Cidade-Pecado

Cidade-Pecado

by Stephen Davey

Cidade-Pecado

Atos 18.1–11

 

Introdução

Um irmão da minha igreja me deu um artigo de jornal recentemente que falava sobre como as pessoas da Rússia estão buscando e se perguntando muitas coisas. Isso é especialmente verdade na cidade de St. Petersburg, onde, é dito, está repleto de curandeiros e místicos. Deixe-me ler algumas porções interessantes desse artigo.

Os soviéticos de mente inflexível fizeram a cidade uma casa de ciência e aprendizado, mas isso agora está em total declínio. Suas escolas enfraqueceram. Seus cientistas viraram pedintes. O lugar está voltando às superstições do passado. Médiuns e loucos paranormais estão em abundância, assim como fizeram no final tumultuado da era de Romanov.

Hoje, St. Petersburg tem uma sociedade de ufologia para registrar as aparições de extraterrestres. Também possui um instituto de pesquisa científica do carma, para melhorar a aura das pessoas. Sessões confidenciais estão repletas de todo tipo de serviço para a alma e mente debaixo da lua. “Esses são tempos conturbados,” diz um psicólogo local de St. Petersburg, “todos nós estamos desesperadamente buscando curas e direção.”

Esse psicólogo russo definiu perfeitamente o estado da humanidade. Quer você viva em St. Petersburg, Rússia, ou Rio de Janeiro, Brasil, ou Paris, França, a busca desenfreada é evidente.

Chegamos hoje ao capítulo 18 do livro de Atos. O verso 1 nos diz: Depois disto, deixando Paulo Atenas, partiu para Corinto.

Nós tivemos quatro estudos falando sobre o ministério de Paulo em Atenas quando ele teve de lidar com essa cidade que, em sua busca pelo sobrenatural, havia caído no politeísmo. Atenas tinha um deus e uma deusa para tudo. Ela estava mergulhada em filosofia e intelectualismo. Eles estavam famintos pela verdade.

Agora, Paulo chega em Corinto. E, ao estudar sobre essa cidade, percebi que a diferença entre Corinto e Atenas é óbvia, mas, ao mesmo tempo, são parecidas. Ambas estão à procura da cura e precisam de direcionamento, mas cada uma busca em lugares diferentes.

Enquanto os atenienses dialogavam, os coríntios bebiam. Na verdade, durante os dias de Paulo, se um ator fazia o papel de um coríntio no teatro grego, geralmente ele ficava bêbado.

Também notei uma das diferenças entre Atenas e Corinto é que Atenas tinha dez mil ídolos, enquanto os coríntios tinham dez mil prostitutas religiosas. Naquela época, o aborto e o infanticídio eram a malignidade da sociedade. Se eles tivessem um filho que não queriam, eles colocavam na escadaria, especialmente se fosse uma menina e incapaz de carregar o nome da família. Daí, negociadores de escravos vinham e pegavam aquelas meninas bebês. No tempo que Paulo chegou a Corinto, dez mil daquelas meninas bebezinhas haviam se tornado escravas no templo de Vênus.  E, toda noite, a sua responsabilidade era descer até a cidade de Corinto e reencenar ou reapresentar a religião daquela cidade.

Enquanto os atenienses debatiam filosofia, os coríntios sem embriagavam com pornografia. Na verdade, no momento em que Paulo chega a essa cidade incrivelmente perversa, a palavra grega para “coríntio” já havia se tornado sinônimo de imoralidade. Se o nome grego “Korinthios” estivesse relacionado a uma mulher, significava que essa mulher era muito solta. Se chamavam um homem de “coríntio,” significava que ele era desonesto, adúltero e fornicador. A palavra começou a significar qualquer forma de imoralidade, desonestidade ou deboche que você possa imaginar.

Um autor que eu li se referiu a Corinto como, “uma cidade selvagem onde apenas os fortes sobreviviam.”

Cidade Pecado – A Cultura

À medida que Paulo começa o seu ministério nessa cidade perversa e necessitada, desejo retirar dessa passagem seis princípios.

  • O primeiro princípio é - Nunca existiu um lugar no qual tenha sido fácil de se viver para Cristo.

