
Orações Desesperadas
Orações Desesperadas
Sem Dúvidas—Parte 7
1 João 5.16–18
Introdução
Você alguma vez já ficou se perguntando se um indivíduo que conhece está perdido demais para ser redimido? Talvez você esteja orando por alguém agora que se desviou de Deus e se pergunta: “Será que é tarde demais para ele?”
Ou você alguma vez se perguntou se é possível cometer um pecado que Deus recusa perdoar? Será que existe um pecado tão terrível, tão perverso e vil que Deus diz: “Todo pecado pode ser perdoado, menos este”?
Você já se perguntou se uma certa pessoa exauriu o reservatório da graça de Deus? Pode não ser por causa de um pecado específico, mas pelo fato de ela viver continuamente em pecado. Daí, você se pergunta se Deus não lavou Suas mãos e, mesmo se você orar por ela, Deus colocaria as suas orações em espera, naquela pasta de e-mails de “lixo eletrônico” que você nunca lê.
E o que dizer daquela pessoa que abandonou o Senhor nos últimos meses, largou seu testemunho de crente, sua moralidade e agora você pergunta: “Como posso orar por ela?” Você ora para que ela seja salva ou para ser restaurada? E se eu não souber a diferença, e se eu orar pela coisa errada, será que atrapalhará a possível resposta à minha oração? De forma simples, como orar por pessoas em pecado?
Deixe-me convidá-lo à primeira carta de João, no capítulo 5, onde o apóstolo trata desse assunto. Agora, preciso adverti-lo logo no princípio do nosso estudo: esses versos seguintes têm causado bastante confusão, diferentes opiniões, interpretações e aplicações. Uma simples leitura dessa passagem já é o suficiente para entender o porquê de tanta confusão. Veja 1 João 5.16–17:
Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue. Toda injustiça é pecado, e há pecado não para morte.
Fácil, não é?! Você não está feliz que vamos estudar essa passagem hoje? Seria melhor fazer como muitos pregadores por aí: ao invés de pregar uma epístola expositivamente, simplesmente escolher passagens mais fáceis e interessantes.
Vamos tentar destrinchar o mistério contido nesses versos. A primeira coisa que precisamos tratar é essa ideia de que alguns pecados conduzem à morte. Será que existe um pecado realmente terrível que conduz o indivíduo a uma morte prematura?
Quando fazemos um panorama do Antigo e Novo Testamentos, logo vemos que Deus, no passado, julgou algumas pessoas em pecado no meio de Seu povo com uma morte prematura. Podemos pensar em Corá e outros que se rebelaram juntamente com ele em Número 16 contra o sistema de adoração prescrito por Deus. Moisés os convocou ao meio do arraial; de repente, o chão se abriu e os engoliu em julgamento. Esses homens poderiam ter vivido vidas mais longas, mas Deus os julgou com a morte.
Você diz: “Certo, mas isso aí foi no Antigo Testamento.” Mas, quando continua fazendo um panorama pela Bíblia, se depara no Novo Testamento com um incidente na época da igreja primitiva. Ananias e Safira mentiram aos apóstolos e tentaram enganar a igreja a fim de conseguir prestígio e louvor. O casal disse haver dado à igreja mais dinheiro do que realmente tinham dado. Evidentemente, a mentira, orgulho e engano do casal foi algo tão perigoso à credibilidade e unidade da igreja que o Espírito Santo tirou suas vidas na mesma hora (Atos 5.1–11).
Ainda no Novo Testamento, descobrimos que bebedice misturada com orgulho e hipocrisia espiritual prejudicaram de tal forma a igreja em Corinto que Deus tomou a vida de alguns desses crentes com uma morte precoce (1 Coríntios 11).
Agora, que tipo de pecado é esse que nos coloca em seríssimo problema a ponto de Deus remover nosso fôlego de vida? Quais pecados são esses?
