
Além do que Podemos Imaginar
Além do que Podemos Imaginar
De Coração para Coração—Parte 2
1 João 3.2–3
Introdução
Sua mãe italiana lhe deu o nome de Marco, o escritor de um dos Evangelhos e discípulo de Jesus, na esperança de que ele também fosse propagar o Evangelho. Quando Marco tinha apenas 17 anos de idade, ele começou uma jornada épica com seu pai e tio mercadores—uma jornada em meados do século 13 e que duraria mais de 25 anos.
Os três homens acabariam viajando por nações e países como Rússia, Afeganistão, Pérsia e pelos Himalais. Eles se tornaram os primeiros europeus a entrar no vasto Império da China, na época governado por Kublai Kahn no que hoje é Beijing.
Marco Polo se tornou o preferido do imperador Kublai—o regente mais poderoso do maior reino no planeta terra. Por muitos anos, o imperador impediu Marco de voltar ao seu lar em Veneza para usa-lo como um representante do palácio ao explorar as várias regiões do reino.
Marco Polo viu e escreveu sobre cidades que faziam as capitais europeias parecerem pequenas vilas de beira de estrada. Ele até falou que os castelos da Europa não passavam de miniaturas diante do palácio do imperador chinês. Conforme Marco, a sala de jantar do palácio tinha uma capacidade para 6 mil convidados de uma só vez, e cada um utilizando utensílios de ouro puro.
Marco viu a primeira nota de dinheiro em papel, o uso de um sistema postal bem desenvolvido com divisões de primeira, segunda e terceira classe. Ele também escreveu sobre o poder explosivo da pólvora, e demoraria mais de 400 anos até que a Europa manufaturasse a mesma quantidade de metal que a China manufaturava em 1267.
Após servir o imperador por quase duas décadas, Marco Polo recebeu autorização para retornar para casa. Seus pertences foram todos carregados em mais de uma dúzia de navios com outras 600 pessoas. Ele nunca registrou por escrito por que chegou apenas com um navio e 18 sobreviventes, mas sabemos que levaria mais de 2 anos para completar a viagem. Ele partiu para Veneza carregado de ouro, seda e especiarias, inclusive com a receita favorita inventada pela culinária chinesa: macarrão.
Os italianos receberam todo crédito por isso!
Muitas pessoas eram céticas quanto às lendas fantasiosas de riqueza, comércio, arquitetura e cultura; a maioria dos europeus do século 13 pensava que Marco falava de algum lugar místico de sua própria imaginação.
Aos 70 anos de idade, Marco Polo se encontrava em seu leito de morte. Conforme diz a lenda, familiares o encorajavam a confessar os exageros e mentiras antes de morrer—mas ele não teve nada a confessar. Na verdade, o que sabemos é que ele morreu após proferir suas famosas palavras finais: “Não contei nem metade do que vi, porque sabia que ninguém acreditaria em mim.”
1300 anos antes de Marco Polo descrever suas explorações pela China, um apóstolo de Jesus Cristo chamado João escreveu sobre uma jornada incrível ao palácio do próprio céu. E no seu registro conhecido como o livro de Apocalipse, João descreveu algumas imagens e sons celestiais que ainda desafiam nossa imaginação.
Mas antes de sua exploração celestial, João já tinha enviado várias cartas às igrejas falando sobre a herança do crente e como a glória vindoura de Cristo fortaleceriam e incentivariam cada aspecto da vida cristã.
Até mesmo em suas cartas pequenas, João revela claramente estar cativado pela certeza de não somente ver a glória do Senhor ressurreto, mas a herança futura dos filhos de Deus também. Ele não quer que nada passe despercebido aos nossos olhos.
Acompanhe comigo a leitura de 1 João 3.1:
Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus...
Em outras palavras, não se esqueçam de quem somos:
- Fomos escolhidos pelo Pai e nascemos de novo pelo poder da vida divina;
- Fomos adotados à família de Deus pelo cumprimento da lei divina;
- E somos noivos do Deus Filho por meio da aliança do amor divino.
Agora, somos realeza. João diz: “Vejam só isso! Somos filhos de Deus!”
Alguns anos atrás, observei impressionado a visita do segundo Príncipe do País de Gales aos Estados Unidos, uma visita que durou uma semana. Os jornais noticiaram tudo detalhadamente; notícias e fotos não paravam de aparecer no meu celular.
