
O Perigo de Brincar de Deus
O Perigo de Brincar de Deus
Série Satisfeitos! – Parte 4
Tiago 4.11–12
Introdução
Por algum motivo que eu desconheço, edições da revista Forbes (uma revista que descreve as pessoas mais ricas e poderosas do mundo) começaram a aparecer na minha caixa de correspondências. Por alguns meses, recebi vários exemplares. Mas, pouco tempo depois, parou. Em uma das revistas, o artigo principal dizia: “Somos fascinados por poder. Ficamos em total reverência diante daqueles que usam o poder com grande habilidade. Tememos os que abusam do poder. Nós cobiçamos o poder. Todos prefeririam ser um martelo ao invés de um prego. As pessoas desta lista foram escolhidas como mais poderosas do mundo porque, dentre vários outros motivos, dobraram o mundo para fazer a sua vontade.” O subtítulo do artigo dizia: existem 6.8 bilhões de pessoas no mundo. Essas são as 68 que realmente importam.
O artigo continuou e forneceu a biografia de cada um desses indivíduos importantes que incluíam líderes de Estados, líderes religiosos e até criminosos que chefiam sindicatos de crimes em todo o mundo. Eles entraram nessa lista por causa da vasta quantidade de pessoas que lideram ou por causa da enorme quantidade de dinheiro que depositam em bancos ou investem.
Foi impossível ler essa lista e não pensar: quantas pessoas não lerão essa lista dos 68 e dirão: “Cara, é aí que eu quero chegar!”?
Pergunto-me quantas pessoas não caíram na mensagem não tão subliminar, que diz: “Se você realmente deseja ter satisfação na vida, imite as pessoas desta lista; torne-se uma delas.” Nunca fique satisfeito em ser apenas um prego; seja um martelo. Você toma as decisões; você coloca as pessoas em seu devido lugar. E não se esqueça, o lugar delas será sempre debaixo de você em posição, importância e valor.
Satisfação significa que você finalmente se torna o rei de sua montanha. Você acabou de aumentar essa lista de 68 para 69, o que apresenta o primeiro obstáculo em se tornar o número 69: outras pessoas! Se não fosse pelas outras pessoas, você seria o número 1; você seria o aluno laureado ou o vendedor do ano. Mas outras pessoas estão em seu caminho.
Então, como lidar com outras pessoas que se colocam entre você e o lugar de satisfação que pensa merecer e pelo qual tanto anseia?
Existe uma maneira e ela acontece de ser um método utilizado dentro da igreja de forma tão engenhosa como usado fora da igreja. Esse método é o de verbalmente colocar as pessoas em seu devido lugar. Você aprende a martelar com a língua, a manobrar o mundo de acordo com a sua vontade ao ser aquele que domina as conversas e fala mais alto e de forma mais desafiadora e confrontadora.
De fato, andei observando essa natureza entrando em ação por extinto na vida de filhotes de águia. Uma câmera foi colocada sobre um ninho para que biólogos acompanhassem todo o crescimento desses filhotes. Eu e minha esposa vimos a mãe-águia sobre o ninho despedaçando um peixe e alimentando seus filhotes. Dava para ver a cabecinha dos filhotinhos todo alvoroçados se erguendo para receber a comida do bico da mamãe. E ali mesmo no ninho o problema já começa. O primeiro filhote a nascer é mais forte e maior que os outros dois. Quando a mãe começa a alimentá-los, esse filhote mais forte bica e domina seus irmãos até que eles se retraem; assim, ele fica sozinho com seu bico erguido para receber o peixe. Quando ele fica satisfeito, os outros finalmente têm uma chance de comer.
De acordo com a definição da revista Forbes, esse filhote é o que evidentemente importa, já que ele dobra o mundo diante da sua vontade.
