Piedoso, Mas Ingênuo

Piedoso, Mas Ingênuo

by Stephen Davey Ref: Joshua 9:1–15

Piedoso, Mas Ingênuo

Vice-Comandante: A Vida de Josué—Parte 5

Josué 9.1–15

Introdução

Creio que vivemos numa época em que o crente necessita urgentemente de discernimento. Somos emboscados por centenas de propagandas e comerciais todos os dias. Conforme li, uma pessoa é atacada em média por 2 mil propagandas por dia. A grande maioria delas supõe que somos pessoas ingênuas. Infelizmente, essa ingenuidade tem penetrado na igreja também.

A igreja de hoje se depara com modismos e novidades que exigem discernimento a fim de detectarmos se são elementos piedosos ou somente mais uma moda que passará da noite para o dia. Além disso, a igreja conta com charlatães, extorsionários e conspiradores que arrancarão tempo e dinheiro de todos.

Portanto, cada crente precisa desenvolver um discernimento aguçado. Por isso, creio que os próximos versos que estudaremos no livro de Josué são relevantes e muitíssimo importantes. Abra sua Bíblia em Josué 9.

Três Erros que Levam Uma Nação ao Engano

Vamos começar lendo Josué 9.1–2:

Sucedeu que, ouvindo isto todos os reis que estavam daquém do Jordão, nas montanhas, e nas campinas, em toda a costa do mar Grande, defronte do Líbano, os heteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, se ajuntaram eles de comum acordo, para pelejar contra Josué e contra Israel.

Esses povos são inimigos ferrenhos entre si, mas um novo inimigo em comum—os israelitas—faz com que se unam. Veja os versos 3–5:

Os moradores de Gibeão, porém, ouvindo o que Josué fizera com Jericó e com Ai, usaram de estratagema, e foram, e se fingiram embaixadores, e levaram sacos velhos sobre os seus jumentos e odres de vinho, velhos, rotos e consertados; e, nos pés, sandálias velhas e remendadas e roupas velhas sobre si; e todo o pão que traziam para o caminho era seco e bolorento.

Continue nos versos 6–10, lembrando que Gibeão ficava a 20 minutos a pé do acampamento de Josué:

Foram ter com Josué, ao arraial, a Gilgal, e lhe disseram, a ele e aos homens de Israel: Chegamos de uma terra distante; fazei, pois, agora, aliança conosco. E os homens de Israel responderam aos heveus: Porventura, habitais no meio de nós; como, pois, faremos aliança convosco? Então, disseram a Josué: Somos teus servos. Então, lhes perguntou Josué: Quem sois vós? Donde vindes? Responderam-lhe: Teus servos vieram de uma terra mui distante, por causa do nome do SENHOR, teu Deus; porquanto ouvimos a sua fama e tudo quanto fez no Egito; e tudo quanto fez aos dois reis dos amorreus que estavam dalém do Jordão, Seom, rei de Hesbom, e Ogue, rei de Basã, que estava em Astarote.

Perceba que os gibeonitas não mencionam o Jordão ou Jericó. Eles foram sagazes o suficiente para saber que, se mencionassem esses acontecimentos, ficaria evidente que não eram de uma terra longínqua, já que não teriam ouvido essas notícias tão rapidamente. Então, deixam esses detalhes de lado. Veja o verso 11:

Pelo que nossos anciãos e todos os moradores da nossa terra nos disseram: Tomai convosco provisão alimentar para o caminho, e ide ao encontro deles, e dizei-lhes: Somos vossos servos; fazei, pois, agora, aliança conosco.

Agora, irei simplesmente destacar o que facilmente observamos no texto na forma de três erros que Josué e os demais líderes cometeram ao se preparar para assinar um acordo com essas pessoas. E esses, a propósito, são erros que nos ameaçam o tempo inteiro.

  • O primeiro erro é que Josué percebeu que a evidência circunstancial era, de fato, realidade; isto é, que era verdadeira.