A igreja, em geral, nunca chegou a um consenso a esse respeito. Cotton Mather, um líder puritano do século 18 acreditava que pecados dignos de pelo menos excomunhão incluíam xingar, trapacear, roubar, preguiça e outros. Martinho Lutero, o monge convertido e ícone da Reforma no século 16 ameaçou, certa vez, um homem que planejava vender sua casa a um preço exorbitante. Ele o advertiu contra sua ganância descontrolada e disse que seria disciplinado pela igreja, caso efetuasse a venda.
A Igreja Católica Romana tem, há séculos, trabalhado na lista de pecados mortais e pecados veniais. Pecados veniais eram coisas mais simples que não acrescentavam mais tempo no purgatório, enquanto pecados mortais eram os terríveis. Você poderia perder sua posição com Deus por causa deles, ao menos que reparasse os danos fazendo coisas dignas de crédito com Deus.
Então, que tipo de pecado é esse que João tem em mente aqui que conduz à morte? Na verdade, João parece complicar as coisas ao dizer que existem pecados que não conduzem à morte.
João, todavia, não se refere a algum pecado específico como se alguns pecados fossem piores do que outros. Na verdade, ele termina com a questão de pecados mortais e pecados veniais ao dizer no verso 17: Toda injustiça é pecado. Ou seja, “Todo pecado é pecado.” Ele não diz: “Alguns pecados são tão terríveis que você morrerá e não terá solução para você. Já outros pecados não são tão horrendos assim.”
Apesar de João não dizer isso, a pergunta permanece: que tipo de pecado é para morte e que tipo de pecado não é para morte? Se todo pecado é pecado, como sabemos qual pecado é mortal e qual não é? Lembre-se somente que, em certo sentido, todo pecado é mortal. Afinal, o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23).
Deus advertiu Adão e Eva que, caso Lhe desobedecessem e comessem do fruto, morreriam (Gênesis 2.17). A morte física vem sobre todos nós por causa do pecado.
Talvez João esteja pensando aqui nas palavras de Jesus em Mateus 12, onde Ele adverte os fariseus contra o pecado imperdoável da blasfêmia contra o Espírito Santo. Ou seja, pecado para a morte é o ato de rejeitar o Evangelho de Jesus Cristo.
Pecado que conduz à morte e separação é, simplesmente, pecado não perdoado. O pecado que Jesus menciona em Mateus 12.31–32 era nada menos do que rejeitá-lO como o Messias. Os fariseus tinham persistido de tal forma em sua oposição às alegações de Jesus a ponto de agora terem que atribuir Seu poder milagroso ao diabo ao invés de reconhecer que Seu poder era de Deus. Se tivessem se arrependido de sua blasfêmia, eles teriam sido perdoados, porque o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado (1 João 1.7).
No contexto mais imediato de 1 João, o apóstolo refuta o falso ensino dos gnósticos, os quais persistentemente resistiam à revelação do Espírito Santo de que Jesus era o Filho de Deus—eles negavam tanto Sua humanidade como Sua divindade.
Todos aqueles que negam a obra salvífica de Cristo na cruz queimam, com efeito, aquela ponte de madeira que poderiam ter atravessado para a salvação.
Veja bem: qualquer pessoa que nega a divindade de Cristo, ignora o Evangelho e recusa crer na mensagem bíblica sobre a cruz, o pecado, a expiação e o perdão em Cristo, comete o maior pecado que existe, já que tal pecado continuará eterna e permanentemente sem perdão.
João pode estar pensando aqui no fato de pessoas como essas entrarem pelas portas da morte e do inferno pecando teimosamente. Elas continuam sem o perdão de Deus simplesmente porque recusaram pedir que Deus lhes perdoasse.
Portanto, pecado para morte não se refere à indisposição da parte de Deus em perdoar; pecado para a morte significa que o homem não está disposto a se arrepender e Deus o julga quando bem escolhe.
Então, o que devemos fazer em relação a pessoas como essas?
