Orações Comuns de Pessoas Comuns

Orações Comuns de Pessoas Comuns

Ref: James 1–5

Orações Comuns de Pessoas Comuns

Série Perseverança! – Parte 5

Tiago 5.16–18

 

Introdução

Esses dias recebi de várias crianças de nossa igreja o que considero ser presentes preciosos. Cada criança, entre 3 e 4 anos, me deu um envelope. Dentro do envelope, havia um desenho que elas mesmas coloriram. Algumas até desenharam um púlpito com um palito atrás, óculos e uns tufos de cabelo nos lados da cabeça.

Meus filhos, assim como essas crianças, possuem o mesmo problema quando o assunto é desenhar e colorir. À medida que crescem, as crianças aprendem a usar giz de cera e lápis de cor. Mas o sol não é azul, a grama não é vermelha e o cavalo não é roxo. E quando as crianças usam um livro de colorir com desenhos já traçados, elas precisam aprender como permanecer dentro do traçado, como colorir dentro dos limites. Cada filho que eu criei e cada criança que conheço tem a mesma dificuldade: aprender a escolher as cores apropriadas para colorir o desenho e aprender a permanecer dentro dos limites do traçado no desenho.

E cada crente possui problemas semelhantes quando o assunto é oração. Precisamos aprender a escolher palavras apropriadas; precisamos aprender como orar de acordo com as palavras das Escrituras e dentro dos limites bíblicos.

A verdade é que nós temos algumas concepções erradas sobre oração. Logo no princípio de nossa caminhada cristã, ficamos com a ideia em nossa mente de que somente as pessoas realmente espirituais conseguem ter uma audiência com Deus. Você precisa estar no meio da elite para orar e esperar alguma resposta. Então, o crente em geral não tem muita expectativa em relação a sua oração.

Na autobiografia de Helen Hayes, ela contou sobre um feriado de Ação de Graças quando ela tentou cozinhar seu primeiro peru de jantar para seu marido e filho. Antes de servir o peru, ela disse: “Vejam só, vocês sabem que essa é a primeira vez que asso um peru. Se não estiver bom, não quero ouvir nenhuma palavra. A gente apenas se levanta da mesa sem fazer nenhum comentário e sai para jantar em algum restaurante.” Ela voltou para a cozinha, pegou o peru e, quando voltou para a sala de jantar com o peru numa travessa, viu o marido e o filho sentados à mesa arrumados, prontos para sair para jantar! Eles não estavam com grandes expectativas a respeito daquele peru.

Fico me perguntando se nos aproximamos de Deus em oração com essa mesma atitude, dizendo: “Senhor, eu sei que devo estar sentado aqui à mesa, mas não estou esperando muita coisa dessa experiência.”

Meu amigo, o que você espera da oração está diretamente relacionado a quando você irá orar e por que.

Ao chegar perto das últimas palavras de sua carta, o apóstolo Tiago deseja ver o crente orando a respeito de todas as coisas. Ele sabe que perseverança depende de comunhão. Perseverança exige oração; determinação espiritual dependerá de comunicação espiritual.

No último capítulo de Tiago, verso 13, o apóstolo começa nos fornecendo cinco oportunidades diferentes de nos envolver com a oração.

  • Em nosso estudo anterior, fomos desafiados a orar quando estivermos tomados de emoção.

Note o verso 13: Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores. Ou seja, não importa quais sejam suas emoções, quer tristeza ou alegria, converse com o Senhor sobre elas. Orar e cantar são dois imperativos intercambiáveis. Em outras palavras, Tiago sugere que você pode orar quando estiver alegre e cantar quando estiver sofrendo.

  • Daí, Tiago pinta outro cenário. Devemos orar quando estivermos derrotados pela fraqueza.

Ele escreve:

Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.