Veja o momento em que as evidências são todas apresentadas diante de Josué em Josué 9.12:

Este nosso pão tomamos quente das nossas casas, no dia em que saímos para vir ter convosco; e ei-lo aqui, agora, já seco e bolorento;

Pão embolorado. Veja o verso 13:

e estes odres eram novos quando os enchemos de vinho; e ei-los aqui já rotos; e estas nossas vestes e estas nossas sandálias já envelheceram, por causa do mui longo caminho.

Aos olhos de Josué e dos demais líderes, a evidência fazia sentido, mas era tudo uma farsa. Eles olham os odres, as roupas, as sandálias e pensam: “É, faz sentido o que estão dizendo.” Este foi o problema: tudo parecia verdadeiro aos seus olhos.

  • O segundo erro é ainda mais sutil: Josué foi enganado, creio eu, não somente pela evidência circunstancial, mas pelo aparente conhecimento bíblico dos gibeonitas.

Encaramos isso o tempo todo em nossos dias—o uso de um verso das Escrituras. Se o assunto é um princípio supostamente bíblico e alguém faz uso de um verso ou frase da Bíblia, acabamos nos sujeitando ao ensino errado sem jamais sequer examinar esse ensino com o que dizem as Escrituras.

Agora, por que eu digo que os gibeonitas tinham entendimento das Escrituras? Eles fizeram referência três vezes ao fato de terem vindo de uma terra distante e pedem duas vezes para se tornar servos de Israel. Por que eles passariam tanto tempo assim tentando provar que não moravam a 20 minutos dali, mas a 2 dias de viagem?

Creio que os gibeonitas conheciam a ordem dada a Moisés e, posteriormente, a Josué; eles sabiam dos milagres que todo o mundo da época tinha ouvido; e eles também tinham ouvido que, se fossem de uma terra distante, permaneceriam com vida, mas se fossem habitantes de Canaã, seriam dizimados pelos hebreus.

Leia comigo rapidamente Deuteronômio 20.10–11. Deus está falando com Moisés e diz: “É isto o que você fará a todas as cidades distantes de vocês:”

Quando te aproximares de alguma cidade para pelejar contra ela, oferecer-lhe-ás a paz. Se a sua resposta é de paz, e te abrir as portas, todo o povo que nela se achar será sujeito a trabalhos forçados e te servirá.

Os israelitas não deveriam fazer isso às cidades cananeias, mas somente às cidades de outras regiões. Pule para Deuteronômio 20.16–17, onde lemos sobre as cidades cananeias:

Porém, das cidades destas nações que o SENHOR, teu Deus, te dá em herança, não deixarás com vida tudo o que tem fôlego. Antes, como te ordenou o SENHOR, teu Deus, destruí-las-ás totalmente: os heteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus,

Então, por que os gibeonitas fazem de tudo para provar que vêm de uma terra distante? Sugiro para você que eles tinham um bom conhecimento da ordem de Deus a Moisés. A notícia tinha se espalhado de pressa: se você fosse de uma terra estrangeira, quem sabe poderia se tornar servo dos hebreus, mas pelo menos continuaria com vida. Por outro lado, se fosse natural daquela região, morreria.

Agora, a fim de ser consistente com as demais passagens bíblicas de Josué, precisamos entender que a morte não seria necessariamente o resultado. Você se lembra de uma prostituta que foi salva? E por que ela foi salva? Porque se arrependeu e seguiu a Yahweh, o Deus de Israel. Temos todo motivo para concluir, portanto, que se os cananeus tivessem se arrependido, teriam sido salvos e viveriam.

Os gibeonitas estavam atrás de algo bom: eles queriam continuar com vida e talvez até se unir à nação de Israel. Mas a maneira como tentaram conquistar essas coisas foi errada. Em outras palavras, existe o jeito certo de se fazer a coisa certa. Como Bob Jones disse anos atrás: “Nunca é certo fazer o errado, mesmo quando isso te dá a oportunidade de fazer algo certo.” Os israelitas foram totalmente enganados por pessoas que tentavam fazer algo bom, mas do jeito errado.