Nós, como seres humanos, aprendemos a forçar outros à submissão por meio de manobras e conspirações, difamação e fofocas, por meio do menosprezo do caráter dos competidores e através de sugestões e pequenas coisas que dizemos. Todos nós somos, pela nossa natureza caída, habilidosos nessas coisas.
Mas de acordo com os padrões de Deus, que veremos novamente em instantes, aqueles que são mais habilidosos nisso não são necessariamente as pessoas que mais importam. Nesse ninho maior chamado “igreja,” elas podem, na verdade, ter importância nenhuma para o progresso do Evangelho e certamente não são nada importantes para a glória de Deus. Então, vamos ver o que realmente importa para Deus.
Agora, se esteve conosco em nosso estudo passado, você lembra que vimos nove imperativos no capítulo 4 de Tiago. São nove imperativos ou ordens do Espírito de Deus por meio de Tiago depois dos quais podemos inserir um ponto de exclamação. Encorajo você a fazer isso agora. A começar no verso 7, os nove imperativos que vimos foram:
- Submeta-se a Deus!
- Resista ao diabo!
- Aproxime-se de Deus!
- Limpe suas mãos!
- Purifique seu coração!
- Torne-se miserável!
- Lamente!
- Chore!
- Humilhe-se diante da presença do Senhor!
Hoje chegamos ao último imperativo. Investiremos nosso tempo falando sobre apenas esse imperativo. Alguns identificam esse último imperativo como o Décimo Mandamento de Tiago. Ele se encontra no verso 11: Irmãos, não faleis mal uns dos outros.
Não faleis mal uns dos outros. O verbo composto significa literalmente “não falar com baixeza sobre.” E a nossa tradução em português faz um bom trabalho ao traduzir: “Não falem mal uns dos outros.” Isso transmite bem a ideia original. O verbo se refere a uma crítica ou discurso degradante que maliciosamente tem a intenção de influenciar outros contra alguém em particular.
E podemos notar claramente que Tiago está falando com crentes. Três vezes no verso 11 ele se refere a eles como irmãos. Ele não está dizendo: “Vejam só, vocês sabem como o mundo lá fora é terrível a esse respeito. Eles pisam as outras pessoas a fim de subir na vida e se sentir melhor, criando grupos, caluniando professores e líderes, buscando estabelecer para si seus próprios seguidores ou declarar suas opiniões. Ouçam bem, irmãos, vocês precisam dizer às pessoas do mundo para pararem de tratar os outros dessa maneira!”
Não, Tiago escreve para crentes sobre o que acontece dentro da igreja! De fato, para tornar esse texto ainda mais duro, o autor usa o verbo de forma a transmitir para seus ouvintes a ordem para pararem de fazer algo que já estão fazendo. Tiago diz, na verdade: “Parem com isso!” Os crentes do século primeiro tinham o mesmo problema que os crentes do século vinte e um.
Não faleis mal uns dos outros. Tiago sabe que, quando qualquer assembleia em qualquer geração ouve essa ordem, os crentes se sentirão culpados (alguns mais do que outros), mas todos são culpados disso, de uma forma ou de outra.
Parte do problema é que a maioria dos crentes acha que, desde que seja verdade, não existe problema em dizer algo denigrativo sobre outra pessoa. Se é verdade, então não é fofoca. Se é verdade, então não é calúnia. “Tipo, se é verdade, bom... você precisa estar ciente e ser alertado disso.” Passamos a crer que é quase uma obrigação moral passar informação sobre outra pessoa, desde que seja verdade, e não importa o que isso causará à reputação ou caráter da outra pessoa.
Mas Tiago não faz distinção se a informação é verdadeira ou não. Ele não diz no verso 11: “Parem de falar mal dos outros se a informação é falsa! Informem-se da verdade primeiro... daí podem espalhar a notícia!”
