O Caminho da Sabedoria

O Caminho da Sabedoria

Ref: James 1–5

O Caminho da Sabedoria

Série Uma Palavra para os Sábios – Parte 3

Tiago 3.17–18

 

Introdução

Começo nosso meditação de hoje fazendo uma pergunta: como sabemos como uma pessoa é? E a resposta é simples: apenas a observe; vá à casa dela ou ao seu trabalho, siga essa pessoa por um tempo e você descobrirá muito ao seu respeito.

O apóstolo Tiago não quer nos ver confusos a respeito da verdadeira sabedoria. Ele diz: “Você sabe se uma pessoa é sábia quando....” Parece que Tiago sabe como é fácil interpretar errado tudo o que ele tem dito até agora e ele deseja ter certeza de que entendemos as coisas corretamente.

Como o homem que sabia que o aniversário de sua esposa estava chegando. Então, sem querer deixar as coisas tão óbvias, perguntou a ela: “Querida, se você tivesse um desejo, qual seria?” Ela pensou por um instante, riu e disse: “Queria ter 8 anos de idade do novo.” Ele pensou: “Ótimo, sei exatamente o que fazer agora.”

Então, de manhã cedo no dia do aniversário dela, ele a acordou e a levou para tomar café e depois foram para um parque de diversão. E que dia divertido foi aquele! Escorregador, carrossel, montanha-russa, carro de bate-bate e muito mais. Cinco horas depois, ela saiu do parque quase se arrastando de tão cansada que estava—juntamente com seu marido. Sua cabeça estava rodando e seu estômago enjoado.

Depois do dia inteiro no parque de diversão, foram direto para o McDonald’s, onde ele pediu um Big Mac enorme com batata frita, refrigerante e um belo milk-shake de chocolate. Depois, o marido, todo animado, levou a esposa para o cinema, a fim de assistirem ao último filme lançamento da Disney; e, é claro, à entrada ele comprou pipoca, refrigerante e um pacote de M&M’s para fechar o dia divertido de uma criança de 8 anos de idade.

Extremamente exaustos, chegaram em casa e sua esposa desabou imediatamente sobre a cama. O marido, todo satisfeito, reclinou-se sobre o ombro de sua esposa e falou baixinho no seu ouvido: “Pronto, seu desejo foi cumprido! Você gostou de ter se sentido como uma menina de 8 anos de idade novamente?” Com um olho fechado, ela arregalou o outro e exclamou: “Querido, estava falando só do tamanho do meu vestido!” Uma coisa é ouvir o que nossas esposas dizem; outra coisa é realmente entender o que elas querem dizer.

Nesse parágrafo do capítulo 3, o apóstolo Tiago já contrastou a sabedoria terrena com a sabedoria de Deus. E Tiago não quer ver ninguém dizendo: “Ah, eu pensei que você tivesse dito que a sabedoria era... eu pensei que você tivesse dito isso...”.

Então, nos 5 versos seguintes, Tiago fará de tudo para que eu e você entendamos perfeitamente o que ele está querendo dizer aqui nessa passagem. Ele dirá, com efeito: “Você sabe que é sábio quando...”. Tiago nos fornecerá sete características de sabedoria piedosa genuína; sete características que não podem faltar a uma pessoa sábia.

Vamos voltar ao verso 13 de Tiago 3 e ler até ao verso 16 para refrescar nossa memória a respeito do contexto.

Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins.

Literalmente, confusão e corrupção. Note agora os versos 17 e 18:

A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.

Essas são sete características da sabedoria; poderíamos chamá-las de sete formas de saber se você está crescendo na sabedoria piedosa.

  • Pura.

A primeira palavra no verso 17 é pura. Note, novamente: A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura.

As palavras primeiramente, pura não significam simplesmente que a pureza seja a primeira na lista, mas indicam a prioridade dessa característica da sabedoria; ela deve vir primeiro! Em outras palavras, pureza é a primeira em importância. Essa palavra se refere a integridade moral e vida santa.

Isso é o oposto da sabedoria terrena. Talvez você lembre que, no verso anterior, a sabedoria terrena foi descrita como confusão e corrupção. O verso 16 diz: aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria terrena é sensual, criminosa, demoníaca, depravada e desonesta.

