No Tribunal da Opinião Pública

No Tribunal da Opinião Pública

Ref: James 1–5

No Tribunal da Opinião Pública

Série A Fé que Trabalha! – Parte 3

Tiago 2.21–24

 

Introdução

Até o momento, temos descoberto na carta de Tiago dois tipos de fé: a fé morta e a fé demoníaca. Podemos definir fé morta como a fé que não trabalha; a fé demoníaca são palavras desprovidas de fé.

A fim de ilustrar a fé morta, Tiago nos conduziu a um culto e mostrou a reação piedosa das pessoas na assembleia diante de dois irmãos pobres. Sem nem sequer providenciar ajuda alguma, eles disseram simplesmente: “Deus os abençoe! Mas olha, vistam uma roupa e comam alguma coisa,” como se a bênção deles fosse substituir um prato de comida. Tiago deseja demonstrar que fé que não serve não serve para nada! Esse tipo de fé não passa de palavras sem significado.

Em seguida, Tiago avança na discussão e desenvolve o assunto da fé demoníaca—a fé que possui todas as respostas corretas em testes bíblicos, mas não o coração correto. Essa fé conhece as respostas, não o Autor. E Tiago choca o seu mundo judeu ao lhes dizer que o diabo e os demônios também conhecem os fatos religiosos muito bem. Foi tão surpreendente para eles como o é para nós hoje, não é mesmo? Os demônios possuem fé!

Não existe nenhum demônio ateu ou agnóstico. Um demônio nunca se pergunta se a Bíblia diz a verdade; eles já viram as profecias se tornarem realidade no decorrer das eras e sabem muito bem que os estágios finais da história humana conforme registrados em Apocalipse também se tornarão realidade um dia. O ensino de Tiago é que conhecer fatos sobre a verdade não é suficiente; o pecador precisa aceitar a verdade.

Algumas semanas atrás, visitei um homem na u.t.i. Sua filha e genro são membros em nossa igreja, mas ele, por vários anos, foi membro da seita Ciência Cristã. Essa seita nega a divindade de Jesus Cristo e sua morte expiatória na cruz pelo pecado. Eles creem no universalismo, i.e., todos serão salvos, e também que não haverá nenhum julgamento futuro para a humanidade.

Agora esse homem se encontra enfermo nos estágios finais de um câncer, tendo batalhado corajosamente por dois anos. Sua filha e genro estavam orando pedindo a Deus que ele ouvisse o Evangelho. Então pediram que eu fosse até o hospital visitá-lo; e eu fui. Pedi à enfermeira para chegar um pouco mais tarde à noite. Sendo crente e conhecendo minhas intenções, ela me permitiu.

Ao chegar ao seu quarto em torno das 9 da noite, ficamos quase 1 hora conversando sem ser interrompidos; e o homem ouviu atentamente o Evangelho. E, é claro, o que eu falei foi exatamente o contrário daquilo que ele vinha ouvindo há anos em sua seita.

Foi impossível não ter um senso de urgência naquela hora; ninguém sabia que, seis dias depois, ele morreria. Eu não disse nada novo a ele; ele havia observado a vida de seus filhos e conhecia as palavras, mas nunca havia confiado em Cristo, crendo que ele era realmente o Filho de Deus, cuja morte na cruz era suficiente para perdoar seus pecados.

Quando terminei de explicar o Evangelho, perguntei o que ele desejava fazer com a mensagem. Ele respondeu dizendo que queria pensar melhor em tudo o que eu havia lhe dito. Orei por ele e saí. Mas, antes de sair, pedi que ele, caso aceitasse o Evangelho de Cristo em um dado momento, informasse sua família a novidade.

Cinco dias depois, um dia antes de morrer, ele informou sua família que Jesus Cristo agora vivia em seu coração—ele aceitou o Evangelho de Cristo! Seu funeral foi dois dias depois.

Uma coisa é reconhecer a existência de Cristo; é outra coisa totalmente diferente aceitar Cristo como o Senhor vivo e Salvador soberano. Uma coisa é reconhecer a verdade; outra coisa é aceitar aquele que é o caminho, a verdade e a vida (João 14.6).