Fiz uma pesquisa, então, para descobrir o porquê de tanto alarde. Ele foi fotografado junto aos senadores, encontrou-se com a esposa do presidente, participou de eventos especiais, etc. Descobri que a visita não teve nenhum teor oficial; não foi por que portava uma mensagem importante de sua avó, a rainha da Inglaterra; não foi por que tinha algo a oferecer para a presente situação da antiga colônia inglesa. Toda a agitação deveu-se ao fato de ele ser membro da família real e foi tratado devidamente, e com justiça, com respeito real e como um convidado de honra. E não foi por causa de algo que tinha a dizer, mas simplesmente por causa da família à qual pertencia. E as pessoas queriam ver o príncipe de perto.
João escreve no verso 1: o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Em outras palavras, o mundo não faz ideia ao passar ao seu lado de que você é membro da família real divina; o mundo não faz ideia de que, quando esbarra em você ou ignora seu cumprimento, ele despreza um príncipe ou princesa radiante de pedigree real que um dia se assentará num trono como co-regente com o Deus Filho eterno Criador. Ninguém faz fila para tirar fotos suas; eles não fazem ideia de quem você é.
Contudo, João não está tão preocupado com as pessoas que nos ignoram; ele se preocupa com aquilo que nós ignoramos!
Então, nos próximos dois versos, João apresentará dois argumentos e três reações.
Dois Argumentos
- O primeiro argumento é: quem nós somos.
Veja que ele adiciona por questão de ênfase no verso 2: Amados, agora, somos filhos de Deus. É como se João dissesse: “Eu sei que já disse antes, mas quero repetir—somos filhos de Deus.”
Não se esqueçam da família a qual pertencem; vocês estão relacionados a Deus—agora: Amados, agora, somos filhos de Deus.
Ou seja, não espere por seu manto e sua coroa; não espere para reconhecer sua posição apenas quando receber as responsabilidades no reino futuro.”
João descreveu o reino em Apocalipse 19 e 20, e ele admitiria que não contou nem metade da grandeza, esplendor, majestade e glória do império global futuro com Jesus no trono. Mas o apóstolo João quer que desenvolvamos uma convicção interna que é manifestada na nossa atitude externa. Isto acontece de ser quem nós somos, quer o mundo reconheça ou não: agora, somos filhos de Deus.
Esse é o argumento tremendo de quem nós somos. Mas isso é apenas o começo.
- O segundo argumento é: quem nós seremos.
Nesse verso, João introduz a perspectiva do “já/ainda não;” veja o verso 2:
Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.
Não ignore a convicção de João: sabemos que, quando [não, “se”] ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo.
João emprega o verbo saber no sentido de um conhecimento que produz convicção. O verbo ver é uma forma verbal rara que se refere não somente a ver com os nossos próprios olhos com percepção e reconhecimento, ou seja, a uma experiência física; o verbo fala de apreciação.
Embutida na futura glória de Cristo estará a obra do Espírito Santo dentro de nós gerando apreço imediato pelo Filho de Deus a um nível jamais experimentado nesta vida—magnificar, exaltar, apreciar e glorificar Cristo na adoração do único Deus vivo encarnado.
Saberemos que é Ele quando se manifestar. Aqui está mais uma vez uma referência à manifestação de Cristo ao crente que estiver vivo quando Jesus vier buscar Seus amados. Na ocasião do arrebatamento, nossos corpos glorificados se despirão da natureza pecaminosa de Adão e serão imortalizados e glorificados instantaneamente—seremos semelhantes a ele.
Esse é o tão esperado término de nossa santificação; nosso encontro futuro face-a-face com o Cristo glorificado completará nossa transformação segundo Sua semelhança. Seremos para sempre aperfeiçoados em santidade porque seremos como Cristo.
Isso não significa que seremos mini-deuses—onipresentes, onipotentes, oniscientes; esses não são atributos transmitidos a nós; pertencem a Deus somente. Mas isso significa que nossos corpos glorificados serão imortais, perfeitos, incorruptíveis sem a poluição do pecado.
Esse foi o anseio de Paulo no final de seu testemunho de Romanos 7: quem me livrará do corpo desta morte? João escreve que isso acontecerá quando Cristo se manifestar; aí, seremos semelhantes a Ele. Naquele momento, não estaremos mais presos à carne caída, pecaminosa e depravada e não teremos mais:
- O pecado obscurecendo nossas mentes;
- Egoísmo distorcendo nossos motivos;
- Orgulho prendendo nossos corações;
- Lascívia e cobiça desviando nossa adoração; e
- Descontentamento e avareza emudecendo nosso louvor e ações de graças.
Quando Cristo aparecer para arrebatar a igreja—ou segundos após a nossa morte—veremos o Senhor face-a-face. E João nos diz que, quando O virmos, iremos reconhece-lO e nosso amor e apreço por Ele serão o que sempre deveriam ter sido e tanto desejamos.
