
Silêncio!
Silêncio!
Atos 4.1–22
Introdução
Você já parou para pensar que, quanto menos as pessoas sabem sobre Cristo, mais elas gostam dele? Todo final de ano, fazemos compras e vemos as lojas decoradas com presépios e músicas de natal. Até mesmo cantores populares fazem CD’s contando a história do bebezinho Jesus. O bebê na manjedoura toca o coração até mesmo da alma mais cínica. Mas, no momento em que dizemos que aqueles bebê Jesus cresceu e um dia voltará como o Rei soberano sobre a humanidade e julgar todos os que não O reconheceram como Senhor e Rei e recompensar os que O receberam – bom, daí a história fica bastante diferente.
De fato, já que Cristo disse que o mundo O odiaria, podemos ter certeza que, quando o mundo ama a Jesus, é porque ou não O conhecemos ou O transformaram em algo que Ele não é. Além disso, lembre-se que Jesus Cristo disse que, assim como o mundo O odiou, também odiaria os Seus seguidores.
Lembro-me da história de uma menina da quarta série. Durante o recreio, ela começou a falar para os seus coleguinhas de sala sobre a sua salvação. A professora mandou que ela parasse, mas ela se recusou. Os pais da menina processaram a escola e o negócio foi parar no tribunal. Por fim, o juiz decidiu manter o direito da menina de compartilhar com seus amigos acerca de Jesus Cristo.
Aquela garotinha da quarta série tinha que compartilhar as boas-novas. E, ao fazê-lo, acabou criando problemas para si mesma e para a sua família.
Pedro É Capacitado pelo Espírito Santo
A história não é nova. Na verdade, logo após a ascensão de Cristo, o problema deu as caras na recém-criada igreja de Jerusalém. Veja Atos 4, versos 1 e 2.
Falavam eles ainda ao povo quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos;
Agora precisamos entender um pouco a respeito desse grupo chamado de saduceus. O sumo sacerdote geralmente era escolhido dentre o grupo dos saduceus. Eles colaboravam com o governo romano de qualquer maneira possível a fim de manterem o judaísmo vivo. Eles também controlavam o Sinédrio, o supremo tribunal judeu formado de setenta e dois homens.
A tripla negação dos saduceus
Agora, a negação dos saduceus era tripla. Eles negavam:
- O sobrenatural;
- A existência dos seres espirituais invisíveis ou anjos;
- A ressurreição dos mortos.
O dilema triplo dos saduceus
Dessa forma, fica evidente que eles tinham um dilema. E esse dilema era também triplo. Incluía:
- Um homem foi milagrosamente curado;
- Ocorreu numa dinâmica espiritual invisível;
- O crédito está sendo dado ao Jesus ressurreto, a quem eles haviam matado meses antes.
O dilema deles pode ser resumido em uma sentença – Pedro e João não tinham quebrado nenhuma lei ao curar o paralítico, apesar de o poder para realizar a cura foi credito a um homem que o Sinédrio pensava estar morto. Em outras palavras, se Pedro e João estão certos, o Sinédrio está errado. Além disso, o Sinédrio é culpado não só por condenar à morte um homem injustamente, mas Ele era o Messias legítimo!
Então, o que o Sinédrio faz agora? Veja os versos 3 e 4.
E os prenderam, recolhendo-os ao cárcere até ao dia seguinte, pois já era tarde. Muitos, porém, dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase cinco mil.
Em outras palavras, por toda a noite, a cidade está agitada com a notícia desse mendigo paralítico ter sido curado e o Jesus ressurreto foi quem realizou a cura. Mais e mais relatórios são trazidos ao quartel general improvisado da igreja e mais e mais pessoas colocam sua fé em Jesus Cristo. Eles estão fazendo de tudo para manter os cálculos corretamente; a igreja, a essa altura, já é composta de cinco mil homens. Note, esse é o número só de homens – cinco mil deles – e se adicionarmos as esposas e filhos, a igreja, nesse ponto, pode ter em torno de dez mil!
Continue até os versos 5 e 6.
