
Estêvão: Tal Pai, Tal Filho
Estêvão: Tal Pai, Tal Filho
Atos 7
Introdução
Em nosso último estudo, falamos sobre a habilidade ou falta de habilidade que os crentes têm de rir e o fato de algumas pessoas associarem espiritualidade com a falta de sorriso; que crentes verdadeiros não se divertem em suas vidas. Daí, dei alguns exemplos de crentes que, na verdade, parecem desfrutar da vida plenamente, que amam rir e se divertir. Falei de John Walvoord, Charles Swindoll e um cantor evangélico que veio cantar em nossa igreja. Antes da sua apresentação, ele pediu para ir ao meu escritório e eu pensei que ele fosse orar; depois, vi que ele tinham espalhado papel higiênico em tudo, enrolado todas as coisas do escritório com papel higiênico! Rimos muito com aquela cena.
Enfim, de volta ao nosso resumo, em nosso último estudo, fomos apresentados a Estêvão, o primeiro mártir da igreja neotestamentária. Vemos o relato das Escrituras dizendo que ele era um homem cheio de cinco coisas; ele era cheio ou dominado por cinco ingredientes que incluíam:
- O Espírito Santo (Atos 6.3);
- Sabedoria (Atos 6.3);
- Fé (Atos 6.5);
- Graça (Atos 6.8);
- Poder (Atos 6.8).
Descobrimos que, por causa do testemunho de Estêvão a favor da autenticidade das reivindicações de Jesus Cristo de ser o verdadeiros Messias ou Deus encarnado, ele foi violentamente preso e arrastado ao Sinédrio. Dentro de uma hora, a luz de vida desse homem piedoso seria extinta por uma gangue de israelitas furiosos.
Muitos de vocês já ouviram a história dos cinco homens que empregaram tremendos esforços para alcançar os índios Aucas do Equador com o evangelho no ano de 1956. Ao invés disso, os cinco homens foram mortos com lanças. E o testemunho deles tocou profundamente seu país, os Estados Unidos, suscitando uma resposta incrível. Centenas de jovens se entregaram à obra missionária para levar o evangelho a povos ainda não alcançados por causa do testemunho desses homens, dentre os quais o bastante conhecido Jim Elliot.
Hoje, David Saint, um dos filhos dos missionários assassinados é um missionário entre o mesmo grupo indígena – os índios Aucas. E, pela primeira vez, David ouviu, dos próprios índios que arremeteram as lanças, os detalhes em torno do ataque que resultou na morte dos cinco homens, inclusive de seu pai. Os índios envolvidos, agora velhos, creram no evangelho e são crentes em Jesus. E eles, pela primeira vez, compartilharam o que ocorreu naquele dia. E David escreveu o relato que foi publicado em um periódico evangélico americano. Deixe-me ler para você essa história marcante.
No dia 8 de janeiro, papai viu um grupo de dez homes nativos que estavam a caminho da praia (a mata é tão densa que dificulta visualizar a trilha; então, pelo que parece, eles tiveram essa chance de avistá-los durante uma travessia no rio Tiwaeno). Ao meio dia, meu pai ligou para minha mãe pelo rádio: “Parece que eles vieram para o culto de domingo à tarde. Essa é a nossa chance! Orem por nós. Ligo para você de novo às 4:30. Câmbio. Desligo.”
Quando o relógio marcou 4:30 e meu pai, muito pontual, não ligou, minha mãe já sabia que algo estava errado e entrou em contato com o outro missionário que era o piloto. Na manhã seguinte, ele sobrevoou a praia e avistou o avião no solo com o teto rasgado e um corpo no rio. Quatro dias depois, um grupo composto de missionários, índios Quechua e militares encontraram os outros corpos, possíveis de serem identificados apenas por causa dos relógios, anéis e outros objetos pessoais.
Os índios Aucas matavam por vários motivos: vingança, raiva, frustração, medo. Às vezes por causa de uma provocação mínima. Mas eles sempre queriam duas coisas: superioridade de força e elemento surpresa. Eu seu plano para atacarem os missionários, os índios sabiam que não teriam força superior. Seis homens com lanças jamais conseguiriam dominar cinco “cowadi.” Se eles matassem os “cowadi,” sabiam que teriam que queimar suas casas, deixar suas plantações e fugir, como eles fizeram após os ataques, pois sabiam que outros “cowadi” viriam em seus “ibos,” ou barcos, e os encontrariam. Adicione a isso o fato de que os seis assassinos eram apenas adolescentes, matadores sem experiência. Nessas circunstâncias, parece difícil de acreditar que houve um ataque, mas houve.
