Ananias e Safira: Falsidade na Comunhão

Ananias e Safira: Falsidade na Comunhão

by Stephen Davey

Ananias e Safira: Falsidade na Comunhão

Atos 4.23–5.11

Introdução

Em nosso último estudo no livro de Atos, observamos Pedro e João diante do Sinédrio juntamente com o paralítico curado. A ordem dada a eles era para se calarem e nunca mais falar de Jesus. Ao invés disso, eles voltaram à comunhão ou assembleia e contaram tudo o que tinha acontecido. Daí, vimos o corpo de Cristo investindo espontaneamente um tempo em oração.

Três qualidades da oração

Nós poderíamos facilmente passar nosso tempo inteiro hoje falando sobre a oração daqueles irmãos. Não faremos isso, mas, antes de chegarmos à parte ruim da história, a parte sombria da história da igreja, quero mostrar algumas coisas para você no texto. Deixe-me dizer três coisas sobre a oração da igreja que chamaram minha atenção.

  • Primeiro, a igreja decide começar o período de oração reconhecendo o poder de Deus na criação.

Veja os versos 23 e 24 de Atos 4. A Bíblia diz:

Uma vez soltos, procuraram os irmãos e lhes contaram quantas coisas lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos. Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram:...

“Senhor, o que tu estás fazendo? Por que permitiste que teus servos Pedro e João fossem lançados na cadeia?”

Não. Eles começam a oração sem perguntar: “Por que?”, mas declarando quem. Veja a última parte do verso 24: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há;

Quando enfrentamos momentos desencorajadores, é um bom tempo de sermos lembrados de quem Deus é.

  • A igreja também incluiu em sua oração um reconhecimento da predeterminação de Deus dos conflitos.

Um pensamento interessante emerge desses versos à medida que eles continuam orando. Note os versos 27 e 28.

porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram;

que perspectiva incrível eles tinham! “Senhor, o que aconteceu, aconteceu de acordo com a Tua vontade. Pode ter causado insônia na igreja e não entendemos bem o porquê, mas sabemos que Tu planejaste tudo conforme os Teus propósitos.”

Sinceramente, amigos, creio que estaremos vulneráveis ao desencorajamento e derrota enquanto não enxergarmos que os conflitos e problemas vêm em nossas vidas com a permissão de Deus. Além do mais, essas coisas não invadem nossas vidas sem, no final, se encaixarem no plano soberano de Deus para nós, mesmo que não entendamos; mesmo que seja algo ruim; mesmo que seja algo difícil.

A Bíblia nunca promete que tudo o que acontecerá em nossas vidas será bom. A Bíblia, sim, promete, conforme Romanos 8, verso 28: Todas as coisas cooperam para o bem.

  • Dessa forma, à luz disso, a igreja introduz um outro elemento na oração, como se estivesse dizendo: “Agora, vamos terminar nossa oração pedindo por perseverança com coragem.”

Veja o verso 29.

Agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra.

Meu amigo, em nenhum lugar no livro de Atos, ou no Novo Testamento, veremos a igreja orando e pedindo que Deus transforme o mundo num local amigável. Nunca.

Essa igreja estabelece para nós um grande exemplo quando enfrentarmos perseguição de nossos líderes. Eles não pedem para que o Sinédrio os deixe em paz. Eles não pedem que Deus conceda aos líderes políticos de Israel simpatia para com a igreja e sua missão.

Esse é o exemplo de uma igreja perseguida, como se pedisse a Deus não para limpar o lago onde nadavam, mas para dar a eles coragem e ousadia para resgatar os peixes daquela sociedade podre, conduzindo-os para a água pura e cristalina do reino de Deus. Esse é o teor da oração deles, quando dizem: concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra.

Veja também o verso 31.

Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.