No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos e os escribas com o sumo sacerdote Anás, Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo sacerdote;
Vamos entender melhor essa cena. O Sinédrio, composto de setenta e dois homens, está de pé da plataforma e seus membros assentados num semicírculo e agrupados por partidos e posição. Esse era o mesmo tribunal onde Jesus havia sido interrogado e condenado.
Lucas alista os nomes do homens envolvidos usando a conjunção grega “kai,” que significa “e”. Essa técnica gramatical serve para enfatizar cada sujeito em particular. É como se Lucas arrumasse o cenário dizendo: “Você não vai acreditar quem estava lá para interrogar Pedro e João! Estavam lá as autoridades e os anciãos e cada escriba eleito para a comissão. E também Anás e Caifás estavam lá, como duas serpentes [lembre-se que esses dois homens tiveram papel fundamental na sentença de morte de Jesus]...”
Que intimidação! Era muita areia para o caminhão de Pedro e João. Lá estavam eles diante dos poderosos, ricos, vestidos de mantos finos, especialistas em articulações e doutros em teologia. E Pedro e João estavam vestidos com bastante simplicidade, calejados, sem muita eloquência, dois “zé ninguém.” São dois anões conversando com gigantes de uma corporação.
Pedro e João eram como o comerciante que se recusou a vender sua mercearia quando a cidade decidiu reformar todo o seu quarteirão. Ele não cedeu, não abriu mão de seu lugar. Daí, de um lado construíram uma loja enorme de eletrodomésticos e eletrônicos e do outro lado um complexo gigantesco que vendia tudo, desde bicicleta até mamão. Aquele pequeno comerciante nunca mais viu a luz do sol; ele foi coberto pela sombra daqueles competidores gigantes. Mas, com grande ingenuidade, ele juntou tudo o que tinha e comprou uma placa grande. Ele colocou essa placa de luzes de neon chamativas em cima da sua mercearia. A placa dizia: “Entrada principal”!
Pedro e João estavam prestes a serem esmagados pelo peso das gerações de tradição e rituais. Se teve um momento em que Pedro e João temeram e pensaram: “Onde fomos nos meter?!” – foi nessa ocasião.
Vamos encarar a realidade – um de nossos problemas naturais se origina no fato de não queremos ser diferentes; somos, por natureza, imitadores. E a moda é um indicador disso. O motivo porque não uso uma gravata de 50 centímetros de largura e um terno azul bebê é simplesmente porque ninguém usa.
Nesse momento, Pedro e João puderam perceber quão diferentes eram e quão chocante era sua história.
Continue até os versos 7 e 8a.
E, pondo-os perante eles, os argüiram: Com que poder ou em nome de quem fizestes isto? Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse:
Pare um momento. Se você pensa que a resposta de Pedro foi um ato de coragem ou brilhantismo natural de Pedro, você não captou o significado desse verso. Lembre-se, existe o batismo pelo qual todos nós passamos quando fomos salvos, mas a plenitude do Espírito varia. Em outras palavras, há muitas ocasiões em nossas vidas em que o Espírito de Deus domina nossas mentes e corações e línguas para que falemos com clareza e coragem. A pergunta que você deve se fazer é: “O que em minha vida requer o controle do Espírito Santo? O que descobri que não posso fazer sem Ele?”
Jesus Cristo É Exaltado por Pedro
Agora, veja Pedro falando nos versos 8b a 12.
Autoridades do povo e anciãos, visto que hoje somos interrogados a propósito do benefício feito a um homem enfermo e do modo por que foi curado, tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes,...
(dá para ver Anás e Caifás se contorcendo?)
...e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos,...
(dá para ver o suor descendo na testa dos saduceus?)
...sim, em seu nome é que este está curado perante vós. Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular.
(Os membros do Sinédrio consideravam-se os construtores e guardiões do templo. Eles haviam rejeitado a pedra de esquina com a qual toda medida se relaciona. Pedro ainda não terminou.)
E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.
O verso 10 no informa que a salvação está no nome de Jesus Cristo, o Nazareno. Jesus é “Yeshua” em hebraico, que significa, “salvador.”
A declaração dupla de Pedro
Pedro faz uma declaração dupla.
- Primeiro, Pedro declarou que já que Jesus Cristo é o único Salvador, então, seguir a qualquer outro é permanecer perdido.
