Semelhança de Família

Semelhança de Família

by Stephen Davey

Semelhança de Família

De Coração para Coração—Parte 3

1 João 3.4–10

Introdução

Em seu discurso recente numa formatura de bacharéis, Ravi Zacharias contou a história de um prisioneiro político chamado Andres Thomas, o qual estava dentre os muitos prisioneiros que a Rússia começou a soltar no ano de 2000. Andres havia ficado preso por 55 anos. Ele era húngaro e não parava de conversar com as pessoas usando uma linguagem ininteligível, aparentemente sem nexo—ninguém conseguia entender seus murmúrios e, às vezes, até seus discursos animados. Oficiais decidiram executar aquele senhor, pensando que havia enlouquecido. Alguém disse: “Pelo menos tragam um psiquiatra para examiná-lo antes de executá-lo.”

Então, os oficiais trouxeram um psiquiatra húngaro para examiná-lo; ele ficou com Andres por alguns dias e concluiu seu diagnóstico, dizendo: “Sabem de uma coisa? Ele não está maluco; Andres não está falando algum idioma inventado e sem nexo; ele está falando um antigo dialeto húngaro. Suas condições na cadeia, contudo, quase o deixaram louco; vocês o trouxeram para cá quando ele tinha 20 anos e ele ficou confinado numa solitária por 55 anos. Devolvam-no a nós e trataremos de sua saúde.” Então, deram-lhe uma cadeira de rodas e o liberaram.

Uma das primeiras coisas que pediu foi um espelho; fazia 55 anos que não via um espelho. Quando lhe deram um espelho, Andres o segurou diante do rosto por um instante e rapidamente o abaixou, levou as mãos ao rosto e pranteou descontroladamente.

Como você acha que se sentiria se passasse mais de meio século sem ver seu reflexo? Começar com a virilidade robusta da juventude e agora, pela primeira vez em mais de meio século, de repente ver o que todos aqueles anos fizeram com você.

Ravi continuou falando com certo humor, mostrando como não valorizamos algo tão simples como um espelho; ele disse: “Nós nos levantamos todas as manhãs, lavamos o rosto, colocamos formas inocentes que nos desfiguram e saímos andando com a aparência que gostaríamos de ter. Mas, na verdade, é como se voltasse de uma longa viagem e percebesse que se assemelha mais à foto do seu passaporte do que a outra coisa qualquer.”

Em seguida, Ravi perguntou: “Será que existe um espelho para a alma, um reflexo mostrando qual deveria ser nossa aparência?” E ele começou a pregar na vida do profeta Daniel.

Foi impossível não pensar em Tiago 1.25, onde lemos que a Palavra de Deus é o nosso espelho que reflete a aparência que devemos ter. Olhamos para o espelho da Palavra e ela reflete a nossa aparência agora e também a aparência que deveríamos ter.

Bom, encontramos esse espelho também em 1 João 3. O que vemos e devemos ver nesse capítulo é uma Semelhança de Família—o reflexo de alguém que pertence à família de Deus. Seguramos o espelho e imediatamente somos confrontados com nossa complexidade espiritual; descobrimos coisas que distorcem nosso reflexo.

De fato, nessa analogia espiritual, João deixará bem claro que o pecado é um agente que distorce, desfigura e destrói nosso reflexo e a imagem de Cristo em nós e através de nós.

Em apenas 7 versos, nos versos 4–10 de 1 João 3, o apóstolo menciona a palavra “pecado” 10 vezes. Ele diz basicamente que precisamos diariamente lidar com o reflexo do pecado, com nossa predisposição caída para pecar e com os efeitos desfiguradores do pecado. Não há necessidade de esconder essa necessidade, não precisamos redefini-la; ela precisa ser exposta e depois tratada.

Nessa passagem, João responderá as perguntas: “Qual é o problema do pecado, de fato? O que há de tão horrível no pecado?” Em sua resposta, o apóstolo fornece pelo menos 6 razões que revelam por que o pecado é tão terrível, errado, distorcido e deturpado.

  • A primeira razão é: porque pecar significa repudiar o padrão santo exemplificado por Cristo, v. 4.