Já que o contexto inclui uma congregação local de crentes, é bem possível que a informação sendo passada seja verdadeira. Para piorar ainda mais a situação, Tiago, ao escrever as palavras uns dos outros, nos informa que ambos os lados estão envolvidos na calúnia. O tiro vem dos dois lados; nenhum partido é inocente; todos estão envolvidos nessa batalha verbal; ninguém está sendo ajudado e ambos os lados, de uma forma ou de outra, estão sendo feridos.
Eu li uma lenda antiga que se originou no norte do Canadá. A lenda conta a história de um bando pequeno de porcos-espinhos que tentavam sobreviver a uma terrível nevasca. Eles se agarravam uns aos outros na tentativa de se manter aquecidos diante do vento forte e gelado que soprava contra eles. Mas por causa de seus espinhos serem tão afiados, quanto mais próximo tentavam chegar uns dos outros, mais se espetavam; e isso fez com que eles se afastassem uns dos outros. Mas não durou muito tempo até que começaram a tremer de frio à medida que a nevasca se intensificava; e isso os forçou a se unir novamente. No decorrer de toda aquela noite de inverno, essa dança estranha dos porcos-espinhos se repetiu. E a moral da história era: “Eles ficaram se espetando uns aos outros, apesar de precisarem uns dos outros.” A dança do porco-espinho é perigosa, desencorajadora e causa divisão quando ocorre na igreja.
Agora, Tiago prossegue para a frase seguinte para dar um maior esclarecimento ao assunto. Note a segunda parte do verso 11: Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão.
A maneira como Tiago descreve essas duas atividades—falar mal e julgar a um irmão—indica que elas são a mesma atividade apenas vistas por Tiago de uma perspectiva diferente. Ambas ocorrem ao mesmo tempo. Quando degrada as pessoas, você age como o juiz e júri ao mesmo tempo.
Esse é o tipo de julgamento degradante dos fariseus que os levava a constantemente julgar todas as pessoas e a enxergar si mesmos como melhores do que as demais pessoas.
Existem várias passagens que mandam o crente julgar ou pensar criticamente:
- devemos testar os espíritos, i.e., os mestres que nos ensinam verdades espirituais (1 João 4.1);
- devemos julgar os falsos mestres (Mateus 7.15);
- devemos julgar um crente que vive abertamente em pecado e removê-lo do meio da assembleia (1 Coríntios 5.1–3);
- devemos julgar alguém como amaldiçoado por Deus se pregar um evangelho diferente (Gálatas 1.8–9);
- os crentes com discernimento espiritual devem constantemente julgar o que é bom e o que é ruim (Hebreus 5.14);
- o crente deve julgar todas as coisas (1 Coríntios 2.15). Essa palavra vem da mesma raiz que a palavra usada por Tiago, onde ele nos diz que não devemos julgar.
Então, será que a Bíblia está confusa? Não se você entende bem o contexto da proibição. O que Tiago proíbe é uma atitude que julga sempre, um espírito crítico que julga tudo e todos e deprecia as pessoas. Existe grande diferença entre fazer um julgamento sábio e ter um espírito crítico que julga tudo e todos. Existe uma diferença entre pensar criticamente e ser uma pessoa crítica. Portanto, a questão não é se você julga ou não, mas como e por que.
Hoje mesmo você já tomou várias decisões críticas, fez vários julgamentos: a que horas se levantar, o que comer, que roupa vestir, etc. Você tem que fazer um julgamento quanto à hora que deve sair de casa para chegar no horário devido ao seu trabalho, universidade ou outro compromisso qualquer. Mas Tiago não está falando sobre esse tipo de julgamento aqui.
Tiago manda que paremos com a difamação, a fofoca, a crítica e o abuso verbal ou outra forma qualquer de discurso que, com efeito, arremessa seu bico contra a competição ou se eleva acima da pessoas ao seu redor.
“Serei o número 69; estarei entre as pessoas que realmente possuem alguma importância. E se você não é uma pessoa importante, sou melhor do que você para formular essa lista.” Tiago diria: “Você não é um pensador crítico, apenas uma pessoa que gosta de criticar; não está fazendo julgamento com discernimento, apenas julga alguém.”