No domingo à tarde, quando os assassinos finalmente chegaram, eles puderam ver cinco “cowadi” carregando suas armas. Sabemos que as armas, que eram usadas para proteção contra animais, eram guardadas em casa longe de vista. Os missionários haviam feito um acordo entre si e diante de Deus de que jamais usariam suas armas para se defenderem de um ataque humano, mesmo que estivessem em face à morte.
Dyuwi me disse que um dos assassinos jovens, vendo que não conseguiriam vantagem em número contra os estrangeiros, ficou com medo e perguntou a Gikita como eles poderiam atacar. Gikita disse que daria um golpe com a lança em cada um dos cinco e que o mais jovem do grupo finalizaria o trabalho. Ele mandou três mulheres para o outro lado mais distante do rio a fim de separar os missionários, o que parece ter funcionado como planejado. Quando duas das mulheres vierem, dois missionários (imagino que tenha sido Jim e Pete, já que sabiam melhor a língua) atravessaram o rio para cumprimentá-las. Gikita começou a correr atrás dos outros três que tinham ficado às margens, mas escorregou sobre um tronco molhado coberto de folhas e caiu. E todas as suas lanças se espalharam no chão, fazendo um barulho alto. Os homens que estavam à beira do rio se viraram para ver o que era o barulho; daí, o elemento surpresa, o segundo fator crítico, foi perdido.
Isso foi demais para os adolescentes agressores, e começaram a fugir. Gikita gritou para eles dizendo: “Nós viemos aqui para matá-los. Vamos terminar o serviço ou morrer aqui!”
Nampa correu pela praia em direção ao rio e atacou os dois homens no rio, arremetendo sua lança contra o homem maior no tronco. Quando o outro missionário começou a atirar no ar, a mulher, que era mãe de Nampa, agarrou o braço dele por trás e Nampa começou a atacá-lo.
Gikita disse que atacou meu pai primeiro. Um segundo estrangeiro correu para ajudá-lo e Gikita o atacou também. Mincaye disse que o terceiro homem na praia correu para o avião, se debruçou para dentro como se estivesse pegando algo para comer. Mincaye ficou se perguntando por que ele faria isso e, repetindo o movimento do missionário, percebi que ele provavelmente estava tentando alcançar o rádio para relatar o ataque. Minonga o atacou pelas costas e ele caiu no chão ferido.
Durante os ataques, o “menor” dos dois “cowadi,” que tinha atravessado o rio para cumprimentar as mulheres, correu para pegar um pedaço de pau do outro lado do rio e começou a gritar na língua do povo o que Kimo e Gikita entenderam ser: “Viemos aqui só para conhecê-los. Não vamos machucá-los. Por que vocês estão nos matando?”
“Por que ele não fugiu para dentro da mata?” Mincaye me perguntou enfaticamente. “Se ele tivesse fugido, com certeza teria sobrevivido. Ao invés disso, ele ficou lá esperando o nativo atravessar o rio e atacá-lo com a lança.”
Dawa, uma das três mulheres, me disse que ela se escondeu numa moita durante os ataques, ouvindo mas não vendo os cinco homens sendo mortos. Ela me disse que, depois da matança, ela viu “cowadi” nas árvores cantando. Ela não sabia que tipo de música era, até que ouviu as gravações musicais e se familiarizou com o som de coral.
Mincaye e Kimo confirmam que ouviram o som de música e viram o que Dawa aparentemente descreveu sendo anjos ao longo dos penhascos à beira da praia. Diuwi confirma ter ouvido uma música estranha e viu algo que descreveu como sendo parecido a luzes, se movimentado por todo lado e brilhando; como um céu cheio de besouros, parecidos com vaga-lumes, com uma luz mais forte e sem piscar. Aparentemente, todos os envolvidos viram essa multidão no céu e perceberam que deveriam temer, pois sabiam se tratar de algo sobrenatural.
Após a matança, os guerreiros demonstraram seu desdém comum pelas vítimas, lançando seus corpos e pertences ao rio.
Agora, não em entenda mal, o martírio de Jim Elliot e dos demais missionários fora testemunhado pelos exércitos do céu.