Se nos colocarmos no lugar do apóstolo Paulo, provavelmente jamais iremos reclamar novamente sobre a dificuldade que temos de viver para Cristo em nossa cidade.

Você pode dizer: “Mas você não sabe a tentação. Você não sabe das pressões. Você não conhece meus colegas, meus professores. Você não conhece minha família.”

Não, meu amigo, você não conhece Corinto. Essa era a “Cidade-Pecado.”

Três dificuldades que Paulo encarou durante seu ministério em Corinto

Agora, para o apóstolo Paulo, houve várias dificuldades durante o início de seu ministério em Corinto. E tais dificuldades criaram um capítulo turbulento em sua vida. Acompanhe comigo três dificuldades pelas quais ele passou.

  • Primeiro, como já mencionei anteriormente, Paulo encarou não somente trevas espirituais, mas trevas morais, uma vez que a imoralidade era a primeira religião de Corinto.

Corinto era o tipo de cidade em que todo o tipo de vício podia ser encontrado escancaradamente – o homossexualismo era excessivo; o divórcio uma epidemia. Na verdade, nessa época, dizia-se a respeito das mulheres nobres da Grécia que cada ano de sua vida recebia o nome de um marido diferente.

E Paulo iria confrontar tudo isso com a mensagem do Evangelho.

  • Segundo, para piorar a situação, Paulo experimentou dificuldades financeiras em Corinto.

Na verdade, os versos 2 e 3 de Atos 18 nos dizem que, quando ele chegou, ele começou a morar com alguns fazedores de tendas, obviamente no intuito de conseguir algum recurso financeiro. Felizmente, ele pôde apelar para a profissão que havia aprendido quando ainda garoto.

Os rabinos ensinavam que, se você não ensina seu filho a fazer alguma profissão, você o ensina a roubar.

Então, a ocupação que Paulo evidentemente tinha aprendido quando ainda menino era a fabricação de tendas com couro ou pelo de bode. E deve ter sido uma época difícil, pois o vemos fazendo tendas para sobreviver, colocar comida em seu estômago.

  • Terceiro, Paulo também suportou desencorajamento físico e emocional.

Falaremos mais disso depois, mas, agora, é suficiente sabermos que ele acabou de completar uma caminhada de 750 quilômetros. Além disso, ele tinha apanhado um tempo atrás, fugido de três cidades já e acabado de sair de outra cidade sem muitos resultados. Agora, ele faz essa viagem longa, mas, dessa vez, ele está sozinho; seus companheiros estão em outra cidade.

Então, Paulo chega em Corinto sem nenhum lugar para se hospedar, pouquíssimo dinheiro – na verdade, precisando de dinheiro – e  ele não conhece ninguém. Para piorar ainda mais a situação, ele chegou a uma das cidades mais perversas do planeta.

Cidade-Pecado: A Campanha

  • Isso nos conduz ao segundo princípio - nunca existirá um momento em que você não se beneficiará de amigos com mesmo fervor espiritual que o seu.

Veja os versos 2 e 3.

Lá, encontrou certo judeu chamado Áqüila, natural do Ponto, recentemente chegado da Itália, com Priscila, sua mulher, em vista de ter Cláudio decretado que todos os judeus se retirassem de Roma. Paulo aproximou-se deles. E, posto que eram do mesmo ofício, passou a morar com eles e ali trabalhava, pois a profissão deles era fazer tendas.

Agora, muitos acreditam que Áquila e Priscila já eram crentes, tendo se convertido em Roma, onde já havia uma igreja. Nós sabemos, ao juntar as peças, que eles eram um tremendo casal que conhecia a Palavra de Deus bem o suficiente que, em alguns versos, os veremos endireitando um pregador visitante chamado Apolo, que estava um pouco equivocado. A propósito, eles também irão seguir Paulo a Éfeso. Eles se tornam companheiros de ministério de Paulo.

Um certo autor que li um tempo atrás disse que cada crente possui diferentes pessoas em sua vida. Há aqueles que sugam seu fervor espiritual e há os que compartilham do seu fervor espiritual. Esse era um casal que compartilhava do fervor espiritual de Paulo.

