Van Winkles do Século Primeiro

Van Winkles do Século Primeiro

by Stephen Davey

Van Winkles do Século Primeiro

Atos 19.1–7

 

Introdução

Em 1820, um advogado chamado Washington Irving publicou sua primeira história. Sua publicação se tornou tão popular que nos 170 anos seguintes, ela seria lida por milhões de pessoas.

Muitas pessoas ainda hoje se lembram do personagem principal da história de Irving. O protagonista era um homem que um dia caminhava na floresta com seu cachorro favorito e seu rifle favorito; um homem que conheceu outros homens estranhos no coração da floresta e que lhe ofereceram uma bebida de gosto estranho; um homem que posteriormente veio a se deitar e cair num sono muito profundo que durou vinte anos. Seu nome era Rip Van Winkle.

Quando Rip Van Winkle acordou, ele se apressou para ir até a cidade para apenas descobrir que tudo havia mudado. Ele voltou para a taverna que ele costumava se sentar com seus amigos e conversar debaixo da placa de uma pousada que tinha uma imagem da Vossa Majestade Rei George III. Agora, a placa tinha um retrato diferente – o retrato de um homem chamado George Washington. E o dono da taverna e amigo de Irving tinha saído dali.

Deixe-me ler as palavras do próprio Washington Irving:

No lugar de seu amigo estava um jovem rapaz com os bolsos de sua calça cheios de dinheiro – discursando veementemente sobre os direitos dos cidadãos, eleições, membros do congresso, liberdade – e outras palavras que eram perfeitos jargões babilônicos para o desnorteado Van Winkle.

A aparência de Winkle, com sua barba grisalha comprida, seu rifle enferrujado, suas roupas esquisitas e um exército de mulheres e crianças atrás dele logo atraiu a atenção dos políticos que estavam na taverna. Eles o cercaram, olhando-o da cabeça aos pés em curiosidade. [Um homem] se alvoroçou para cima dele e o puxando de lado, perguntou: “Em que lado você vota?”

Outro homem baixinho o puxou para o outro lado e se erguendo de ponta de pé, perguntou próximo ao seu ouvido: “Você é um Federal ou Democrata?”

Chegou um ponto em que todos estava exigindo saber quem ele era e qual era o seu nome.

“Só Deus sabe,” exclamou Winkle, sem juízo, “Não sou eu mesmo – sou outra pessoa – eu era eu mesmo ontem à noite, mas adormeci na montanha... e [agora] tudo está mudado.”

Durante um longo cochilo de vinte anos, o mundo de Rip Van Winkle tinha mudado; e ele tinha uma quantidade incrível de coisas com as quais deveria agora se familiarizar.

Faz um pouco mais de vinte anos desde que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, esmagando a cabeça da serpente. Já faz um pouco mais de vinte anos desde a criação da igreja do Novo Testamento no Pentecostes. O mundo mudou radicalmente.

Entretanto, havia pessoas desinformadas que ainda não sabiam das mudanças. Como uma espécie de Van Winkles do primeiro século, eles ainda não haviam tomado conhecimento das vastas mudanças no seu mundo. Numa noite eles foram para a cama debaixo da Lei, presos ao judaísmo, governados pelos profetas. Na manhã seguinte eles acordaram sem saber que a Nova Aliança substituía a Antiga Aliança; que a igreja substituía a sinagoga; que Cristo substituía Moisés; que uma nova geração de sacerdotes havia sido estabelecida entre judeus e gentios.

O Ministério em Éfeso se Desenvolve

Atos 19 nos apresenta a um grupo de pessoas que estavam prestes a acordar de um sono profundo. Um grupo de homens que ainda estavam seguindo os ensinos de João Batista, o último profeta do Antigo Testamento. Esses homens precisavam de três coisas.

  • Primeiro, eles precisavam de uma nova revelação.

Veja Atos 19, versos 1 e 2.

Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo.

Nesse momento, posso apenas imaginar esses homens se sentindo como Van Winkle. Eles são confrontados com a notícia do Espírito Santo, mas eles nem fazem ideia do que se trata. Eles precisavam da nova revelação em Cristo e o faro de que o Espírito Santo já havia descido.

  • Segundo, eles precisavam de um novo relacionamento.

Continue nos versos 3 e 4.

Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João. Disse-lhes Paulo: João realizou batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que vinha depois dele, a saber, em Jesus.

As duas últimas palavras revelam a verdadeira deficiência entre esses homens. Seu conhecimento de Cristo era deficiente.