Agora, Tiago nos informa que a sabedoria de Deus é primeiramente e acima de tudo pura. Esse termo se refere a alguém que se retrai ou afasta de qualquer tipo de poluição.

Como já mencionamos num estudo anterior, essa pessoa trata o pecado da mesma forma como você trata sua lata de lixo: você não a deixa na sua sala de estar, mas do lado de fora de casa. Quando temos que manusear o lixo, geralmente o pegamos, não como nossas mãos, mas com as pontas dos dedos. Nós nos retraímos e cobrimos o nariz quando chegamos perto de lixo podre. Essa é a ideia da palavra utilizada por Tiago. Ele afirma que a pessoa sábia cria cada vez mais repugnância à podridão do pecado; ela não mima o pecado; ela não abraça o pecado, não defende o pecado, não promove o pecado, não encobre o pecado, não abriga o pecado, não se diverte com o pecado nem se regozija com ele.

Para a pessoa que está crescendo em sabedoria, o pecado se torna cada vez mais poluído porque ela se torna cada vez mais pura; e Tiago coloca a prioridade na pureza. O motivo para isso é que todas as demais características dependem da pureza.

Em outras palavras, se você não deseja ser puro, se não odeia o pecado e não deseja permanecer puro, então, nem se preocupe em querer ser pacífico ou indulgente, ou seja, misericordioso. Você já ignorou a pureza e não está no caminho certo para encontrar, muito menos demonstrar, a sabedoria de Deus.

Acontece que esse é o primeiro critério ao determinarmos se algo é sábio de se fazer ou não. Isso é puro e justo? Não precisamos ir a Deus para perguntar: “Senhor, preciso muito da tua sabedoria para descobrir se devo ou não pagar meus impostos este ano. O começo do ano está chegando e preciso da tua sabedoria.” Você não precisa perguntar a Deus se é algo sábio:

  • ser fiel ao seu cônjuge;
  • dizer a verdade;
  • obedecer aos seus pais;
  • controlar seus apetites;
  • filtrar o que vê em seu computador;
  • limpar seu linguajar;
  • ficar longe de clubes e boates;
  • cumprir suas palavras;
  • ser honesto com seu chefe;
  • escrever seu próprio trabalho da faculdade;
  • pagar o que deve na praça.

Você nunca precisa ir a Deus para dizer: “Eu realmente preciso de sabedoria para essas coisas.” Por quê? Porque nada disso é puro ou justo.

A sabedoria de Deus conduzirá você a se retrair da impureza, de forma que não desejará nem tocar no pecado, muito menos orar sobre ele.

Vários anos atrás, uma mulher me disse que ela havia se envolvido com um homem por um tempo antes de terminar o relacionamento com ele. Ela era solteira, mas ele era casado. Ambos diziam ser crentes, e ambos eram ativos na igreja. Ela me disse: “Eu estava tão distante do caminho da sabedoria, estava me enganando de tal forma, que íamos para um quarto de motel, abríamos nossas Bíblias, líamos a Palavra juntos e orávamos juntos antes de cometer o adultério e fornicação.”

Você não precisa orar sobre essas coisas. E se você acha que o que recebeu de Deus é realmente sabedoria celestial, essa sabedoria será sempre pura e justa.

Portanto, o crente que deseja crescer na sabedoria pode fazer uma pergunta bem simples a si mesmo a respeito de seus pensamentos, palavras e ações: “Será que quando penso, digo, vejo e faço essas coisas estou sendo puro?” Isso já diz tudo, não é mesmo? Por esse motivo, Tiago diz que essa característica vem primeiro. A sabedoria de Deus é pura, limpa.

  • Pacífica.

Tiago continua no verso 17 e adiciona a palavra pacífica. Poderíamos traduzir esse adjetivo como “amando a paz.”

Já que essa característica segue a pureza, esse não é o tipo de pessoa pacífica que deixa de lado a verdade para promover um senso de tranquilidade no próximo. Essa pessoa pacífica e sábia não se compromete com o pecado a fim de promover a paz.