Talvez você esteja pensando: “É disso que preciso em minha vida. Aonde está o meu Áquila? Aonde está a minha Priscila? Senhor, por que o Senhor não faz com que eles me encontrem?”

Bom, se você olhar cuidadosamente, você verá que eles não encontraram Paulo – mas Paulo os encontrou. O verso 2 diz: “Lá, encontrou...”. Paulo encontrou espíritos bondosos que compartilhavam de seu fervor espiritual.

Ainda existe mais encorajamento. Veja o verso 5.

Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus.

Agora sabemos, pelas Escrituras, que Silas e Timóteo trazem consigo ajuda monetária dos crentes de Filipos. Na verdade, a igreja de Filipos é a única igreja que sustenta Paulo financeiramente, como ele menciona posteriormente. O resultado, como vemos no verso 5, é que Paulo consegue se dedicar inteiramente à Palavra. Ou seja, ele pode deixar de lado sua agulha, seu pelo e seu couro de bode; ele não precisa mais fazer tendas agora; ele recebe apoio para realizar um ministério integral. Que alegria não deve ter sido isso para Paulo.

Uma das alegrias que tive um tempo atrás foi visitar o casal Jean-Pierre e Jocelyn Mezzier. Eles são um casal de missionários franceses que nossa igreja sustenta. Ele não sabia nada do meu idioma e eu não sabia nada de francês. A única coisa que fazíamos era olhar um para o outro e dizer: “Legal! Bom!” – só isso! eles são um casal comprometidos com Cristo e dedicados à obra do Senhor.

Nossa equipe de missionários soube que, dentro do período de um ano que Jean-Pierre esteve envolvido no ministério, dois meses ele teve que passar no sul da França colhendo uvas para poder pagar seus impostos. A pequena igreja que ele pastoreava lhe pagava o suficiente para sobreviver, mas não para conseguir pagar seus impostos. Então, ele teve que deixar o ministério de lado temporariamente, o que foi algo muito difícil para ele.

Nesse cenário, nossa equipe de missionários teve a alegria de dizer para Jean-Pierre: “Nossa igreja irá sustentá-lo e se juntar com sua igreja para que sejam igrejas irmãs, dando-lhe o sustento necessário para que você nunca mais tenha que colher uvas novamente. Você pode se dedicar inteiramente à vinha do Senhor.”

Nunca vou me esquecer que, quando Jocelyn, sua esposa, traduziu isso para ele, Jean-Pierre colocou as mãos no rosto e começou a chorar de alegria. Nossa igreja tem tido o privilégio de servir na vida de Jean-Pierre como a igreja de Filipos serviu na vida de Paulo. e, posso até estar errado, mas, quando leio o verso 5, consigo ver lágrimas de alegria descendo no rosto de Paulo.

Então, Paul recebe a boa notícia, o dinheiro para as compras e companhia de pessoas fiéis a Deus. Sempre em nossas vidas precisaremos dessas coisas, não é verdade? Bom, ele recebeu todas as três. Que dia maravilhoso!

  • O terceiro princípio é - nunca houve uma grande oportunidade sem uma grande oposição.

Veja o verso 4: E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos.

Pule até o verso 6a: Opondo-se eles.

Essa frase literalmente significa: “quando eles se alinharam em posição de batalha.” Isso não foi simplesmente: “Ah, não queremos ouvir você agora...”. Não, eles armaram seus punhos e se aprontaram para a batalha contra esse homem que tinha invadido a sinagoga com a verdade sobre um Messias que eles não se importavam. E eles até blasfemaram.

Veja o verso 6.

Opondo-se eles e blasfemando, sacudiu Paulo as vestes e disse-lhes: Sobre a vossa cabeça, o vosso sangue! Eu dele estou limpo e, desde agora, vou para os gentios.

Agora, no Antigo Testamento, existem duas frases de grande significância e eu tenho quase certeza que você já as ouviu antes. Paulo usa uma delas. “A pessoa que possui sangue de alguém em sua cabeça” significa que essa pessoa carrega a responsabilidade pela vida e morte de outra pessoa, o sangue dela está em suas mãos. Mas, como Paulo diz nesse verso, ter o sangue de outra pessoa em suas mãos significa que você é responsável por sua própria morte. E o julgamento que você sofrerá de Deus um dia será totalmente culpa sua.

