Observações de Uma Fazenda

Observações de Uma Fazenda

Ref: James 1–5

Observações de Uma Fazenda

Série Perseverança! – Parte 1

Tiago 5.7–9

 

Introdução

Eu li que uma pessoa passa em média cerca de dois anos ligando para familiares que moram distante, três anos em reuniões e cinco anos em filas. Imagine, cinco anos em filas! Ninguém gosta de esperar. Eu não gosto nem de esperar por um elevador! Esperar um minuto é agonizante.

Outro dia quando estava dirigindo pela estrada, vi uma placa que informava: “Congestionamento a 12 km.” Quando fui me aproximando, vi todos os carros freando; e percebi que aquele congestionamento me custaria pelo menos uma hora de viagem. O carro que eu havia alugado tinha um gps e ele sugeriu outro caminho que corria paralelo à estrada em que eu estava. Então peguei essa via paralela por uns 10 km e depois voltei para a estrada principal. Com isso, perdi apenas 4 minutos. Esse foi o momento mais sublime da viagem!

A verdade é que nós, por natureza, somos impacientes. Quer seja por que queremos uma conexão de internet mais rápida, ou por que queremos perder peso rapidamente e tomamos comprimidos que causam distúrbios hormonais, ou ainda talvez por que queremos enriquecer logo e seguimos estratégias financeiras que nos ajudarão nisso. Seja o que for, perseverança é algo que admiramos em outras pessoas, mas nós mesmos não queremos cultivá-la. Nós preferimos a maestria dos atalhos; preferimos “cortar caminho.” Queremos que as coisas aconteçam de acordo com a nossa agenda e nosso desejo é controlar o relógio; e bem cedo na vida já descobrimos isso.

Outro dia, li um artigo sobre uma professora de primeira série que teve uma interação bem interessante no primeiro dia de aula. Acostumado em sair da creche ao meio-dia e voltar para casa, um garotinho estava arrumando suas coisas para ir embora. Mas, ao invés disso, ele deveria apenas estar arrumando sua lancheira para almoçar com seus coleguinhas. A professora perguntou o que ele estava fazendo. O garoto respondeu: “Vou para casa.” Ela gentilmente lhe explicou que agora ele estava na primeira série e que teria um dia mais longo na escola. Ela disse: “Agora você vai almoçar; depois, volta para sala para fazer mais algumas tarefas antes de ir embora para casa.” O menino olhou para ela sem acreditar; sua esperança era a de que ela estivesse apenas brincando. Finalmente, ele foi convencido de que ela não estava brincando. Então olhou para ela e disse: “E quem saiu com essa ideia de me matricular nesta escola?” Coitado do menino: “Não quero passar pela agonia de ter que ficar na escola depois do meio-dia. Eu não me matriculei para isso!”

Tiago, o meio-irmão de nosso Senhor, passa, agora, a fazer alguns comentários finais em sua carta aos crentes dispersos. Lembre-se de que ele escreve a crentes que não se matricularam para aquilo que eles estavam enfrentando. Eles haviam sido expulsos de Roma pelo imperador Cláudio e não podiam retornar para seus lares. Eles não esperavam que as dificuldades fossem durar tanto tempo. Então, nesse capítulo final de sua carta, Tiago os encoraja a perseverar, a permanecer no curso, a continuar na peleja e na sua corrida.

Uma palavra-chave veio à minha mente ao ler e reler esses comentários finais de Tiago: perseverança, isto é, arrastar-se pela dificuldade com compromisso e caráter:

  • quando não existe nenhum atalho à vista;
  • quando não podemos controlar o relógio;
  • quando a vida não se encaixa nos nossos planos;
  • quando não existe nenhuma via alternativa que nos desvie do congestionamento de circunstâncias difíceis e da vida em si.

Talvez seja essa a sua situação agora. Você concorda mais do que nunca com a declaração: “A vida é uma proposta dura e os primeiros cem anos são os mais difíceis.” Que forma profunda de dizer a verdade. Os primeiros cem anos são os mais complicados!