No nosso último estudo, olhamos cuidadosamente as palavras traduzidas como doente e enfermo nos versos 14 e 15. Elas podem ser traduzidas como “cansado” no verso 14, e “desanimado” no verso 15. Ambas as palavras aparecem no decorrer do Novo Testamento em referência a pessoas fisicamente cansadas e desanimadas que passaram por provações e tribulações na vida.

Foi isso o que o autor de Hebreus quis dizer quando usou a mesma palavra que Tiago empregou aqui nesse texto. O autor de Hebreus encoraja o crente, dizendo no capítulo 12, versos 1 a 3:

...corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus... Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.

A mesma palavra ocorre aqui para fatigueis.

Portanto, você precisa orar para vencer a fraqueza e o desânimo.

  • Tiago ainda disse que devemos orar quando estivermos vencidos pelo pecado.

Os presbíteros são chamados nessa passagem porque esse indivíduo está cansado e desanimado na fé primariamente por causa de pecado não confessado e arrependido.

O contexto aqui, exigindo a presença de presbíteros, é o de um crente sob disciplina da igreja que agora deseja se arrepender. Daí, ele convoca os presbíteros da igreja para visita-lo. Ele chegou ao fundo do poço, encurralado por sua culpa e tristeza, fraqueza e fadiga espiritual devido à desobediência.

Assim como o salmista Davi que descreveu seu estado de não arrependido num momento de sua vida. Ele disse:

Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.

Os presbíteros vão e ungem esse irmão com óleo. Essa era uma prática dos judeus ouvintes da carta de Tiago; eles sabiam muito bem ao que Tiago estava se referindo.

A palavra para ungir não significa um respingo de óleo na testa. O particípio grego que Tiago usa significa que a pessoa recebe uma massagem corporal. Esse era o melhor tratamento de spa da antiguidade, algo que os nossos spas de hoje ainda aplicam a pessoas com corpo cansado e dolorido. Mas a principal questão em foco aqui é que pecados são reconhecidos e a comunhão é restaurada.

Portanto, Tiago ordena que oremos:

  • quando estivermos tomados de emoção;
  • quando estivermos derrotados pela fraqueza;
  • quando estivermos vencidos pelo pecado.

Agora, Tiago continua nesse contexto de pecado, confissão e comunhão. Dessa vez, contudo, a igreja inteira está envolvida e Tiago nos fornece uma quarta razão para orar.

  • Devemos orar quando estivermos transbordando de necessidades espirituais.

Note o verso 16: Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros.

Em outras palavras, vocês já viram o que acontece quando não confessamos os pecados; vocês já viram a disciplina aplicada pelos presbíteros e pela igreja; já viram a fraqueza e desânimo físico e espirituais provocados pelo pecado não arrependido e não confessado. Portanto, não deixem chegar a esse ponto! Mantenham seus registros com Deus limpos. Esses são dois imperativos—mais dois pontos de exclamação de Tiago. Poderíamos traduzi-los: “Pratiquem a confissão de pecados uns aos outros e pratiquem a oração pelos irmãos.”

A palavra para confessai é composta e se refere a um compartilhar transparente e honesto com outro crente a respeito de suas lutas e falhas. Significa dizer às pessoas as batalhas nas quais você se encontra para que também não fique fatigado e desanimado.

Tiago não prescreve nem promove o suposto sacramento da confissão entre o crente e um sacerdote. Perceba bem que Tiago nos manda reconhecer nossos pecados abertamente, não a uma autoridade superior, mas uns aos outros.

A confissão sacramental foi algo inventado a partir do século quinto quando o Papa Leão I oficialmente instituiu essa doutrina na Igreja Católica Romana. Uma das doutrinas que apreciamos e que emergiu da Reforma Protestante do século 16 é a doutrina do sacerdócio individual de cada crente. Você, como crente, possui um acesso direto e imediato a Deus por meio de Jesus Cristo. Não existe nenhuma hierarquia entre sua confissão plena e aberta a Deus. Existe apenas um Mediador entre Deus e os homens, o Deus-Homem, Jesus Cristo (1 Timóteo 2.5).