Pense nisto: por toda a eternidade, a decisão desse homem, às vésperas de sua morte, fez toda a diferença se ele passaria a eternidade no céu ou no inferno. Meu querido, quem sabe hoje talvez seja a sua última oportunidade de ouvir o Evangelho, colocar sua confiança no Senhor vivo e entregar sua vida a ele.

A fé demoníaca conhece os credos, mas nunca se renderá a Cristo. Tiago nos informa que os demônios até tremem diante das implicações do Evangelho, mas eles jamais irão nem poderão se render a Cristo!

E você, tem fé? Será que sua fé não passa de uma fé de palavras desprovidas de significado pessoal? Sua fé se caracteriza como fé demoníaca, ou seja, um reconhecimento sem uma aceitação pessoal?

Como vemos, Tiago nos leva a um passeio nesses três tipos de fé no capítulo 2 de sua carta, para onde também convido sua atenção hoje. Mas apenas uma dessas três é a fé genuína:

  • A fé morta afeta apenas a mente—ela conhece as palavras intelectualmente, mas não passa disso;
  • A fé demoníaca afeta a mente e as emoções—até os demônios creem e tremem (2.19).

Fé Dinâmica

Mas, agora, Tiago irá ilustrar para nós o terceiro tipo de fé, a chamada fé dinâmica.

  • A fé dinâmica afeta a mente e as emoções; mas, principalmente e acima de tudo neste contexto, a fé dinâmica afeta a vontade.

Suponhamos que você tenha uma doença incurável. Daí, eu chego e digo que existe um médico em São Paulo que desenvolveu a cura e esse médico, na realidade, escreveu um livro. Nesse livro, ele descreveu perfeitamente sua condição e afirmou que, se você se submeter ao tratamento dele em seu consultório conforme mostrado no livro, ele garante a sua cura.

Daí, eu pergunto para você depois: “Você leu o livro do médico?” Você responde: “Cara, eu decorei partes do livro. Tem tudo a ver comigo! É como se aquele médico me conhecesse por dentro e por fora!” “Mas você crê que ele possui a cura?” “Com certeza!” “E aí, quando irá marcar a sua consulta com o médico em São Paulo?” “Ah, não sei... Não gosto de viajar. Acho que irei somente ficar lendo o livro mesmo...”. Eu creio que é verdade, mas não mexa com a minha vida!

Como vemos, a fé genuína em Cristo vai além do reconhecimento e avança para a aceitação. E Tiago deixa bem enfatizado que a fé genuína ficará evidente na prática.

Então, a fim de ilustrar seu ensino, Tiago, como você já sabe, fornece uma imagem para cada tipo de fé. E para a fé dinâmica, ele descreve a vida de um homem com quem seus ouvintes judeus se identificariam imediatamente: o pai Abraão. Dê uma olhada em Tiago 2, versos 21 a 24:

Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente.

E acontece que esta é a porção da carta de Tiago que mais irritou o reformador Martinho Lutero. Ele era tão contrário ao ensino católico romano da salvação pelas obras e um defensor tão ferrenho da salvação pela graça e pela fé somente que acabou confundindo o ensino de Tiago aqui e categorizando a carta inteira como “epístola de palha.”

Mas, após uma olhada mais cuidadosa, fica bastante claro que Tiago tem algo diferente em mente. Recomendo que você escreva na margem de sua Bíblia duas referências. Note o verso 21, onde Tiago escreve:

Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?

Escreve ao lado desse verso a referência de Gênesis 22. Esse é o capítulo onde lemos a narrativa completa de Abraão preparando o oferecimento de Isaque como oferta queimada em obediência a uma ordem de Deus.

Agora veja o que Tiago diz no verso 23:

e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça...

Essa é uma citação de Gênesis 15. Escreva na margem de sua Bíblia Gênesis 15. O apóstolo Paulo usa essa mesma citação de Gênesis 15 para provar a justificação pela fé somente em Romanos 4. Mas aqui Tiago utiliza o verso de Gênesis 15 para demonstrar que justificação não é pela fé somente. Então, qual dos dois está certo, Paulo ou Tiago?