Na história de Estêvão, algo muito mais incrível acontece. Nenhum anjo aparece no céu, mas, ao invés disso, Estêvão consegue ver diretamente a glória do céu, onde ele enxerga o próprio Senhor Jesus Cristo posto de pé, recebendo-o e lhe dando as boas-vindas.
As Acusações da Blasfêmia contra Estêvão
Entretanto, antes de chegarmos a essa parte de nossa história, vamos primeiro dar uma olhada no julgamento de Estêvão feito em total zombaria. Note em Atos 6, verso 12b até Atos 7, verso 1.
...e, investindo, o arrebataram, levando-o ao Sinédrio. Apresentaram testemunhas falsas, que depuseram: Este homem não cessa de falar contra o lugar santo e contra a lei; porque o temos ouvido dizer que esse Jesus, o Nazareno, destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu. Todos os que estavam assentados no Sinédrio, fitando os olhos em Estêvão, viram o seu rosto como se fosse rosto de anjo. Então, lhe perguntou o sumo sacerdote: Porventura, é isto assim?
Estêvão é acusado de blasfêmia:
- Contra Moisés;
- Contra Deus;
- Contra o templo.
A Articulação da Defesa de Estêvão
Agora, o que se segue em Atos 7 é a articulação de defesa de Estêvão. Se sermão, podemos assim dizer, pode ser dividido em vários tópicos ou temas em categorias distintas.
- Primeiro, Estêvão reconta as virtudes dos redentores do Antigo Testamento.
Estêvão focaliza em dois redentores do Antigo Testamento – José e Moisés. Esses homens eram tipos de Cristo; ou seja, eles salvaram o povo da morte e escravidão.
- Segundo, Estêvão reconta a violência da rebelião do Antigo Testamento.
A nação israelita se rebelou continuamente contra o gracioso plano de Deus.
- Finalmente, terceiro, Estêvão dá o veredito afrontador a respeito do Sinédrio e de toda nação – rejeição ao Redentor.
Na grande parte de nosso estudo de hoje, estarei lendo o sermão de Estêvão, fazendo umas pausas periódicas para oferecer alguns comentários. Comece comigo no capítulo 7, versos 2 a 5.
Estêvão respondeu: Varões irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã, e lhe disse: Sai da tua terra e da tua parentela e vem para a terra que eu te mostrarei. Então, saiu da terra dos caldeus e foi habitar em Harã. E dali, com a morte de seu pai, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais. Nela, não lhe deu herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu dar-lhe a posse dela e, depois dele, à sua descendência, não tendo ele filho.
Entenda que o motivo por que Estêvão aponta para Abraão no início é porque todos esses homens no Sinédrio se consideravam descendência de Abraão. E, sendo judeus, eles, de fato, eram descendentes. Eles tinham orgulho de ter essa descendência, mas Estêvão irá demonstrar que eles não captaram a ideia do relacionamento deles com Abraão. E era a questão da fé. Abraão era um homem de fé. Eles deveriam estar copiando essa atitude de fé de Abraão em suas próprias vidas, mas não fizeram. Continue até os versos 6 a 9.
E falou Deus que a sua descendência seria peregrina em terra estrangeira, onde seriam escravizados e maltratados por quatrocentos anos; eu, disse Deus, julgarei a nação da qual forem escravos; e, depois disto, sairão daí e me servirão neste lugar. Então, lhe deu a aliança da circuncisão; assim, nasceu Isaque, e Abraão o circuncidou ao oitavo dia; de Isaque procedeu Jacó, e deste, os doze patriarcas. Os patriarcas, invejosos de José, venderam-no para o Egito; mas Deus estava com ele
Dá até para imaginar o Sinédrio se remexendo nesse ponto. Estêvão está mostrando que os seus antepassados haviam se livrado de José porque tinham inveja e ciúme de seu relacionamento com o pai. Da mesma sorte, os principais sacerdotes, como lemos em Marcos 15, verso 10, entregaram Jesus por inveja. Estavam enciumados de Seu relacionamento com o Pai. Continue nos versos 10 a 19.
e livrou-o de todas as suas aflições, concedendo-lhe também graça e sabedoria perante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador daquela nação e de toda a casa real. Sobreveio, porém, fome em todo o Egito; e, em Canaã, houve grande tribulação, e nossos pais não achavam mantimentos. Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou, pela primeira vez, os nossos pais. Na segunda vez, José se fez reconhecer por seus irmãos, e se tornou conhecida de Faraó a família de José. Então, José mandou chamar a Jacó, seu pai, e toda a sua parentela, isto é, setenta e cinco pessoas. Jacó desceu ao Egito, e ali morreu ele e também nossos pais; e foram transportados para Siquém e postos no sepulcro que Abraão ali comprara a dinheiro aos filhos de Hamor. Como, porém, se aproximasse o tempo da promessa que Deus jurou a Abraão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito, até que se levantou ali outro rei, que não conhecia a José. Este outro rei tratou com astúcia a nossa raça e torturou os nossos pais, a ponto de forçá-los a enjeitar seus filhos, para que não sobrevivessem.
