Demétrio: O Alvoroço

Atos 19.23–41

Éfeso: A Casa do Tesouro da Ásia Menor

Em nossos estudos de Atos 19, temos visto o apóstolo Paulo servindo em Éfeso por cerca de dois anos. Os resultados têm sido maravilhosos. Em nosso último estudo, vimos alguns desses resultados.

O verso 19 registra a fogueira pública de livros e fórmulas mágicas que a igreja queimou. O valor desse material de ocultismo e superstição equivaleria em nossa economia atual a uns 16 milhões de reais.

Os crentes estavam desfazendo seus laços com suas cercanias pagãs e seu passado religioso pagão. Agora, eles estavam se tornando uma ameaça para a indústria de Éfeso, indústria essa que se centralizava em uma das sete maravilhas do mundo – o Templo de Diana.

No nosso sermão anterior, observamos os sinais e maravilhas apostólicos realizados por Paulo, o que incluía curas e exorcismo.

Também mencionei o surgimento e crescimento da fascinação com o mundo demoníaco e a aplicação errada das experiências da comunidade apostólica para a vida do crente de hoje.

Juntamente com isso, chamei atenção para o crescimento da “Indústria da Batalha Espiritual,” repleta de conferências, seminários e livros sobre a habilidade do crente fazer o que os apóstolos fizeram, o que inclui a ressurreição de mortos, cura e exorcismo.

Esses ministérios parecem ser grandiosos, empolgante e cheios de autoridade. Hoje, guerreiros espirituais dizem ter a vitória de Deus sobre alguma cidade ou indivíduo. Eles estão amarrando demônios e livrando as pessoas de todo o tipo de maldições e feitiços. Eles dizem ter autoridade sobre Satanás e cobrir determinados territórios geográficos por meio de orações para derrotar demônios.

Ao mesmo tempo, a igreja fica cada vez mais fraca e mais analfabeta doutrinariamente. Isso também tem se tornado um espetáculo confuso de excessos, imoralidade, avareza e mundanismo.

Declarações Definitivas sobre Batalha Espiritual

As declarações mais definitivas nas letras inspiradas que instruem a igreja e que vêm logo depois do livro de Atos são chamadas de epístolas.

Efésios 6

Uma dessas declarações definitivas sobre a verdadeira batalha espiritual se encontra em Efésios 6, o qual nos fornece uma armadura nos versos 14 e 15:

• Verdade;
• Justiça;
• Evangelho;
• Fé.

Em outras palavras, nós devemos, como Paulo disse em Tito 2, verso 10b, ornar em todas as coisas, a doutrina de Deus, nosso Salvador.

2 Coríntios 10

Uma outra passagem que faz uma declaração definitiva sobre batalha espiritual é 2 Coríntios 10, versos 3 a 5a, onde diz:

Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas...

(..espíritos de territórios?... demônios dos abismos? Clamando autoridade sobre Satanás e seus subordinados? amarrando o inimigo? Não, mas...)

...anulando nós sofismas toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus

Meus amigos, nossa batalha é uma batalha entre a verdade e o erro; entre a doutrina de Deus e as doutrinas de demônios (1 Timóteo 4.1).

Sei que isso não parece ser tão empolgante quanto a  grande ênfase no mundo espiritual, mas essa é a verdade. Estamos numa batalha entre a teologia de Satanás e a teologia de Deus.

Lembre-se, a primeira de todas as batalhas ocorreu no Jardim do Éden. E foi uma batalha que a humanidade perdeu. A batalha começou e continua até hoje com as exatas primeiras palavras de Satanás usando a serpente, como registrado em Gênesis 3, verso 1b: é assim que Deus disse?

Isso significa que essa batalha tem tanto a ver com a sua mente, como com o seu coração. É uma batalha entre as palavras de Deus e as palavras de Satanás.