Sinceramente, é fácil ficar preso ao que João diz sobre pecado para morte e pecado que não é para morte que acabamos ignorando a ideia central. João nos exorta a orar por aqueles surpreendidos em pecado. Lemos no verso 16: Se alguém vir a seu irmão cometer pecado... pedirá, e Deus lhe dará vida. Em outras palavras, Deus pode realizar restauração, reavivamento e resgatar a pessoa de volta a uma vida digna de ser vivida.
Deixe-me, agora, tratar de outro assunto confuso. João parece sugerir que devemos orar apenas pelo indivíduo que sabemos ser crente e que poderá se arrepender, mas não por aquele que parece não reagir à repreensão; ele peca para a morte; e por esse não digo que rogue.
O problema com essa perspectiva é o seguinte: já que não sabemos qual será a reação final da pessoa que está vivendo em pecado, será que João diz que não devemos orar pelos casos mais difíceis? Tipo, se o indivíduo persiste em sua teimosia e incredulidade, simplesmente o removemos de nossa lista de oração, não é? Prepara logo o caixão!
Será que João sugere que precisamos identificar os pecadores mais perdidos e ficar longe deles e orar apenas por aqueles que parecem estar mais abertos a repreensão e correção?
Preciso admitir, meu amigo, que lutei bastante com este texto. Como poderemos determinar quem peca de forma tão séria a ponto de Deus retirar sua vida e quem não peca com essa seriedade? Como determinar por quem oraremos e por quem não oraremos se os dois estão vivos?
Se observarmos o final do verso 15 onde João encoraja nossa vida de oração, vemos: estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito. Agora, o verso 16 diz no final: Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue.
Parte da resposta se encontra na mudança de verbo. No verso 15 e na primeira frase do verso 16, João usa o verbo aiteo para “fazer pedidos” e para pedirá. O verbo aiteo é comumente associado ao ato de fazer pedidos em oração. Portanto, o mesmo verbo aiteo ocorre no verso 15 e no início do 16: estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito. Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá.
Agora, no final do verso 16, lemos: Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue. Nossa conclusão natural é a de que João nos manda não fazer pedidos por essa pessoa que peca para a morte. O apóstolo, contudo, muda o verbo; agora, ele emprega erotao. João, mais do que qualquer outro escritor bíblico, usa essa palavra para se referir a alguém que pede informação. Ele significa “pedir informação.”
Então, João diz no final do verso 16: Há pecado para morte, e por esse não digo que peça informação. Em outras palavras, não cabe a você saber os detalhes.
A palavra é usada:
- Quando Jesus pergunta aos discípulos quantos pães havia (Marcos 8.5);
- Quando Jesus pergunta aos discípulos o que as pessoas pensavam que Ele era (Mateus 16.13);
- Quando os discípulos perguntam a Jesus o significado das parábolas—eles queriam mais detalhes, mais informações.
E João emprega a mesma palavra aqui no final do verso 16.
Portanto, a atitude de tentar determinar qual pecador tende a se arrepender e qual peca para morte a fim de orar por ele—algo que nos levaria exatamente a buscar mais informação sobre a situação de seu pecado—é justamente o contrário do que João nos manda fazer aqui. O apóstolo nos manda simplesmente orar pelos dois. Não precisamos de mais informação a fim de fazer intercessão; os detalhes pertencem a Deus.
Não precisamos saber quem talvez será disciplinado e quem talvez será restaurado; não precisamos saber o que Deus fará no final. João diz: “Isso não nos diz respeito.” A única coisa que precisamos fazer é orar; esse é o ensino de João. Ore! Faça orações desesperadas pelos indivíduos que se desesperaram em seu pecado. Ore fervorosamente por pessoas que se tornaram escravas de suas paixões. Não sabemos; Deus pode muito bem usar sua vida para restaurar o pecador à saúde e vida espirituais.
Então, até agora sabemos que não existe um pecado em particular que pode causar a morte; até mesmo o chamado “pecado imperdoável” não passa de rejeitar o Evangelho de Jesus Cristo.
Também descobrimos que ninguém deve ser removido de nossa lista de oração, pois não cabe a nós saber quem enfrentará a disciplina de Deus e quem se arrependerá. O Senhor simplesmente nos manda orar.