Agora, antes de voltarmos ao texto, gostaria de chamar sua atenção a quatro tipos de engano que encaramos com bastante frequência. Essas são quatro situações nas quais não podemos ser ingênuos; precisamos desenvolver discernimento diante daqueles que manuseiam as Escrituras. A verdade é que as pessoas podem ser convincentes demais e nos pegar desprevenidos.

  • O primeiro tipo de engano surge daqueles que redefinem as Escrituras.

Em outras palavras, esses indivíduos utilizam a Bíblia por completo, mas a redefinem. Ao fazerem isso, anulam seu real valor.

Por exemplo, um homem chamado Ted Turner inventou seus próprios “Dez Mandamentos.” Já que se incomodou com os Dez Mandamentos, criou seus próprios. Ele os redefiniu de tal forma que se tornaram mais convenientes e agradáveis.

Outro dia, fiz algo que nunca tinha feito antes e que jamais farei novamente. Fui convidado para orar num evento da cidade. Entenda bem que não existe sequer um fio de cabelo em mim que aprova o ecumenismo; não o suporto. Mas eu pensei: “Bom, é um convite para orar junto com outros clérigos da cidade. Por que não?” Deixe-me dizer o que aconteceu.

Cheguei ao local onde o evento aconteceria. Cada clérigo recebeu um assunto diferente pelo qual orar. Cheguei lá alguns minutos antes do início da programação e todos os demais clérigos, cerca de 35, se reuniram para receber algumas instruções finais. Daí, antes de todos subirem ao palanque, um homem disse: “Ah, antes de sairmos lá... não queremos ofender ninguém na plateia. Será que devemos orar em nome de Jesus?” Só fiquei porque já tinham me conferido um espaço para orar. A Bíblia ensina que existe somente um Mediador entre Deus e o homem—Jesus Cristo.

  • Outro tipo de engano vem daqueles que rejeitam completamente as Escrituras. Esses não se dão o trabalho de redefini-la; apenas a rejeitam.

Já vi pessoas que fazem isso. Outro dia, enquanto assistia a um evento cultural pela televisão, um grupo subiu ao palco e disse: “Agora, temos algo especial para toda nossa plateia: vamos cantar o Salmo 23 a capela.” Pensei: “Isso será bom!” e aumentei o volume da TV.

O grupo subiu ao palco e, antes de começar, o líder disse: “Vamos cantar o Salmo 23 em seu arranjo tradicional, mas iremos mudar o pronome de ‘ele’ para ‘ela’.” Quando chegaram ao fim da música, eles cantaram: “Glória seja dada ao Pai, à filha e ao Espírito Santo. Amém.” A multidão aplaudiu em grande animação. Espero que isso o incomode.

Rejeitar as Escrituras abre a porta para tremenda confusão. Pense, por exemplo, no assunto da morte. Um tempo atrás, estava lendo sobre criogenia, ou seja, o processo de congelamento de defuntos por um longo tempo a fim de serem revivificados futuramente. Como você deve imaginar, o procedimento é caríssimo. Os médicos se referem aos defuntos como pacientes. A Bíblia afirma que a morte encerra a vida neste corpo; somente o poder sobrenatural de Deus iniciará vida novamente no corpo. O defunto pode até ser congelado, embalsamado e mumificado como faziam os egípcios, mas a morte ainda assim marca o fim da vida neste corpo físico. Procedimentos médicos não conseguirão revivificar esses indivíduos.

Outro assunto ainda ligado à questão da morte é a reencarnação, isto é, a crença de que a alma progride de uma forma de vida a outra com base no carma do indivíduo. O carma é a lista de obras boas e ruins realizadas por alguém. Aquele que tem um bom carma voltará numa forma de vida superior, quem sabe num nível social mais elevado, até que atinja a posição de divindade. Aquele que tem um carma negativo voltará numa forma de vida inferior, quem sabe como um rato ou cavalo. Um homem famoso afirmou, certa vez, que seu carma era tão ruim que provavelmente voltaria na forma de pilha na lanterna de alguém.

  • O terceiro tipo de engano vem daqueles que adicionam aos ensinos das Escrituras.