Pecar é afrontar os padrões puros e santos de Deus exemplificados por Cristo, conforme João já destacou antes no verso 3:

E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.

O pecado afronta os parâmetros morais e éticos que Deus forneceu em Sua Palavra e que Cristo exemplificou.

A Bíblia apresenta, a propósito, várias definições para o pecado:

  • Elaborar coisas insensatas é pecado (Provérbios 24.9);
  • Saber o que é a coisa certa e não fazê-la é pecado (Tiago 4.17);
  • Toda injustiça é pecado (1 João 5.17).

Pecado, portanto, é repudiar, negar, desobedecer, recusar seguir os padrões de santidade estabelecidos por Deus.

A palavra pecado (hamartia) foi usada com frequência no período clássico para o ato de errar o alvo. O Novo Testamento adiciona à palavra hamartia a característica de rebelião: pecar é uma atitude de hostilidade contra a autoridade de Deus. Então, a ideia não é apenas de mirar suas atitudes no alvo de Deus e errar. Pecar é muito mais do que isso; pecar é mirar na direção oposta ao alvo de Deus de propósito. Pecar é uma rebelião propositada; não é uma escolha infeliz ou um erro acidental. Pecar é um desvio deliberado do alvo do padrão justo de Deus. É isso o que João quer dizer quando escreve no verso 4: o pecado é a transgressão da lei. Pecar é violar a lei de Deus.

Isso automaticamente cria um problema, não é verdade? Até mesmo em nossa geração isso gera tremenda confusão no sistema judiciário e educacional. Se evitamos a lei de Deus, a sociedade inteira é lançada em confusão; ninguém sabe mais na prática a diferença entre certo e errado, o que é pecaminoso e o que é aceitável.

Talvez o pecado seja apenas produto de uma herança genética ou hormônios da adolescência; talvez seja algo justificável à luz de uma criação limitada ou condicionamento cultural; talvez nosso entendimento de certo e errado não passa de uma relíquia das origens evolucionárias.

Eu já ouvi todo tipo de argumento buscando justificar a promiscuidade de homens casados que simplesmente não conseguem parar de adulterar. Eles dizem que é um resquício da evolução—o animal alfa macho dominante do qual descendem apenas garantiu a continuação de seu DNA. Eles são machos dominantes e fazem isso mesmo.

Esse é um dos motivos por que existe tanta atenção voltada à pseudociência chamada neurocriminologia, a qual enxerga comportamento criminoso como nada mais do que um resultado genético infeliz—isso faz parte da constituição genética do criminoso.

Um tempo atrás, um rapaz matou vários alunos numa escola nos Estados Unidos com uma arma. Os jornais noticiaram o desastre com a seguinte manchete: “Os Genes Fizeram Isso.” Eu pensei que o jornal estava sendo sarcástico, mas não. Segundo disseram, o atirador não pôde se conter.

No livro Pastoreando O Coração da Criança, Tedd Tripp reproduz a perspectiva interessante  do Departamento de Crimes da polícia do estado de Minnesota, Estados Unidos:

Todo bebê começa a vida totalmente centrado em si mesmo—ele quer o que quer quando quer: a mamadeira, a atenção da mãe, o brinquedo de seu amiguinho e o cuidado do tio. Negue essas coisas e ele ferve com uma ira que seria assassina, caso não fosse tão pequeno e indefeso. Isso significa que todas as crianças, não somente algumas, nascem crianças delinquentes.

Veja até que ponto chegamos.

O problema com a perspectiva moderna é que ela afeta o coração descrente que buscamos alcançar com o Evangelho. O ser humano não tem um problema com o pecado, mas um distúrbio, uma predisposição genética que gera desejos e atitudes que têm que estar corretos porque são fortes demais.

O Evangelho que apresentamos, entretanto, não lhes fornece salvação de seus distúrbios mentais, mal funcionamento genético ou virilidade de alfa dominante. O Evangelho prega um Salvador que lhes salva do pecado.