Agora, Estêvão apresenta o segundo redentor ou libertador de Israel. Continue nos versos 20 a 35.
Por esse tempo, nasceu Moisés, que era formoso aos olhos de Deus. Por três meses, foi ele mantido na casa de seu pai; quando foi exposto, a filha de Faraó o recolheu e criou como seu próprio filho. E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras. Quando completou quarenta anos, veio-lhe a idéia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. Vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os queria salvar por intermédio dele; eles, porém, não compreenderam. No dia seguinte, aproximou-se de uns que brigavam e procurou reconduzi-los à paz, dizendo: Homens, vós sois irmãos; por que vos ofendeis uns aos outros? Mas o que agredia o próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz sobre nós? Acaso, queres matar-me, como fizeste ontem ao egípcio? A estas palavras Moisés fugiu e tornou-se peregrino na terra de Midiã, onde lhe nasceram dois filhos. Decorridos quarenta anos, apareceu-lhe, no deserto do monte Sinai, um anjo, por entre as chamas de uma sarça que ardia. Moisés, porém, diante daquela visão, ficou maravilhado e, aproximando-se para observar, ouviu-se a voz do Senhor: Eu sou o Deus dos teus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Moisés, tremendo de medo, não ousava contemplá-la. Disse-lhe o Senhor: Tira a sandália dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa. Vi, com efeito, o sofrimento do meu povo no Egito, ouvi o seu gemido e desci para libertá-lo. Vem agora, e eu te enviarei ao Egito. A este Moisés, a quem negaram reconhecer, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz? A este enviou Deus como chefe e libertador, com a assistência do anjo que lhe apareceu na sarça.
Agora, lembre-se que Estêvão está sendo acusado de blasfemar contra Moisés. Mas, longe disso, ele está comparando Moisés com o Messias. Moisés, segundo Estêvão, é um tipo de Cristo. Ambos, Moisés e Cristo, foram enviado por Deus; ambos foram rejeitado pela nação; a nação desobedeceu a ambos; mesmo assim, ambos, e Cristo cumprindo todos os detalhes, foram libertadores de israel. Estêvão não está blasfemando contra Moisés, mas dizendo que Moisés foi o precursor do Redentor divino de Israel e que o povo tratou o Messias da mesma forma que tratou Moisés.
A propósito, não perca de vista que, quando Moisés, o tipo de Cristo no Antigo Testamento, veio primeiramente ao seu povo, ele foi rejeitado. Depois, foi para o deserto de Midiã por quarenta anos e se casou com uma mulher gentia e teve filhos. Na segunda vez que ele retornou ao Egito e se apresentou, os israelitas o aceitaram como Libertador. Da mesma sorte, quando Cristo primeiramente veio, foi rejeitado. Ele foi embora para fazer o que? Ele chamou para Si uma noiva gentia. Quando Ele vier na segunda vez, Ele será recebido pela nação de Israel quando ele olharem para Ele, a quem traspassaram.
Não é interessante que no decorrer dos séculos o plano de Deus não falhou nenhuma vez? Continue até os versos 36 a 39.
Este os tirou, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, assim como no mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim. É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir. A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egito,
Quando cheguei a essa frase, tive que parar. Que frase profunda. Seus pés estão seguindo Moisés, mas seus corações estão viajando de volta para o Egito.
Posso fazer uma pergunta? Onde está o seu coração? Seus pés estão na igreja, você está cantando hinos, talvez você tenha trazido sua Bíblia e parece que você está seguindo o Redentor; seus pés parecem estar indo na direção certa, mas, onde está o seu coração?
Continue até o verso 40:
dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.
Em outras palavras, “Vamos criar uma religião que gostamos e que se encaixa com nosso estilo de vida.”
Continue até o verso 41.
Naqueles dias, fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras das suas mãos.