É por isso que Paulo escreveu em 2 Timóteo 2, verso 15:

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

Agora, a palavra em 2 Coríntios 10, verso 4, traduzida como “fortalezas” traz à mente a ideia de cavaleiros em suas armaduras brilhantes; cavalos grandes e fortes; espadas e lanças, não é verdade? Parece romântico, não é? Mas, a palavra também pode ser traduzida como “prisão.” A chave linguística do Grego do Novo Testamento de Reinecker registra um dos primeiros usos dessa palavra, “ochuroma,” no grego, referindo-se a uma prisão domiciliar. Portanto, estamos no processo de destruir prisões.

E eu creio que essa é a ideia de Paulo nesse verso por causa da maneira como ele termina seu pensamento. Veja o verso 5 novamente.

e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,

Em outras palavras, Satanás mantém a humanidade cativa. Todas as pessoas estão presas em suas falsas doutrinas. Nós, entretanto, usamos a arma da verdade (ou o que Paulo chama nesses versos como, “poderosas em Deus,” e, em Efésios 6, a espada do Espírito), que é a palavra de Deus, para libertar esses cativos, a fim de se tornarem cativos a Cristo.

Jesus Cristo disse em João 8, verso 32: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Não parece ser algo muito empolgante, mas nossa batalha é uma batalha entre duas teologias, dois sistemas de fé. Um ouve a voz do enganador e o outro a voz do Redentor.

Eu pessoalmente creio que doutrina é muito mais empolgante que qualquer outra manobra supersticiosa que agita as editoras evangélicas de hoje – mesmo que seus livros sejam os mais vendidos.

O que precisamos é um retorno ao estudo das doutrinas de Cristo; as palavras de Cristo que Paulo declara serem poderosas em Deus contra os esquemas escravizadores do diabo.

O que precisamos vender não são livros sobre batalha contra demônios – como amarrar demônios ou orar com autoridade contra demônios com todo o tipo de má intepretação bíblica, mas livros sobre doutrinas básicas das Escrituras e o caráter e atributos de Deus. Ou seja, livros que são primariamente um estudo da Bíblia.

Eu creio que Satanás gosta muito de ver os crentes distraídos com seu reino; tão aficionados com seu poder; tão hipnotizados com seus anjos caídos e, a propósito, igualmente hipnotizados pelos anjos bons a ponto de ignorarem o estudo profundo do reino de Deus e a atração ao Seu poder supremo e Suas santidade e Sua graça.

Bom, essa é minha introdução de hoje!

Agora, vejamos Atos 19, verso 23: Por esse tempo, houve grande alvoroço acerca do Caminho.

Pule até o verso 40, onde lemos que o escrivão da cidade acaba com o alvoroço dizendo:

Porque também corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição, não havendo motivo algum que possamos alegar para justificar este ajuntamento.

Eu li o final e o começo da narrativa para você saber que os cristãos não criaram um alvoroço civil intencionalmente. Eles simplesmente agiram e falaram como cristãos e os descrentes, por causa disso, criaram um alvoroço.

Diana: Rainha do Céu e Deusa da Terra

Note os versos 24 a 28.

Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito lucro aos artífices, convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios!

Diana era a Rainha do Céu; o povo acreditava que ela era a Deusa da Terra e da natureza. E Éfeso era a cidade guardiã dessa religião muito popular.

O templo de Diana era uma das sete maravilhas do mundo antigo. O templo possuía um auditório enorme, tendo cento e setenta e sete pilastras como suporte das paredes externas, que eram cobertas com pedras preciosas e ouro. Dentro do templo havia um altar muito grande e, sobre o altar, havia uma imagem de Diana medindo em torno de sete metros de altura que supostamente caiu do céu.

O culto a Diana se estendia por todo o Império Romano, havendo mais de trinta santuários à deusa mãe. Éfeso era a capital dessa religião. Todo ano, durante uma semana da primavera, seguidores de Diana faziam uma peregrinação a Éfeso para uma semana de imoralidade e devassidão em seu nome. Eles lhe faziam oferendas e compravam pequenas réplicas do templo feitas de prata supostamente abençoadas pelo poder da deusa e levavam para casa.