E este é o maior problema da humanidade: o ser humano se encontra numa rebelião à lei de Deus que anuncia o padrão santo de Deus.

O pecado é terrível porque ele repudia o padrão justo exemplificado por Cristo.

  • A segunda razão por que o pecado é terrível é: porque pecar menospreza o sacrifício maravilhoso de Cristo, v. 5.

Lemos no verso 5:

Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.

Em outras palavras, Jesus Cristo não somente exemplificou pureza e ausência de pecado, Ele também veio especificamente para lidar com a nossa pecaminosidade.

Ele se manifestou—essa é uma referência à primeira vinda de Cristo como bebê, vivendo uma vida sem pecado, anunciado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29). E Ele cumpriu Sua missão ao morrer na cruz, o Cordeiro de Deus sacrificado de uma vez por todas para tirar os pecados.

Como vemos, se eliminarmos o conceito do pecado, eliminamos a necessidade e a bênção do perdão. Esta foi a missão de Cristo: Ele veio para tirar pecados, algo que se refere àquele evento único na cruz. Como lamentou um escritor: “Nós nos livramos de Deus e agora não temos ninguém para perdoar nossos pecados.”

A tragédia do pecado é que ele menospreza, rejeita o maravilhoso sacrifício de Cristo; consequentemente, ele rejeita a solução gloriosa de Deus para o problema do pecado. Ouça as palavras poderosas das Escrituras a esse respeito:

Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira (Romanos 5.6–9).

Um autor disse:

  • Se a maior necessidade da humanidade fosse educação, Deus teria nos enviado uma hoste de professores.
  • Se a maior necessidade da humanidade fosse avanço tecnológico, Deus nos teria enviado engenheiros.
  • Se a maior necessidade da humanidade fosse saúde, Deus nos teria enviado médicos.
  • Se a maior necessidade da humanidade fosse dinheiro, Deus nos teria enviado economistas.
  • Mas o nosso maior problema é o pecado; por isso, Deus nos enviou um Salvador.

Logo no princípio da passagem, João segura o espelho e diz: “Dê uma boa olhada no seu reflexo. Todos nós temos um problema sério chamado pecado. Vamos reconhecer essa realidade e, em seguida, nos gloriar em nosso Salvador que nos resgata e expia nosso pecado com sua morte e ressurreição.”

Mas, no caso daqueles que rejeitam Cristo e continuam pecando, João adverte que pecar repudia o padrão santo de Deus e menospreza o maravilhoso sacrifício de Cristo.

  • Terceiro: o pecado é terrível porque pecar é uma falta de desejo de andar com Cristo, v. 6.

Lemos no verso 6:

Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.

Nesse verso, João fala da pessoa que possui um estilo de vida pecaminoso; ele descreve a pessoa que mantém pecado contínuo, sem arrependimento, sem parar e sem se envergonhar. Ou seja, esse indivíduo não está preocupado em permanecer em Cristo.

E lembre-se da definição de pecado que João fornece no verso 4: transgressão da lei, rebelião aberta e afrontosa contra Deus.

Nesse parágrafo, João começa a descrever dois tipos de pessoas. Primeiro, o descrente rebelde e afrontoso que ama praticar o pecado e não permanece em Cristo, nem tem comunhão com Ele. O segundo tipo de pessoa é o crente obediente redimido que ama praticar a justiça e deseja ter comunhão e permanecer com Cristo. Esta é a direção geral de suas vidas: ou vão em direção a uma rebeldia aberta contra Deus, ou em direção a um relacionamento permanente com Cristo.

João escreve que a pessoa que afirma conhecer Cristo pela fé—ou seja, que possui um relacionamento pessoal com Cristo—mas vive em rebelião escancarada a Deus numa vida de pecado engana a si mesma.

João aqui contrasta a diferença entre pecadores (algo que todos nós somos) e um estilo de vida devotado ao pecado. Essa é a diferença entre pecar na vida e viver para pecar.

João descreve aqui alguém que anseia pelo pecado, anela pecar, que fica chateado porque não consegue realizar algum pecado. Esse tipo de atitude anula a possibilidade de existir um relacionamento verdadeiro, real com Jesus Cristo.