Do que João está convencido aqui? Existe ainda tanto por vir. Na verdade, não sabemos nem metade ainda!
- Com base nas curtas descrições do Novo Testamento, cada crente um dia terá um corpo ressuscitado, reconhecível e perfeito (1 Coríntios 15).
- Manteremos a singularidade de nossas personalidades; não seremos como robôs ou objetos sem personalidade e talento único; seremos apenas aperfeiçoados. Em outras palavras, se você não tocou piano na terra, não existe indicação bíblica de que saberá tocar o instrumento na eternidade. O que significa que, se não tocou harpa na terra, também não a tocará no céu.
- Também podemos observar que manteremos nossas lembranças da terra (Apocalipse 6.10), apesar de nossa memória ter sido aperfeiçoada com sabedoria piedosa, santa justiça e com a perspectiva de nosso Senhor soberano com quem falaremos face-a-face.
- Sabemos também que nossos corpos glorificados poderão comer comida, assim como Jesus comeu peixe assado com Seus discípulos após a ressurreição (Lucas 24.42).
- Lemos que Deus plantará a árvore da vida ao lado do rio da vida que dará diferentes frutos a cada 30 dias (Apocalipse 22.2), o que sugere a ideia de tempo, meses e anos. Entretanto, mesmo com essas dicas, eruditos no Novo Testamento ainda não conseguiram determinar se se trata de 12 tipos diferentes de fruta—um a cada mês—ou se as árvores produzem o mesmo fruto—frutos frescos—12 vezes por ano.
- Com base em outras passagens, concluímos que falaremos, aprenderemos, adoraremos, serviremos, teremos comunhão, exploraremos o novo universo, jamais adoeceremos, enfraqueceremos, cansaremos, nos envergonharemos, agonizaremos por causa do pecado, ou desejaremos poder ver o Senhor e conversar com Ele pessoalmente.
Sinceramente, a Bíblia não nos conta nem metade da glória de nosso estado eterno quando estivermos na presença de Jesus Cristo.
Mas gosto da forma como João escreve aqui: ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Ou seja, não seja enganado pelas aparências; existem semelhanças, mas grandes diferenças também. Um autor ilustrou isso da seguinte forma:
Ao vê uma amêndoa, você imagina uma enorme amendoeira? Não, pois ainda não manifestou o que a amêndoa há de ser. Quando vemos um filhotinho fraco, desengonçado e assanhado de uma águia, por acaso profetizamos que um dia ele voará com asas incansáveis pelo ar, que desafiará os fortes ventos e gritará para as nuvens? Não, ainda não se manifestou o que ele será. Com base numa lagarta que rasteja sobre i chão, podemos profetizar que um dia ela se erguerá do pó com asas de beleza colorida e fará seu lar junto às flores? Não, porque ainda não se manifestou o que ela será.
Meu querido, aqui está a convicção de João: eu e você somos apenas sombras do que um dia seremos. O apóstolo Paulo escreve que deixaremos de ser terrenos para ser celestiais; nossa mortalidade será trocada por imortalidade (1 Coríntios 15). Ainda não vimos nada!
Um teólogo escreveu uma parábola sobre essa passagem ao imaginar dois gêmeos dentro do ventre materno—um menino e uma menina—conversando.
A menina diz ao irmão: “Creio que existe vida após o nascimento.”
O irmão discorda: “Ah, não, esta vida agora é a única coisa que existe. Este é o nosso cantinho escuro e confortável, e a única coisa que temos a fazer é nos agarrar a esse cordão que nos alimenta.”
Mas a menina insiste: “Tem que existir algo mais além deste lugar escuro; deve haver outra coisa, um lugar com luz onde teremos liberdade para nos locomover.” Mesmo assim, ela não conseguiu convencer o irmãozinho.
Após alguns minutos de silêncio, a menina disse com certa hesitação: “Olha, tenho mais a dizer; acho que você não irá acreditar, mas creio que existe também uma mãe.”
“Uma mãe?!” gritou o menino, “o que você está falando? Nunca vi uma mãe, nem você jamais viu uma. Quem colocou essa ideia maluca na sua cabeça? Este lugar é a única coisa que temos. Por que você sempre está à procura de mais? Afinal, este lugar não é tão ruim assim.”
A menina replicou: “Mas... você não sente aqueles apertos de vez em quando? Eles são desagradáveis e às vezes até doem.”
“Sim,” o menino respondeu, “e o que que tem eles?”
“Bom,” disse a menina, “acho que esses apertos nos preparam para outro lugar muito mais bonito do que este onde eu, pelo menos, verei nossa mãe face-a-face.”