A verdade é que encontraremos defeitos em qualquer pessoa no planeta se fizermos uma inspeção mais detalhada; e Tiago está falando exatamente desse tipo de inspeção.
Como o homem sobre o qual o teólogo Zodhiates fala em seu comentário nessa passagem de Tiago. Esse homem sempre encontrava uma forma de julgar ou criticar seus companheiros:
Se fosse um homem pobre, sua crítica era que ele não sabia administrar bem seus recursos; se fosse um homem rico, bom, ele era desonesto. Se o homem precisasse de crédito era porque não merecia; se tinha muito crédito era porque todo mundo queria lhe fazer um favor. Se ele fosse envolvido em política era porque buscava lucro pessoal; se ele deixasse seu cargo era porque não era bom para o país. Se ele não doasse dinheiro para instituições de caridade era porque era mão-de-vaca; se doasse era porque queria aparecer. Se ele frequentasse uma igreja era apenas mais um hipócrita; mas se ele não se interessasse em igreja ele era um pecador terrível; se ele mostrasse compaixão era porque tinha um coração mole; se não mostrasse compaixão era porque tinha um coração de pedra; se ele tivesse morrido jovem com saúde, então ele perdeu um grande futuro à frente; se tivesse morrido idoso com saúde, então provavelmente perdeu o chamado da morte.
Veja bem, esse homem provavelmente dava uma tapinha em suas próprias costas e dizia: “É, estou apenas sendo honesto!” Já cheguei à conclusão de que a pessoa que gosta de se aplaudir por ser brutalmente honesta é porque gosta tanto da brutalidade como da honestidade. Você já conheceu alguém assim? Elas ferem a si mesmas e suas famílias; podem estragar uma igreja ou um negócio.
A verdade é que vimos o reflexo desse tipo de pessoa hoje pela manhã quando nos olhamos no espelho. Todos nós somos culpados, de uma forma ou de outra. Por esse motivo, Tiago pode escrever para todos os crentes judeus espalhados pelo Império Romano e fazer este julgamento: “Isso serve para todos os irmãos, para todos vocês, para todos nós.”
Pare de menosprezar as pessoas!
Agora, depois de ter apresentado a proibição, o que devemos parar de fazer, e depois de ter descrito para nós com palavras detalhadas a prática de uma pessoa crítica que se deleita em julgar os demais, Tiago nos fornece três motivos por que essa prática é um problema tão sério. Aqui seguem três razões por que devemos evitar essa prática a todo custo:
- Primeiro, quando se envolve nesse tipo de discurso, você ignora o padrão de Deus.
Não os nossos padrões que determinamos, mas os padrões de Deus. Note o verso 11:
...Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz.
Novamente, o contexto é o de uma pessoa crítica que se deleita em julgar outras pessoas com palavras degradantes e humilhantes, violando, assim, a lei. Agora, que lei?
Quando Tiago se refere à “lei” nesse verso, ele não usa um artigo definido. Isso indica que ele não se refere à Lei mosaica, mas à lei em geral.
Então, que tipo de lei geral é essa? O mesmo tipo de lei à qual ele já se referiu antes na carta alguns parágrafos atrás no capítulo 2; ele a chama de “lei régia”—Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Essa é a lei do amor que se encaixa perfeitamente com a ordem do capítulo 4: você não humilha pessoas que ama; não busca destruir a reputação de alguém que ama; você não fofoca ou calunia alguém com quem se importa. Ao contrário, você ora por ela, a desafia, a corrige e busca restaurá-la.
- Julga o pecado dela? Sim.
- Você diz ao seu filho que o que ele fez está errado e que ele não pode fazer aquilo de novo? Sim.