Quando Paulo descobriu que esses homens não conheciam nada a respeito do Espírito Santo, ele não deu início a uma série de aulas sobre Pneumatologia, ou Doutrina do Espírito Santo. Ao invés disso, ele deu uma lição em Cristologia, a Pessoa e obra de Jesus Cristo, e o que significa estar em Cristo.

Muitas pessoas vivem em torno do símbolo do pombo. Elas, na verdade, estão em busca do ministério, dons e milagres do Espírito Santo num esforço que, de fato, destaca e glorifica o Espírito Santo. Essas pessoas se esquecem do que o próprio Cristo falou sobre o ministério do Espírito Santo. Em João 16, versos 13 e 14, Jesus disse aos discípulos:

quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

Fique alerta para ministérios e ministros que focalizam suas orações e atenção no Espírito Santo quase exclusivamente; que fazem com que o Espírito Santo se torne um fim em Si mesmo; que se demoram no Espírito e suplicam pelo Espírito; que parecem orar apenas ao Espírito. O Espírito Santo não deseja o centro da adoração. Ele, apesar de ser igualmente divino com o Filho e o Pai, tem como Sua função dentro da Triunidade a exaltação do Filho.

Agora, o ministério do Espírito Santo na vida do crente é de significância incrível. Na verdade, sem a habitação do Espírito Santo, o crente não poderia tomar nem um passo em direção ao crescimento, ministério, oração e maturidade.

Por agora, contudo, esses homens ouviram a nova revelação de Jesus Cristo e eles, evidentemente, creram, entrando num novo relacionamento com o Salvador.

  • Terceiro, eles precisavam de um novo ritual.

Veja o verso 5 de Atos 19.

Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus.

O batismo de João era perfeitamente aceitável até que eles ouviram mais sobre a obra de Cristo e o batismo do discípulo que identifica o crente com Cristo. Eles aprenderam:

  • O batismo de João olhava em direção ao futuro para a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo; o batismo do novo convertido olha para a obra finalizada de Cristo.
  • O batismo de João ensinava arrependimento; o batismo de Cristo ensina regeneração.
  • O batismo de João apontava para a prometida imersão do Espírito; o batismo de Cristo aponta para a imersão no Espírito.

Veja os versos 6 e 7.

E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e tanto falavam em línguas como profetizavam. Eram, ao todo, uns doze homens.

A Doutrina do Espírito Santo Distorcida

O desafio nessa passagem não é exatamente interpretar o que aconteceu com esses homens, mas na sua aplicação e como esse evento se relaciona a nós hoje.

O movimento da Terceira Onda (o Neo-Pentecostal, Carismático e toda a comunidade que enfatiza o falar em línguas) toma esse parágrafo como um de seus principais textos como base para uma doutrina que eles desenvolveram e aplicam a cada crente. Essa doutrina, na realidade, distorce o ministério do Espírito Santo e confunde o crente.

A Doutrina da Subsequência

Essa doutrina é chamada de a Doutrina da Segunda Bênção e pode ser definida da seguinte forma:

A crença de que a pessoa experimenta uma segunda bênção, derramamento ou batismo no Espírito algum tempo após a conversão.

A propósito, dentro do movimento da terceira onda, há tanta confusão sobre a natureza exata de como esse derramamento subsequente funciona que existe até uma divisão entre seus participantes.

A Doutrina da Evidência

Adicionada a essa, ainda existe a Doutrina da Evidência, que pode ser definida da seguinte maneira:

A crença de que o crente verdadeiro irá evidenciar sua conversão em um dado momento de sua vida por meio do falar em línguas ou outros fenômenos físicos visíveis.

Em outras palavras, o batismo do Espírito Santo ocorre depois da conversão ao invés de no momento da conversão, o que certamente é o caso aqui com esses discípulos de João Batista.

Agora, nós já levamos bastante tempo estudando esse assunto em pregações anteriores no livro de Atos, uma série que eu chamei de “Confusão Santa.” Todavia, preciso reiterar alguns pensamentos neste momento, tendo em vista esse último derramamento do Espírito Santo registrado no livro de Atos.

A Interpretação das Doutrinas da Subsequência e da Evidência

As Doutrinas da Segunda Bênção e da Evidência fazem três coisas:

  • Primeiro, elas interpretam mal a natureza de transição do livro de Atos.

Um escritor nos relembra: “O livro de Atos não é normativo, mas narrativo.”