Um dos meus comentários no livro de Tiago inclui a história de um médico que ligou para o seu paciente e disse: “Ouça bem, tenho duas notícias para você, uma ruim e a outra péssima. Qual você deseja ouvir primeiro?” O homem engoliu seco a saliva e disse: “Bom, quero ouvir a ruim primeiro.” O doutor falou: “A notícia ruim é que você tem apenas 24 horas de vida.” O homem replicou: “Isso é terrível! O que poderia ser ainda pior do que isso?!” “Então, cara,” o médico continuou, “é que eu deveria ter ligado para você ontem!” Às vezes a vida é assim, não é? Um dia é ruim e o outro é pior ainda.

Que tipo de conselho inspirado você daria a pessoas do século primeiro e do século vinte e um, crentes que estão passando pelos piores dias de suas vidas sem nenhum sinal de melhora? Esses crentes são bastante tentados a dizer: “E quem saiu com a ideia de me matricular nesta escola?”

Bom, para eles e para nós Tiago fornece no parágrafo seguinte do capítulo 5 uma série de imperativos, alguns incentivos e outros grandes exemplos a seguir. Tiago escreve no verso 7 do capítulo 5: Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor.

Aqui está um imperativo de Tiago: Sede, pois, irmãos, pacientes. Eruditos no grego identificam uma diferença entre essa palavra para pacientes e a outra utilizada antes no capítulo 1, onde Tiago diz que devemos permitir que as provações nos aperfeiçoem pela prática da perseverança. A palavra usada aqui no verso 7 se refere à ideia de se recusar a retaliar maus tratos, “um controle da mente antes de ceder à ação ou erupção em protesto.”

Em nosso estudo anterior, vimos Tiago descrevendo o rico maltratando o pobre, controlando os tribunais e cometendo assassinato judicial. Vimos como eles retinham o pagamento devido aos pobres trabalhadores; depois, manipulavam os tribunais e, por fim, removiam todas as condições do pobre se defender ou até sobreviver. Com certeza, vários dos leitores de Tiago imediatamente reagiriam a essa descrição; provavelmente, havia na congregação muitos trabalhadores pobres nessa situação. Eles não eram os que maltratavam, mas os maltratados.

Eles haviam sido expulsos de Roma, eram insultados por todos e muitos, se não a maioria, estavam financeiramente falidos. Por esse motivo, Tiago continua com o parágrafo seguinte, dizendo: Sede, pois, irmãos, pacientes. Não revidem ou retaliem.

“Mas Senhor, isso é injusto! Quando tu farás justiça?” Tiago prevê essa reação e sucede a exortação com uma antecipação, dizendo: até à vinda do Senhor. O Senhor está vindo!

Tiago se refere ao retorno de Jesus Cristo três vezes em três versos. No início do verso 7: até à vinda do Senhor; na última parte do verso 8: a vinda do Senhor está próxima; e na última parte do verso 9: Eis que o juiz está às portas. Já está à entrada.

Este é o maior incentivo à perseverança durante infortúnios e sofrimentos da vida: Jesus Cristo está voltando! Isso é o que os teólogos chamam de Parousia de Cristo. A palavra vinda do Senhor no verso 7 é o termo grego paroysia. Esse é o termo mais comum utilizado no decorrer do Novo Testamento para a vinda de Cristo, a Parousia de Cristo.

Sabemos que a Parousia ocorrerá em dois estágios. O primeiro será para levar a igreja, retirando-a da tribulação quando a ira de Deus será derramada sobre o planeta. O segundo estágio da Parousia será o retorno com os redimidos para estabelecer o reino literal de 1000 anos sobre a terra, no qual Cristo reinará e nós juntamente com ele. À medida que o Novo Testamento se desenvolve, o assunto da Parousia de Cristo é expandido e definido. Tiago é apenas o primeiro dos livros canônicos do Novo Testamento a ser escrito.