Paulo está dizendo aos coríntios: “O sangue está nas mãos de vocês.” Em outras palavras, “Vocês são responsáveis, uma vez que ouviram a verdade. Vocês estarão um dia perante de Deus; o dia do julgamento virá e vocês não poderão culpar ninguém mais além de si mesmos.”

É claro, essas palavras não foram motivos de alegria para os coríntios.

Agora, Paulo diz que ele irá pregar aos gentios. Com isso, ele sacode a poeira de seus pés e vai embora – e vai embora até a porta do vizinho. Veja o verso 7.

Saindo dali, entrou na casa de um homem chamado Tício Justo, que era temente a Deus; a casa era contígua à sinagoga.

Legal isso! Ele não foi muito longe. Na verdade, eles ainda conseguiam ouvi-lo pregando!

Veja o verso 8a: Mas Crispo, o principal da sinagoga, creu no Senhor, com toda a sua casa.

Bom, se o inimigo estava com raiva de Paulo antes, agora ele está furioso. Por que? Porque como Warren Wiersbe coloca ao falar desse parágrafo, “Satanás sabia que Paulo estava invadindo o seu território e libertando os seus escravos.”

Nunca existe uma oportunidade sem uma oposição.

Você quer problema em sua vida? Digo, o tipo certo de problema. Então, viva para Jesus Cristo. Em seu trabalho, curve sua cabeça antes de sua refeição. Mencione o nome de Jesus Cristo como alguém a quem você está devotado.

Charles Spurgeon disse muito bem: “Satanás nunca chuta um cavalo morto, só o que está vivo.”

Cidade-Pecado: A Crise

  • A despeito desse fruto incrível e dos avanços corajosos nesse território, deixe-me fornecer o quarto princípio - nunca existe um momento em que a qualidade mais forte do seu testemunho não precise ser resguardada.

Veja o verso 8b: também muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados.

Os coríntios estavam sendo batizados como expressão de sua fé.

Continue até o verso 9.

Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales;

Vamos parar aqui. Isso é algo chocante. Paulo, com medo?! Paulo calado?! Esse é o homem que disse e escreveu: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação...”. Mas, de acordo com esse verso, o medo trava sua garganta.

Algo está ocorrendo durante os acontecimentos da última parte do verso 8 enquanto as pessoas estão ouvindo e crendo e sendo imergidas, ou “baptizo.” Algo está acontecendo com Paulo que é exatamente o contrário daquilo que esperaríamos que estivesse acontecendo.

O verbo original traduzido como, “não temas,” é o presente imperfeito com um negativo, o que significa que Deus está mandado Paulo parar com uma ação que já está em progresso. O verbo seguinte, traduzido como, “não te cales,” é diferente. Essa é uma construção de subjuntivo com negativo, significando que o Senhor está advertindo ou prevenindo Paulo para que uma ação não comece.

Não digo isso para mostrar que fiz meu dever de casa de grego, mas porque você talvez precise de alguma prova. O que está acontecendo nesse verso é que Paulo, se você consegue acreditar, já está com medo. A ordem é para ele parar de temer. Essa é uma ação que já está em progresso e precisa ser parada. Então, ele também está refletindo sobre a possibilidade de resignar de seu cargo de porta-voz oficial da cruzada evangelística em Corinto.

Estou muito admirado com essa revelação a respeito de Paulo, aquele que nunca teve medo, agora está com medo. Por que? Não nos é dito. Mas, tive uma semana para pensar numa possibilidade. Deixe-me dizer a você o que eu acho que está acontecendo aqui.