Lembro-me de uma propaganda que vi do Livro dos Mórmons numa revista. A revista traz a foto de um Novo Testamento ou dos Evangelhos e, sobre o Novo Testamento, está o Livro dos Mórmons. Sob a imagem, em letras destacadas, estão as palavras: “O Outro Evangelho.”

Essa é uma adição clara ao ensino bíblico. Adições anulam o valor das Escrituras, pois Deus disse em 2 Timóteo 3.16–17 que Toda Escritura é inspirada por Deus... para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Em outras palavras, não precisamos de mais nada.

Outra espécie de sabedoria divina vem da Nova Era na forma de canalização. Talvez você já tenha ouvido falar disso. Uma canalizadora muito famosa de alguns anos atrás foi J. Z. Knight, que canaliza Ramtha. Ramtha foi, supostamente, um guerreiro de Atlantis de 35 mil anos de idade. Deixe-me citar algumas das palavras de sabedoria proferidas por esse Ramtha. Ele disse através da canalizadora: “Minha expectativa é que você faça apenas aquilo que sente estar certo. Sempre confie na sabedoria de seus sentimentos.” Compare isso com as palavras de Provérbios 28.26: O que confia no seu próprio coração é insensato. Que adição terrível às Escrituras!

  • E isso me conduz ao quarto tipo de engano, o qual se relaciona à experiência.

Vamos, agora, falar sobre nós mesmos. Somos enganados ao impor nossas próprias experiências e sentimentos sobre a Bíblia. As Escrituras podem até dizer alguma coisa, mas se não se encaixa com a experiência, acabamos reinterpretando ou ignorando a Bíblia, impondo sentimentos sobre ela.

Creio que esse foi o problema de Josué; ele usou primariamente seus sentidos. Parecia fazer sentido; o gosto era bom; o cheiro era bom. Com base em seus sentidos naturais, tudo estava certo. Contudo, na realidade, não passava de engodo dos gibeonitas. Era engano.

Muitos são os testemunhos de experiências. Um dos mais interessantes com o qual me deparei foi o de um homem chamado Gerald Jampolsky, o qual foi um convidado frequente de Robert Schuller em seu programa de televisão. Jampolsky conta sobre a vez em que conheceu um guru oriental chamado Swami Muktananda. Deixe-me citar suas palavras e perceba a decisão de Jampolsky:

Swami me tocou com penas e tive a sensação de nossas mentes estarem unidas. Ele me tocou novamente, dessa vez na cabeça com sua mão. Depois disso, muitas cores apareceram ao meu redor. Parecia que eu tinha saído do meu corpo e o observava à distância. Vi cores com brilho e tonalidade que jamais imaginava. Um belo raio de luz entrou na sala onde estávamos e decidi, naquele momento, parar de avaliar o que acontecia e simplesmente me unir àquela experiência, me juntar a ela por completo... Pelos próximos três meses, meu nível de energia esteve tão elevado que precisei de pouco sono para descansar.

Será que Jampolsky teve uma experiência? Com certeza. Será que viu cores? Sem dúvidas. Jamais negaria sua experiência. Contudo, será que foi uma experiência que honrou a Deus ou será que deu ainda mais credibilidade àquele guru oriental? A resposta é fácil.

Se você diz a algum colega seu que yoga abre as portas para o oculto, ele provavelmente irá rir da sua cara. Ele pode dizer: “Vá com calma, rapaz! Comecei a fazer yoga e minha pressão baixou.” Será que podemos negar isso? Não. Mas o fato de não podermos negar significa que a experiência é correta? De jeito nenhum. A Palavra de Deus nos diz que meditação jamais foca internamente, mas na Lei do Senhor. Davi escreveu no Salmo 119.97: Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo dia. Mas é difícil conversar com alguém que teve uma experiência diferente.

A questão, meu amigo, é simples: quem é a autoridade suprema—a Bíblia ou seu sentimento? O problema se agrava porque vivemos numa época em que a igreja é assolada pelo pragmatismo, ou seja, se algo funciona, então deve estar certo. Se uma prática enche a igreja, então é boa; se algo faz todos ou a maioria se sentir bem, então é certo. Isso é verdade não somente na sociedade, mas na igreja também.

