Aula sobre Sofrimento Pessoal

Aula sobre Sofrimento Pessoal

by Stephen Davey

Aula sobre Sofrimento Pessoal

Atos 21.15–36

 

Introdução

Quero chamar sua atenção incialmente à carta de Paulo aos filipenses. Com grande fervor e compaixão, Paulo expõe sua alma ao escrever em Filipenses 3, verso 10a:

para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos...

No Novo Testamento, existem vários cognatos gregos traduzidos como “conhecimento, conhecer ou saber.” Uma dessas palavras é “oida” e se relaciona ao conhecimento intelectual intuitivo adquirido por meio de verdades proposicionais. Quando você faz um teste sobre doutrinas bíblicas e tira um 10, você sabe determinadas verdades intelectualmente.

Existe outra palavra para conhecimento e é a palavra “ginosko.” Essa palavra se relaciona ao conhecimento de algo por meio de experiência pessoal.

O Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento destaca que a palavra bíblica “ginosko” sugeria um relacionamento pessoal entre o conhecedor e o conhecido, o que, em última análise, envolvia a influência do objeto de conhecimento sobre o aquele que estava conhecendo.

Em Filipenses 3, verso 10, Paulo diz: “para o conhecer...!” Paulo não usa a palavra “oida,” significando apenas um conhecimento adquirido por meio de verdade proposicional. Na verdade, ele nem sequer poderia ter usado “oida,” pois ele já conhecia intelectualmente a verdade que Cristo era o seu Salvador pessoal. Paulo usa “ginosko.” Ele diz, com efeito: “Oh, para que eu tenha tamanha intimidade com Jesus Cristo; um relacionamento bem próximo com Ele, o objeto do meu conhecimento, para que, no fim, eu seja influenciado por Ele em cada aspecto de meu caráter.”

Olhe mais adiante no capítulo 4, verso 5a, onde a mesma palavra é usada. Dessa vez ela se refere ao mundo ao nosso redor: Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens.

A palavra para “moderação” significa ter uma perseverança humilde e paciente, que é capaz de se submeter à injustiça, desgraça e maltrato sem ódio. Ou seja, “Permita que a sua paciência seja conhecida por todos em momentos de maus tratos.”

“Conhecida,” nesse verso, é o verso “ginosko.” O ensino é, você foi tão influenciado pelo Senhor com quem você está envolvido em conhecer de maneira que as pessoas ao seu redor sabem que algo aconteceu que o fez agir diferente. E, à medida que as pessoas conhecem você, elas são influenciadas por você.

Então, quando alguém diz: “Quero somente conhecer a Cristo,” o que ela quer dizer com isso? o que elas deveriam querer dizer?

Interpretado propriamente, isso significaria viver tão perto de Cristo sendo tão submisso a Ele e tão transparente diante Dele e desejando agradá-lO de tal forma que começamos a agir como Ele, a falar como Ele e a reagir como Ele reagiu quando andou no planeta terra. Daí, estaremos “conhecendo” a Cristo por meio da experiência.

Agora, a maioria de nós conhece e gosta da primeira frase do verso 10 de Filipenses 3. O problema é que Paulo ainda não terminou; existe a próxima palavra, a pequena conjunção “e.” Veja o verso 10 novamente e note: para o conhecer, e o poder da sua ressurreição.

Lembre-se, ainda estamos sob o contexto controlador do verbo “ginosko,” ou, “conhecer por meio da experiência.” Paulo não está dizendo, “Quero conhecer intelectualmente todos os fatos teológicos sobre a doutrina da ressurreição. Quero ter certeza de que irei passar na prova.”

Você deveria conhecer os fatos da ressurreição. Paulo tiraria um 10 na prova, uma vez que ele conhecia todos os fatos. Na verdade, ele viu o Cristo ressurreto; ele recebeu um passeio no céu.

Por que, então, Paulo está querendo conhecer o poder da ressurreição?

O que significa conhecer o poder da ressurreição por meio de nossa experiência na caminhada cristã pessoal de cada crente? E como sabermos se estamos, de fato, experimentando em nossa própria vida o poder da ressurreição? Como saber?

Não vou dizer para você como saber, mas vou dizer onde podemos encontrar a resposta. Veja Efésios 2 e Colossenses 2.

Vou dar uma dica e você estude em casa. Colossenses 3, versos 1 e 2, diz:

Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;

Conhecer verdadeiramente pela experiência a ressurreição de Cristo significa viver sua vida ao avesso do materialismo. Suas afeições estão na vida porvir, e não nesta vida presente.

Conhecer pessoalmente a experiência do poder da ressurreição de Cristo significa dançar conforme uma música diferente. E aí, você conhece o poder da Sua ressurreição?