O livro de Atos é uma narrativa que nos tira das páginas e práticas do Antigo Testamento e nos introduz na vida e prática da Nova Aliança. Algumas mudanças foram imediatas; outras demoraram décadas para se estabelecerem. E esse livro nos leva num passeio pelos bastidores, à medida que a igreja emerge das cinzas do judaísmo. Na verdade:

  • Nos Evangelhos, a igreja é predita;
  • No livro de Atos, a igreja é estabelecida;
  • Nas Epístolas, a igreja é instruída.

A declaração clássica de John Wimber sumariza a confusão do movimento que ele criou, o Movimento Vineyard. Esse movimento é um dos principais movimentos que mistura pentecostalismo com sinais e maravilhas. A propósito, John Wimber foi um homem que morreu a despeito das incessantes e fervorosas orações e jejuns feitos pelos líderes da igreja pedindo pela sua cura – cura tal que ele, anteriormente, havia declarado ser o direito de qualquer crente que tivesse fé suficiente. Wimber disse e uma entrevista: “Eu quero fazer as coisas que eu leio no livro de Atos. Deve ser para mim e para qualquer outro crente. Doutra forma, por que Deus nos daria o livro de Atos?”

Essa é a crença de que eu deveria ser capaz de fazer o que Pedro e Paulo fizeram. Eles eram apóstolos naquele período miraculoso de fundação da igreja. Se assim fosse, minha sombra deveria curar pessoas simplesmente ao passar sobre elas, como aconteceu com Pedro simplesmente porque o livro de Atos registra o milagre. Se assim fosse, meu avental deveria curar pessoas como o avental de Paulo curou, como lemos no livro de Atos. Essa linha de raciocínio é tão tola quando um israelita dizendo que ele deveria ter a habilidade de abrir o Mar Vermelho só porque seu líder Moisés o fez, ou fazer descer fogo do céu, como no caso de Elias.

Charles Swindoll escreve:

Atos é um livro de décadas de transição. Novas maneiras de adoração, novo ensino, novas atitudes para com os de fora – essas foram os tipos de mudanças que Cristo instituiu por meio da nova aliança. Atos, portanto, representa um estado de fluxo. Dessa forma, devemos ser cautelosos em retirar nossos fundamentos doutrinários desse livro porque podemos estar cimentando algo que Deus ainda não terminou completamente. Mais significante ainda, esse rápido episódio em Atos 19 nunca mais é mencionado nas Escrituras; Paulo nunca o utiliza para estabelecer uma norma ou padrão de prática na vida da igreja.1

  • Segundo, essas doutrinas ignoram o testemunho das demais Escrituras.

Transportar esse parágrafo de Atos e os eventos subsequentes para todos os crentes na era do Novo Testamento cria grande confusão. Tudo o que precisamos fazer é estudar as outras três ocasiões que isso acontece em Atos e teremos uma lista de eventos que nem sequer seguem a mesma sequência ou incluem as mesmas manifestações e práticas. Na verdade, a razão por que existe tanta confusão, mesmo no meio carismático ou da terceira onda, concernente à formula para se receber o Espírito Santo é porque Atos não fornece nenhuma fórmula padrão. Por exemplo:

  • Precisamos da imposição de mãos? Sim, de acordo com Atos 19, mas, não, de acordo com Atos 10.
  • Os novos convertidos falam em línguas? Eles falaram em Atos 10 e 19, mas não em Atos 8.
  • E os novos convertidos também profetizam? Em Atos 19, eles profetizaram, mas não em Atos 8 e 10.

O motivo por que existe tanta confusão quanto ao modelo é porque o livro de Atos não fornece nenhum modelo. Essas foram experiências únicas durante um período de transição do estabelecimento da igreja.

As Epístolas instruem

O que as cartas às igrejas, ou epístolas, ensinam? As epístolas ensinam, com total coesão e consistência, a mesma sequência de eventos relacionadas à salvação e ao batismo do Espírito.

  • Primeiro, existe a fé salvífica somente depositada em Cristo somente.

Efésios 2, versos 8 e 9, ensina:

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie

  • Segundo, existe o batismo pelo Espírito para dentro do corpo de Cristo que ocorre imediatamente após ou simultaneamente à salvação.

1 Coríntios 12, verso 13, usa o tempo passado para se referir ao batismo do Espírito, como Paulo escreve:

Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.

Na verdade, Romanos 8, verso 9b, nos informa que é impossível sequer ser salvo sem ter experimentado o batismo do Espírito Santo: E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.