Você captou a frase: “...alegrando-se com as obras de suas mãos”? E essa acaba sendo a descrição de toda religião falsa debaixo dos céus. Todas as falsas religiões colocam sua esperança nas obras de suas mãos, suas próprias obras. Eu falo com pessoas e mais pessoas que não sabem a verdade sobre a salvação de Deus em Cristo somente. As respostas que recebo geralmente envolvem as obras que fizeram e a esperança que têm de serem recompensadas no céu. Os sistemas religiosos deste mundo são pomposos, belos, inspiradores. Mas são obras de mãos humanas. Somente o Cristianismo se regozija na obra de Cristo Jesus somente para a salvação.
Que alegria foi para mim sentar na cozinha de um casal amigo nosso outro dia e que visitou nossa igreja algumas vezes. Tanto o pai como a mãe foram instruídos a respeitar Deus e religião, mas também foram ensinados que o céu é algo que conquistamos. Que alegria foi para mim mostrar para eles nas Escrituras o presente da salvação em Jesus Cristo somente. Que privilégio orar com eles dois enquanto colocavam sua fé na obra finalizada de Cristo.
Continue nos versos 42 a 47:
Mas Deus se afastou e os entregou ao culto da milícia celestial, como está escrito no Livro dos Profetas: Ó casa de Israel, porventura, me oferecestes vítimas e sacrifícios no deserto, pelo espaço de quarenta anos, e, acaso, não levantastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que fizestes para as adorar? Por isso, vos desterrarei para além da Babilônia. O tabernáculo do Testemunho estava entre nossos pais no deserto, como determinara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto. O qual também nossos pais, com Josué, tendo-o recebido, o levaram, quando tomaram posse das nações que Deus expulsou da presença deles, até aos dias de Davi. Este achou graça diante de Deus e lhe suplicou a faculdade de prover morada para o Deus de Jacó. Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa.
Agora, Estêvão corrige a teologia do Sinédrio. Ele vem pregando sobre a história e, agora, faz uma aplicação. Continue nos versos 48 a 51.
Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas? Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis.
Lembre-se, Estêvão estava sendo acusado de blasfemar contra o templo. Agora, Estêvão está simplesmente colocando o templo no seu devido lugar. Ele está repetindo a declaração do profeta de que Deus não fica tão impressionado com as construções feitas por mãos.
Contudo, os líderes judeus e o povo em geral reverenciavam o templo de tal maneira que começaram a adorá-lo. Deus havia se tornado um ídolo que habitava no templo. A glória de Deus havia sido reduzida à pedra e argamassa, a rituais e incenso.
Jamais confinaríamos Deus a uma construção, não é? Você faria isso? Se você vai à igreja durante uma hora aos domingos para se encontrar com Deus, orar a Ele, cantar a Ele e ouvir a Seu respeito e, de segunda a sábado, nunca O reconhece, então, Deus é algum tipo de ser que reside num templo. Por mais que o templo seja maravilhoso, por mais dedicado que seja para um lugar de ensino e nutrição espiritual, orações, louvores, crescimento e aprendizado; por mais emocionante que seja se encontrar com todos aqueles que chamam esse corpo de família, esse templo não é onde Deus vive! Esse templo não é o templo de Deus, você é o templo onde Deus mora!
Os líderes religiosos da época de Estêvão estavam focados no templo, no ritual, num Deus restrito a quem ofereciam sacrifícios e queimavam incenso. Como resultado, eles não se atentaram para o Senhor vivo, o Redentor de Israel que tinha, apenas meses antes, se colocado no templo e dito: “Eu sou a luz do mundo.”
Eles estavam tão envolvidos com religião morta que não viram o Redentor vivo! E Estêvão, agora, dá um veredito! Continue nos versos 51 a 53 e note a mudança de “nosso” para “vosso.”
Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis. Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos, vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes.
Numa declaração devastadora, Estêvão inverte o julgamento. Eles estão, agora, sendo julgados. Eles são os culpados de blasfêmia; eles é que são culpados de ignorar as Escrituras; eles é que são culpados de se rebelaram contra Deus – eles são culpados, culpados, culpados!
Continue até o verso 54: Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele.
Em outras palavras, com o restante de autocontrole que tinham, esses líderes do sistema religioso falecido começam a ringir os dentes com sua raiva e ódio confinados. Continue até o verso 55.
Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita,
Você pode pensar: “Mas Deus é um espírito, Ele não tem uma mão direita.
Essa expressão “à sua direita” ou “destra” declaram que Jesus Cristo está no lugar de autoridade divina.