Agora, veja Filipenses 3, verso 10, a última parte do verso, onde Paulo continua dizendo:

para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos...

Paulo deseja conhecer os sofrimentos de Cristo pela experiência!

Se pegarmos o Cristianismo contemporâneo e o compararmos a esse verso, 100% das pessoas concordaria e gostaria da primeira parte: Para o conhecer [Cristo].

Mas os números cairiam drasticamente na próxima frase: e o poder da sua ressurreição.

A pergunta pode ser: “Você está querendo dizer, ao invés de me concentrar no Seu reino eu devo me concentrar Nele? Mas como isso afetaria as minhas finanças?”

Daí, chegamos à última parte do verso: e a comunhão dos seus sofrimentos.

Quantos se alistariam para terem a experiência pessoal de passar pelos sofrimentos que Cristo passou?

Paulo, contudo, queria todos eles. Na verdade, Paulo desejava tanto conhecer Cristo; ser influenciado por Cristo; ter intimidade com Cristo que ele queria celebrar o poder da ressurreição de Cristo vivendo no céu ao invés de na terra. Ele também queria sofrer pelo vale da sombra da morte por onde Cristo andou.

Paulo disse: “Senhor, quero tanto ser como Tu que vou me matricular numa matéria chamada Sofrimento Pessoal.

Agora, convido você a convergir sua atenção para o texto onde finalmente esse desejo de Paulo começa a se tornar realidade – Atos 21.

Agora, lembre-se que Paulo acabou de partir para Jerusalém, apesar de todos os seus amigos e companheiros o implorarem para não ir. Em nosso estudo anterior, falamos sobre seguir a vontade de Deus, mesmo que ninguém concorde com você. Então, com coração pesado, ou, como Paulo disse, “um coração quebrado,” ele parte para se encontrar com seus amados em Jerusalém.

Um Reencontro Agradável

Começaremos nos versos 15 a 17 de Atos 21 onde Paulo tem seu reencontro agradável.

Passados aqueles dias, tendo feito os preparativos, subimos para Jerusalém; e alguns dos discípulos também vieram de Cesaréia conosco, trazendo consigo Mnasom, natural de Chipre, velho discípulo, com quem nos deveríamos hospedar. Tendo nós chegado a Jerusalém, os irmãos nos receberam com alegria.

Sinceramente, esse é o único momento agradável durante a visita de Paulo em Jerusalém. O coração de Paulo ansiava um retorno à casa. Essa é a cidade amada – a cidade dos apóstolos – e ele está transbordante com a história da graça de Deus revelada para ele em suas viagens missionárias.

O verso 17b resume tudo muito bem: os irmãos nos receberam com alegria.

Que reencontro maravilhoso com família e amigos não deve ter sido.

Apresentando a equipe missionária

Continue nos versos 18 e 19 para vermos a apresentação da equipe missionária.

No dia seguinte, Paulo foi conosco encontrar-se com Tiago, e todos os presbíteros se reuniram. E, tendo-os saudado, contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério.

Evidentemente, essa é uma reunião formal. Lucas registra que Paulo foi com sua equipe missionária inteira diante de Tiago, o presbítero que liderava a igreja. Tiago, a propósito, já havia se tornado bastante conhecido com sua carta bastante circulada -  a Epístola de Tiago – a qual, a essa altura, já estava circulando há uns dez anos. E todos os presbíteros estavam presentes. Alguns acreditam que a igreja de Jerusalém, que tinha milhares de membros, havia emprestado a estrutura da sinagoga, elegendo sete presbíteros.

Não há dúvidas que o tamanho da igreja de Jerusalém demandava uma liderança expandida, assim como em qualquer outra igreja do Novo Testamento.

Podemos apenas imaginar essa cena; Paulo apresentando a equipe missionária aos presbíteros; e talvez Tiago apresentando os presbíteros a Paulo e sua equipe.

Recontando os milagres

Após os cumprimentos, o verso 19 nos diz que Paulo começou a lhes contar detalhadamente os eventos das suas três viagens missionárias.

E, tendo-os saudado, contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério.

Apesar de Paulo não ter uma apresentação de Power Point e slides, imagino os homens com olhos arregalados enquanto Paulo lhes contava as histórias de suas aventuras missionárias. Houve fugas de morte, um resgate à meia-noite de uma prisão por causa de um terremoto, o primeiro convertido da Europa, milhares de gentios salvos pela fé no Redentor, igrejas plantadas, milagres realizados, mágicos silenciados... e muito mais.

Uau! Esse foi um relatório incrível do poder de Deus e avanço do evangelho de Jesus Cristo.