O que Tiago revela aqui são duas verdades proféticas.

  • Primeira, a vinda de Cristo é iminente.

Em outras palavras, sua vinda é a qualquer momento. Tiago escreve: “Ele está vindo; já está às portas!” Da geração de Tiago até a nossa, nunca sequer um evento impediu o retorno de Cristo para a sua igreja. Todos os apóstolos escreveram com essa verdade em mente:

  • Vai alta a noite, e vem chegando o dia, foi o que Paulo escreveu em Romanos 13.12;
  • O autor de Hebreus exortou os crentes a não faltarem aos cultos na igreja, na assembleia. Ele disse: antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima (Hebreus 10.25);
  • Pedro escreveu em 1 Pedro 4, verso 7: Ora, o fim de todas as coisas está próximo;
  • O apóstolo João escreveu em 1 João 2, verso 18: Filhinhos, já é a última hora.

A vinda de Cristo é iminente.

  • Segundo, Tiago encoraja os crentes a viver na expectativa de serem resgatados do sofrimento.

No decorrer do Novo Testamento, o crente nunca é aconselhado a se preparar para experimentar a ira de Deus nos sete anos da tribulação, mas para se preparar para ver Cristo.

O incentivo alegre para o crente perseverar em meio aos infortúnios e permanecer fiel no sofrimento na presente era da igreja não faz sentido se a ira de Deus é o próximo evento sobre a igreja. Não existe nenhum verso explicando como o crente fará para sobreviver à erupção de ira na tribulação como profetizado no livro de Apocalipse.

Tiago diz, com efeito: “Fiquem firmes,” não porque, a qualquer momento, sete anos horríveis de tribulação e ira de Deus serão lançados sobre vocês. Não! Ele diz: “Perseverem, fiquem firmes; o Rei em breve livrará vocês.” Cristo poderia voltar a qualquer momento.

Então, qual é o próximo evento para o crente na presente era? Paulo escreveu em Romanos 8, verso 18:

Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.

Em outras palavras, os sofrimentos presentes é tudo o que enfrentaremos e eles não podem se comprar à glória quando Cristo nos levar para si.

G. Campbell Morgan, o grande expositor britânico do século passado, escreveu:

[O pensamento da] vinda de Cristo é a luz no caminho que torna o presente suportável. Nunca deito minha cabeça no travesseiro sem pensar que, talvez, antes mesmo do amanhecer, [aquele] dia terá amanhecido. Nunca começo meu trabalho pela manhã sem pensar que talvez Ele possa interromper meu serviço e começar o serviço Dele.

Então, como vivemos nesse ínterim? Tiago responde essa pergunta nos levando a uma fazenda a fim de fornecer uma ilustração. Note o meio do verso 7:

...Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas.

Muitos acreditam que Tiago trabalhou um bom tempo em fazendas juntamente com seu irmão Judas, que também escreveu uma carta do Novo Testamento. Tiago obviamente entendia o processo muito bem e se refere a primeiras e últimas chuvas.

O fazendeiro esperava ansiosamente as primeiras chuvas nos dias de Tiago porque, entre outras coisas, elas tornavam o solo mais macio para o arado e a semeadura. As últimas chuvas eram extremamente necessárias para o amadurecimento da colheita—quanto mais tempo duravam, maior o potencial da colheita. Entre as duas estações de chuva, os agricultores arrancavam o mato, capinavam, fertilizavam o solo e faziam tudo o que podiam para tornar a plantação um sucesso.

Eu não sei nada sobre plantação e fazenda. Apenas sou muitíssimo grato pela existência de agricultores que conhecem bem o processo. Meu pai cresceu numa fazenda antes de ir para o ministério e depois de ter saído da Força Aérea. Com bastante frequência, ele contava a nós, seus quatro filhos homens, histórias da vida na fazenda. E essas histórias me deixavam ainda mais feliz com o fato de ele ter ido para o ministério e não ter permanecido na fazenda.