O que Tiago recomenda aqui é admitir a nossa fraqueza, nossos fracassos e pecados aos crentes. Aqui, vemos a criação da comunhão da mútua prestação de contas e oração dentro da igreja.

Antes, no verso 14, Tiago se referiu a alguém sozinho. Ele precisa chamar os presbíteros para irem até ele; ele está separado da comunhão da assembleia. Aqui, Tiago destaca o maravilhoso benefício da proteção espiritual do corpo por meio da oração e da prestação de contas transparente e honesta.

Eu acabei de começar a ler sobre a vida de Dietrich Bonhoeffer. Essa é a mais nova e talvez mais completa biografia desse pastor alemão que acabou sendo executado por ordens de Adolf Hitler. Em um de seus livros, Bonhoeffer escreveu sobre o efeito que o pecado tem de isolar o crente. Ouça ao que ele disse:

O pecado separa os crentes e produz um individualismo infernal, uma independência mortal. O pecado nos afasta da comunidade. Quanto mais isolada a pessoa é, mais destrutivo será o poder do pecado sobre ela. Mas a confissão a um irmão ou irmã destrói essa autonomia mortal. Ela derruba a barreira e permite que a graça flua novamente na comunidade.

E é exatamente essa a promessa que Tiago escreve no verso 16: Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, [para que?] para serdes curados.

A palavra curados se refere à restauração do bem-estar espiritual. Se a preocupação de Tiago fosse com doença física, pelo que podemos certamente orar, isso garantiria saúde. Se você adoece, simplesmente vá para a igreja, peça que alguém ore por você e pronto! Mas o resto das Escrituras não apoia essa ideia. De fato, não existe nenhuma promessa de saúde física permanente para o crente. Nós adoecemos também e homens como Jó e Paulo provam que a doença pode estar incluída na vontade de Deus.

A mesma palavra grega que Tiago usa para curados aparece nas mãos do escritor de Hebreus, capítulo 12, versos 12 e 13:

Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado.

O autor emprega a palavra como uma metáfora para força espiritual: mãos fortes, joelhos fortes e pés fortes à medida que você caminha em obediência, o que conduz à perseverança.

Então, não vá sozinho! Essa é a bênção da congregação; essa é a bênção da prática de prestar contas uns aos outros; essa é a bênção de uma família crente; essa é a bênção de um cônjuge crente.

Por mais que eu descreva, você nunca conseguirá entender plenamente como minha vó, uma mulher de oração, foi uma bênção para mim. Não só ela, mas minha sogra, minha mãe, meu pai e, especialmente, minha esposa que ora para que eu caminhe sempre com Cristo.

Minha esposa me deu no ano passado uma caixa decorada cheia de cartões, pelo menos 100, que ela mesma fez. Nela, ela escreveu versos bíblicos e citações de grandes homens do passado, como Spurgeon e Wesley. E ela ora para que eu tenha a mesma experiência espiritual desses grandes servos de Deus. Essa caixa é um baú de tesouros.

Ouça bem, precisamos orar uns pelos outros, pedindo por mãos, pés, joelhos, corações e mentes espiritualmente fortalecidos.

Na semana passada, o escritório do Sabedoria para o Coração recebeu uma ligação. A recepcionista atendeu e era um ouvinte falando que seu filho se encontrava na u.t.i. Esse menino estava brincando sozinho no quintal quando um acidente esquisito aconteceu e ele acabou pendurado pelo pescoço com um fio enrolado. Seu pai ligou pedindo oração. Alguns dias atrás, ele ligou de novo dizendo que seu filho havia morrido e que o funeral tinha sido realizado. Ele e sua esposa estavam se regozijando com o fato de 15 pessoas terem entregue suas vidas a Cristo durante o funeral. Mas, ao mesmo tempo, esse homem me confidenciou seus desesperos, dúvidas e perguntas. Ele disse: “Veja só, eu sei que você está ocupado e já fiz perguntas para as quais não existem respostas. O que eu realmente queria era ligar e pedir para você orar por mim.” E eu orei.