Gnosticismo e Feminismo

A adoração à deusa mãe não era algo novo e também não é algo que deixou de existir. Por mais difícil que seja de acreditar, um reavivamento de adoração a deusas está ficando cada vez amis forte no mundo.

Existem, hoje, várias denominações liberais querendo neutralizar os gêneros na Bíblia, tirando as formas masculinas de “Deus” e alternando com formas femininas. Isso remonta aos tempos antigos.

O que muitos de nós não percebemos é que o movimento feminista é, em seu cerne, um movimento religioso. Muitos pensam que não é nada mais que mulheres desejando sair da cozinha e ir para as empresas. Mas isso é apenas superficial. A real motivação está muito mais a fundo.

Deixe-me fazer algumas citações no assunto rapidamente.

Annie Laurie Gaylor escreveu um artigo chamado “Salvação Feminista.” Ela escreveu:

Vamos esquecer o Jesus mitológico e buscar encorajamento, conforto e inspiração em mulheres reais. Dois mil anos de governo patriarcal debaixo da sombra da cruz é o suficiente para direcionarem as mulheres para a salvação feminista do mundo.

A Declaração Feminista que foi elaborada em novembro de 1971 revela sua agenda e, dentre suas declarações, existe esta: “Devemos retornar às religiões feministas da antiguidade.”

Peter Jones, um homem que não sei ao certo se é crente ou não, sumarizou o livro escrito por Al Gore intitulado Terra em Equilíbrio, Ecologia e o Espírito Humano, dizendo:

O envolvimento de Al Gore em ecologia é uma expressão de sua crença na conexão de todas as coisas, no grande valor de todas as fés religiosas e na sua esperança de que o culto pagão antigo a deusas ajudará a trazer salvação planetária e pessoal.

O culto antigo a deusas que eles desejam resgatar tem um nome – é um termo categórico genérico chamado Gnosticismo.

O Gnosticismo virou a narrativa da criação de cabeça para baixo e ensinou que a Sabedoria era a verdadeira Deusa. Em outras palavras, havia uma mulher mística celestial chamada Sophia (que é o termo grego para “Sabedoria”).

Os gnósticos ensinavam que a Sophia entrou na serpente no Jardim e mostrou a Adão e Eva o verdadeiro caminho da salvação. Na literatura gnóstica, a serpente não é chamada de “o tentador,” mas de “o instrutor.” Na literatura gnóstica, a serpente era o redentor; porque a serpente era a mulher encarnada que veio e ensinou a verdade da salvação genuína através da deusa Sophia.

Tudo o que você precisa fazer é ler notícias religiosas para ver o ressurgimento do culto a Sophia. Isso faz parte do movimento que deseja neutralizar os gêneros e que é o cerne do movimento feminista.

A teóloga católica romana chamada Carol Crist escreveu: “Eu encontrei Deus em mim mesma e a amei fervorosamente.”

Isso já diz tudo, não é? Deus está dentro de você e Deus é feminino.

Eu li recentemente um texto gnóstico registrado por John MacArthur em uma de suas mensagens. Deixe-me dizer o que a Dona Sabedoria disse:

Eu sou hermafrodita. Eu sou tanto mãe como pai, já que eu copulo comigo mesma. Eu copulo comigo mesma e com aqueles que me amam e, somente através de mim, tudo se firma. Eu sou o ventre que dá forma a tudo ao gerar a luz que brilha em esplendor. Eu sou a era vindoura, o cumprimento de todas as coisas, essa é a glória da mãe.

Não deveria surpreender você que o Gnosticismo exalta o lesbianismo. Para a mente gnóstica, qualquer coisa que invertesse os papéis sexuais do homem e da mulher era bom.

Bom, se você deseja ver o que significa ser inundado por um sistema falso de adoração – adoração em torno de culto a deusas – Éfeso fornece um exemplo adequado. Essa forma de religião era tão pervertida e tão degradante que afetou a cidade inteira.

Entenda também que o Templo de Diana estava acima da Lei Romana. O templo era tão poderoso que, se um criminoso no Império Romano conseguisse chegar ao templo, ele receberia um asilo imediato.