Lembro-me de ouvir como os dias do meu pai, quando ele era criança, começavam muito mais cedo do que os meus dias. Para mim já era difícil dar comida e água para o meu único cachorro, imagine ter que levantar às 5 horas da manhã para tirar leite de uma dúzia de vacas num frio extremo. Daí, depois de tirar o leite das vacas, ele tinha que andar quase 2 km sobre a neve e matar um coelho para o almoço. Tudo bem, admito, essa parte do coelho eu inventei; mas o resto é verdade.

Quando reclamávamos do almoço que nossa mãe preparava, meu pai nos dizia que ele levava para a escola no bolso uma batata crua e um pouco de manteiga embalada. Quando chegava à escola (que contava com apenas uma sala de aula), ele e os outros filhos de fazendeiros colocavam suas batatas sobre o forno à lenha que também servia para aquecer a sala. Por volta da hora do almoço, a batata estaria já cozida e esse seria o seu almoço.  Como reclamar do seu almoço depois de uma história dessa? Sinceramente, quanto mais velho fico, mais gosto de ouvir essas histórias.

Não consigo imaginar uma vida mais difícil e dura do que a vida de um fazendeiro e sou grato aos que fazem esse serviço por nós. Todavia, a coisa mais difícil no serviço de plantação não é o trabalho físico, mas o desgaste mental. Você nunca sabe como será o clima. E é exatamente isso que Tiago tem em mente aqui. Ele menciona a paciência do fazendeiro e imediatamente faz referência ao clima. E podemos fazer algumas observações a partir dessa ilustração de Tiago:

  • O fazendeiro trabalha duro com coisas sob controle: ele planta, limpa, fertiliza; o fazendeiro não cruza os braços e se senta na esperança de colher seus frutos;
  • O fazendeiro tem que depender de coisas que estão completamente fora de seu controle, como a chuva;
  • A paciência do fazendeiro não vem do fato de não fazer nada, mas do entendimento de suas limitações;
  • Outra observação é que, mesmo que chova e depois de ter feito tudo o que podia, o fazendeiro não tem indicação nenhuma de progresso;
  • Finalmente, mesmo depois de uma colheita fracassada, o fazendeiro tem que fazer o mesmo serviço outra vez.

Nenhum fazendeiro colhe uma plantação na expectativa de ter frutos para o resto de sua vida. Assim também é a vida cristã.

Portanto, fique firme, faça a coisa certa, fertilize sua caminhada espiritual com disciplina, plante em seu coração a semente da verdade de Deus. Por fim, resista à tentação de dizer: “Beleza, Senhor, consegui!” Ouça bem o Senhor dizendo por intermédio de Tiago: “Faça de novo, de novo e de novo.” Fazendeiros entendem bem essa verdade.

Eu conheço um empresário que sempre passa parte de suas férias como voluntário em uma fazenda. Ele me disse que, quando senta no trator, sua perspectiva da vida é reajustada para o local adequado.

Plantação é uma metáfora perfeita para a perseverança contínua diária. A imagem da plantação combina aquilo que nós podemos fazer para Deus quando, ao mesmo tempo, confiamos nele para fazer aquilo que somente ele pode fazer.

Na verdade, Tiago ainda irá enfatizar mais a responsabilidade que o crente tem de perseverar. Note o verso seguinte, o verso 8:

Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima.

Tiago adiciona o pensamento de fortalecer o coração. Mais literalmente: “tornem firme seus corações,” ou ainda, “animem seus corações.” Tiago instiga o crente a um ato decisivo de fortalecer e firmar sua vida interior.

Em várias passagens do Novo Testamento, essa é descrita como uma prática realizada por Deus. Ele fortalece o nosso coração (1 Pedro 5.10 e 2 Tessalonicenses 2.17), mas Tiago a apresenta como sendo nossa devida responsabilidade. Ele literalmente manda o crente apoiar seu coração com a estaca do breve retorno prometido de Cristo.