Gosto muito disso. A propósito, essa igreja primitiva não tinha o Novo Testamento para confirmar que eles fizeram a oração adequada. Eles não tinham livros de teologia sobre a soberania de Deus. Eles não tinham séculos de história da igreja e da fé para servir de exemplo para eles. O que vemos é como se o Deus soberano, que sustenta o mundo na palma de Sua mão, apenas balançasse Sua cabeça um pouquinho e mexesse nos copos, pratos e janelas, dizendo à comunidade primitiva: “Vocês estão orando corretamente. Estão indo na direção certa. Continuem assim.”

Eu creio que, nesse momento, a igreja é invencível. Versos 32 a 34 dizem:

Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes

Agora, isso não é vida comunal, mas vida de comunidade. Não se pode vender algo que não se tem, mas, quando as necessidades surgiam, aqueles que tinham alguns bens os vendiam e traziam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos para que a necessidade dos demais fossem supridas. Esse é o desafio para a igreja de hoje, não para de retirar para o meio do mato e viver vida comunal, mas ter o cuidado e a preocupação com as necessidades de nossos irmãos e irmãs.

Talvez você diga: “Sabe, gostaria de ter essa vida comunal. Esse é um dos motivos porque queria que nossa igreja fosse menor. É difícil ter comunhão. Encontro-me com visitantes mais do que com membros da igreja.”

Você pensa dessa forma? Você provavelmente não conhece as pessoas ao seu redor. Bom, não fique desanimado. A igreja de Atos, nesse momento, tinham entre dez e quinze mil convertidos. Tinham doze apóstolos como equipe de liderança! E eles estavam prestes a alistar um corpo de homens que provavelmente estabeleceria o “diaconato.”

Os diáconos não fariam nada mais que administrar as necessidades financeiras da viúvas, uma vez que eram muitas. Esse era um organismo incrivelmente grande e, de acordo com Atos, crescia mais e mais a cada dia. Mas, creio que a chave era que ninguém havia se juntado à igreja de Jerusalém com o pensamento: “Certo, aqui estou eu. Agora, o que você e Deus podem fazer por mim?” Creio que eles chegaram com a atitude: “Certo, aqui estou eu. O que posso fazer para você e para Deus?”

Alguns pesquisadores de igreja saíram com uma estatística interessante. Não sei o que eles fazem da vida, mas eles saem com uma dessas. Segundo eles, podemos conhecer apenas setenta pessoas na igreja. Não importa se sua igreja tem sete mil ou setecentas pessoas, você apenas conhecerá setenta pessoas pelo nome.

Três elementos no presente de Barnabé

A igreja de Jerusalém era uma igreja extremamente contagiante, infestada da alegria e paixão pela causa de Cristo. Veja o verso 36, que é mais uma “boa notícia” antes de entrarmos na má notícia. Esse verso é uma ilustração da alegria e sacrifício dessa igreja.

José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre,

José é um modelo para nós. Vamos parar nesse verso, pois ele nos diz várias coisas. Vemos que José recebeu um apelido dos apóstolos; não da igreja, dos apóstolos.

Esse apelido é como um nome que você tem para seu filho. Você pode dizer: “E aí, grandão!” e, nesse apelido, você transmite a ele uma mensagem. Ou talvez você ligue para a sua esposa no trabalho e diga: “Oi, querida...”. Talvez ela fique tão surpresa que começa a se perguntar se você está em alguma enrascada, mas, de qualquer forma, você tem esse nome para ela.

Bem, “Barnabé” era um apelido para José. Significa “Filho da Exortação ou encorajamento.” Evidentemente, ele recebeu esse apelido porque estava sempre encorajando os apóstolos. Ele era a pessoa que os acolhia, bem como os demais irmãos da igreja.

Toda igreja precisa de pessoas desse tipo. Quando estava refletindo sobre José, pensei em dois tipos de indivíduos na igreja. Existe o tipo de pessoa que, quando você vê vindo em sua direção, você diz: “Eita!” Também existe o outro tipo que, quando caminha em sua direção, você diz: “Ah, não!” Que tipo de pessoa é você?