Tiago não diz que você encontra restauração e fortalecimento espiritual depois de ter suas perguntas respondidas. Não, ele diz somente: “Ore. Sente-se com um irmão e ore um pelo outro.”

Ore quando você estiver: tomado de emoções; derrotado de fraqueza; vencido pelo pecado; e transbordando de necessidades espirituais.

  • E quinto, ore quando você estiver tomado de desejo piedoso.

Primeiro, Tiago faz uma declaração; depois, uma ilustração. Note a declaração no final do verso 16: Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.

O crente em geral lê essa declaração e diz: “Obviamente, esse é o meu problema. Minha oração não é eficaz porque não sou justo. Se eu fosse um pouco mais santo, talvez teria mais respostas.”

Então, o que fazemos? Tentamos orar com mais eficiência, mais fervor; tentamos merecer as respostas de Deus; fazemos orações mais longas e mais cedo no dia. “Tipo... se preciso estar um pouco acima da média e ser mais justo, então tenho que começar logo cedo de manhã.”

Lembro-me da época quando eu estava na faculdade. Juntamente com a maioria dos crentes, pensava que Deus não prestava atenção em mim, a não ser que de alguma forma chamasse a atenção dele. Então decidi levantar mais cedo e orar enquanto todo mundo ainda estava dormindo. Com certeza, isso chamaria a atenção de Deus! Comecei a me levantar às 5 da manhã, ir para a torre de oração que ficava no meio do campus da faculdade; era uma sala pequena com estrados para se ajoelhar e ficava sobre a capela. Eu estava convencido que Deus ficaria impressionado.

Olhamos para o final desse verso que afirma que a oração do justo muito pode, por sua eficácia e pensamos: “Pelo que eu vejo, minhas orações não parecem ter muita eficácia... Deve ser porque não sou justo o suficiente, ou eficiente o suficiente, ou disciplinado suficiente”.

Agora, não entenda errado. Ser relaxado não ajuda na intercessão; você não deve ser assim. Paulo manda Timóteo se disciplinar no propósito da piedade (1 Timóteo 4.7). Mas Tiago deseja ensinar outra coisa aqui. De fato, Tiago não fecha as portas para o potencial da oração; ele na verdade abre as portas. Por esse motivo, ele irá em instantes nos relembrar de que Elias, um homem de oração poderosa, era homem assim como nós. Então o que isso significa?

Bom, primeiro, quem está orando aqui? Um justo ou uma pessoa justa. E quem é essa pessoa justa? Uma pessoa perfeita? Graças a Deus, não.

A palavra justo, o grego dikaios, se refere a uma pessoa nascida de novo. Essa pessoa tem agora a justiça de Cristo inteiramente garantida a ela a partir da conta do próprio Cristo. Paulo escreveu aos filipenses no capítulo 1, verso 11, dizendo que estavam cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.

Falando de Cristo, Paulo também escreveu aos coríntios em 2 Coríntios 5, verso 21:

Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Veja só, aqui está a questão. Você creu em Cristo pela fé somente e teve a justiça de Cristo creditada a sua conta, como que transferida para a sua conta falida.

Você faz isso com seus filhos. Abriu uma conta para eles, mas a conta está zerada; não existe nada, a não ser uma cobrança mensal para manutenção da conta. Daí, você faz uma transferência da sua conta para a deles; depois dessa transferência, o dinheiro na sua conta diminuiu. Assim é Cristo, mas a conta da justiça de Cristo nunca diminui após as muitas transferências de sua reserva para a nossa conta falida.

Paulo escreve que nós recebemos a abundância da graça e o dom da justiça... por meio de um só, a saber, Jesus Cristo (Romanos 5.17).

Então, quem pode orar com eficácia? Quem pode fazer orações que Deus ouve e responde? Qualquer crente. Você tem acesso a Deus em Cristo; ele ouve você!