Uma Celebração que Não Durou Muito

Uma celebração começou no verso 20a, apesar de não ter durado muito: Ouvindo-o, deram glórias a Deus.

Como você pode imaginar, eles começaram a glorificar a Deus. Eu só gostaria muito que tivesse um ponto de exclamação aqui, ao invés da conjunção “e.” Havia tanto para ser celebrado, mas a celebração mal teve chance de começar.

Os judeus ainda estavam orgulhosos e cheios de preconceito

Leia a última parte do verso 20.

...e lhe disseram: Bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei;

“Com licença... sobre o que mesmo estávamos falando? Não estávamos falando sobre os milhares de gentios que se converteram na Europa? Nós não íamos começar uma festa?”

O orgulho e preconceito dos judeus ainda estavam bem vivos. “E daí que milhares de gentios que se converteram? Vamos contar a você sobre os milhares de judeus que não somente crêem em Cristo, mas que zelam pela Lei. Agora sim temos algo interessante para conversar.”

Os rumores ainda estavam presentes e prejudiciais

Mas, isso não é tudo – continue no verso 21.

e foram informados [os milhares de judeus convertidos] a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei.

Mas isso simplesmente não é verdade. Paulo havia sido mal entendido e mal interpretado. Ele não havia mandado os judeus abandonarem seus costumes. Ele simplesmente declarou que os rituais do judaísmo não eram necessários para a salvação. Na verdade, Paulo havia, antes, como lemos no capítulo 16, verso 3 de Atos, levado Timóteo, um meio-judeu, para ser circuncidado para que os crentes judeus não se ofendessem. Paulo não era contra a Lei; ele simplesmente era pela graça.

Você notou a natureza inflamatória do rumor? Veja o verso 21 novamente: ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés.

Isso não era verdade! Mas, mesmo que esse rumor não tivesse perna nenhuma para se apoiar, assim como todos os rumores, ele ainda correu e se espalhou rapidíssimo. Milhares de  judeus na igreja de Jerusalém e regiões vizinhas haviam sido envenenados contra Paulo.

Não é o papel do inimigo criar rumores e exageros? Provérbios 16, verso 28, diz: O homem perverso espalha contendas, e o difamador separa os maiores amigos.

No comentário de Charles Swindoll sobre esse incidente na vida de Paulo, ele escreveu uma analogia bem perceptiva.

A igreja local é uma das sementeiras prediletas de Satanás para cultivar uma plantação de mal entendidos cheia de abrolhos. Ele lavra nossa mente como o solo, misturando com uma pá de boas intenções, um pacote cheio de preconceitos e umas bolinhas de orgulho. Daí, ele espalha uma palavra de maldição aqui, um comentário sedicioso ali e espera até que eles germinem.

Uma das características do rumor e da fofoca é vista nessa passagem; a pessoa sobre quem se está falando nunca é convidada para a discussão.1

Paulo estava a quilômetros de distância e, sem mesmo que ele soubesse, seu caráter e missão estavam sendo alvos de fofoca.

Agora, ele retorna e os líderes dizem em uníssono, no verso 22: Que se há de fazer, pois? Certamente saberão da tua chegada.

“Que se há de fazer?”

Eu posso dizer o que não se há de fazer para Paulo. Seu caráter não pode ser completamente exonerado. Seus motivos foram questionados; sua liderança do movimento missionário europeu foi obscurecida com a suspeita de ter conduzido pessoas ao erro. As coisas que foram ditas, sugeridas ou inferidas não podem ser retiradas.

Kent Hughes contou a história lendária de uma mulher plebeia que fofocou sobre uma vizinha e, dentro de pouco tempo, a aldeia inteira ficou sabendo da história. A pessoa má afamada ficou profundamente machucada e triste. Mas, então, a mulher responsável por espalhar o rumor soube que o que ela dito não era verdade. Daí, ela foi a um sábio idoso da vila para pedir conselho sobre o que fazer para consertar a situação.

Depois de ouvir o problema, o homem sábio disse: “Vá para a feira, compre uma ave e a mate. Depois, no seu caminho para casa, tire as penas, uma por uma, e coloque uma em frente de cada casa na vila!”

Apesar de ter ficado surpresa com esse conselho, a mulher fez o que ele disse. No dia seguinte, ela informou o homem que ela o havia feito. “Agora,” disse ele, “vá e recolha todas as penas e as traga de volta a mim.”