Veja novamente o verso 12a: E não há salvação em nenhum outro.
Jesus Cristo não é um deus dentre muitos, Ele é o único Deus. Ele não é um caminho dentre muitos que levam para o céu, Ele é o caminho.
- Segundo, Pedro declara que já que Jesus Cristo é a única verdade, então, crer em qualquer outra mensagem é permanecer enganado.
Veja novamente o verso 12b:
...porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.
Jesus Cristo não é uma fonte de verdade divina, Ele é a única fonte.
Precisamos entender bem que a estratégia de Satanás em nossa cultura não é necessariamente negar que Jesus Cristo é o caminho para o céu, mas negar que Ele é o único caminho. Então, hoje, o Deus da Bíblia é somente mais um deus dentre muitos outros deuses que clamam igualdade.
Pesquisas mostram que grande parte da população concorda que a escolha de uma religião em detrimentos das demais é irrelevante porque todas as religiões ensinam essencialmente a mesma coisa sobre a vida.
Então, em nossos dias, você provavelmente já tenha ouvida frases como:
- “Amo a Cristo tanto quanto você, mas não acho que Ele seja o único caminho para Deus. Deus jamais limitaria o caminho para o céu a apenas uma pessoa.”
- “Verdade religiosa é apenas uma questão de interpretação pessoal.”
- “Creio que todas as religiões do mundo são essencialmente a mesma.”
- “Existem muitas coisas que gosto no Cristianismo, exceto o fato de ser muito dogmático e intolerante com as demais religiões.”
O livro de Erwin Lutzer intitulado Cristo entre Outros Deuses chamou minha atenção. Dr. Lutzer falou de seu envolvimento com o Parlamento das Religiões Mundiais. Nessa ocasião em que Lutzer estava presente, cerca de seis mil delegados compareceram, todos carregando uma única mensagem: “Unir ou perecer!”. Essa era uma convocação para que todas as religiões do mundo encontrassem um ponto comum e se unissem (tribulação!).
Lutzer diz que o Parlamento das Religiões Mundiais realizou seminários e oficinas para ajudar as pessoas a vencerem o pensamento de que uma religião é superior a outra. Na verdade, esse é o “obstáculo crucial” para a unidade na religião.
Lutzer fez uma observação bastante interessante ao dizer que nas setecentas oficinas oferecidas, Cristo era bastante admirado, citado e comparado em superioridade a outros líderes religiosos. Contudo, Ele era apenas um homem iluminado dentre muitos outros. Apesar de ser respeitado, Ele nunca era adorado.
Gostemos disso ou não, Lutzer concluiu que a opinião popular de hoje é mais ou menos a seguinte:
As doutrinas das diferentes confissões de fé não devem ser tidas como verdades, mas como cápsulas que contém em seu cerne a verdade encontrada em todas as religiões. É melhor falarmos de tradições religiosas ao invés de verdades religiosas.
Hoje, a sociedade que Deus nos chamou para alcançar está se movendo rapidamente para o pluralismo e sincretismo. Isso significa que você não precisa mergulhar completamente numa religião – você escolhe o que quiser. Você pode escolher um pouco de Cristianismo, um de nova era, outro tanto de Hinduísmo, um pouquinho de doutrina protestante, outro de doutrina Católica, misturar todos eles e formar sua própria religião que se coaduna com seu estilo de vida e seu próprio deus que aceita você no termos que você estabelece. Espiritualidade é um grande self-service, um buffet de possibilidades.
As palavras de Pedro em Atos 4, verso 12, destroem qualquer tentativa de escolhas e preferências. Jesus Cristo é o único nome; Ele é o único meio de salvação – e ponto final!
O Sinédrio entendeu a mensagem. Não era Jesus e judaísmo, era Jesus ou judaísmo.
Veja os versos 13 a 17.
Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se;...
(A primeira palavra usada para descrever a Pedro e João é “iletrados,” que literalmente significa “incapaz de escrever.” A segunda palavra usada para descrevê-los é “incultos,” que é a palavra grega da qual derivamos nossa palavra portuguesa “idiota.”)