Agora, será que eu e você também permitimos que nossas experiências e sentimentos determinem como vivemos ou será que permitimos que a Bíblia faça isso? Deixe-me ler algumas passagens bíblicas para dar algumas ideias para nós.

2 Coríntios 6.14 é um dos imperativos mais violados do Novo Testamento. Ele diz: Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos. Eu seria um milionário a essa altura se ganhasse 5 centavos de cada indivíduo que disse: “Ah, mas é o seguinte... ela é uma ótima moça. Ela até vem para a igreja comigo. Se namorar com ela por um tempo, acho que se converterá a Cristo.” Ou então, “Sei que ele não é crente, mas me trata melhor do que os crentes com quem namorei. Tem que ser de Deus isso.” Ou ainda, “Sei que aquele colega não é crente, mas se eu e ele nos tornarmos sócios nos negócios, teremos lucro como nunca antes.” Talvez sim.

1 Timóteo 3.7 ensina que o presbítero ou líder na igreja deve ter bom testemunho dos de fora. Será que é possível ter homens de profunda influência dentro da igreja, mas que não passam de conspiradores lá fora? Sem dúvidas. Você diz: “Mas a igreja precisa perdoar.” Não tem nada a ver com perdão, mas com qualificação. Isso, porém, incomoda muitos.

Davi escreveu no Salmo 101.3: Não porei coisa injusta diante dos meus olhos. Isso se aplica a qualquer cultura, em qualquer época e engloba tudo o que você imagina. Qualquer coisa de duplo sentido, qualquer perversidade, não colocarei diante dos meus olhos. Deixe-me perguntar: ao que você assiste na TV? Quais websites você visita na internet? E o que dizer de seu smartphone—a quais vídeos você assiste em aplicativos?

A verdade é, meu amigo, que nós, dentro da igreja, evitamos o máximo possível das Escrituras a fim de viver como bem desejamos. Por isso, a Bíblia não troveja mais dos púlpitos e não ressoa nos corações dos crentes no decorrer da semana. Por que? Porque ela não é mais a autoridade final. Nossas vidas e experiência são a maior autoridade.

Meu pai voltou de uma conferência missionária na qual pregou e me contou a história de um candidato a missões. Esse candidato era um jovem que levantava sustento para ir para o campo missionário. Lá estava ele no palco de uma igreja evangélica grande, pronto para pregar sua mensagem no domingo. Pouco antes de subir ao púlpito, o pastor-presidente, que estava sentado ao lado dele, inclinou-se e disse em seu ouvido: “Olha, não tente ensinar nada a esse povo. Só chegue lá e comece a falar algumas coisa.” O jovem candidato ficou arrasado com aquilo. O triste é que isso acontece com mais frequência do que você imagina.

Permita-me fazer duas observações sobre o engano antes de darmos continuidade no texto:

  • Primeiro: é possível ser sincero, mas estar sinceramente errado.
  • Segundo: é possível ser confiante, mas confiante na coisa errada.

J. I. Packer escreveu palavras poderosas em um de seus livretos intitulado, A Palavra de Deus. Ele escreveu:

Convicção sobre as questões cruciais da fé está ausente por todo lado. O mundo lá fora enxerga a igreja e os crentes como que tropeçando de um modismo após outro, de uma acrobacia a outra, sem fazer sequer ideia de onde estamos e para onde devemos ir. A pregação é obscura, corações estão impuros e amedrontados, dúvidas sugam toda força. Diferente dos crentes que foram pioneiros da Reforma, do Avivamento Puritano e do grande movimento missionário do século passado, nós, hoje, não temos convicção e nos falta convicção porque estamos despedaçando [as Escrituras].

Vamos, agora, voltar a Josué 9 e aos erros que Josué e os demais líderes de Israel cometeram que acabaram conduzindo toda a nação ao engano.

  • O terceiro erro é que Josué não buscou o conselho do Senhor.