De fato, Jesus Cristo mesmo disse que a sua verdade não promoveria paz, mas espada. Ou seja, o Evangelho traria tumulto e problemas entre filhos e pais, entre família e parentes (Mateus 10.34). O crente pode muito bem agitar as coisas. Ele pode muito bem experimentar confusão ao invés de paz.

Entretanto, como um estudioso do grego disse: “A palavra ‘pacífica’ refere-se à pessoa que pode estar resistindo ao pecado e, enquanto isso, tem fome pela paz, desejando curar todos os conflitos com um conselho sábio.”

  • Indulgente.

Daí, Tiago adiciona mais uma palavra à lista dos sete no verso 17; é a palavra indulgente. Esse é um sinônimo de humildade e se refere a alguém que persevera em sua confiança em Deus em face à injustiça.

O filósofo grego Platão usou essa mesma palavra para descrever alguém que reage com sabedoria à perda dos direitos e interesses pessoais.

Poderíamos traduzir essa palavra como alguém que dá a preferência de seus direitos às outras pessoas. Vemos essa atitude quando estamos dirigindo e “damos a preferência” para o outro motorista (pelo menos deveria ser essa a nossa atitude).

A ideia do termo fica evidente na atitude de Abraão ao dar a preferência ao seu sobrinho Ló em Gênesis 13. Abraão disse a Ló: “Veja só, nós temos gente demais, rebanho demais para tentarmos viver juntos na mesma área. Então, vou deixar você escolher. Pode pegar a planície fértil e bem irrigada do Jordão; ou, se preferir, pode pegar a terra de Canaã.” E Ló disse: “É sério?! Você vai me deixar escolher?”

Então, Ló orou sobre o assunto por quinze segundos e depois disse a Abraão: “Fico com o vale do Jordão.” E achamos que Abraão fosse dizer: “Veja só, andei repensando o assunto nos últimos quinze segundos; eu já sou velho; Deus deu a aliança da promessa para mim, não para você. Então, decidi exercer meu direito e ficar com o vale do Jordão para mim mesmo.” Mas Abraão cedeu; ele deu um passo para trás e permitiu que Ló ficasse com a planície do Jordão.

  • Tratável.

Tiago usa mais uma palavra para descrever o objetivo de uma pessoa crescendo em sabedoria. O verso 17 continua:

A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável...

Essa palavra se refere ao tipo de pessoa com a qual é fácil de trabalhar; ela está aberta a discussões, não na defensiva ou chateada quando alguém discorda dela; é uma pessoa com quem é fácil de conversar e resolver assuntos.

Na época de Tiago, essa palavra era usada no contexto militar para se referir a alguém que obedecia a ordens sem questionar. Também era usada para se referir a uma criança se submetendo à vontade dos seus pais.

O oposto de uma pessoa tratável é uma pessoa teimosa que resiste à vontade da autoridade dos que estão acima dela e, por último, resiste à autoridade do Pai celestial. O oposto de tratável é cabeça-dura, teimoso. E você terá várias oportunidades para demonstrar qual dois é ao se deparar com autoridades.

É fácil identificar uma pessoa sábia nesse assunto. É fácil de trabalhar com ela; é aberta a correção; não fica na sala falando mal do chefe, reclamando do supervisor ou das exigências do professor. Tratável significa favorável.

  • Plena de misericórdia e bons frutos.

A quinta característica que Tiago lista é a única característica dupla: A sabedoria, porém, lá do alto é... plena de misericórdia e de bons frutos.

Você consegue notar o contraste aqui? A sabedoria terrena é cheia de toda espécie de coisas ruins, conforme o verso 16. Mas a sabedoria de Deus se envolve na colheita da misericórdia.

É por esse motivo que temos essa característica dupla aqui. Misericórdia não é sentir a necessidade de alguém, mas suprir a necessidade de alguém. A misericórdia não é um sentimento, é uma atitude. Misericórdia é sempre demonstrada na prática e a pessoa que está crescendo em sabedoria cresce também em atos de misericórdia. A sabedoria terrena diz: “Eu não! O bom mesmo não é ser misericordioso para com as pessoas, mas ter as pessoas à sua mercê!”