Mas, Barnabé dá um presente. Deixe-me fazer algumas observações sobre seu presente. Veja o verso 37.

Como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.

  • A primeira coisa que me chama a atenção nessa oferta é que ela foi espontânea.

O que quero dizer é que não foi forçada. Esse é o tipo de oferta que emana de um coração que ama ao Senhor e a igreja do Senhor. Ninguém o chamou e disse: “Barnabé, sabemos que você é dono daquele terreno lá. Eu acho que você deve vendê-lo e dar o dinheiro para os apóstolos. Essa seria a coisa certa a fazer.”

Não, Barnabé agiu primeiro. Evidentemente, foi ideia sua  e um ato espontâneo de amor.

  • Segundo, a oferta de Barnabé foi sacrificial.

O verso 37 diz que Barnabé era todo de um pedaço de terra. Ele vendeu e trouxe o dinheiro aos apóstolos. A história contrastante que estamos prestes a analisar implica que José, ou Barnabé, depositou todo o dinheiro aos pés dos apóstolos. Fica evidente que ele não era apegado às suas riquezas.

Li, uma vez, a história de Correi ten Boom. Talvez você já tenha ouvido ou lido algo a respeito dela. Ela suportou os horrores de um campo de concentração nazista. Ela escreveu que, por meio de suas experiências, ela aprendeu a não se apegar às coisas porque foi muito dolorido quando o Pai a fez abrir mão.

Creio que Barnabé era esse tipo de homem. Ele não agarrava as coisas para si; não sentia nenhuma dor ou resistência para dar algo de seu tesouro ao Senhor.

  • A terceira coisa que notamos na oferta de Barnabé é que foi sem egoísmo.

O que quero dizer é que não foi algo ostentoso e exagerado. Barnabé não se pôs de pé diante da assembleia e disse: “Ei pessoal, prestem atenção. Tenho uma oferta para dar. Sabe aquele terreno que há muitos anos pertence à minha família? Pois é, eu vendi e estou colocando o dinheiro diante dos apóstolos.”

Também não nos é dada a impressão de que Barnabé exerceu certo controle sobre a oferta. Ele não disse aos apóstolos: “Vejam, amigos, estou dando o dinheiro, mas, sabe, quando construirmos o templo, bem que poderíamos me honrar e colocar uma placa dizendo: ‘Auditório em Memória de Barnabé’.”

E, geralmente, é assim que as pessoas levantam fundos e pedem suporte financeiro.

Agora, não há dúvidas que, numa igreja de  mil pessoas, alguém deu um tapinha nas costas de Barnabé e disse: “Muito bem, Exortação! Grande ato de generosidade. Barnabé, você é um grande exemplo. Que encorajador vê-lo fazendo isso. você é um modelo para nós.”

Sem dúvidas, pessoas mandaram bilhetes de agradecimento. Ele estava ficando popular no corpo. Não acho que era isso que ele tinha em mente, mas isso foi acontecendo.

Essa igreja, nesse momento em Jerusalém, era incrível. Alegre, contagiante e eficiente.

Corrupção Interna

Contudo, não pense que, pelo fato de a igreja ter se tornado nesse tipo de igreja, isso significa que o inimigo se rendeu. O leão que ruge nunca se retira; ele se retrai momentaneamente para mudar sua estratégia. Se Satanás não consegue conquistar a igreja de fora para dentro, ele tentará corromper a igreja internamente. E é exatamente isso o que irá acontecer em seguida.

O verso seguinte, o verso 1 do capítulo 5, começa com a palavra “entretanto.” Sublinhe ou circule essa palavra. Creio que essa divisão de capítulos foi infeliz, pois essas são duas histórias que Lucas quis contrastar. Ele começa com a palavra “entretanto”; ou seja, “em contraste com aquilo que você acabou de ver em Barnabé.” Lucas escreve:

Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade,

A implicação é “também.” Barnabé vendeu sua propriedade e, daí, Ananias e Safira venderam a deles também. Eles fizeram a mesma coisa que Barnabé.