Calma, não há motivo para desespero! Os dois estão certos. Eles estão apenas olhando para a vida de Abraão a partir de duas perspectivas diferentes. Lembre-se: existe a justificação tanto aos olhos de Deus, como também a justificação diante dos olhos dos homens e esta última é pelas obras. Os homens não conseguem ver nossa fé, mas conseguem ver nossas obras. Existem os dois lados na moeda da justificação. Na realidade, existem dois significados genéricos para a palavra grega dikaioō, ou “justificar.”

  • Uma declaração legal de justificação.

Na maioria das vezes, Paulo usa a palavra com esse sentido. Ele escreveu:

  • a justificação é um presente da graça de Deus por meio da redenção que está em Cristo Jesus (Romanos 3.24);
  • temos sido justificados pela fé e temos paz com Deus por meio do Senhor Jesus Cristo (Romanos 5.1).

Esse é um pronunciamento forense diante da lei por meio do qual o crente é declarado justo ou justificado diante de Deus. Literalmente, o crente é absolvido pelo divino Juiz do universo no tribunal da santidade e justiça divina.

Esse é um lado da justificação no tribunal da opinião de Deus. Mas ainda existe um segundo significado.

  • Uma vindicação diante dos homens.

Essa é a justificação no tribunal da opinião pública. No tribunal de Deus, a justificação ocorre num único momento. No tribunal da opinião pública, ela acontece a cada instante. Às vezes, temos sucesso, outras vezes fracassamos.

Então, dependendo de qual lado da moeda você deseja enfatizar, podemos promover ou o significado da fé—justificação diante de Deus—, ou o significado das obras—justificação diante dos homens.

E a propósito, tanto o apóstolo Paulo como o apóstolo Tiago ilustram ambos os lados da moeda com o mesmo homem: Abraão. Eles usam até o mesmo verso de Gênesis 15: Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça.

Paulo usa o verso para provar o fato que Abraão foi justificado antes mesmo de ter feito alguma coisa. Já o apóstolo Tiago usa a vida de Abraão para provar o fato que o que Abraão fez para Deus provou que ele já pertencia a Deus.  Paulo enfatiza a raiz da salvação; Tiago enfatiza o fruto da salvação. Na verdade, olhe mais adiante no verso 22:

Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou

A fé estava operando; é a palavra synerge, da qual derivamos o termo “sinergia.” Existe uma sinergia entre fé e obras.

E Tiago diz que a fé de Abraão foi consumada. O verbo traduzido como consumou é o termo favorito de Tiago para falar sobre “maturidade.”

E você notou como Tiago começou o verso 22? Ele escreve: Vês! “Olhe para Abraão! Será que Abraão poderia ter sacrificado Isaque sem ter uma fé madura?” Em outras palavras, todos puderam ver que Abraão havia crescido na fé para chegar em Gênesis 22 e oferecer Isaque a Deus. 50 anos de crescimento havia se passado. Agora, essa fé madura é demonstrada no tribunal da opinião pública naquela penha do Monte Moriá.

Posso levar você até aquele local por um instante? Muitos afirmam ser este o maior ato de fé na história da humanidade. Não é surpresa, portanto, que tenha sido um tipo do sacrifício de Jesus Cristo que ocorre naquele mesmo monte.

Mas antes de observarmos Abraão levantando o cutelo para tirar a vida de seu filho, crendo que o resultado seria a ressurreição do filho Isaque (Hebreus 11.19)—antes de subirmos o monte Moriá com Abraão e Isaque, o mesmo monte onde Deus mais tarde cumpriria suas promessas e providenciaria um cordeiro—antes disso, observe que a vida de fé de Abraão é um passo após o outro.

Hebreus 11 diz, na verdade, que Abraão demonstrou fé primeiro em Gênesis 12 quando saiu de casa. Mas é somente em Gênesis 15 onde lemos que Abraão havia crido na aliança da promessa.

De fato, Gênesis 15 é a primeira vez que a palavra “crer” aparece na Bíblia. Apesar disso, Hebreus 11 nos informa:

  • que Abraão deixou seu lar pela fé (v.8);
  • que ele viveu em terra estranha pela fé (v.9);
  • que ele ofereceu Isaque pela fé (v.17).

O momento definitivo de fé de Abraão foi em Gênesis 15, quando ele colocou tudo nas mãos de Deus e creu no Senhor. Não nos é dito se Abraão confiou em Deus imediatamente, ou se saiu e pensou e orou sobre o assunto; não sabemos. Mas o que sabemos é que Abraão creu em Deus pela fé.