Que grande contraste existe entre a sabedoria de José e a sabedoria do mundo—José, o primeiro ministro do Egito em Gênesis 42. Quando finalmente teve seus irmãos à mercê de sua misericórdia, ele decidiu agir para com eles em plena misericórdia.

A sabedoria do mundo não age em misericórdia; a sabedoria de Deus é misericordiosa. De fato, o Evangelho é misericordioso:

  • Cristo nos salvou segundo a sua misericórdia (Tito 3.5);
  • Deus é rico em misericórdia (Efésios 2.4).

 

  • Imparcial.

Tiago não para por aí. Ele adiciona outra característica. Ele escreve no final do verso 17: imparcial, o que parece contradizer a característica do tratável, favorável.

Não. Essa palavra se refere não a uma firmeza ou teimosia negativa, mas a uma firmeza ou imparcialidade em princípios; essa pessoa não vacila em seus princípios. Em outras palavras, você fez um compromisso com Jesus Cristo e não abrirá mão dele. Não importa como seja testado, você está comprometido a segui-lo. Você coloca em seu dedo o anel da pureza quando tem 13, 14 ou 16 anos e se recusa a tirá-lo do seu dedo, ou vive como se ele estivesse sempre ali.

Ouça bem: a coisa mais sábia que você pode fazer é comprometer sua vida com Jesus Cristo. Todos os dias, quando enfrenta o mundo, você não precisa decidir em qual time jogará, vacilando ou dando para trás; você já tomou sua decisão! Quando fracassa, você confessa e se ergue novamente.

  • Sem fingimento.

Finalmente, Tiago termina sua lista no verso 17 dizendo que a sabedoria, porém, lá do alto é... sem fingimento. O termo traduzido como sem fingimento é o grego hypokritēs, que se refere a um ator, aquele que literalmente usa uma máscara.

Nos dias de Tiago, peças teatrais não contavam com muitos atores como filmes, novelas e seriados de hoje. Os atores gregos trocavam seu figurino e faziam o papel de mais de um personagem. Eles usavam ou seguravam à frente do rosto uma máscara presa a um palito; dessa forma, eles se tornavam outro personagem na história. Quando quisessem ser outro personagem, simplesmente mudavam de máscara.

Tiago, portanto, diz que a sabedoria celestial não usa máscaras. Não existe pretensão, falsidade ou encenação na igreja ou na vida de um crente que está amadurecendo e crescendo na fé.

Note, agora, o que Tiago diz no verso 18:

Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz.

Ou seja, a pessoa sábia semeia esse tipo de semente descrita por Tiago e se beneficia de uma colheita abundante de justiça.

Tiago está dizendo aqui que, se você semeia as sementes da sabedoria, terá o tipo certo de colheita: uma colheita justa de paz com Deus e com as outras pessoas; paz dentro de sua consciência no decorrer do dia e paz à noite ao reclinar sua cabeça ao travesseiro. Tiago diz: “Se você deseja esse tipo de fruto, esse tipo de colheita, então, precisa semear esse tipo de semente.”

Fico contente que Tiago tenha escrito o verso 5 do capítulo 1: Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus.

A condição dessa construção grega indica que todos necessitamos de sabedoria. Poderíamos traduzir: “Já que todos nós precisamos de sabedoria, vamos pedir a Deus.”

Lembre-se de que você diz em sua mente: “Senhor, quero esse tipo de horta em minha vida.” E o Senhor dirá, com efeito: “Então, prepare-se para arar o solo, arrancar as ervas daninhas e ter circunstâncias e confortos transplantados com o equilíbrio adequado de sol e água fresca.”

Como vemos, estamos, na realidade, dizendo a Deus: “Senhor, venha plantar em mim essas sementes para que eu cresça em sabedoria e demonstre esses frutos e flores que são uma fragrância agradável a Deus e um testemunho a outros. Estas são as sete características:

  • Pura;
  • Pacífica;
  • Indulgente;
  • Tratável;
  • Plena de misericórdia e bons frutos;
  • Imparcial; e
  • Sem fingimento.

Então, podemos orar a Deus pedindo por sabedoria, não porque desejamos um pouco mais de sabedoria, mas porque não conseguimos viver sem a sabedoria de Deus!

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no ano de 2011

© Copyright 2011 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

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