumo sacerdote; porque está escrito: Não falarás mal de uma autoridade do teu povo.

Essa é, a propósito, uma das passagens utilizadas por alguns para defender a ideia de que Paulo tinha problemas de visão. Talvez essa fosse sua enfermidade física, seu espinho na carne que ele mesmo menciona em 2 Coríntios 12, verso 7.

Por quaisquer motivos, Paulo admite seu erro e se desculpa pelas palavras grosseiras ditas ao mais alto oficial espiritual da nação.

Daí, Paulo continua nos versos 6 a 10.

Sabendo Paulo que uma parte do Sinédrio se compunha de saduceus e outra, de fariseus, exclamou: Varões, irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus! No tocante à esperança e à ressurreição dos mortos sou julgado! Ditas estas palavras, levantou-se grande dissensão entre fariseus e saduceus, e a multidão se dividiu. Pois os saduceus declaram não haver ressurreição, nem anjo, nem espírito; ao passo que os fariseus admitem todas essas coisas. Houve, pois, grande vozearia. E, levantando-se alguns escribas da parte dos fariseus, contendiam, dizendo: Não achamos neste homem mal algum; e será que algum espírito ou anjo lhe tenha falado?  Tomando vulto a celeuma, temendo o comandante que fosse Paulo espedaçado por eles, mandou descer a guarda para que o retirassem dali e o levassem para a fortaleza.

Vamos parar aqui e organizar alguns pensamentos rapidamente.

A falha de Paulo

Paulo havia sonhado com esse momento diante do Sinédrio muitos meses antes. Ele tinha grande esperança que, de alguma forma, ele conseguiria penetrar a cegueira com a luz do evangelho.

O julgamento, entretanto, saiu de controle quase que imediatamente e Paulo sabia que o problema tinha sido sua raiva incontrolável. Sua falha foi em três áreas diferentes.

  • Primeiro, Paulo agiu com ira em sua frustração.

A propósito, uma “parede branqueada” se referia a uma parede em deterioração que acabara de receber uma camada de tinta branca a fim de se cobrir a madeira podre. A única outra ocorrência dessa expressão é quando Jesus chama os líderes religiosos de Israel de “sepulcros caiados.” Um mês antes da Páscoa, os sepulcros eram pintados de branco para que o povo os enxergasse bem para se desviar deles e não entrasse acidentalmente em contato com esses túmulos. Quem tocasse nesses sepulcros, mesmo que acidentalmente, seria considerado cerimonialmente impuro e não poderia participar da festa da Páscoa.

Cristo estava dizendo aos religiosos de Sua época o que ainda podemos dizer hoje: “Vocês parecem limpos, mas representam morte, e não vida.”

  • Segundo, Paulo se desculpa com uma retratação mínima.

Note no verso 5 que a desculpa de Paulo foi dirigida não ao sumo-sacerdote, mas ao ofício de sumo-sacerdote. Ele percebeu que estava errado, mas ele simplesmente não conseguiu pedir desculpas ao homem que, de acordo Josefo, era conhecido por toda Israel como glutão, violento, cruel e corrupto.

  • Terceiro, Paulo contrariou o exemplo da paixão de Cristo.

Em João 18, Jesus Cristo estava diante do tribunal e o sumo-sacerdote permitiu que Jesus levasse uma bofetada na boca. Jesus respondeu da mesma forma que Paul respondeu. Ele disse no verso 23: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que me feres?

Em outras palavras: “Você acabou de quebrar a Lei que supostamente está defendendo!”

Contudo, Jesus Cristo não disse a primeira parte. Como 1 Pedro, capítulo 2, verso 23a, nos diz: pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje.

Nessa ocasião, enquanto Paul experimentava a comunhão dos sofrimentos de Cristo, ele não estava respondendo como Cristo.

Quem, dentre nós, teria agido como Cristo no lugar de Paulo? Muitos de nós conhecem as famosas palavras de um autor anônimo que escreveu muito bem: “Fale quando estiver irado e você pronunciará o melhor discurso do qual irá se arrepender.”

Apenas imagine, por um momento, o que Paulo deve ter sentido enquanto sentado debaixo de uma guarda romana pesada naquela fortaleza.