Mas isso não significa que, desse ponto em diante, Abraão tenha vivido uma vida piedosa perfeita. A vida de fé não é uma vida de perfeição, mas uma vida de progressão. A progressão às vezes é para frente, às vezes é para trás, como foi no caso quando Abraão mentiu ao dizer que Sara era sua irmã na tentativa de salvar sua própria pele. Naquele tribunal particular de opinião pública, Abraão não teve fé.

Mas, próximo ao final de sua vida, depois de 50 anos de crescimento, dependência, confissão e amadurecimento, Abraão recebeu o maior teste de fé que qualquer ser humano já recebeu. Felizmente, Deus não testou Abraão no monte Moriá num momento anterior em sua vida. Um autor disse que a vida de Abraão foi nada mais do que uma série de entregas a Deus. Mas antes desse maior ato de entrega a Deus:

  • Abraão recebeu a ordem de abrir mão de seu pai e da única vida que ele conhecia em Ur;
  • Daí, ele foi colocado numa posição onde teria que abrir mão das excelentes planícies do Jordão e entregá-las a seu sobrinho Ló;
  • Mais tarde, ele teve que abrir mão de Agar e seu filho Ismael e Ismael não se tornaria o filho da promessa;
  • 50 anos depois da promessa original de que por meio de seu filho viria uma nação que abençoaria o mundo—primariamente porque o Messias viria daquela nação—aí vem Deus, 50 anos depois, e manda Abraão abrir mão de seu filho Isaque já crescido e entregá-lo a Deus como sacrifício.

E quando Deus foi falar com Abraão, que agora tinham mais de 100 anos de idade, a conversa foi bem direta e clara. Deus disse: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas. Você acha que Abraão tinha problema de ouvido? Não, mas ele era teimoso. Abraão, toma o teu filho. Abraão poderia ter dito: “Eu tenho dois filhos.” Não, toma o teu único filho... o filho que você ama. “Mas eu amo Ismael também.” Abraão, toma o teu filho, o teu único filho, o filho que tu amas – Isaque! Fim de papo!

Tiago nos diz: “Observe Abraão no Monte Moriá e me diga: aquela foi a maior demonstração de fé ou não?” Deus havia prometido um filho a Abraão quando ele ainda tinha 75 anos e Sara tinha 65. A expectativa de vida era de 120 anos. Então, ainda havia a chance natural de Abraão e Sara terem um filho. Mas o tempo passou e as chances foram diminuindo, até que acabaram. Dez anos depois da promessa inicial, Deus disse a Abraão: Abrão, eu sou o teu escudo, e o teu galardão será sobremodo grande (Gênesis 15.1). E Abraão retrucou, perguntando: Se é assim, então por que eu ainda estou esperando meu filho? (Gênesis 15.2). Deus mandou Abraão sair, olhar para o céu e contar as estrelas, caso pudesse.

Na cidade, nós conseguimos ver talvez 100 estrelas numa noite de céu limpo. Depois de uma olhada mais cautelosa, percebemos que 7 são aviões e 3 são satélites. Mas não para Abraão naquela noite de céu limpo e sem chuva; e ele creu em Deus. Daí, esperou 14 anos. A vida de fé não estava dando resultados; as possibilidades eram pequenas. Todos ao redor de Abraão e Sara, e Abraão e Sara mesmo, viam as promessas de Deus como algo sem futuro algum, jamais dariam certo.

Por esse motivo, Abraão saiu com um plano B—o “Projeto Agar” e o recém-nascido Ismael, a quem Deus rejeitou e não seria a semente da aliança. Isso foi fruto da falta de fé de Abraão e não um ato de fé. Ismael cresceria com ressentimento, cumprindo a promessa de Deus a Agar de que a mão de Ismael seria contra todos (Gênesis 16.12). Ismael se tornaria o pai da nação árabe, um espinho constante para os descendentes de Isaque, o povo judeu, até aos dias de hoje.

E a propósito, a batalha entre os descendentes de Isaque e os descendentes de Ismael não cessará até a vinda do reino de Cristo nesta terra. Somente aí o Oriente Médio desfrutará de paz duradoura e genuína.