Pense no que já tinha ocorrido a Paulo, como já estudamos em sua vida, em cada cidade desde que ele começou uma viagem pela Europa. Preste atenção nesses eventos:

  • Ele começa na Macedônia. O que acontece lá? Ele apanha com cassetetes e é lançado na prisão.
  • Ele vai para Tessalônica. Deus está trabalhando ali; pessoas estão vindo à fé em Cristo. Então, a cidade é instigada por uma quadrilha que incita todos contra a vida de Paulo. ele foge durante a noite para salvar sua vida.
  • Ele foge para Bereia e as coisas estão bem por lá. A igreja está sendo estabelecida e pessoas estão se convertendo a Cristo. Então, os tessalonicenses vêm para Bereia e instigam uma gangue em Bereia contra Paulo e ele, de novo, tem que fugir à noite para escapar com vida.
  • Agora, ele está em Corinto. E, creio eu, com todos os novos convertidos; com todos os avanços; com todo testemunho incrível, o estômago de Paulo começa a se agitar e o medo trava sua garganta. Será que haverá novas gangues de assassinos furiosos, outra surra dolorida, outra noite na prisão?

A razão por que eu acho que o medo de Paulo é devido a tudo isso é, primeiramente, devido ao que Jesus dirá a ele que, creio eu, esclarece mais a situação. Veja o verso 10a, onde o Senhor diz a Paulo numa visão: porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal.

Ou seja, “Paulo, essas coisas aconteceram naquelas outras cidades, mas nada acontecerá a você aqui.”

Agora, estou feliz que temos essa revelação sobre Paulo porque isso o torna mais parecido conosco, não é verdade? Isso é encorajador porque pode nos tornar mais parecidos com ele.

O medo do futuro esvaziou seriamente a confiança de Paulo na direção do Senhor e em sua própria coragem. Ele começou a projetar os piores cenários para o futuro sem nem perguntar ao Senhor. Ele tinha tanta certeza que tudo aquilo iria acontecer a ponto de ficar cheio de medo e já estava considerando arrumar suas maças e sair dali enquanto ainda estava são.

Nós somos bons nisso também, não é? Somos profissionais em trazer para o presente supostos problemas futuros. Já sabemos que o pior irá acontecer, não é? Sofremos milhares de tribulações antes de elas ocorrerem e, muitas vezes, elas nem acontecem.

Kent Hughes usa uma ilustração de uma lição que Abraão Lincoln aprendeu e que posteriormente usaria  ao se tornar presidente dos Estados Unidos quando enfrentasse más notícias. Em seus dias de advogado itinerante, Lincoln e seus companheiros, ao viajarem de uma cidade a outra para os julgamentos, atravessavam muitos rios turbulentos. Mas, numa viagem em particular, eles ainda tinham que atravessar o Rio da Raposa. Eles disseram uns aos outros: “Se esses riachos nos deram trabalho, como faremos para atravessar o Rio da Raposa?”

Quando anoiteceu, eles pararam numa bodega e comiam com os demais viajantes. Dentre os demais homens presentes, estava o ancião metodista da região que também costumava viajar muito pelo país em qualquer tipo de clima e sabia de tudo sobre o Rio da Raposa. Eles o cercaram e perguntaram sobre a situação atual do rio. “Ah, sim,” respondeu o pregador itinerante, “sei muita coisa sobre o Rio da Raposa. Já o atravessei bastante o suficiente para poder entendê-lo bem. Mas eu tenho uma regra estabelecida sobre o Rio da Raposa – nunca o atravesso antes de chegar nele.”

Paulo estava convencido de que o futuro lhe reservava uma quadrilha que lhe daria uma surra e causaria problemas. Mas, Deus sabia que, um pouco mais à frente, estava o avivamento de um ministério prolongado.

O maior conforto para Paulo, a propósito, estava nas primeiras palavras do verso 10. Veja novamente: porquanto eu estou contigo.

  • Isso nos conduz ao quinto princípio - nunca existiu um desafio ou crise que o deixa abandonado.

Agora, Paulo não tinha uma cópia do evangelho de Mateus para ele poder abrir no capítulo 28 e ler as promessas de Deus. Ele não tinha os versos 19 e 20 que possuímos em nossas mãos, onde Deus diz à igreja:

Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os... ensinando-os... E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.