Um autor visualizou Paulo nesse momento. Paulo com suas costas contra a parede, com suas pernas dobradas e sua cabeça debruçada em seus braços. Ele está cansado, mas não consegue dormir por causa da culpa que o açoita tão forte como qualquer flagelo. Ele está pensando: “Tive a oportunidade de minha vida de pregar o evangelho aos oficiais judeus mais importantes no mundo e eu desperdicei. Como fui burro em perder o meu temperamento! Eu, o ‘grande apóstolo’ – que nada. ‘O grande fracasso,’ isso sim.”

Como essa passagem foi confortadora para os milhares de crentes que a leriam durante o primeiro século da igreja – pessoas que haviam perdido uma oportunidade ímpar na vida por causa que perderam o temperamento, que perderam a cabeça sob a pressão e dispararam palavras que depois desejaram retomar.

Pessoas como nós, hoje, que, por vezes, gostaríamos de ter lidado conosco mesmos com mais tato e graça. Fazemos o evangelho entrar num curto-circuito por causa de nossa frustração e fracasso ao tentar manter nossa cabeça no lugar quando todos ao nosso redor já perderam o controle.

Outro comentarista destaca que, ao invés de Paulo corajosamente carregar a tocha de Cristo aos seus antigos colegas, ele suprimiu o evangelho com sua ira explosiva. Depois de ter decepcionado a Cristo de tal forma, como ele poderia agora continuar?

Naquele momento, o Senhor veio até Paulo e Se colocou ao lado dele e o encorajou, e encoraja a nós hoje, a continuar. Veja o verso 11a: Na noite seguinte, o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem!

“Coragem” poderia ser traduzido como, “força; não perca a esperança; não desista.”

Cinco vezes o Senhor disse isso a pessoas:

  • Ao homem paralítico: “...Tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados.”(Mateus 9.2b);
  • À mulher que, por doze anos, vinha sofrendo de uma hemorragia e tentado várias soluções: “...Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou.” (Mateus 9.22a);
  • Aos discípulos aterrorizados em meio à tempestade quando viram Jesus andando por sobre as águas: “...Tende bom ânimo!... Não temais!” (Mateus 14.27b);
  • Aos discípulos confusos na Sua última noite com eles antes de ser crucificado: “...tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (João 16.33b);
  • A Paulo, nessa cela provisória, Seu servo derrotado e desencorajado: “...Coragem!...” (Atos 23.11a).

Foi nos momentos em que a escuridão estava mais densa na vida das pessoas que Jesus Cristo pronunciou essas palavras. Isso nos dá toda a indicação de que Paulo estava pretendendo desistir. Talvez ele estivesse pensando: “Se eu estraguei tudo em Jerusalém, por que motivo Deus me enviaria a Roma?!”

Contudo, Jesus cobriu Sua glória, entrou naquela fortaleza  e disse no verso 11: “Paulo, não desanime; não desista...”

...Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma.

A fidelidade de Deus

Precisamos entender que essa história não é sobre a fidelidade de Paulo, mas sobre a fidelidade de Deus. E a fidelidade de Deus foi demonstrada de diversas formas.

  • Primeiro, Deus encorajou o espírito de Paulo.

Isso aconteceu nas palavras que acabamos de ler: “Coragem!” ou “Ânimo!”

  • Segundo, Deus confirmou o testemunho de Paulo.

Você pode dizer: “Espera um pouco; eu pensei que Paulo tinha estragado tudo!”

Ele estragou. Na verdade, se você olhar cuidadosamente a afirmação de Cristo, o Senhor menciona o testemunho de Paulo em Jerusalém. Isso incluía seu maravilhoso discurso à quadrilha de judeus, como também seu testemunho anterior na igreja de Jerusalém.

E essa foi uma atitude graciosa de Cristo. Ele refletiu no que Paulo havia feito bem e o aprovou por aquilo.

Nós não vemos o Senhor aqui dizendo: “Ouça, Paulo, sobre sua perda de temperamento no Sinédrio... o que que deu em você, hein?!”

Por que não? Porque o Senhor sabia que Paulo sabia que ele tinha errado e que estava desencorajado por causa daquilo. E eu creio que Paulo já havia acertado aquilo com o Senhor.

  • A terceira revelação da fidelidade de Deus foi que Ele anunciou o futuro de Paulo.