Agora, vamos mergulhar mais fundo no coração da mensagem de João aqui. Permita-me destacar três características da intercessão bíblica.
- Primeiro: o Senhor deseja que sejamos confidenciais em nossa intercessão.
João escreve no verso 16: Se alguém vir a seu irmão cometer pecado. Pare aqui por um instante. João emprega um verbo aqui que significa que realmente vemos o outro irmão cometendo pecado. Ou seja, não é uma suspeita, mas um fato que se observa. Você é uma testemunha ocular.
Então, o que você deve fazer quanto ao assunto? João continua: Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, ele irá chamar 7 amigos e contar o que aconteceu, ou pedir por esse irmão na próxima reunião de pequenos grupos.
Não. Não fale com ninguém além de Deus; fale com Deus sobre esse irmão e você pode ter certeza que Deus guardará o segredo. Conforme disse um autor: “O melhor antídoto para o escândalo é a oração.”
A verdade é que nunca oramos por pessoas sobre as quais fofocamos, e jamais fofocamos sobre pessoas pelas quais oramos.
Se você vir seu irmão pecado, vá conversar com Deus sobre o problema.
A propósito, você percebe como essa primeira parte é fácil? É fácil identificar pecado na vida de outra pessoa e ignorar o seu próprio. De fato, somos especialistas em enxergar pecado nos outros. Por outro lado, não somos especialistas em interceder por pecadores.
João quer que sejamos confidenciais. Isso não significa que você não pode incluir outros guerreiros de oração; certifique-se apenas de que eles estão orando.
- Segundo: o Senhor deseja que sejamos confiantes em nossa intercessão.
Lemos na última parte do verso 16: e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Em outras palavras, sua vida de oração junto com sua interação pessoal com o crente em pecado se torna o canal através do qual Deus escolhe trabalhar na vida do crente em pecado, transformando sua vida e coração para que não retroceda na fé.
Paulo escreveu palavras poderosas em Gálatas 6.1:
Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.
Percebeu isso? Você é a pessoa que Deus usa para restaurar irmãos em pecado.
Tanto Paulo como João viam a oração, intercessão e interação com crentes como conduítes da graça de Deus. Você se torna o canal da bênção. No fundo, todavia, sabemos que é obra da graça de Deus, mas os apóstolos revelam que, no mistério da vontade de Deus, Ele se regozija em nos usar para interceder e restaurar.
Portanto, seja confidencial e seja confiante.
- Terceiro: o Senhor deseja que sejamos contínuos em nossa intercessão.
João afirma que não nos cabe saber se o crente será restaurado ou se o descrente será salvo—ele simplesmente nos manda orar.
Sinceramente, não precisamos de alguém nos encorajando a não orar—isso é natural. Nós nos esquecemos dos outros e passamos a maior parte do tempo orando por nós mesmos.
João se une ao apóstolo Paulo ao nos instar a orar desesperadamente por situações desesperadoras e por pessoas desesperadas.
Naquela clássica passagem sobre a batalha espiritual, em Efésios 6, Paulo descreve a armadura do crente, os perigos das batalhas que travaremos enquanto proclamamos a verdade contra sistemas mundiais que guerreiam contra nós e contra o Evangelho. Paulo nos veste com a armadura e diz: “Pronto, agora, ore!”
com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo (Efésios 6.18–20).
Lemos em 1 Tessalonicenses 5.25: Irmãos, orai por nós.
João diria: “Você não sabe quem irá crer e quem recusará crer; então, ore por ambos!” Isso significa que não devemos, jamais, rotular uma situação como sem esperança. E isso apesar de o indivíduo poder ter chegado ao ponto em que é disciplinado da comunhão da igreja, como no caso do imoral não arrependido de 1 Coríntios 5, o qual Paulo mandou que fosse entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor. Ou seja, o crente disciplinado não perdeu sua salvação—não deixou de ser filho—mas perdeu sua comunhão com a igreja e com Deus.