O batismo do Espírito é aquele evento invisível que ocorre no momento em que você recebe a Cristo como Salvador. Você é batizado, imergido dentro do corpo de Cristo; e o Espírito Santo faz moradia dentro do seu corpo.

Paulo escreveu em 1 Coríntios 6, verso 19a que, a partir da salvação: o vosso corpo é santuário do Espírito Santo.

  • Finalmente, existe a imersão pública nas águas para ilustrar a imersão interna dentro do corpo de Cristo realizada pelo Espírito Santo.

Veja Romanos 6, versos 3 e 4:

Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.

Hoje, nós experimentamos esse ritual da Nova Aliança, a declaração pública de nossa identificação com a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo. Portanto, em cada piscina, tanque, rio, crentes, novos e velhos, ilustram sua imersão pelo Espírito Santo para dentro do corpo de Cristo.

A propósito, o seu batismo das águas não faz de você um crente, mas proclama que você é crente; ele não introduz você na família de Deus, mas anuncia que você já é um membro da família em virtude do batismo do Espírito no momento da conversão pela fé em Cristo somente.

  • As Doutrinas da Segunda Bênção e da Evidência não somente mal interpretam a natureza de transição do livro de Atos e ignoram as demais Escrituras, como também não compreendem a grande conexão com o Pentecostes.

Existem quatro acontecimentos que, quando os estudamos, descobrimos algo incrível. A igreja primitiva é revelada por meio de sinais e maravilhas através do Espírito como sendo uma igreja. Deus deseja garantir que todas categoria possível evidencie fisicamente a presença milagrosa do Espírito invisível para inegavelmente ensinar que o Espírito criou uma igreja. Os quatro acontecimentos são os seguintes:

  • O primeiro acontecimento envolvendo os judeus (Atos 2);
  • O segundo acontecimento envolvendo meio-judeus, meio gentios-samaritanos (Atos 8);
  • A terceira instância envolvendo gentios (Atos 10);
  • Essa última instância que introduz pessoas no corpo de Cristo envolve santos do Antigo Testamento (Atos 19).

Esses Rip Van Winkles que ainda precisavam ouvir que não deveriam mais seguir o profeta do Antigo Testamento devem seguir, agora, seu Salvador do Novo Testamento e ser habitados pelo Espírito Santo.

A Doutrina do Espírito Santo Definida

O ministério do Espírito Santo é um ministério profundamente significativo. Se fôssemos esperar que o Espírito habitasse em nós em algum momento depois da salvação, ou tivéssemos que suplicar pela Sua vinda, então, todas as coisas que irei mencionar não seriam possíveis; na verdade, seria impossível sermos crentes sem o batismo e habitação poderosa do Espírito.

Deixe-me dar uma panorama rápido do ministério do Espírito Santo conforme ensinado nas epístolas do Novo Testamento:

  • Ele produz intimidade com o Pai (Gálatas 4.6);
  • Ele equipa o crente para o ministério (1 Coríntios 12.12-27);
  • Ele fornece uma nova identidade (2 Coríntios 5.17);
  • Ele unge o crente com o entendimento da verdade do evangelho (Efésios 3.4-6);
  • Ele transforma o crente à imagem de Cristo (2 Coríntios 3.18);
  • Ele mantém o ministério de crescimento da igreja (Atos 20.28; Efésios 2.22).

O Que Aconteceu em Éfeso?

Então, o que aconteceu em Éfeso?

  • Um padrão de batismo do Espírito não foi estabelecido, mas um princípio de unidade espiritual foi estabelecido.

Todos os quatro grupos mencionados no livro de Atos receberam a promessa do Espírito Santo sob direção apostólica. Todos os quatro grupos foram incluídos como membros do corpo de Cristo com igual posição. A igreja não possui classes sociais. Diversidade, sim, mas unidade apesar da diversidade.

  • A autoridade da liderança espiritual de Paulo foi revelada como igual à de Pedro.

Lucas, a propósito, faz uma tentativa óbvia de provar que Paulo possui a mesma autoridade apostólica de Pedro. E é importante que a igreja saiba disso. Por exemplo:

  • O primeiro sermão de Pedro é registrado por completo, como também o de Paulo;
  • Lucas demonstra que ambos foram primeiro para os judeus e depois para os gentios;
  • Lucas demonstra que ambos foram presos e milagrosamente libertados;
  • Ambos foram visitados por um anjo;
  • Lucas registra alguns milagres de Pedro e alguns milagres de Paulo;
  • Pedro é descrito curando pessoas com o poder de sua sombra e Paulo curando com o poder de seu avental;
  • Lucas registra que Pedro ressuscitou Dorcas dos mortos e Paulo ressuscitou Êutico;
  • Sob a imposição das mãos de Pedro, o Espírito Santo desceu sobre os gentios; sob a imposição das mãos de Paulo, o Espírito desceu sobre os santos do Antigo Testamento.