No verso 11b, Deus diz:

...Pois do modo por que deste testemunho a meu respeito em Jerusalém, assim importa que também o faças em Roma.

Em outras palavras, “Paulo, você também irá a Roma.”

A Conspiração Está em Ação!

Note, agora, os versos 12 e 13.

Os Assassinos buscam matar Paulo

A conspiração está em ação!

Quando amanheceu, os judeus se reuniram e, sob anátema, juraram que não haviam de comer, nem beber, enquanto não matassem Paulo. Eram mais de quarenta os que entraram nesta conspirata.

Esses quarenta homens eram zelotes; seu nome oficial era “Assassinos.” Eles eram assassinos profissionais que acabavam com qualquer judeu a favor de Roma. O nome “Assassinos” vem da palavra “sicari,” que significa “punhal.” Esses homens escondiam um punham debaixo de seus mantos e se aproximavam de seus alvos nos mercados ou estradas e, após golpeá-los, fugiam secretamente.

A propósito, assim como o Sinédrio e os Assassinos colaboraram com a morte de Paulo, também outro Assassino colaborou com o Sinédrio para matar Jesus. O nome do Assassino era Judas Iscariotes. A palavra “Iscariote” é um derivado do termo “sicari.” Ele também era um homem do punhal, um membro dos Assassinos que esperavam que Cristo fosse desbancar Roma. Mas, quando ele percebeu que Jesus Cristo tinha uma missão espiritual e não uma missão política, ele mudou de lado e traiu o Senhor.

Nesse verso, quarenta Assassinos planejam matar Paulo e eles fazem juramento de não comer nem beber até que ele esteja morto. E eles estão prestes a perder muitos quilos.

Os romanos buscam proteger Paulo

Pule até os versos 16 a 22.

Mas o filho da irmã de Paulo, tendo ouvido a trama, foi, entrou na fortaleza e de tudo avisou a Paulo. Então, este, chamando um dos centuriões, disse: Leva este rapaz ao comandante, porque tem alguma coisa a comunicar-lhe. Tomando-o, pois, levou-o ao comandante, dizendo: O preso Paulo, chamando-me, pediu-me que trouxesse à tua presença este rapaz, pois tem algo que dizer-te. Tomou-o pela mão o comandante e, pondo-se à parte, perguntou-lhe: Que tens a comunicar-me? Respondeu ele: Os judeus decidiram rogar-te que, amanhã, apresentes Paulo ao Sinédrio, como se houvesse de inquirir mais acuradamente a seu respeito. Tu, pois, não te deixes persuadir, porque mais de quarenta entre eles estão pactuados entre si, sob anátema, de não comer, nem beber, enquanto não o matarem; e, agora, estão prontos, esperando a tua promessa. Então, o comandante despediu o rapaz, recomendando-lhe que a ninguém dissesse ter-lhe trazido estas informações.

As pequenas coisas que o Deus soberano fez

Vejamos as “pequenas coisas” que o Deus soberano fez nessa situação.

  • O sobrinho de Paulo estava no lugar certo, na hora certa e ouviu a conversa dos conspiradores (verso 16a);
  • O sobrinho de Paul conseguiu entrar e chegar até Paulo (verso 16b);
  • Um centurião estava disposto a atender a uma “ordem” de Paulo (verso 17);
  • O comandante estava disposto a ouvir cuidadosamente o que o sobrinho de Paulo tinha a dizer (verso 19);
  • O sobrinho conseguiu ir embora sem ser notado (verso 22);
  • O poder do exército romano cercou Paulo com proteção (versos 23-25):

Chamando dois centuriões, ordenou: Tende de prontidão, desde a hora terceira da noite, duzentos soldados, setenta de cavalaria e duzentos lanceiros para irem até Cesaréia; preparai também animais para fazer Paulo montar e ir com segurança ao governador Félix. E o comandante escreveu uma carta nestes termos:

  • O comandante foi movido a escrever uma carta em favor de Paulo (verso 26-29).

Cláudio Lísias ao excelentíssimo governador Félix, saúde. Este homem foi preso pelos judeus e estava prestes a ser morto por eles, quando eu, sobrevindo com a guarda, o livrei, por saber que ele era romano. Querendo certificar-me do motivo por que o acusavam, fi-lo descer ao Sinédrio deles; verifiquei ser ele acusado de coisas referentes à lei que os rege, nada, porém, que justificasse morte ou mesmo prisão.