Agora, à luz do contexto, obviamente a referência é a um crente que confessa seus pecados; um crente que não mima ou esconde nenhum pecado em sua vida. E, se esse é o caso, a sua primeira oração deve ser de confissão, não é? O salmista Davi escreveu no Salmo 66, verso 18:

Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido.

Então, quem pode orar com expectativa de ter respostas? Um crente que possui um relacionamento correto com Deus, primeiramente por meio da justiça de Cristo e, segundo, por meio de sua confissão diária de pecado.

Portanto, Tiago não fala de um “super-crente,” um “santo dos santos” que pode orar com expectativa de respostas. Somente os que estiverem na torre de oração às 5 da manhã! Não. Veja bem, se você é crente, não importa quão simples pense ser, você foi convidado a se aproximar do trono de Deus por meio de Jesus Cristo, pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele (Efésios 3.12). E esse convite é válido para qualquer hora, seja de dia ou de noite.

E Tiago diz aqui que a oração do crente comum possui eficácia. Podemos dizer que ela é “poderosa.”

A propósito, a palavra para súplica aqui é diferente de oração no verso 15, onde nos é ordenado orar uns pelos outros. No verso 15, a oração se refere a qualquer coisa ou a tudo. Mas no verso 16, a súplica é um pedido especial, uma petição. Esse termo era geralmente usado pelos gregos para se referir a alguém fazendo um pedido especial ao rei soberano. Então, podemos entender da seguinte forma: poderoso é o pedido do crente.

E isso simplesmente surpreende nossa mente. E é por isso que eu conduzi você pela minha tradução tediosa. Quero que você entenda o que é muitas vezes mal entendido e, portanto, desencoraja e derrota muitos crentes. Tiago está dizendo que o pedido do crente é poderoso. Jovens ou velhos em anos, jovens ou velhos na fé, suas orações são ouvidas!

Vernon Janzen conta a história de um menino que estava fazendo uso desse recurso da súplica. Ele estava se comportando mal durante o culto. Ambos os pais fizeram o que puderam para controlar o menino. Finalmente, o pai pegou o garoto no colo e prosseguiu pela corredor para sair da igreja. O menino sabia que ia apanhar! Assim que chegaram à porta, o menino se virou e gritou para a congregação: “Por favor, orem por mim!” O problema é que ele provavelmente ainda apanhou. E ele deve ter pensado que ou a congregação não orou por ele, ou que suas orações não passaram do teto!

E você pode estar pensando a mesma coisa: “Pastor, obrigado por me dizer que crentes comuns também podem orar a Deus e Deus nos responde. Mas minhas orações não são muito eficientes.” Note comigo o final do verso 16, pois Tiago diz que nossa súplica muito pode, por sua eficácia.

Preste atenção. O particípio traduzido como muito pode é uma palavra que aparece várias vezes no Novo Testamento. E todas as vezes, exceto uma, ela se refere ao agir de Deus. É o verbo energoumenē, do qual derivamos nosso vocábulo “energia.” O que Tiago diz aqui então é que: a súplica poderosa do crente comum é energizada!

Esse verbo também pode ser traduzido de forma que significa que a oração possui energia em si mesma. Os linguistas chamam de “voz média;” e muitas versões traduzem dessa forma. Entretanto, ela pode ser traduzida de forma a significar que a oração somente funciona se outra pessoa a energiza. E os linguistas chamam isso de “voz passiva.” Isso significa que a oração precisa ser energizada por um agente externo que a faz funcionar. E esse é exatamente o contexto da ilustração que Tiago fará em seguida.

As orações de Elias por si mesmas eram ineficazes, mas suas orações eram atos de obediência que correspondiam à vontade de Deus. Se voltarmos à biografia de Elias em 1 Reis, descobrimos que Deus, na verdade, havia dito a Elias pelo que orar e quando orar. Elias simplesmente orou segundo a vontade de Deus e Deus respondeu suas orações porque elas se adequavam à sua vontade e elas, portanto, muito puderam em sua eficácia.