Duas convicções:
- A primeira diz respeito a quem somos;
- A segunda diz respeito a quem seremos.
Duas convicções, três reações. Ou seja, se cremos, de fato, que somos filhos da realeza divina, se cremos que Jesus Cristo aparecerá, e seremos imortalizados e aperfeiçoados conforme Sua imagem, o que faremos agora à luz dessas verdades? Conforme João, devemos buscar três reações contínuas.
Três Reações
Essas três reações se encontram no verso 3:
E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.
- A primeira reação que desejo destacar é: precisamos continuamente redefinir nossa ambição.
O que nele tem esta esperança—essa esperança é subjetiva e objetiva ao mesmo tempo: subjetiva porque nós a temos; objetiva porque a temos em Cristo.
A palavra que João emprega para esperança se refere à expectativa pela futura vinda de Cristo e da vida eterna em Sua presença.
Veja bem: a ideia de que viveremos para sempre faz parte de cada civilização na história humana. Os aborígenes da Austrália imaginavam um futuro eterno numa ilha distante além do horizonte ocidental; os finlandeses primórdios tinham o mesmo pensamento, só que a ilha ficava no oriente, não no ocidente; os mexicanos, peruanos e polinésios pensavam que viveriam para sempre ou no sol ou na lua após saírem da terra. Índios americanos criam que seus espíritos viveriam eternamente caçando os espíritos dos búfalos; a Epopéia de Gilgamesh mostra que os babilônios antigos criam num lugar de descanso numa árvore da vida; as pirâmides do Egito são testemunhos da crença de que corpos embalsamados seriam ressuscitados—até mesmo mapas eram depositados ao lado do corpo do faraó e de pessoas influentes para guia-los no mundo futuro; os romanos criam que descansariam nos Campos Elísios com cavalos pastando próximo.
Apesar de esses lugares e ambições eternos mudarem de cultura para cultura, existe um tema unificador ao redor do globo que emana do coração da humanidade: este mundo que vemos não é tudo. E eles estão certos, apesar de sua esperança estar fixada em lendas e testemunhos de homens mortos há muito tempo. Nossa esperança está fixada em algo radicalmente diferente. O mapa de nossa existência futura não se baseia nos ensinos de alguém deitado num túmulo que supostamente chegou ao lugar que cria—seus seguidores esperam que ele tenha chegado lá. Ao contrário, nosso mapa é uma Pessoa que saiu do túmulo e validou Sua alegação de ser o caminho, a verdade e a vida (João 14.6).
Nossa esperança não é uma lenda fantasiosa—ela foi confirmada na ressurreição historicamente validada de Jesus Cristo, o qual foi visto por mais de 500 testemunhas antes de subir aos céus (1 Coríntios 15.6). Portanto, nossa esperança está ancorada e fixada no Salvador ressurreto e assunto aos céus e que em breve voltará.
Mas a verdade é que nós, os crentes, podemos perder a objetividade de nossas ambições. Nunca conheci um crente que disse não estar interessado em estar no céu com Deus um dia. Contudo, o crente pode começar a ambicionar por coisas terrenas ao invés de desejar e buscar Cristo e Seu reino. Podemos começar a agir como colonizadores ao invés de peregrinos. Nossas ambições podem ser em nada diferentes das ambições dos pagãos terrenos que vivem apenas para a próxima promoção, próximo salário, próxima festa e próximo parceiro. Ao contrário dessa perspectiva terrena, o crente vive com uma perspectiva futura com sua esperança firmada em Cristo.
Portanto:
- Olhe seu talão de cheques e você descobrirá que Jesus importa para ele.
- Olhe sua agenda de atividades e você verá lugares que indicam que Jesus importa para ele.
- As pessoas que pertencem a Cristo são importantes para esse crente também, bem como aqueles que não pertencem a Cristo.
- Converse com ele sobre seus estudos ou emprego e verá que seus estudos e profissão não passam de lugares onde ele deseja mostrar que Jesus é importante.
Ter a nossa esperança em Cristo significa que Ele é o nosso maior tesouro.
Um jornal trouxe um artigo escrito por um homem que costumava trabalhar numa usina de aço. Esse ex-trabalhador da usina escreveu um livro no qual conta sobre o belo cenário quando poeira prateada subia ao solo numa área em que lâminas de aço eram enroladas numa torre de resfriamento. Por vários anos, visitantes e trabalhadores admiraram o cenário que era belíssimo especialmente à noite. Mas, daí, muito tempo depois, descobriram o perigo do mineral; muitas pessoas que haviam respirado aquela poeira prateada, especialmente muitos funcionários, assim como o autor do artigo, estão, agora, morrendo. Ele faz um comentário interessante no final: “E de pensar que todos brigávamos por aquele emprego.”