Em nenhum local do Novo Testamento vemos uma indicação de que o crente deve vestir um manto branco, subir uma montanha e esperar a vinda do Senhor. Perseverança significa que existe uma batalha a lutar, um desafio a conquistar.

Um autor escreveu:

Você já percebeu que, quando Cristo mandou Pedro e os demais pescadores desencorajados lançar suas redes novamente, foi exatamente no mesmo lugar onde eles haviam trabalhado a noite inteira sem ter pego nada? Se pudéssemos simplesmente ir para algum lugar novo todas as vezes em que nos sentimos desencorajados, uma segunda tentativa seria mais fácil. Se pudéssemos ser outra pessoa, ir para outro lugar ou fazer outra coisa, talvez não seria tão difícil tomar uma nova [decisão]. Mas é a mesma rede antiga no mesmo lugar de sempre. Lutamos contra as mesmas tentações e as velhas falhas devem ser encaradas; precisamos encarar hoje mais uma vez as mesmas provações e desencorajamentos diante dos quais fracassamos ontem. E Jesus diz a palavra: lancem suas redes... tentem novamente.

E já que estamos no assunto, não lance sua frustração nos outros pescadores; não faça deles o motivo dos seus problemas. Note o que Tiago diz no verso 9: Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados.

Impaciência com Deus geralmente conduz à impaciência com o povo de Deus. Não murmurem uns contra os outros, irmãos. Os tempos eram difíceis, a cultura era cruel e seus sentimentos estavam desgastados.

Nossa tendência é soltar nossa frustração em outras pessoas. Você volta do trabalho e late para o cachorro, chuta o gato e perde a cabeça com seus filhos. Mas eles não são o problema; eles apenas entraram na linha de fogo.

O problema é, na realidade, um pouco mais profundo do que isso. A palavra que Tiago usa para queixeis pode ser traduzida como “gemer.” Ela se refere a um sentimento que pode muito bem ser apenas interno e nunca ser expressado externamente. Pode se referir à mágoa por outra pessoa que carregamos dentro de nós. O tempo verbal indica que isso estava acontecendo entre os crentes. Então, Tiago manda que parem.

Da mesma forma como o incentivo deles para permanecer firmes é a volta de Cristo, aqui também o incentivo para não guardar ressentimentos amargurados contra o irmão é o retorno de Cristo. Note o final do verso 9: Eis que o juiz está às portas.

Em outras palavras, seja gracioso e paciente com outros porque, em breve, seus pensamentos, ações e reações serão julgados pelo Senhor no Julgamento do Bema, onde prestaremos contas de nossas vidas como crentes (1 Coríntios 3). E, nesse julgamento, certamente ficaremos envergonhados de coisas que abrigamos dentro de nosso coração e coisas que expressamos externamente. Graças a Deus o sangue de Cristo já pagou a penalidade pelo nosso pecado.

Mas creio que desejaremos que mais de nossos pensamentos, palavras e ações fossem dignos de recompensa quando Cristo, nosso Senhor, nos recompensar no Bema pelas coisas úteis que fizemos (2 Coríntios 5.10).

A nossa vida inteira deve ser vivida da perspectiva da Parousia: Jesus Cristo está vindo. E essa perspectiva realiza duas coisas. Primeiro, ela nos encoraja quando sofremos, nos cansamos e somos maltratados. Tudo isso é apenas temporário. E essa perspectiva também nos lembra de permanecer firmes, viver de forma justa e agradar a Cristo porque ele um dia, pela sua graça, nos recompensará.