...e reconheceram que haviam eles estado com Jesus. Vendo com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário. E, mandando-os sair do Sinédrio, consultavam entre si, dizendo: Que faremos com estes homens? Pois, na verdade, é manifesto a todos os habitantes de Jerusalém que um sinal notório foi feito por eles, e não o podemos negar; mas, para que não haja maior divulgação entre o povo, ameacemo-los para não mais falarem neste nome a quem quer que seja.
Você entendeu que esse tribunal não tem nenhum interesse em descobrir a verdade, mas deter e suprimir a verdade?!
Daí, depois de um recesso rápido, o Sinédrio se reuniu novamente. O martelo desceu e a corte deu a seguinte ordem para esses dois pescadores: “Silêncio! Ordenamos que vocês não falem mais o nome de Jesus novamente.”
Em outras palavras, “Não queremos discutir sobre isso; não queremos analisar as evidências! Só queremos que vocês fiquem calados. Não digam nada a ninguém.”
Aplicação
Posso fazer uma pergunta a você? Quem representa o seu Sinédrio hoje? Quem está tentando intimidar você a se calar? Você foi silenciado naquele ambiente de trabalho; aquele campus da universidade cheio de pensamento liberal e relativismo; aquele clube; ou a vizinhança? Onde é que você se sente iletrado, mal equipado, melhor não dizer nada para não pensarem que sou um lunático? Onde são os seus “Sinédrios” e qual o preço que você tem que pagar para que, assim como Pedro e João, você se coloque de pé e testemunhe a verdade sobre Jesus Cristo?
Quatro convicções para nos defender contra os “Sinédrios” da sociedade
A fim de agirmos como Pedro e João, precisaremos ter as mesmas quatro convicções que eles tinham. Deixe-me alistá-las para você.
- Primeiro, precisaremos ter a convicção de que Jesus Cristo voltou à vida.
Pedro e João estavam convencidos de que Jesus estava vivo. Você crê nisso também?
- Segundo, precisaremos ter a convicção de que Jesus Cristo é o único caminho para a vida eterna.
Pedro e João estavam convencido que Jesus Cristo era a única esperança de salvação! Você tem essa convicção também?
O estado da cultura para a qual fomos chamados para testemunhar pode ser ilustrado por uma pessoa que está se afogando em alto mar e uma corda para salvar sua vida foi lançada para resgatá-la. Mas a vítima insiste dizendo ter o direito de escolher qual corda deseja, além da opção de nadar de volta à praia.
Você consegue dizer com convicção que ou a pessoa descansa somente na obra de Cristo, ou nunca chegará à praia do céu? Você está convencido de que devemos confiar em Cristo ou pereceremos?
- Terceiro, precisaremos da convicção de que a salvação em Cristo é a decisão mais importante da vida.
Você já fez essa decisão?
- Quarto, precisaremos da convicção de que a obediência a Cristo é o único estilo de vida que vale a pensa viver.
Os apóstolos Pedro e João sabiam que poderiam ser, assim como aconteceu com Jesus, condenados à morte. Eles não tinham motivo para esperar algo de bom, somente uma cruz para si mesmos. Mas, se desejamos fazer a diferença na cultura em que vivemos, o nome de Cristo deve ser mais importante do que a nossa própria vida.
Lembro-me de uma vez quando fui à França. Jantei com um casal de missionários que haviam servido ao Senhor por quarenta anos. Eles eram vegetarianos. O apartamento deles era bem apertado. Eles haviam se aposentado simplesmente por causa de problemas na saúde. Decidiram permanecer na França ao invés de voltarem ao seu país de origem, os Estados Unidos. Pedi que ele falasse um pouco para mim sobre o seu ministério – ministério que na verdade começou na Albânia.
Com grande humildade, ele contou a nós e aos outros convidados no jantar muitas histórias do poder e proteção de Deus em suas vidas. Quando estavam trabalhando na Albânia por vários anos e antes de serem expulsos de lá pelas forças comunistas, ele foi levado pela polícia para ser interrogado a respeito de sua religião e do trabalho com o qual estava envolvido. O comandante da polícia ordenou, então, que ele informasse os nomes de todos os crentes naquela região da Albânia. Sabendo que, se fornecesse tal informação ele estaria sentenciando-os à morte, o missionário se recusou. O comandante sacou da sua arma e a colocou na cabeça do missionário e disse: “Se você não me disser, eu mato você agora.”