- Corrigimos outro crente dizendo: “Veja bem, aquilo que você fez ou ensinou estava errado. Deixe-me mostrar a você como as Escrituras se aplicam nessa situação.”? Com certeza.
Isso é amor; disciplina eclesiástica é amor; ela nasce do desejo de desafiar, reprovar e alertar a ponto de impedir comunhão, de forma que a pessoa volte aos seu juízo e veja que o desejo é que ela seja reconciliada com Jesus Cristo e sua noiva, a igreja. Deixar esse crente abandonado em seu pecado sem alerta é falta de amor.
Você deixaria seu filho de três anos sair correndo pelo meio da rua? Por causa de seu amor, você lhe dirá que não vá e, se ele for, você irá discipliná-lo para que ele sinta uma consequência menor do que o atropelamento por um carro.
Maria era conhecida por ser a fofoqueira da igreja. Num sábado, ela estava dirigindo pela rua num bairro da cidade e, voilá, viu o carro de um irmão da igreja estacionado em frente a um bar. Antes mesmo do final do dia, todo mundo da pequena igreja tinha recebido um telefonema dela dizendo que José era um alcóolatra. Com certeza, ele já vinha lutando há muito tempo com o alcoolismo e nesses dias, ela imaginou, ele cedeu ao vício. É claro, ela adicionou à conversa: “Precisamos orar por José.” No dia seguinte quando o irmão José apareceu na igreja, todo mundo estava conversando sobre a novidade. José nunca disse sequer uma palavrinha depois de ter ouvido o relatório de Maria. Ele nem mesmo respondeu à acusação. Mas, mais tarde naquela noite, ele chamou um amigo que o seguiu e ele estacionou seu carro na frente da garagem de Maria; e o deixou lá durante a noite.
A propósito, não faça isso.
A verdade é, você não ora por pessoas sobre quem fofoca, e provavelmente não fofoca sobre pessoas pelas quais ora. Tiago escreve: “Parem de depreciar uns aos outros. Vocês estão violando a lei do amor. Estão ignorando o padrão de Deus!”
- Segundo, você desrespeita os estatutos de Deus.
Observe o verso 11 novamente:
...Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz.
O que Tiago diz aqui é que uma pessoa que julga, critica e calunia viola a lei do amor e, ao mesmo tempo, acusa o irmão de ter violado outra lei. Ao fazer isso, ele determina qual lei deve ser obedecida; assim, constitui-se um juiz acima da lei.
Ele é como o homem que diz: “Eu sou um motorista responsável e não excedo o limite de velocidade, mas nunca uso o cinto de segurança porque não preciso.”
Na verdade, li uma semana atrás sobre um homem que arrancou o cinto do seu carro, cortou no tamanho certo e começou a usar com sua calça para que, quando o policial o parasse e perguntasse se ele estava usando o cinto, ele pudesse dizer que sim. Mas o policial não achou isso muito engraçado.
Eu jamais roubaria roupas em uma lojas, mas sonegar parte dos meus impostos não é tão problemático; afinal, esses impostos são mais altos do que deveriam mesmo!
Esse tipo de pessoa se coloca como juiz acima da lei, ou seja, ela decide qual lei é digna de guardar e qual não é importante.
Este é o ensino de Tiago aqui: colocar-se como juiz acima das ordens eternas de Deus, decidindo quais você guardará e quais violará, é um desrespeito aos estatutos e ordens de Deus e sua Palavra.
O fariseu que dava o dízimo de sua hortelã e cominho—as minúcias de sua horta—mas roubava das viúvas e desonrava seus pais idosos se constituía juiz acima da lei, determinando o que era e o que não era importante.
Nós acabamos fazendo o mesmo. Podemos guardar certas ordens de Cristo e ser fervorosos a respeito delas, mas ignorarmos completamente a lei do amor aos outros. Quando procedemos dessa forma, Tiago diz que estamos agindo como juízes sobre a lei e contra a lei.