Enquanto eu estudava esse texto, achei interessante que a palavra vinda ou paroysia no verso 7 inclui a ideia de presença. Não somente que Cristo virá um dia literalmente, mas que sua vinda é tão certa que é como se ele já estivesse presente conosco. E ele de fato está. Em meio aos seus desafios mais difíceis, Cristo está presente; no seu sofrimento, ele está presente; nas ocasiões de maus tratos e calúnias, ele está ciente e disposto a se unir a você para fortalecer seu coração, à medida que você cumpre sua parte e ele a dele.

Eugene Peterson parafraseou o texto clássico de Cristo como nosso Sumo Sacerdote em Hebreus 4, verso 16, da seguinte forma:

Não temos um [sumo] sacerdote que está fora de alcance de nossa realidade. Ele já passou por fraquezas e provas, experimentou de tudo—de tudo, menos pecado. Então, vamos caminhar até Ele e receber o que Ele está pronto a nos conceder. Pegue da [Sua] misericórdia, aceite [Sua] ajuda.

Um autor ilustrou essa verdade ao escrever sobre um encontro pessoal com um colega de sala de aula que era cego.

Seu nome era John e, numa semana, passei algumas horas lendo para ele. Um dia, eu lhe perguntei como tinha ficado cego. Ele me contou sobre um acidente que aconteceu quando era adolescente e como, a partir dali, tinha decidido desistir da vida. John contou: “Quando o acidente aconteceu e eu percebi que jamais voltaria a enxergar, senti que a vida tinha acabado; isso era o que eu pensava. Estava amargurado e furioso com Deus por ter permitido aquilo acontecer e eu despejava minha ira em todas as pessoas ao meu redor. Pensava que, já que não teria futuro algum, nem sequer levantaria um dedo ao meu próprio favor. Que os outros esperem por mim! Eu trancava a porta do meu quarto e me recusava a sair, exceto na hora das refeições.”

Nesse ponto, o amigo de John narra:

Eu sabia que esse jovem era muito estudioso e perguntei o que havia mudado em sua vida. E ele me contou a história. “Um dia, em total ira, meu pai entrou no meu quarto e começou a me dar um sermão. Ele disse que estava cansado desse negócio de eu sentir pena de mim mesmo. Ele disse que o inverno estava chegando e que era meu ainda trabalho colocar a proteção nas janelas para o inverno. Ele gritou: ‘Trate de arrumar aquelas janelas hoje até a hora do jantar,’ e fechou a porta do quarto com força.”

“Bom,” John continuou, “isso me deixou com tanta raiva que resolvi fazer aquilo! Resmungando e reclamando comigo mesmo, saí tateando e cheguei até a garagem, encontrei as janelas, a escada, todas as ferramentas necessárias e fui trabalhar. Pensei: ‘Eles vão se arrepender quando eu cair dessa escada e quebrar meu pescoço.’ Mas, pouco a pouco, tateando pela casa, fiz meu serviço.”

O amigo de John diz:

Daí, ele parou de falar e seus olhos cegos lacrimejaram. John falou: “Depois eu descobri que em nenhum momento naquele dia meu pai havia se afastado mais de 1,5 metro de mim.”

Você pode pensar que Tiago dá um conselho sem amor, assim como o pai falou com seu filho cego. Mas tanto o pai como Tiago, apesar de fazerem exigências, querem só que produzamos uma colheita transbordante de frutos espirituais: o fruto de um caráter piedoso e de uma conduta piedosa.

Deixe-me resumir as palavras iniciais de Tiago com algumas sentenças. Tiago inicia esse parágrafo proclamando, explícita e implicitamente, os seguintes desafios ao crente:

  • Desenvolva a perseverança!

Desenvolva perseverança enquanto você aguarda o Senhor que virá para arrebatá-lo; pode ser hoje!

  • Recuse a amargura!

Recuse a amargura enquanto aguarda o Senhor que virá para recompensá-lo; pode ser hoje!

Comece a viver de forma mais parecida com um fazendeiro, mas viva com a colheita final em mente.

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 01/05/2011

© Copyright 2011 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

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