Veja os versos 2 a 4a.

Mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e, levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos. Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?

Acho muito interessante, amigo, que o primeiro problema que a igreja teve que resolver não foi imoralidade; fraude; ira; nem mesmo apostasia. O primeiro problema com o qual a igreja teve que lidar foi a hipocrisia.

A palavra “hipócrita” é bem interessante. Nossa palavra portuguesa é uma transliteração da palavra grega “hypocrites.”

Quando traduzida, “hypocrites” significa “ator.” Originou-se dos palcos gregos, onde os atores usavam máscaras. Nos dias de Cristo, muitas das dramatizações que feitas nos palcos eram feitas por atores usando máscaras em seu rosto. Talvez você já tenha visto o símbolo tradicional em teatros formado por duas máscaras. Uma máscara é com um semblante triste; a outra revela um semblante alegre com um grande sorriso. Isso vem dos teatros gregos. As máscaras permitiam que um único ator fizesse o papel de deuses, bem como de quaisquer outros personagens; dessa forma, nunca havia o problema de falta de atores. As máscaras escondiam suas identidades, permitindo-lhes atuar como se fosse outra pessoa.

“Hypocrites,” portanto, em nosso idioma, veio a denotar alguém agindo como se fosse outra coisa ou pessoa. “Eles são hipócritas” significa, “Eles são atores.” Eles parecem espirituais, mas estão apenas fingindo. Parecem moralistas, mas existe uma máscara escondendo seus segredos negros.”

Uma das primeiras coisas que aprendemos nessa passagem é que é possível se parecer bom sem ser genuíno. Ananias e Safira pareciam ser espirituais e seu sacrifício financeiro parecia ser algo bom. Mas, como veremos dentro de instantes, eles estavam apenas escondendo sua hipocrisia.

Se alguém diz a você, como ouço com bastante frequência: “Não vou à igreja porque está cheia de hipócritas.”

Bom, na verdade, o argumento deles é hipócrita também. Quando alguém me diz isso, a primeira coisa que me vem a mente para dizer é: “Não se preocupe, sempre tem lugar para mais um.”

A tragédia, contudo, é que existe verdade por detrás dessa declaração.  Costumávamos perguntar: “Onde posso encontrar uma pessoa honesta na comunidade?” Agora perguntamos: “Existe alguém honesto na igreja?”

Nesses últimos dias de nossa geração, a reputação da igreja evangélica, como um autor disse, “foi colocada às pressas na U.T.I. e não sabemos ao certo se irá sobreviver.”

Duas características da oferta de Ananias

Vamos dar uma olhada em duas coisas a respeito de Ananias e Safira antes de retirarmos algumas lições para nossas vidas.

  • Primeiro, sua oferta foi uma tentativa de fazê-los parecer piedosos.

O que Ananias e Safira queriam, na verdade, era uma porção dobrada, uma bênção duplicada. Ou seja, eles queriam ganhar o prestígio espiritual de terem ofertado sacrificialmente e, ao mesmo tempo, queriam ficar com parte do dinheiro para também ganharam financeiramente nessa jogada. Eles queriam ambos; portanto, fingiram que tinham dado tudo.

Metaforicamente, Ananias, naquela manhã, pegou sua máscara e a colocou bem ajustada e perguntou a Safira: “E aí, como estou?”

Ela respondeu: “Um, ficou bom. Você parece tão espiritual quanto Barnabé. Estou convencida de que você vai se parecer tão bom que, quando você der o dinheiro, eles vão sair com um apelido para você também. Numa igreja de 15 mil pessoas, vamos subir às alturas. Você está ótimo!”

Eles pareciam pessoas de respeito. Pareciam ser espirituais. Mas, Ananias e Safira estavam fingindo.