Éfeso não somente transbordava de exorcistas, mágicos e prostitutas religiosas, mas também de criminosos que tinham escapado da lei ao se tornarem adoradores da deusa Diana.

Demétrio: Protetor da Religião e das Margens de Lucro

Veja novamente as palavras de Demétrio no verso 27 de Atos 19.

Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram.

Demétrio é o porta-voz nesse verso. Ele é o protetor da falsa religião, como também da margem de lucro dessa religião. Uma inscrição descoberta em Éfeso que data em torno dessa época (57 d.C.) descreve um certo Demétrio como o “guardião do templo.” Se esse é o mesmo Demétrio, isso indica que ele não somente era o líder da cooperativa dos ourives de prata, mas um líder no Templo de Diana. E a margem de lucro do templo estava sendo ameaçada. A propósito, esse templo era tão rico por causa das doações financeiras que recebia de todos os lugares do império que se tornou um dos bancos mais poderosos da Europa, recebendo depósitos e fazendo empréstimos.

O comentário de Demétrio poderia ser resumido: “Ou paramos o Cristianismo, ou iremos à falência.”

Por dois anos, Paulo esteve ensinando. E, aonde estava Demétrio? Paulo não era uma ameaça, apesar de estar ensinando a adoração de um Deus masculino e um Redentor masculino, o Deus-Homem. Grande coisa! Mas, agora é diferente.

O Cristianismo é aceitável desde que não...

O Cristianismo é aceitável desde que não:

• Mude nada;
• Incomode nada;
• Exija nada;
• Condene nada.

Vamos aplicar isso a apenas um setor de nossa sociedade. O que aconteceria à mídia e à economia se todos os crentes parassem de ir ao cinema ou assistir programas de televisão que incluem profanação, nudez, sensualidade, adultério, brutalidade ou qualquer atividade desonrosa que enchesse nossas mentes de coisas bastante diferentes daquilo que Paul disse que deveríamos pensar? Lembre-se de Filipenses 4, verso 8:

Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.

O que aconteceria à economia de nosso país se os crentes aplicassem a pureza a essa pequena arena?

Bom, isso é muito acusador; então, vamos caminhar para frente. Eu irei prosseguir, mas você ainda precisa tomar uma decisão!

Existe um tumulto, um alvoroço prestes a acontecer em Éfeso. Por que? Porque os crentes estão afetando a indústria primária da cidade. Como? Simplesmente ao agirem como se aquilo não mais existisse.

Deixe-me ler algo interessante. Em torno de setenta anos depois desse evento em Éfeso, um governador romano chamado Plínio escreveu ao imperador Trajano, perguntando como ele deveria lidar com os cristãos. Ele escreveu dizendo que os cristãos não eram imorais ou subversivos. O problema, ele escreveu, é que, “Eles tiveram um efeito negativo no povo, pois o povo parou de ir aos santuários.”

Quando as pessoas pararam de ir ao templo, um grande bloco da sociedade não foi mais capaz de sustentar a si mesmo. Então, ele pergunta a Trajano em uma carta se ele deveria expulsar os cristãos para que o povo voltasse ao templo, começasse a dar dinheiro novamente e resolvesse esse problema. Trajano respondeu dizendo que ele não fizesse nada aos cristãos até que eles violassem a lei.

Note nos versos 29 a 32 que o alvoroço se intensifica.

Foi a cidade tomada de confusão, e todos, à uma, arremeteram para o teatro, arrebatando os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de Paulo. Querendo este apresentar-se ao povo, não lhe permitiram os discípulos. Também asiarcas, que eram amigos de Paulo, mandaram rogar-lhe que não se arriscasse indo ao teatro. Uns, pois, gritavam de uma forma; outros, de outra; porque a assembléia caíra em confusão. E, na sua maior parte, nem sabiam por que motivo estavam reunidos.

Que ilustração perfeita de qualquer sociedade. As pessoas tendem a fazer e pensar o que a maioria da pessoas faz e pensa. Eles nem sequer sabem por que se apressaram para essa arena de 25 mil lugares, mas estão todos lá.