A Grande Comissão em Corinto

Paulo não tinha como abrir nessa passagem e lê-la e relê-la quando em desespero. Então, Deus veio a ele numa visão fez, basicamente, a mesma promessa. Na verdade, acho interessante como a promessa de Mateus 28 é cumprida totalmente em Atos 18. Acompanhe comigo:

  • Deus disse em Mateus 28.19: “Ide...” e Paulo vai, em Atos 18.1
  • Deus disse em Mateus 28.19: “...fazei discípulos...” e, em Atos 18.8, Paulo faz discípulos.
  • Deus disse em Mateus 28.19: “...batizando-os...” e Paulo batiza em Atos 18.8.
  • Deus disse em Mateus 28.19: “...ensinando-os...” e Paulo ensina em Atos 18.11.
  • Deus promete em Mateus 28.20: “...e eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos,” e, em Atos 18.10, Deus promete a mesma coisa a Paulo.

Deus dá a Paulo tudo o que Ele nos tem dado.

  • Mais um princípio, o sexto - nunca existiu um serviço dado por Deus que não redundará em frutos eternos.

Veja novamente o verso 10, especialmente a última parte dele.

porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade.

Palavras fascinantes. Deus sabe quem irá crer Nele, mais que isso, Ele se refere aos que irão crer no futuro como já sendo Seus no presente. Deus se refere aos eleitos de Corinto. Ele sabe quem eles são.

Agora, o que me fascina não é simplesmente o fasto de o Deus soberano saber quem são os eleitos – o que me fascina é que existem eleitos em Corinto. Não, nessa cidade não! Não na “Cidade-Pecado!”

Note também que Deus disse: “...tenho” – o que? – “muito povo...”! Você deveria destacar a palavra “muito” e deixar que ela encoraje o seu coração quando as coisas estiverem ruins... quando o ministério se tornar algo muito trabalhoso... quando sua família não estiver ouvindo... quando seus amigos não se importam com você... Deus disse: “...tenho muito povo nessa cidade.” Ou seja, “Esta cidade está pronta para o evangelho.”

Conclusão

Veja o verso 11. Paulo faz isto somente em três cidades e Corinto é uma delas.

E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.

John Phillips, um expositor britânico espetacular, escreveu o seguinte:

Aqui em Corinto, na quinta capital do mundo, havia muitos corações famintos. Havia pessoas solitárias, desiludidas pelos prazeres e mundanismo; pessoas que tinham bebido das cisternas falidas e poços envenenados de Satanás; pessoas desesperadas; pessoas que estavam não somente perdidas, mas que sabiam que estavam perdidas. Havia marinheiros cansados da vida de bebedice e devassidão. Havia as mulheres com vidas arruinadas, as rejeitadas do templo, para quem o pecado era o pão diário. Havia negociantes bem sucedidos, cujo dinheiro podia lhes comprar tudo, menos a felicidade. Havia donas-de-casa que lutavam por uma vida no lar decente numa cidade tão perversa como Sodoma. Havia pessoas jovens, cujos ideias tinham sido frustrados pelo estado doentio da sociedade em que viviam. Alguns estavam cansado dessa “cidade de bugiganga.” Os prazeres carnais tinham perdido sua atração. Alguns sofriam de culpa profunda e um terrível vazio da alma. Eles estavam prontos para receber a Cristo.

Portanto, para a grande surpresa de Paulo, um homem que estava perto de desistir, a “Cidade-Pecado” estava pronta para o evangelho. E ele aprendeu lições valiosas ali.

O motivo por que sabemos que Paulo aprendeu muita coisa ali é por causa da maneira como ele escreveu para a igreja que ali se formaria. Ele escreveria uma carta para eles em 1 Coríntios, capítulo 2, versos 1 e 3:

Eu, irmãos, quando fui ter convosco... E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós.

Ele termina a mesma carta dizendo a eles no capítulo 15, verso 58:

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.

Em outras palavras, “Não desista. E, não se cale. Diga ao Senhor: ‘Senhor, faça uma obra dentro de mim,’ e, ‘Senhor, faça uma obra através de mim.’”

Então, no meio de sua “Cidade-Pecado,” observe o Senhor realizar a obra.

 

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 25/01/1998

© Copyright 1998 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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