Uns anos atrás, um irmão de minha igreja me deu os escritos de Arthur Doyle, o criador e autor de Sherlock Homes. Esse homem era, evidentemente, um homem bastante interessante. Li que, em certa ocasião, ele fez um trote com seus amigos próximos e parceiros estimados que eram pessoas respeitadas na comunidade. Ele enviou um telegrama que dizia simplesmente: “Fujam todos, tudo foi descoberto.” Dentro de vinte e quatro horas, doze de seus amigos deixaram o país.

E se você recebesse um telegrama como esse? Se você recebesse um telegrama simplesmente dizendo: “Desmascararam você.” O que passaria em sua mente?

Será que Ananias e Safira eram crentes? Bom, para respondermos essa questão, temos que fazer uma longa pausa.

Eu creio que sim. Creio dessa forma porque eles estavam dentre os que haviam crido e sido batizados, conforme Atos 4. Eles também estavam envolvidos na estratégia da igreja para cuidar das necessidades financeiras de outros irmãos. E eles estavam presentes observando a oferta de Barnabé. Também creio que a lição para que a igreja seja pura e autêntica perderia seu sentido se o evento tratasse de dois descrentes sendo julgados.

A propósito, de acordo com 1 Coríntios 11 e 1 João 5, é possível para um crente morrer inesperadamente como resultado de um pecado e falta de arrependimento e confissão. Vejo esse pensamento como algo que nos conduz à sensatez e, na verdade, a forma final de disciplina física que Deus usa é a morte física. Se observarmos bem, Paulo revela sua atitude para com os que não haviam se arrependido na igreja de Corinto. Veja 1 Coríntios 5, verso 5. Ele diz que já havia sentenciado para que o rebelde fosse...

entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.

Não existe dúvidas do porquê Paulo, ao falar da armadura de Deus em nossa batalha contra o inimigo, nos ordena que vistamos a verdade. Deus disciplina Seus filhos com a Sua palavra. Se iso não for o suficiente para chamar nossa atenção, talvez Ele nos leve para o quarto. Se isso não for suficiente, Ele pode findar nos levando para o caixão.

  • Segundo, a oferta de Ananias e Safira ignorou a percepção de Deus.

Isso se torna ainda mais interessante quando pensamos no fato de que eles estavam presentes naquela reunião de oração reconhecendo que Deus era soberano e observava as ameaças do homens malignos contra a igreja. Se Deus podia observar a malignidade fora da igreja, será que Ele não conseguiria enxergar a malignidade que ocorria dentro da igreja? De todas as coisas, Ananias e Safira não eram inteligentes. Pensaram que poderiam enganar Deus, o qual estava operando de forma milagrosa. O pecado é algo imbecil.

Veja os versos 4b a 6 do capítulo 5. Pedro diz:

Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus. Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo grande temor a todos os ouvintes. Levantando-se os moços, cobriram-lhe o corpo e, levando-o, o sepultaram.

Imagine você na igreja naquele dia! Vou ler para você o que um autor escreveu.

O julgamento de Deus veio como um raio. Ele havia acompanhado tudo dentro da casa de Ananias e Safira. Ele tinha ouvido a conversa deles. Ele sabia o valor de mercado do terreno deles. Ele sabia tudo a respeito da conspiração deles. Ele estava presente quando o terreno foi posto à venda, quando a pechincha foi feita e quando o negócio foi fechado e assinado. Ele sabia quanto eles haviam recebido pelo terreno. E Ele estava presente quando o dinheiro foi depositado na conta bancária deles. Ele sabia quanto o casal havia decidido dar e quanto ainda restava no banco. Ele estava presente quando Ananias deu o beijo de “adeus” em Safira. Ele viu o olhar de reconhecimento entre deles. Ele andou o tempo todo ao lado de Ananias à caminho da assembleia cutucando sua consciência, perturbando sua alma. Ele ficou ali triste e em silêncio enquanto o engano era consumado e, então, Ele reluziu toda a cena da mentira na mente não desconfiada de Pedro, dando a ele um dom instantâneo de discernimento e dizendo a ele o que falar. Que tragédia inexplicável. Como nos esquecemos facilmente que o Espírito Santo conhece todos os detalhes mundanos de nossas vidas.