Que figura incrível de Mateus 7, verso 13b:

...larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela

Alexandre: O Defensor da Religião Popular

Veja o verso 33.

Então, tiraram Alexandre dentre a multidão, impelindo-o os judeus para a frente. Este, acenando com a mão, queria falar ao povo.

Agora, a primeira parte desse verso poderia ser traduzida de forma diferente, o que nos daria a perspectiva dos ouvintes de Alexandre ao invés de dos efésios. No grego, poderíamos traduzir a primeira frase, “sumbibazo,” significando que alguns dos judeus instruíram Alexandre, colocando-o à frente. Ou seja, os judeus que viviam em Éfeso estavam preocupados que seriam associados a Paulo, o mestre judeu, e, então, qualquer problema que sobreviesse a Paulo, seria automaticamente lançado sobre eles também. Então, Alexandre, evidentemente um líder judeu, se apresenta para defender a população judaica de Éfeso, dizendo que eles não têm nada a ver com Paulo.

É interessante que Paulo se refere a um homem chamado Alexandre, em sua última carta a Timóteo, como um homem que lhe causou muitos males. Poderia muito bem ser o mesmo homem.

A tragédia, todavia, é que Alexandre está basicamente revelando que os judeus que viviam em Éfeso haviam se comprometido com o ecumenismo. Em outras palavras, “Vocês façam suas coisas, nós fazemos as nossas e ambos valorizaremos os sistemas religiosos do outro.”

Na realidade, os judeus estão seguindo um Deus zeloso que não daria Sua glória a nenhum outro. Eles simplesmente não querem dizer isso para não chatear ninguém.

É interessante que Alexandre não recebe oportunidade de dizer nada. Continue no verso 34.

Quando, porém, reconheceram que ele era judeu, todos, a uma voz, gritaram por espaço de quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios!

Em outras palavras, eles sabiam que Alexandre representava o Deus masculino. Eles sabiam que, apesar de ter havido uma coexistência do judaísmo com o culto a Diana, não haveria jamais um acordo.

Imagine, por duas horas, vinte e cinco mil efésios adoraram sua deusa e cantaram louvores a ela com fervor em total delírio.

O Escrivão da Cidade: Inusitado Escritor de uma Biografia do Cristianismo

Veja os versos 35 a 41.

O escrivão da cidade, tendo apaziguado o povo, disse: Senhores, efésios: quem, porventura, não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e da imagem que caiu de Júpiter? Ora, não podendo isto ser contraditado, convém que vos mantenhais calmos e nada façais precipitadamente; porque estes homens que aqui trouxestes não são sacrílegos, nem blasfemam contra a nossa deusa. Portanto, se Demétrio e os artífices que o acompanham têm alguma queixa contra alguém, há audiências e procônsules; que se acusem uns aos outros. Mas, se alguma outra coisa pleiteais, será decidida em assembléia regular. Porque também corremos perigo de que, por hoje, sejamos acusados de sedição, não havendo motivo algum que possamos alegar para justificar este ajuntamento. E, havendo dito isto, dissolveu a assembléia.

O escrivão se torna para nós um inusitado escritor de uma biografia do Cristianismo. Ele, inadvertidamente, conta como o Cristianismo agiu em Éfeso e, dessa forma, fez grande impacto.

Como o Cristianismo fez um impacto

Você percebeu o que o escrivão disse que eles não fizeram? De acordo com o verso 37:

• Eles não blasfemaram os falsos deuses;
• Eles não roubaram do templo.

Em outras palavras, eles não violaram a lei.

Existe toda a razão para acreditarmos que os cidadãos de Éfeso, incluindo os cristãos, tinham que pagar certo imposto para prover segurança financeira para o templo. Essa era, afinal de contas, a cidade-banco. Mas o histórico dos cristãos estava limpo.

Os cristãos criaram enormes ondas. Como?