“Isso sim que é um emprego!” Aquele era o melhor lugar onde se trabalhar em toda a usina—“Quero aquela posição!”
Que ilustração perfeita de um encantamento mortal. Que tipo de poeira prateada buscamos hoje? São coisas que estão na moda, mas que, em breve, se mostrarão ser distrações perigosas, talvez até mortais.
O apóstolo João diz aqui que, se somos, de fato, realeza e se Cristo está voltando e trazendo consigo nossa imortalidade, devemos continuamente redefinir nossas ambições, nosso tesouro, nosso anseio.
- Segundo: precisamos continuamente lidar com a nossa purificação.
Veja o que João escreve no verso 3:
E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.
Obviamente, ele não se refere aqui à purificação da regeneração ou alguma capacidade pessoal de se purificar de pecado. João já deixou claro no primeiro capítulo da carta que o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado. O assunto aqui é a responsabilidade que temos de viver para Cristo em pureza.
O verbo se purifica retrata pureza cerimonial. Isso se assemelha aos sacerdotes do Antigo Testamento que lavavam suas mãos e os utensílios do Templo para serem cerimonialmente purificados para o serviço. Originalmente, o verbo “purificar-se” se referiu a algo limpo por meio de um ritual; posteriormente, no Novo Testamento, veio a se referir a uma dedicação interior total a Cristo. Essa é nada mais do que a disciplina de uma vida piedosa.
Paulo disse a Tito a mesma coisa que João nos diz aqui; ele escreveu em Tito 2.12–13:
educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.
Purificar a nós mesmos envolve a batalha diária de purificar o que fazemos em nossas mentes, pensamentos, língua, olhos, mãos, decepções, medos, injúrias, inimigos, planos, desejos, etc.
A questão é se nos purificaremos diariamente, ou se progrediremos centímetro após centímetro em direção a impurezas. Será que vamos chegar perto dos limites?
Um livro registra que aproximadamente 700 pessoas caíram dentro do Grand Canyon no decorrer dos últimos 140 anos. Muitas morreram por causa de queda de avião ou helicóptero; outras morreram afogadas enquanto andavam de bote no rio; ainda outras tiraram suas próprias vidas se jogando dos despenhadeiros. Todavia, conforme disse o autor, várias pessoas escorregaram nos desfiladeiros e morreram por falta de cuidado. Esse foi o caso de um homem de 38 anos de idade que, em 1992, brincava, tentando assustar sua filha adolescente ao pular sobre a cerca de proteção; ele balançava os braços, fingindo ter perdido o equilíbrio; quando via que tinha um parapeito do outro lado, fingia que caía no desfiladeiro. A despeito das dezenas de placas de advertência, ele subiu do outro lado da proteção, perdeu o equilíbrio e morreu com uma queda de 122 metros de altura.
Menos de cinco anos atrás, uma moça de 18 anos de idade se escondia numa trilha e decidiu se aventurar para tirar uma bela foto num ponto famoso do Grand Canyon. Ao se sentar à beirada, a rocha cedeu e ela despencou de uma altura de mais de 300 metros.
Por que o crente subiria ao Grand Canyon chamado pecado e diria: “Quantas placas de advertência posso ignorar hoje? Até onde posso ir na beirada sem cair no desfiladeiro?” Por que pensaríamos dessa forma, especialmente à luz do fato de sermos realeza e de nossa imortalidade e reino com Cristo estarem próximos?
- João termina com uma terceira reação: reajuste continuamente seu reflexo.
Veja o objeto de nossa imitação no verso 3:
E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.
Assim como ele é puro. João não diz que Cristo se purifica a si mesmo; não, nós nos purificamos continuamente; Cristo não precisa; Ele sempre foi, é e será puro. Dessa forma, Ele se torna o modelo de nossa purificação pessoal. Ele não possui mácula, contaminação ou pecado moral algum.
Ele deve ser o nosso reflexo.
Precisamos continuamente:
- Redefinir nossas ambições;
- Lidar com nossa purificação;
- E reajustar nosso reflexo—imitando Cristo agora.
Por que? Porque, assim como o apóstolo João, estamos convencidos de duas convicções: quem somos—realeza, filhos de Deus; e quem seremos: revestidos de glória perfeita e de imortalidade para sempre. Por causa do que somos e do que seremos, é assim que devemos reagir no presente enquanto aguarda Jesus se manifestar. Todo aquele que tem essa esperança, a si mesmo se purifica, assim como Ele é puro.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 12/05/2013
© Copyright 2013 Stephen Davey
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