Continue até os versos 7 e 8a.

Quase três horas depois,...

(isso era parte do plano)

...entrou a mulher de Ananias, não sabendo o que ocorrera. Então, Pedro, dirigindo-se a ela, perguntou-lhe...

Você consegue imaginar essa cena? Ela chegou três horas depois de seu marido e muita coisa já tinha acontecido. Isso era parte do plano. Eles queriam prestígio e apreciação; queriam reconhecimento; eles queriam chegar ao topo, como se houvesse algum topo para atingir. Eles planejaram dessa forma para não parecer que estavam em busca de atenção. Então, “É o seguinte, querido. Você vai na frente e faz tudo. Daí, eu chego umas três horas depois, indiferente e me junto à festa.”

Safira não fazia ideia que eles tinham acabado de enterrar seu marido. Ela não tinha ideia que, por três horas, a igreja esteve lamentando a morte de um irmão. Ela não fazia ideia que a igreja ainda estava cambaleando por causa da punição e disciplina repentinas de Deus na vida de um irmão.

Quando Safira entrou, imagino que houve alguns cochichos: “Ihhh, aí vem ela. Shhh...shhh...shhh.” As pessoas da igreja meio que se aquietaram. Acho até que ela suspeitou de algo. Talvez eles estivessem olhando para ela por causa da generosa oferta que havia dado juntamente com seu marido. Com certeza, essa era a admiração que ela e seu marido estavam em busca. Agora, Safira estava no centro do palco com sua máscara firme em seu rosto.

Mas Safira não vê seu marido ali. Talvez olhou ao redor enquanto caminhava em direção aos apóstolos e pensou: “Bom, talvez eles levaram Ananias para uma sala fechada e estão fazendo uma reunião para desenvolver estratégias com os demais líderes da igreja.”

Com uma falsa humildade e doçura, talvez Safira tenha dito: “Vocês viram o meu marido? Ele já deu a oferta, a nossa oferta sacrificial para a igreja? Estamos muito contentes em ter dado esse presente.”

Ela disse algo relacionado à oferta , poir Pedro pergunta diretamente no verso 8b: “Safira, Dize-me, vendestes por tanto aquela terra?

Agora, essa é uma pergunta meio estranha. Por que ele perguntaria isso a Safira? Com certeza, Safira já começou a se perguntar: “Um, será que Ananias mudou a história? Será que ele se esqueceu qual o preço que havíamos combinado em dizer aos apóstolos? Será que ele aumentou por causa da aprovação deles? Será que ele diminuiu? Por que Pedro me perguntaria o preço do terreno? Isso não faz sentido.”

Talvez, nesse momento, o Espírito Santo cutucou o coração de Safira: “Diga a verdade. Pare de encenar.”

Depois de uma pausa rápida, Safira responde, no final do verso 8: Ela respondeu: Sim, por tanto.

Continue até os versos 9 e 10.

Tornou-lhe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles também te levarão. No mesmo instante, caiu ela aos pés de Pedro e expirou. Entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a, sepultaram-na junto do marido.

Uau! Nunca se esqueça do possível preço a pagar por causa da máscara espiritual! Essa foi a lição que a igreja de Jerusalém aprendeu naquele dia. Dois túmulos frescos renderam milhões de sermões sobre honestidade.

Por que Deus tomaria uma atitude tão rápida como essa? Talvez o contexto ajude um pouco, mas eu fui ajudado por alguns colegas da biblioteca a esse respeito. Eles escreverem que, quando Israel entrou na terra de Canaã, uma das primeiras coisas com a qual tiveram que lidar foi o engano. Quando Acã roubou e escondeu em sua tenda algo proibido, Deus moveu rapidamente e ensinou a nação a importância da integridade e autenticidade no meio de Seu povo. Agora, esse novo negócio chamado igreja, que recentemente entrou na nova dispensação da graça, aprende a mesma lição. Integridade e autenticidade não são opcionais, mas essenciais à igreja.