Ele respondeu dizendo: “Não vou dar os nomes para você; e, se você me matar, eu vou direto para o céu.”
Depois de uns instantes, por algum motivo inexplicável, o comandante baixou sua pistola e o missionário saiu andando de lá sem nenhum arranhão.
Veja, agora, os versos 18 a 22 de Atos 4:
Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem,...
(Literalmente, não emitir nenhum som!)
...nem ensinassem em o nome de Jesus...
(O Sinédrio está tentando anular a ordem de Cristo – Ele mandou Seus discípulos serem testemunhas e o Sinédrio manda Pedro e João ficarem em silêncio.)
...Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. Depois, ameaçando-os mais ainda, os soltaram, não tendo achado como os castigar, por causa do povo, porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera. Ora, tinha mais de quarenta anos aquele em quem se operara essa cura milagrosa.
Falsa religião, por mais impressionante e rica e poderosa e magnífica que pareça e soe, é uma fachada de espiritualidade que não suporta a mínima exposição à luz. É inútil diante do simples testemunho de uma vida transformada.
Antes de deixarmos a história notável desse mendigo transformado, deixe-me ensaiar mais uma vez a história com você de um ponto de vista diferente.
Quando Jesus Cristo nasceu em carne, esse mendigo já tinha sete anos de idade. Sem esperança em sua deficiência, ele se sentava sozinho enquanto os outros garotinhos judeus brincavam e corriam nas ruas de Jerusalém. Imagino a tristeza de seus pais ao verem seu filho tão fraco e debilitado. Esse menino não podia ir à escola, não podia ajudar em casa, incapaz de ir a lugar algum sem que alguém o carregasse.
A religião não era de nenhuma ajuda. Os rabinos iriam especular se havia algum pecado na vida dos pais para que Deus tenha causado essa dor na família.
Quando Jesus veio a Jerusalém com doze anos de idade, esse homem, agora já com dezenove ou vinte anos, já tinha começado sua vida de pedinte. Enquanto o jovem Jesus confundia os líderes religiosos no templo, esse jovem pedia esmolas a uns doze metros de Jesus.
Aproximadamente vinte anos se passaram quando Jesus entrou em Jerusalém sob os “Hosanas!” que o povo clamava. Ao andar pela cidade e ensinar no templo, não tenho dúvidas alguma que, uma ou duas vezes, Jesus entrou por esse portão ou a Porta Formosa onde o aleijado pediu dinheiro. Será que seus olhares se cruzaram em algum momento? Será que Jesus parou para conversar com ele um pouco? O intrigante é que, apesar de ter curado muitos outros, Jesus nunca parou para curar esse mendigo deficiente.
Agora, o homem dos milagres tinha ido embora. Não havia mais esperança; nenhuma perspectiva além de esmolar. Talvez seu pai ou seus irmãos o carregavam todos os dias até o seu lugar onde ficava pedindo perto do portão.
Daí, Pedro e João vêm. Talvez ele os reconheceu e pediu algum dinheiro. Então, num momento, sob o poder Daquele que havia sido crucificado, ressurreto, o Messias, o homem estava curado; agora podia andar.
E, agora, esse homem comparece diante do supremo tribunal, o mesmo tribunal que havia condenado a Jesus. Ele não tinha nome nem causava nenhuma boa impressão, a não ser uma coisa – a mesma coisa que me separa de você; a mesma coisa que refuta as declarações de nossos “Sinédrios.” O fato de que – éramos cegos, mas agora vemos; estávamos perdidos, sem esperança, aleijados com a culpa do pecado, vazios, mas agora fomos achados, perdoados, salvos e espiritualmente restabelecidos por completo.
Agora, esse homem está com Pedro e João naquele tribunal, enquanto nós estamos no nosso, indispostos e incapazes de sermos silenciados. Por que? Porque temos a resposta; sabemos a verdade. A verdade é que:
...abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.
...e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 24/11/1996
© Copyright 1996 Stephen Davey
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