O foco está agora saindo de Pedro e indo para Paulo. Paulo e sua instrução às igrejas do Novo Testamento ocupam lugar central no palco. Note Atos 19, verso 8.

Durante três meses, Paulo freqüentou a sinagoga, onde falava ousadamente, dissertando e persuadindo com respeito ao reino de Deus.

Um Pergunta Final

Deixe-me finalizar fazendo uma pergunta.

Se não há nenhuma demonstração milagrosa sobrenatural manifestada pelo Espírito Santo, e se somos, de fato, batizados pelo Espírito no momento da conversão ao invés de depois, e se os sinais e maravilhas foram usados apenas nesse estágio inicial de fundação da comunidade apostólica, então, qual é a demonstração dada pelo crente hoje que revela que ele foi, de fato, batizado pelo Espírito e introduzido no corpo de Cristo? Será que existe alguma demonstração física do poder do Espírito em nossas vidas? Sim!

Abra sua Bíblia em Gálatas 5 e vejas os versos 16 a 21.

Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.

A palavra-chave nessa passagem é “praticam,” que está no particípio presente ativo. Ela se refere ao homem ou mulher que vive nesse estilo de vida sem nenhum remorso ou culpa; sem nenhum pensamento de arrependimento ou mudança. É uma pessoa que diz: “Sim, já recebei a Cristo em meu coração, mas ainda irei viver do jeito que eu quiser.”

Esse parágrafo diz que, se é assim que você pensa, então, você foi enganado; você não pertence a Cristo coisa nenhuma; o Espírito de Deus não habita em você. Porque, se Ele de fato habitasse, você não conseguiria continuar praticando essas coisas sem culpa ou remorso; você não teria nenhum sentimento de certeza de que você está a caminho do reino. Ao contrário, você tem todo o motivo para crer que está indo em direção ao inferno e ao julgamento.

João Calvino resumiu bem isso quando escreveu: “Você é salvo pela fé sozinha, mas a fé salvífica nunca vem sozinha.”

A fé salvífica é repudiada pelas obras da carne. Qualquer envolvimento do crente em uma dessas práticas alistadas produz culpa e arrependimento, como também o desejo pelo perdão e restabelecimento da comunhão com o Espírito, a quem ele entristeceu.

Agora, note a vida de uma pessoa que é habitada pelo Espírito; uma pessoa que está crescendo em submissão ao Espírito. Os versos 22 e 23 de Gálatas 5 fornecem a manifestação física do poder do Espírito.

Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

Essa é a demonstração milagrosa do controle do Espírito sobre a sua vida. Ou seja, você não pode tê-las sem o Espírito Santo em sua vida!

Essa é a nova verdade que o apóstolo Paulo ensinou à igreja primitiva e ensina a nós hoje. A vida agora é diferente para nós que despertamos da soneca intoxicante do pecado; que descobrimos um novo mundo, um novo caminho, um novo plano e uma nova liberdade na Pessoa de Jesus Cristo.

Washington Irving ilustrou isso muito bem ao finalizar sua história:

Rip Van Winkle encontrou muitos de seus camaradas antigos, mas todos relacionamentos desgastados por causa do tempo; ele preferiu fazer novos amigos naquela geração que se desenvolvia, com os quais ele em breve adquiriu grande prestígio... Mais uma vez, ele pegou seu lugar no banco á entrada da pousada e era reverenciado como um dos patriarcas da vila e uma crônica dos tempos antigos “antes da guerra.”

Demorou um pouco até que ele conseguiu compreender os eventos que haviam ocorrido enquanto cochilava. Como havia acontecido uma guerra revolucionária – que o país lançou para longe de si o jugo da antiga Inglaterra – e que, ao invés de ser sujeito à Vossa Majestade George III, agora ele era um cidadão livre dos Estados Unidos [da América].

Que ilustração perfeita do crente que antes era escravo das suas iniquidades e pecado, mas que agora é livre em Cristo por meio do Espírito Santo.

 

 

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1 Charles Swindoll, Acts, Vol. II, p. 20.

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 22/02/1998

© Copyright 1998 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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