 

Aplicação

Deixe-me amarrar esses estudo com alguns pensamentos. Olharemos outro verso dentro de alguns minutos, mas deixe-me fornecer a você algumas aplicações.

  • Número um, a alegria dentro da família da igreja é aperfeiçoada quando seus membros resistem à tentação de vestir a máscara da espiritualidade.

Você já parou para pensar que todas as pessoas que você encontra na igreja estão enfrentando alguma batalha em alguma área de suas vidas? Todos. Todos estão passando por algum desafio. Pode ser em suas vidas pessoais, seu casamento, relacionamento com filhos, negócios, trabalho. Pode ser solidão. Pode ser tentação. A igreja é o lugar, ou deveria ser o lugar, onde podemos admitir esse tipo de coisa. A igreja deveria ser assim.

Se você está passando por alguma batalha, diga a alguém na igreja. Não sugiro que você diga a um estranho – ele pode passar mal. Diga a alguém com quem você tem intimidade. Um amigo espiritual, seu pastor ou qualquer outro que tenha servido de um mentor para você.

Se alguém diz a você algo como: “Estou passando por uma batalha,” não seja fingido ao dizer: “Vou orar por você.” Não coloque essa máscara de espiritualidade para dizer: “Bem, Deus abençoe. Vou orar por você,” e aí nunca mais pensa na pessoa novamente.

Sinceramente, Ananias e Safira estavam vulneráveis porque eles não prestavam contas um ao outro. Quer tenha sido Ananias ou Safira que saiu primeiro com a ideia, o outro deveria ter repreendido imediatamente. Safira deveria ter dito: “Ananias, que vergonha pensar em algo assim.”

Ananias e Safira deveriam ter ficado checando um ao outro constantemente. Como um certo homem disse: “Todos nós precisamos de alguém em nossas vidas a quem não podemos enganar.”

Se você é casado ou casada, você é abençoado se seu cônjuge é essa pessoa. Você está com problemas se ele ou ela pode ser enganado por você.

O problema com esses dois é que eles não cuidavam um do outro a fim de permanecerem honestos e íntegros. Ananias e Safira colocaram esse plano para frente. Eles saíram com essa ideia. Discutiram o plano ao redor da mesa da cozinha. Venderam a propriedade. Concordaram numa história. E foram diante da assembleia para ganhar nada mais que prestígio e atenção, proeminência na igreja.

Uma comunidade de crentes autênticos é aquela em que seus membros decidem tirar as máscaras e vir com o entendimento de que todos são barro e ninguém ainda “chegou” lá. O fato de que seu sou vinte centímetros mais alto do que você não significa nada. Estamos todos numa jornada; estamos todos aprendendo; estamos todos falhando; estamos todos crescendo e a igreja deve ser o lugar onde essas coisas ocorrem.

  • Segundo, a eficácia da família da igreja é capacitada quando seus membros refletem o caráter de seu Salvador.

Eu digo isso simplesmente porque integridade e evangelismo andam juntos. Essa é uma era em que nossa sociedade está em busca de um modelo, algo autêntico, pessoas reais. Mas, neste momento e nossas vidas, amigos, a igreja desceu na lista das pessoas que podem fornecer esses elementos. Nós, como um homem escreveu, que costumávamos dizer ao mundo que se arrependesse, agora ouvimos o mundo dizer que nós devemos nos arrepender. A mesa virou.

Você já parou para pensar, meu amigo, que a reputação de sua igreja é a sua reputação? Como estamos indo, nós como igreja? Será que a comunhão é um lugar de integridade? Está limpa ou manchada? É humilde ou está em busca de poder e correndo para puxar o tapete de alguém? É algo de credibilidade ou não é digno de confiança? É pura ou tem uma boca suja?