Esse homem imoral, todavia, nunca foi removido da lista de oração dos crentes. Então, quando Paulo escreveu sua segunda carta aos coríntios, ele se regozijou com o fato de esse mesmo homem haver se arrependido e estar pronto para participar da comunhão (2 Coríntios 2.8).
Talvez você tenha dúvidas a respeito de si mesmo—talvez você não seja crente e esteja pensando: “Será que cometi algum pecado indigno de perdão, será que fui longe demais, me rebelei contra Deus a ponto de Ele não mais me perdoar?”
Quero que você pense no ladrão pendurado na cruz ao lado de Cristo; em breve ele estará morto. De início, ele zomba de Jesus com a multidão, mas depois para, olha para o corpo ensanguentado do Salvador e diz: “Senhor, se houver alguma possibilidade de você se lembrar de mim quando vier no seu reino, posso entrar?”
O que Jesus disse? “Você só pode estar brincando. Você passou a vida inteira como um incrédulo, como um criminoso roubando e matando (Jesus sabe todos os pecados que esse homem cometeu). Tipo, você, de todas as pessoas, você chega no final da vida e agora quer uma chance de ir para o céu?”
Claro que sim!
Esse homem praticou pecados horrendos a vida inteira e, no seu último dia, logo antes da morte, recebe a vida eterna.
Você não precisa saber das tendências do indivíduo, não precisa de todas as informações; você não precisa saber o que Deus tem em mente. Você apenas intercede, faz orações desesperadas por pessoas desesperadas.
Será que existe esperança para o mais duro dos corações? Meu querido, não existe pecado humano algum que esteja além do alcance do perdão divino. Isaías disse isso da seguinte forma: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã (Isaías 1.18).
Uma revista que assino trouxe um artigo alguns anos atrás sobre o índice de suicídios no Japão que cresce a cada década. Na última década, 30 mil pessoas cometeram suicídio. Em seguida, a revista trouxe a história de um homem chamado Yokio Shige, um detetive aposentado e crente. Todos os dias desde 2004, ele patrulha um lugar chamado Falésias de Tojinbo, na costa do Mar do Japão, onde suicídios são populares. Yokio vai para esse lugar em busca de pessoas que pensam em se matar. Se ele vê alguém com um semblante suspeito de que se jogará dos despenhadeiros para dentro do mar, ele se aproxima da pessoa, dá um “oi” e depois faz o melhor para conseguir conversar com ela. Num dado momento durante a conversa, quando Yokio toca no ombro da pessoa, ela começa a chorar. Ele diz: “A vida tem sido difícil até agora, não é?”
Mas ele não para por aí. Ele convida o indivíduo para o seu escritório e lhe oferece aconselhamento, de graça. Mas, primeiro, ele oferece um prato de arroz servido com molho. Tradicionalmente, a comida é feita na ocasião do Ano Novo; cada família pega seu arroz e mistura com os dos seus vizinhos. Yokio disse ao repórter: “Quando as pessoas vêm aqui e comem esse arroz, elas geralmente se lembram das coisas boas do passado e ponderam, implicitamente, no fato de que existe um novo ano pela frente.”
Até agora, 188 homens e mulheres desesperados foram resgatados e restaurados à vida através de sua mensagem calma, pessoal e carinhosa.
A igreja tem muitos organizadores, mas pouco trabalhadores; muitos entram e pagam, mas poucos entram e oram. A igreja tem muitos que descansam, mas poucos que lutam; muitos empreendedores, mas poucos intercessores. Dízimos podem construir uma igreja, mas lágrimas lhe dão vida.
João concordaria e nos desafiaria. Ele diria: “Veja bem: você não sabe para onde aquela pessoa está indo, não sabe se ela se jogará do desfiladeiro ou não. Então, interceda por ela, chame-a, convide-a para uma conversa, uma refeição; ofereça-lhe conselho. É assim que se começa um novo ano, uma nova vida.”
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 10/11/2013
© Copyright 2013 Stephen Davey
Todos os direitos reservados
Add a Comment