Você também pode pensar: “Eu também achava que outros versos diziam que Cristo estava sentado à destra de Deus. Mas, neste verso, Ele está de pé.”
Outros versos se referem ao fato de que Jesus Cristo completou a obra de redenção. Ele se assentou para demonstrar que finalizou Sua missão. Entretanto, isso não significa que Ele esteja somente sentado; nesse verso, Ele se levanta para receber o primeiro mártir. Mas, isso não é tudo. Continue até o verso 56.
e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus.
O “Filho do Homem” é o título usado pelo próprio Cristo para Se descrever como o verdadeiro Messias. Cristo não simplesmente ocupa um lugar de autoridade divina, Ele é a autoridade divina; Ele não somente representa Deus, mas Ele é o Deus revelado. Em outras palavras, “Vocês mataram o verdadeiro Messias.”
Continue nos versos 57 a 60:
Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu.
A Execução de Estêvão
A morte de Estêvão deu forças e movimento para a realização de algumas coisas. Iremos falar de apenas uma hoje e daremos continuidade às outras duas em nosso próximo estudo.
- A morte de Estêvão foi um exemplo poderoso para todos os que creem.
Veja Atos 8, verso 3.
Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.
- Deus fornece um exemplo com Estêvão para os que Ele chama para morrer pela fé.
Esse é um trecho de uma carta escrita por uma missionária para a sua irmã poucos dias antes de ela e seu marido terem sido martirizados na China.
Queridos, anseio muito ver o rosto de vocês, mas temo que não nos encontraremos mais nesta terra... Estou me preparando para o fim quieta e calmamente. O Senhor está se mostrando tremendamente presente, Ele não me decepcionará. Eu estava muito inquieta e animada enquanto parecia haver ainda a chance de viver. Mas Deus tem tirado esse sentimento e, agora, oro pedindo graça para encarar o terrível fim com coragem. A dor logo passará e... que doce boas-vindas receberei nos céus!
Queridos, vivam perto de Deus e não se apeguem a esta terra. Não há outra forma por meio da qual podemos receber essa paz de Deus que excede todo entendimento.
Soa parecido com Estêvão!
O Dr. Paulo Carlos era médico e missionário na República Central da África algumas décadas atrás. Ele foi martirizado pelos Simbas. No Novo Testamento que encontraram no bolso de sua jaqueta, estava escrita a data e uma única palavra no dia antes de ter sido executado. A palavra que ele escreveu em seu Novo Testamento foi “paz.”
Ele era da tribo de Estêvão.
- Estêvão se torna um exemplo não apenas para aqueles chamados para morrer pela sua fé, mas também para os chamados para viver para sua fé.
Talvez você não seja chamado para morrer violentamente numa praia no Equador. Talvez você não seja chamado para morrer como aqueles que foram crucificados nas montanhas do Sudão ou golpeados até a morte no Irã. Mas, todos nós somos chamados para ser um mártir vivo.
Agora, preste bem atenção nisso. Na linguagem grega do Novo Testamento, a palavra para “mártire” é a palavra “martus.” Essa palavra se relaciona ao martírio de um crente apenas quatro vezes. Em todas as demais ocorrências, ela se refere a pessoas que vivem pela sua fé. Na verdade, cento e sessenta e uma vezes no Novo Testamento a palavra “martus” é traduzida como “testemunha” ou ao “testemunho de uma testemunha.”
Estêvão foi chamado para morrer por sua fé. Meus amigos, vocês são chamados para viver para sua fé. Você e Estêvão são chamados pela mesma palavra, “martus.”
Um mártir vivo é o que mortificou suas ambições de interesses próprios e seus planos consumistas e autossuficientes. Ele ou ela tem executado autossatisfação como seu principal propósito da vida. Eles, na verdade, fazem uma aliança à obediência aos desafios das Escrituras que nos convidam, de acordo com Romanos 12, verso 1, a apresentar nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus.
Meus amigos, nós, em nossa cultura, somos chamados por Deus de Seus mártires, Suas testemunhas, para crer e viver sobre o princípio de vida estabelecido em Filipenses 1, verso 21, que diz: Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro.
Que sejamos nada mais que uma congregação de mártires que vivem pela sua fé até que nosso Redentor nos receba em Seu lar, na glória dos céus e nos diga: “Muito bem, servo bom e fiel!”
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 19/01/1997
© Copyright 1997 Stephen Davey
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