Veja Josué 9.14–15:

Então, os israelitas tomaram da provisão e não pediram conselho ao SENHOR. Josué concedeu-lhes paz e fez com eles a aliança de lhes conservar a vida; e os príncipes da congregação lhes prestaram juramento.

Tudo se encaixa, tudo faz sentido; a evidência física é inegável. Mas por que Josué não buscou o conselho do Senhor? Enquanto estudava e ponderava nessa pergunta, descobri que nenhum comentarista que consultei trata do assunto. Permita-me sugerir alguns motivos por que creio que Josué não buscou o Senhor.

O motivo por que ele não buscou o Senhor não foi porque era incompetente para o trabalho. Ele fez as perguntas certas; interrogou as pessoas; analisou as evidências. Josué fez tudo o que deveria ter feito; ele até desconfiou de possível engodo. Ele disse: “Ou talvez vocês querem apenas fazer aliança conosco. Talvez vocês vivem aqui em Canaã.”

Sabe por que eu creio que Josué não buscou o Senhor? Porque ele achou que não precisava. Essa era uma preocupação insignificante; era “café pequeno;” era algo fácil de resolver, simples—pão embolorado e sandálias desgastadas—tudo faz sentido.

Com que frequência em nossas vidas pensamos que algo é insignificante demais a ponto de não precisarmos da perspectiva, sabedoria e conselho do Senhor? Daí, damos nossos passos e depois nos vemos presos por uma decisão errada. Um comentarista escreveu:

Nunca, nunca, nunca confie em seu próprio julgamento para coisa alguma. Quando o bom senso diz que determinada decisão é a correta, leve seu coração a Deus. Quando vozes dizem que certa medida é urgente, que algo precisa ser feito imediatamente, leve a questão diretamente para o tribunal celestial. Se você precisa agir, mas não tem tempo para orar sobre o assunto, então não aja. Seja corajoso o suficiente para ficar parado e esperar em Deus, pois as Escrituras dizem no Salmo 25.3 que “dos que em ti esperam, ninguém será envergonhado.”

Existe um empresário em nossa igreja cuja caminhada com Deus me encoraja. Cerca de um mês atrás, ele me contou que sua empresa lhe ofereceu uma promoção significativa. Disseram que iriam enviá-lo para fazer um treinamento especializado. Caso fosse promovido, ocuparia a posição de executivo com muitos empregados sob sua liderança. Esse homem teve a audácia de pedir para a empresa esperar porque ele precisava consultar o Senhor. Isso é raro. Bom, ele foi a Deus, ele e sua esposa, e ambos passaram semanas em oração. Por meio do estudo da Palavra e da paz em seus corações, Deus os conduziu a recusar a promoção. Os executivos da empresa reagiram: “Você só pode estar brincando! Aceitar esta promoção não passa de bom senso!” Contudo, a decisão foi de Deus.

A tragédia nesse capítulo de Josué é que o capítulo indica que Josué teve à sua disposição o conselho de Deus, mas ele simplesmente recusou busca-lo; ele não perguntou para Deus. Então, os gibeonitas saíram vencedores. Pior ainda, a nação de Israel foi enganada por um povo que inicialmente desprezava Yahweh.

A pergunta, portanto, para nós é: na igreja de Jesus Cristo, será que temos sido enganados? Será que o último modismo realmente honra o Senhor? Você está envolvido em atividades que não passam de piedade fingida que suga seu relacionamento com Deus? Você alguma vez já parou e disse: “Deus, você quer que eu me envolva nisso?”?

Precisamos, urgentemente, envolver nossas vidas com o constante sentimento de carência da sabedoria de Deus. Precisamos viver de tal maneira que nossas vidas não são caracterizadas pelo nosso próprio entendimento, mas reconhecendo Deus em todos os nossos caminhos (Provérbios 3.5–6).

Você sabe o que significa reconhecer o Senhor em todos os nossos caminhos? Significa pedir seu conselho, honrá-lo, dar a ele o direito de escolher por nós. A solução para crentes ingênuos não é mais demonstração de religiosidade pública, mas mais oração em particular. Deus diz: “Meu conselho está disponível a todos os que param, esperam e pedem.”

Transcript

 

 

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