A mulher refez suas pisadas, mas, para seu desânimo, o vento havia soprado e levado todas as penas embora. Depois de haver procurado o dia inteiro, ela retornou com apenas duas ou três em sua mão. “Está vendo,” disse o homem, “é fácil lançar suas palavras, mas impossível trazê-las todas de volta.”2

Sem base ou não, esses rumores sobre Paulo estavam se espalhando. Estavam se espalhando de tal forma que vemos a implicação no verso 22: Certamente saberão da tua chegada.

Em outras palavras, “O que iremos fazer, Paulo? esses judeus certamente ouvirão que você chegou e isso significa problema!”

Eles estavam dizendo: “Olha, gostamos de você, Paulo, mas, realmente queremos que você vá para outra viagem missionária, e uma longa.”

Eles viam Paulo como alguém que causava problemas. “Paulo, você parece que causa confusão em todo canto que vai. Da última vez que você foi embora, quase tivemos uma divisão na igreja por causa da questão dos judeus e gentios. Agora você voltou e isso significa mais confusão do que nunca.”

“O que faremos, Paulo?”

Esse é o ponto em que eu esperaria ouvir um sermão de Paulo. “Como assim, o que faremos?! Aqui está uma excelente oportunidade para todos nós tomarmos um passo na direção certa esclarecendo o que cremos sobre lei e graça. Além disso, vocês, homens, deveriam saber que esses rumores não têm base alguma! Como assim, ‘eles ouviram que eu ensino judeus a abandonar Moisés’?! Quem disse isso para eles? Onde está a evidência? Por que não entrar em contato comigo? E, além disso, não acredito que vocês permitiram que esses rumores se propagassem e que o meu caráter fosse manchado e minha missão na Europa mal interpretada! Como vocês permitiram que isso acontecesse?”

Adivinha o que? Não houve nenhum sermão; nenhuma defesa pessoal; nada de “coitado de mim”; nada! Por que não? Porque Paulo queria experimentar a comunhão dos sofrimentos de Cristo. E, quando Cristo foi mal entendido, mal interpretado e difamado, Ele recusou se defender.

para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos...

Um modelo de servo sofredor

Paulo nos fornece um modelo de sofrimento por causa de mal entendidos. Ele:

  • Não retaliou;
  • Não permitiu que suas emoções obscurecessem seu julgamento;
  • Não teve uma atitude vingativa, mas de amor;
  • Não correu de seus acusadores, mas os encarou diretamente;
  • Teve (mais importante) confiança de que Deus estava no controle.3

Os presbíteros submetem o plano

Veja os versos 23 e 24.

Faze, portanto, o que te vamos dizer: estão entre nós quatro homens que, voluntariamente, aceitaram voto; toma-os, purifica-te com eles e faze a despesa necessária para que raspem a cabeça; e saberão todos que não é verdade o que se diz a teu respeito; e que, pelo contrário, andas também, tu mesmo, guardando a lei.

Os presbíteros disseram: “Aqui está um plano. Quatro homens da igreja estão fazendo o voto do Nazireu (um voto para se abster de comida e vinho e não cortar o cabelo por trinta dias). Então, Paulo, você cobre as despesas desses homens. Pague pelos animais de oferta para cada um deles, além das ofertas de cereal e de leite. Também, Paulo, passe pelo ritual de purificação de sete dias.”

Agora, nada disso violava a verdade do evangelho. Durante esse período de transição, Deus pacientemente esperou uns quarenta anos para que a igreja se despisse de seus costumes judaicos. O ensino de Paulo era que nenhum desses costumes era necessário para a purificação, mas eles poderiam ser certamente utilizados como símbolos externos de dedicação a Deus.

Então, os presbíteros dizem: “Paulo, você financia esses homens e isso irá mostrar a todos os judeus que você não é nem um pouco contra Moisés.”

O apóstolo se submete ao plano

Então, Paulo se submete ao plano dos presbíteros. Veja os versos 25 e 26.

Quanto aos gentios que creram, já lhes transmitimos decisões para que se abstenham das coisas sacrificadas a ídolos, do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas. Então, Paulo, tomando aqueles homens, no dia seguinte, tendo-se purificado com eles, entrou no templo, acertando o cumprimento dos dias da purificação, até que se fizesse a oferta em favor de cada um deles.

O judeus interpretaram mal o plano

Os judeus, contudo, interpretaram o plano de forma errada. Continue nos versos 27 a 36.