Uau! O que motivaria um comandante romano a colocar sua reputação em jogo para defender um judeu desconhecido que lhe causara nada além de problema?

Um Deus soberano estava trabalhando. E o nosso Deus soberano pode tomar o coração de um rei e de um comandante e movê-lo na direção que Ele bem quiser.

Aplicação: Três Verdades Eternas

Como aplicação desse texto para as nossas vidas, note comigo três verdades eternas.

  • Primeiro, a morte dos servos de Deus somente ocorre quando Deus, que está no controle de tudo, está pronto.

Estêvão pregou apenas uma vez e um motim se levantou, resultando em sua morte. Até esse momento, Paulo já passou por três motins e sobreviveu a todos!

Por quê? Porque Deus é soberano e Seu servo ainda não terminou sua missão.

  • Segundo, os fracassos dos servos de Deus ocorrem mais frequentemente quando eles se esquecem que Deus é soberano.

Agora, uma coisa é crer, como a maioria dos crentes faz, que a vida e a morte estão debaixo do controle de Deus. A maioria diria: “Ah, sim, eu creio que Deus controla as grandes coisas, como a vida e a morte.”

Mas, não estamos tão certos a respeito das pequenas coisas, as coisas ordinárias, os eventos simples da vida, como semáforos, atrasos de aviões ou tempestades. Em outras palavras, frequentemente perdemos controle porque nos esquecemos que Deus está no controle das pequenas coisas.

Os israelitas nos fornecem um bom exemplo disso:

  • Em Êxodo 14 o Mar Vermelho partiu ao meio e eles passaram em terra seca. Que grande demonstração do poder de Deus que eles puderam experimentar!
  • Em Êxodo 15, eles cantam louvores a Deus por tê-los livrado dos exércitos do Egito.
  • Em Êxodo 16, eles chegam à conclusão de que irão morrer de fome.

Ou seja, Deus controla as grandes coisas. Ele partiu o Mar Vermelho ao meio e eles marcharam em terra seca entre duas paredes de água. Uau!

Depois, todavia, os israelitas estavam dizendo, com efeito, “Sabemos que Deus pode fazer grandes coisas, mas estamos com fome. Quem poderia nos dar algo para comer?”

A verdade é que eles, assim como nós, se esquecem do que o nosso Deus soberano é capaz de fazer.

  • Terceiro, a fidelidade da soberania de Deus não é prejudicada por nossa capacidade de lembrar ou não de Sua soberania.

A providência de Deus não é desarmada pelo nosso pânico. A vontade Dele será feita; Sua missão será cumprida.

Deus não limpou Suas mãos e disse: “Bom, Paulo, agora você estragou tudo; você se esqueceu que Eu sou soberano; você não soube lidar com a pressão. Eu simplesmente terei que encontrar outra pessoa que seja um pouco mais confiável diante dos conflitos e pressões. Depois do que você fez em Jerusalém, não posso confiar em você para ir a Roma agora.”

Certamente, a resposta de Paulo, e a nossa, debaixo da pressão determinada que tipo de testemunho teremos e que tipo de ministério Deus tem para nós.

A verdade permanece que, se Paulo não tivesse perdido sua cabeça, quem sabe, talvez ele poderia ter testemunhado com mais clareza diante do Sinédrio sobre a verdade de Jesus Cristo. Mas aquela oportunidade passou para sempre.

Deus, contudo, ainda tinha planos para Paulo e Ele ainda possui planos para mim e para você.

Pergunto-me se as palavras de uma canção popular vieram à mente de Paulo. Ela vinha sendo cantada por várias gerações, escrita pelo grande compositor, o Rei Davi.

Deixe-me ler as palavras do hino 103, ou do Salmo 103. Ouça as palavras de um homem que sabia o que era perder a cabeça e seu caráter e, ainda assim, experimentar a graça revigoradora de Deus. Ouça os versos 2 a 5, 8 a 14 e 17a:

Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios. Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara todas as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e misericórdia; quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia.  O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniqüidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó. Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 30/08/1998

© Copyright 1998 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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