Numa dada ocasião, Spurgeon disse crer que a maioria dos frequentadores de igrejas não passa de adoradores indiferentes e inativos de um Deus desconhecido. Ou seja, eles não conhecem Cristo ou nunca O viram pela fé; eles não querem comunhão com Cristo, que é justamente o que João descreve no verso 6.

Por outro lado, o crente genuíno anseia ser santo, anela pelo dia quando não terá mais que lutar contra o pecado; ele fica chateado porque não vive mais corretamente durante o dia, não porque não teve uma oportunidade para pecar.

Agora, deixe-me tratar de algo aqui que talvez você esteja até pensando. Sabemos com base em outras passagens bíblicas, como 1 Coríntios 5, que é possível ser crente verdadeiro, mas estar praticando algum pecado em rebeldia e sem se arrepender. O crente pode ficar preso e embaraçado com o pecado (Hebreus 12.1).

Entretanto, a diferença é que o crente em pecado caminha em direção à disciplina:

  • Disciplina pela Palavra: essa forma de disciplina de Deus pode ser uma correção das Escrituras, algo que é diário.
  • Disciplina pela igreja: Paulo escreveu em 1 Coríntios 5.2 que a igreja deveria ter tirado de seu meio o pecador impenitente.
  • Disciplina por Deus o Pai: na verdade, se o indivíduo em pecado não for disciplinado, então ele não é filho de Deus legítimo (Hebreus 12.6–8).
  • Disciplina em forma de uma consciência perturbada, consequências duradouras, perda de um ministério eficaz, perda de uma recompensa futura, perda até de vida física (1 Coríntios 11).

Portanto, não entenda errado o que João diz aqui. O fato de o crente poder pecar e não perder sua salvação não representa para o crente verdadeiro uma oportunidade para pecar à vontade.

Na verdade, exatamente o contrário acontece—o crente genuíno entende:

  • que pecar é repudiar o modelo santo e puro de Cristo;
  • que pecar menospreza o maravilhoso sacrifício de Cristo;
  • e que pecar indica uma falta de desejo de andar com Cristo.

O pecado é terrível por todos esses motivos.

  • Mas ainda existe uma quarta razão por que pecar é algo terrível: pecar revela aliança com o inimigo de Cristo, vv. 7–8.

Veja os versos 7–8:

Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo.

O verbo destruir não significa “aniquilar,” mas se refere à vitória de Cristo sobre Satanás na cruz, quando Cristo esmagou a cabeça da serpente e cancelou o poder de suas garras sobre e humanidade e sobre o túmulo.

Nenhuma obra de Satanás conseguirá derrotar os santos que foram já libertados do reino de morte e escuridão e conduzidos ao reino de vida e luz de nosso Senhor.

Por que o crente desejaria se envolver com pecado? Ao pecar, você apoia o inimigo de Cristo, você se submete ao inimigo que se alegra em usar o nosso pecado para:

  • Desonrar Cristo;
  • Difamar Seu nome;
  • Descreditar Seu Evangelho;
  • Escandalizar Sua igreja.

A pessoa que abertamente se rebela contra Deus age como o diabo que se rebelou abertamente ao tentar destronar Deus e tomar o reino celestial, algo que levou Deus a remover o diabo do céu juntamente com seus anjos caídos (Isaías 14).

O plano de Satanás não mudou, apesar de saber que sua derrota final é certa e que sua prisão eterna no inferno é garantida—ele já leu o final do livro de Apocalipse também. Mas, desde então até hoje, um dos seus maiores deleites é tentar alguém a não adorar Deus e a abertamente se rebelar e afrontar Deus.

Em sua carta, João contraria os ensinos falsos dos gnósticos que diziam que pecar não é algo tão sério assim; Deus nem percebe!

João escreve: “Não. Na verdade, Deus percebe; e Satanás também percebe. Ao pecar, o indivíduo rebelde, na realidade, une forças com o diabo em desonrar Deus.”

Pecar revela aliança com o inimigo de Cristo.

  • Em quinto lugar, pecar é terrível porque viola a vida interna de Cristo, v. 9.