Quando já estavam por findar os sete dias, os judeus vindos da Ásia, tendo visto Paulo no templo, alvoroçaram todo o povo e o agarraram, gritando: Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte ensina todos a serem contra o povo, contra a lei e contra este lugar; ainda mais, introduziu até gregos no templo e profanou este recinto sagrado. Pois, antes, tinham visto Trófimo, o efésio, em sua companhia na cidade e julgavam que Paulo o introduzira no templo. Agitou-se toda a cidade, havendo concorrência do povo; e, agarrando a Paulo, arrastaram-no para fora do templo, e imediatamente foram fechadas as portas. Procurando eles matá-lo, chegou ao conhecimento do comandante da força que toda a Jerusalém estava amotinada. Então, este, levando logo soldados e centuriões, correu para o meio do povo. Ao verem chegar o comandante e os soldados, cessaram de espancar Paulo. Aproximando-se o comandante, apoderou-se de Paulo e ordenou que fosse acorrentado com duas cadeias, perguntando quem era e o que havia feito. Na multidão, uns gritavam de um modo; outros, de outro; não podendo ele, porém, saber a verdade por causa do tumulto, ordenou que Paulo fosse recolhido à fortaleza. Ao chegar às escadas, foi preciso que os soldados o carregassem, por causa da violência da multidão, pois a massa de povo o seguia gritando: Mata-o!

As palavras: “Mata-o!” são as mesmas palavras gregas usadas uns trinta anos antes por grande parte dessa mesma multidão no julgamento de Jesus Cristo – “Crucifica-o! Mata-o!...”

Paulo estava, de fato, experimentando os sofrimentos de Cristo. Como esse apóstolo que havia apanhado tanto não simplesmente abandonaria o ministério? “Pronto, basta! Já sofri demais!”

Você consegue se colocar no lugar de Paulo? Seu coração já quebrado buscando fazer vontade de Deus e ir até Jerusalém. Daí, você chega para descobrir conspiração contra você dentro da própria igreja. Você foi mal entendido e caluniado.

“Paulo, por que não simplesmente deixar o ministério?”

Porque Paulo tinha uma amor intenso pelas pessoas, uma amor por sua nação, um desejo de pregar o evangelho, mesmo que isso significasse ser mal entendido, ferido ou até morto. Por fim, amigos, foi seu amor profundo e sua rendição de querer conhecer a Cristo, o poder de Sua ressurreição e a comunhão dos Seus sofrimentos que manteve Paulo dentro do ministério.

Quando Lou Little era o técnico de futebol americano em uma universidade, um evento memorável ocorreu. Em seu time, havia um jogador mediano que dificilmente jogava um jogo. O técnico Lou gostava muito dele, especialmente pelo fato de o ter visto antes caminhando no campus da universidade com seu pai em várias ocasiões.

Um dia, um pouco antes de um jogo importante contra uma universidade rival, a mãe desse jovem  ligou para ele dando a triste notícia de que seu pai havia morrido de infarto naquela manhã. O jovem foi para casa para o funeral e, três dias depois, foi ao escritório do técnico Lou e implorou: “Técnico, você me deixa começar jogando hoje? Creio que era isso o que o pai gostaria de ver.”

Após um rápido momento de hesitação, o técnico Lou disse: “Certo, mas, apenas por alguns minutos; depois, você sai.”

E ele cumpriu sua palavra  e colocou o jovem para jogar – mas, nunca o tirou do jogo. Por sessenta minutos, esse atleta correu o campo inteiro. Após o jogo, o técnico disse: “Filho, você nunca tinha jogado dessa forma. O que aconteceu com você?”

“Bom, você se recorda de ver como eu e meu pai caminhávamos juntos? Sabe, ele era totalmente cego e hoje foi a primeira vez que ele me viu jogando.”

Agora, meu desejo não é começar um debate sobre o que as pessoas podem ou não podem ver do céu ou se elas se importam o que se passa aqui embaixo. O que aconteceu foi que um jogador ordinário acreditava que seu pai estava, pela primeira vez, assistindo-o jogando e isso lhe deu uma paixão como nunca antes.

Entretanto, digo o seguinte. A maneira como você responde ao jogo da vida – às quedas e mal entendidos; aos rumores e fofocas impiedosos; aos golpes em nosso ponto-cego quando alguém mal interpreta suas boas intenções – a forma como você se comporta nesse jogo está totalmente relacionada à pessoa para quem você está vivendo, a quem você está tentando agradar.

Paulo estava disposto a levar todos os golpes e, se necessário, até mesmo morrer por causa da audiência para a qual ele estava jogando. Sabe, Paulo jogou para a audiência de Uma Pessoa – seu audiência era Jesus Cristo e Cristo somente!

 

 

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 09/08/1998

© Copyright 1998 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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1 Charles Swindoll, “The Strength of and Exacting passion,” Insight for Living, p. 79.

2 Kent Hughes, Acts (Crossway Books), p. 293.

3 Charles Swindoll, “Acts,” Insight for Living, p. 80.

 

 

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