O mesmo pode ser verdade a meu e a seu respeito quando nossas orações se alinham com a vontade de Deus. Deus irá energizar nossas orações em ações.

Note, agora, a ilustração de Tiago no verso 17: Elias era homem semelhante a nós, sujeitos aos mesmos sentimentos. Pare agora. Por que dizer isso aqui? Porque os ouvintes de Tiago, judeus crentes, pensavam que Elias havia sido um “super-crente.” Ele era conhecido como o maior personagem produzido por Israel. No tempo em que Tiago escrevia sua carta, tradições já haviam surgido em torno de Elias, concedendo-lhe, na verdade, características sobrenaturais. Veja o que ele fez: ele ressuscitou mortos, fez descer fogo do céu, matou os profetas de Baal e correu mais rápido do que a carruagem do rei. Esse cara era o super-homem!

Tudo isso não passava de exagero retirado de seus contextos devidos. Elias foi um profeta de Deus que obedeceu ao Senhor e, por meio de Elias, Deus realizou coisas miraculosas. Mas Tiago deseja que entendamos que Elias também era um homem comum! Mas Elias estava, também, tomado de desejo piedoso. Sua nação estava rebelde contra Deus e a punição da apostasia foi a seca; uma nação arrependida poderia esperar chuvas (Deuteronômio 28). Essa foi a oração.

Elias meramente orou a vontade prescrita de Deus. Note os versos 17 e 18:

...e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu. E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.

Qualquer hora dessas, vá a 1 Reis e descubra que a chuva veio apenas depois que os profetas de Baal foram destruídos no duelo do fogo, depois que o povo clamou e retornou ao Deus de seus pais, dizendo: O SENHOR é Deus! O SENHOR é Deus! (1 Reis 18.39).

Logo depois disso, a chuva caiu. Ouça bem: Elias não estava orando simplesmente para controlar o clima. Nós oramos com ousadia e fé, mas oramos não para termos nossa vontade feita no céu, mas para que a vontade de Deus seja feita na terra.

Oramos por vários outros motivos além de para ter respostas:

  • oramos porque a oração desenvolve nosso relacionamento com Cristo;
  • oramos porque Deus nos manda;
  • oramos porque a oração nos relembra de nossa falta de capacidade;
  • oramos porque a oração foca nossa dependência em Deus;
  • oramos porque oração é um ato de adoração;
  • oramos porque outros precisam de nossa intercessão;
  • oramos porque nossa mente e coração precisam de purificação diária;
  • oramos porque a oração submete nossa vontade a Deus;
  • oramos porque cremos que Deus sempre responde nossas orações. E as respostas podem ser:

 

  • não ou nunca;
  • espere, não agora;
  • sim, mas não como você pediu;
  • sim, e exatamente conforme você pediu.

Agora, não ignore isso. Você pode dizer: “Bom, Deus fará o que Deus fará e eu não preciso orar.” Ou você diz: “Se eu não orar, Deus não fará o que quer e ficará encurralado.” Ambos são extremos desequilibrados.

Quando oramos, podemos descansar que, quando nossas súplicas e a vontade de Deus se alinham, o resultado é uma combinação energizada de poder divino com a parceria do crente; e isso conduz a ação e cumprimento, movimento, crescimento e fruto; isso produz grande alegria para os que oraram, transbordantes de desejo piedoso.

Como o missionário William Carey que viveu o lema: “Tente realizar grandes coisas para Deus, espere grandes coisas de Deus.”

Esse é o equilíbrio. Então, Tiago diz que devemos orar quando estivermos:

  • tomados de emoção;
  • derrotados pela fraqueza;
  • vencidos pelo pecado;
  • transbordantes de necessidades espirituais; e
  • tomados de um desejo piedoso, para a glória de Deus!

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 12/06/2011

© Copyright 2011 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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