Leia o verso 9:

Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.

João diz que, por causa desse novo princípio da vida dentro do crente, ele não pode viver pecando. Ele chama esse novo princípio de vida de semente divina. Paulo chama essa nova vida de “novo homem” (Colossenses 3.10) com novos padrões, apetites, objetivos e hábitos.

Você pode ser tentado a pensar que o que realmente precisa fazer para vencer o pecado é fugir de todas as formas de tentação. Tipo, a única maneira de desenvolver santidade e permitir que essa semente cresça é se retirando do convívio de pessoas impuras, não é verdade?

Um autor escreveu em seu comentário algo que mostra por que isso não dá certo.

Um homem decidiu fugir de todo barulho, clamor e tentação da raça humana e entrou para um monastério. Ele entrou para um sobre o qual já tinha ouvido falar, que tinha exigências árduas para quem desejava fazer seus votos finais. Os monges tinham que servir no monastério em silêncio; eles só podiam falar a cada 5 anos e, mesmo assim, apenas 2 palavras. “Perfeito,” pensou esse homem, “nada de telefones, clientes me ligando, tentações para todo lugar, cartões de crédito, televisão, pessoas.” Então, ele entrou para a vida monástica e não disse nem mesmo uma palavra nos primeiros 5 anos. Ao final desse período, ele foi convocado para o escritório do seu superior onde poderia proferir suas 2 palavras.

“Comida ruim,” reclamou ele. O superior respondeu de forma meio rígida: “Certo. Levarei sua observação em conta.”

O nosso monge voltou às suas responsabilidades e, por mais 5 anos, não disse uma palavra sequer. Ao final desse segundo período, seu superior o convocou novamente e lhe perguntou quais seriam suas duas palavras.

O homem replicou: “Colchão duro!”

Daí, por mais 5 anos ele não disse nada. Seu superior o convocou e perguntou se tinha algo a dizer antes de fazer seus votos finais. O homem disse: “Eu desisto.”

O superior replicou: “É, não fico surpreso com isso; a única coisa que você fez desde que chegou aqui foi reclamar!”

Em outras palavras, entrar para um monastério não resolve as murmurações e desejos do coração que você leva lá para dentro.

Então, como desenvolver um coração de pureza e santidade e hábitos agradáveis a Deus? Isso está diretamente ligado a esse princípio de vida interno, a nova natureza do crente. Conforme disse um autor, nós, na verdade, temos o ímpeto de não pecar.

Ainda lutamos com o apelo do pecado, mas temo o ímpeto para não pecar; e de onde vem esse sentimento? Da semente de Deus. Pedro se refere a ela como a palavra de Deus implantada em nossos corações, a qual é germinada e nutrida pelo Espírito Santo que habita em nós; ela cresce e desenvolve nossa nova natureza, essa nova vida, esse novo homem.

Essa natureza quer que nos afastemos do pecado. Por que? Porque pecar:

  • Repudia o padrão santo exemplificado por Cristo.
  • Deprecia o maravilhoso sacrifício de Cristo.
  • Indica falta de desejo de andar com Cristo.
  • Revela aliança com o inimigo de Cristo.
  • Viola a vida interna de Cristo.
  • Por fim, em sexto lugar, pecar é terrível porque oblitera o distintivo de se pertencer a Cristo, v. 10.

Lemos no verso 10:

Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.

João meio que resume tudo nesse verso, não é? Os filhos de Deus amam a justiça; os filhos do diabo amam o pecado.

João diz que a diferença entre o filho de Deus e o filho do diabo deve ser óbvia: enxergamos o pecado de forma radicalmente diferente do que o mundo ao nosso redor; nós nos submetemos à Palavra de Deus, ao Espírito de Deus e ao povo de Deus.

Como filhos de Deus, a coisa que mais desejamos é segurar o espelho da Palavra de Deus e ver uma semelhança à família de Jesus Cristo, o qual nos amou e se entregou por nós, a fim de nos tornar membros eternos de uma família perdoada.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 19/05/2013

© Copyright 2013 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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