Bom, vamos parar de falar da igreja por um momento e pensar que a reputação de Jesus Cristo é a nossa reputação nesse mundo. Uau! Como está Jesus?

Veja o verso 11a, aqui está a reputação da igreja: E sobreveio grande temor a toda igreja.

Agora, de certa forma, isso é algo triste, pois, no capítulo anterior, vemos as palavras “grande alegria”, “grande regozijo”. Agora, as palavras são “grande temor.”

Continue no verso 11.

E sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a notícia destes acontecimentos.

Pule até o verso 13.

Mas, dos restantes, ninguém ousava ajuntar-se a eles; porém o povo lhes tributava grande admiração.

As pessoas perguntavam: “Para qual igreja você vai?”

“Bom, vou para a igreja de Jerusalém.”

“É mesmo? Não iria para aquela igreja nem se você me pagasse.”

“Por que não?”

“Bom, vocês sabem o que eles fazem com os mentirosos lá? ‘Boom,’ funeral! Eles não aceitam desonestidade lá, foi o que eu ouvi. Você não pode ser falso no meio daqueles irmãos.”

Como ganhamos esse tipo de admiração por parte dos que nos veem? Como ganhamos admiração e respeito porque ganhamos tamanha credibilidade?

Digo a você que não conseguiremos isso se fizermos uma caça às bruxas em nossa igreja em busca dos hipócritas e depois executá-los. Todos nós teríamos que ser executados. Ganhamos esse tipo de credibilidade e estima quando Deus, através de nós, cria essa admiração à medida que estabelecemos a credibilidade do caráter de nossa própria reputação. E, quando nos juntamos, o coletivo de nosso caráter e reputação estabelece uma igreja que é conhecida por sua integridade e honestidade e pureza.

Quando você diz que fará alguma coisa, faça. Quando você falhar em algo, admita. Entenda que Deus está trabalhando e não aceitará nada além de santidade e pureza do próprio Deus. Deixe que isso estabeleça a si mesmo como o seu caráter que emana de você perante um mundo necessitado e que nos observa. Começamos conosco mesmos.

Deixe-me ler as palavras que foram encontradas num túmulo. Estavam escritas no túmulo de um bispo anglicano enterrado em Westminster algumas gerações atrás. Creio que essas palavram resumem bem o que estamos dizendo aqui. É assim que começa. Isto é o que devemos fazer:

Quando eu era jovem e livre e minha imaginação não tinha limites, sonhei em mudar o mundo. Quando comecei a amadurecer, percebi que o mundo não iria mudar. Daí, encurtei minha visão e decidi mudar apenas o meu país. Mas, meu país também parecia inerte. Quando fui alcançando meu anos finais, numa última tentativa desesperada, decide por mudar apenas minha família; aqueles mais próximos a mim. Mas, eles também não mudavam. Agora, aqui deitado em minha morte, de repente percebi que, se eu simplesmente tivesse sido mudado, daí, pelo exemplo, talvez pudesse ter mudado minha família. A partir da inspiração e encorajamento deles, poderia ter melhorado meu país e, quem sabe, eu poderia ter mudado o mundo.

Onde começamos? Começamos com a pessoa que você vê todo dia ao olhar no espelho. É aí que começamos. E isso exigirá que pessoas nadem contra as correntezas da forma tradicional como a igreja realiza coisas. Exigirá que pessoas venham, tirem suas máscaras e peçam a Deus que trabalhe. E, ao interagirmos uns com os outros, trataremos uns aos outros como pessoas que passam por desafios e provações, alegrias e tristezas. Daí, juntos, criamos aquele tipo de reputação e caráter que, quando o mundo nos vê, tem que dizer: “Essas pessoas são reais; elas são diferentes.” Isso não para que sejamos glorificados, mas para que olhem para Deus, a quem dizemos ser o único e Deus vivo e verdadeiro, e dobrem seus joelhos diante Dele. Que essa seja a realidade.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 01/12/1996

© Copyright 1996 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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