- Ignoramos os padrões de Deus e desrespeitamos os estatutos de Deus. Mais um: terceiro, substituímos a supremacia de Deus.
Note o verso 12:
Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?
Tiago está sendo bastante franco aqui. Parafraseado para a nossa linguagem de hoje, ele está dizendo: “Quem você pensa que é? Você acha que pode brincar de Deus? Existe apenas um que pode salvar e destruir. Existe apenas um Deus e você não é esse Deus.”
Deus nunca colocou um anúncio que precisava de um assistente administrativo. Existe apenas um Deus e ele é bastante capaz de fazer o papel de juiz e júri, executor e salvador. Salvar e destruir resumem o poder e direito supremos de Deus que pertencem a ele somente.
Tiago não está excluindo a necessidade de tribunais e juiz seculares, crentes que pensam criticamente, crentes com discernimento e líderes espirituais que fazem julgamento. O que Tiago faz é excluir nosso espírito arrogante, mau, crítico que gosta de julgar e vive para encontrar falhas nas pessoas.
Por que essas pessoas fazem isso? Porque querem ser mais importantes do que todas as demais! Elas querem entrar na lista; querem ser o número 69 entre os que são importantes!
Veja novamente o final do verso 12; Tiago diz: tu, porém, quem és, que julgas o próximo? A posição dos pronomes nesse verso enfatiza a clareza da pergunta de Tiago. Podemos ler: “Você aí... Você também... quem vocês pensam que são para tratar outros dessa maneira?”
Tiago é enfático e objetivo porque ele reconhece o perigo. Quando tratamos pessoas dessa forma, cooperamos com o diabo; ele é o patrão dos caluniadores; ele é o acusador. Dessa forma, quando agimos assim, trazemos para dentro da família de nosso Pai celestial uma atividade do pai do inferno cujo nome é diabo, que significa “acusador, difamador.” O vocabulário do diabo é “fracassado” e “culpado;” o vocabulário de nosso Senhor é “perdão” e “graça.”
Não é irônico que aqueles que buscam brincar de Deus acabam, na verdade, fazendo o papel do diabo? Difamar, acusar e fofocar é imitar o anjo que queria ser Deus; ele queria ser o primeiro na lista; ele queria ser o martelo para dobrar o céu à sua vontade.
Ouça bem: se você realmente deseja agir como Deus, então aja como Deus: distribua graça sempre que tiver oportunidade.
Deixe-me lançar a você um desafio que eu mesmo irei buscar cumprir: você acha que consegue passar 24 horas sem dizer algo ruim ou criticar outra pessoa? Consegue apenas 24 horas? Nenhuma palavra maldosa ou degradante sobre outra pessoa—o presidente, o governador, seu vizinho, seu professor, seu pastor, até mesmo seus colegas de estudo ou trabalho. Mesmo que o que você tem a dizer seja verdade, mesmo que esteja pronto a dizer na cara da pessoa, será que consegue se segurar por pelo menos 24 horas?
Alguém que não consegue passar 24 sem usar drogas é um viciado em drogas; se não consegue passar 24 horas sem álcool, então é um alcóolatra; se alguém não passa mais de 24 sem fumar, essa pessoa é viciada em nicotina, não é verdade?
Bom, se nós não conseguimos passar mais de 24 horas sem depreciar outras pessoas, então nós somos viciados em fofoca e difamação, correto? Reagimos: “Claro que não! Isso não faz sentido!” É...
Vamos apenas obedecer a essa ordem. Agora, se você falhar, recomece. Alguns não conseguem se segurar nem por 30 minutos. Não tem problema; confesse e recomece novamente.
Esse será um grande desafio, sabe por quê? Porque lá no século primeiro, o apóstolo Tiago mandou todos os crentes pararem com isso. Nós somos, por natureza, acostumados a acusar o próximo e esse hábito nós precisamos abandonar.
Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 21/03/2011
© Copyright 2011 Stephen Davey
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