Warren Wiersbe escreve:

Paulo não levantou oposição por parte do ourives porque tenha depredado o templo ou feito comícios anti-idolatria. Tudo o que ele fez foi ensinar a verdade diariamente e enviar seus novos convertidos para testemunharem na cidade. À medida que mais e mais pessoas se convertiam, menos e menos clientes se tornavam disponíveis.¹

John MacArthur adiciona:

Os crentes efésios não tentaram conseguir o favor das autoridades da cidade, depredaram as lojas dos ourives ou organizaram apresentações contra a adoração a Diana. Nem tentaram se tornar popular – eles pregavam e viviam a mensagem e deixavam o poder de suas vidas transformadas confrontar e retirar seu estilo de vida passado.²

Outro escritor, James Montgomery Boice, adiciona as seguintes palavras:

Como o Cristianismo triunfou? Como os cristãos alcançavam vitória no final do dia? Não era apelando para os números. Não era brincando com as emoções. Os cristãos não circularam uma petição para ver e conseguiriam que 51% dos efésios assinassem dizendo: “Diana não é deusa, apenas o Deus do Antigo Testamento é o Deus verdadeiro.” Os cristãos não faziam encontros em massa. Eles não mandavam os crentes para o anfiteatro para fazer alguma coisa. Eles faziam exatamente o que Jesus Cristo tinha feito e mandado que eles fizessem no mundo. Eles pregavam o evangelho para que homens e mulheres se convertessem e, uma vez convertidos, eles os ensinavam a viver para Jesus Cristo.³

A partir dessa passagem, podemos descobrir o que os crentes faziam:

• Viviam vidas puras (verso 18);
• Recusavam-se a apoiar a impiedade (verso 19);
• Sacrificavam-se pessoalmente pela causa do evangelho – queimando seu materiais pagãos numa fogueira (verso 19) – (Falamos sobre isso em nosso estudo anterior. Alguém pensou no fato que eles poderiam ter vendido suas coisas? Valia milhões. Pense num bazar!);
• Mais importante, proclamavam a palavra do Senhor e ela cresceu e prevaleceu poderosamente (verso 20).

Em outras palavras, eles mudaram o seu mundo.

Será que nós também podemos mudar nosso mundo dessa maneira? Na verdade, como mencionei antes, essa é a única forma pela qual podemos realmente mudar nossa cultura.

Estamos vivendo numa geração em que tudo está voltado ao reavivamento da adoração a deusas. O ecumenismo tenta encontrar valor e todas as religiões para não ofender nenhuma. O objetivo do feminismo em sua inversão dos papéis sexuais parece ter tido êxito – os sodomitas e lésbicas estão vivendo abertamente e expostos, aceitos, apoiados e até colocados em posições de liderança política e religiosa.  A destruição da família nuclear continua em ritmos alarmantes. Será que existe esperança?

A igreja precisa pegar essa dica de Éfeso. Perguntas aos crentes efésios que encararam muito mais do que nós encaramos hoje. Eles mudaram seu mundo ao permitirem que Deus, através de Jesus Cristo, os transformasse. E eles lançaram mão da espada do Espírito com o poder da oração.

Se você é um estudante de história da igreja, talvez você tenha ouvido falar do Reavivamento Galês. Foi um reavivamento que levou à fé em torno de 100 mil pessoas em apenas um mês.

O impacto social do reavivamento galês foi incrível. Os juízes não tinham casos para resolverem – nenhum roubo, nenhum assassinato, nenhum assalto, nenhum estupro, nenhuma fraude – nada. O Conselho do Distrito teve que se reunir para decidir o que fariam com a polícia, já que estava completamente inativa.

Podemos mudar nossa sociedade pelo poder de Deus e de Seu Espírito. Sigamos o exemplo dos crentes de Éfeso e sejamos, primeiramente, transformados diariamente por Cristo.

______________________________

¹Warren Wiersbe, Be Daring, p. 77.

² John MacArthur, Acts, p. 184.

³ James Montgomery Boice, Acts, p.334.

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 08/03/1998

© Copyright 1998 Stephen Davey

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