Agora, de volta ao programa do progresso, quando a expectativa da promessa de Deus a Abraão parecia impossível, logo que Abraão soprou as velas de seu bolo de aniversário de 100 anos—e Sara com 90 anos—, Sara sai com notícias absolutamente surpreendentes; e nove meses depois eles têm um filho, a quem dão o nome de Isaque.

Isaque cresce e Abraão experimenta 30 anos de prosperidade. Todas as suas orações haviam sido respondidas. Podemos até ouvir Abraão dizendo com alívio: “Ah, finalmente meus testes de fé já terminaram!”  Ah, não. É a mesma coisa para nós: nosso maior teste de fé ainda está por vir.

Abraão, toma o teu filho e o sacrifica para mim no monte que mostrarei (Gênesis 22.2)

E, no decorrer de todo esse cenário, Isaque se torna um tipo de Cristo:

CRISTO

ISAQUE

O único Filho oferecido pelo seu Pai (João 3.16)

O único filho oferecido pelo seu pai (Gn. 22.12)

Carregou a cruz para o seu próprio sacrifício (João 19.17)

Carregou a madeira para o seu próprio sacrifício (Gn. 22.5)

Disposto a sofrer na cruz (Fp. 2.8)

Disposto a subir no altar (Gn. 22.9)

 

Quando Abraão levantou o cutelo para tirar a vida de seu filho, um anjo o impediu e Abraão viu um carneiro num arbusto próximo com seus chifres presos aos galhos. Esse carneiro esteve lá o tempo inteiro. Deve ter sido o carneiro mais silencioso da história da humanidade! E Deus prometera a Abraão que providenciaria o cordeiro para o sacrifício (Gênesis 22.8). Posteriormente, Abraão disse: E pôs Abraão por nome àquele lugar -- O SENHOR Proverá. E no mesmo monte, séculos depois, o Cordeiro de Deus seria oferecido como sacrifício pelos pecados do mundo, cumprindo a profecia de Abraão e o tipo representado em Isaque.

Jay Herndon foi um missionário numa vila bem pobre da Irlanda. Ele escreveu sobre um incidente ocorrido alguns anos atrás:

Numa noite fria, o ônibus da empresa, cheio de homens da vila depois de um longo dia de trabalho, descia a montanha vindo das minas. A estrada estava coberta por uma camada fina de gelo naquela noite escura de inverno. O motorista, que tinha bastante experiência, precisava dirigir com bastante cuidado. A estrada também era extremamente estreita: do lado esquerdo do ônibus estavam as rochas e do lado direito um precipício de dezenas de metros de profundidade.

De repente, poucos metros à frente do ônibus, os homens enxergaram um garoto, sentado no meio da estrada, brincando com seus brinquedos. O motorista teve apenas segundos para tomar uma decisão: desviar o ônibus ou frear, o que provavelmente acabaria com as vidas desses homens e pais. Continuar significaria acabar com a vida do garoto, completamente alheio ao ônibus.

E esse missionário conta que, depois que o ônibus parou alguns metros do corpo deformado do menino, o motorista desceu. Ele correu e tomou em seu colo o corpo de seu próprio filho, colocou a cabeça do menino em seu casaco e chorou.

Pensamos que Abraão foi subindo o Monte Moriá assoviando, todo feliz da vida, sabendo que leria o resto do capítulo. Pensamos que essa não foi, de fato, uma prova, já que ele era amigo de Deus e tudo daria perfeitamente certo. Mas facilmente negligenciamos a dor de 50 anos de espera e o pensamento de ter que tirar a vida de seu próprio filho. O nosso problema é que temos a tendência de minimizar os testes dos outros e exagerar os desafios em nossas próprias vidas.

E é exatamente aqui onde não entendemos o ensino de Tiago. Tiago não traz Abraão à tona para fazer uma revisão de história do Antigo Testamento como prova de que ele realmente havia prestado atenção às aulas da sinagoga. Ele usa a decisão de fé que Abraão fez como exemplo para nós. Ele diz, na verdade: “O exemplo de Abraão que aceitou os testes de Deus—de forma imperfeita algumas vezes, mas completa em outras vezes—deve ser nosso exemplo de fé viva e dinâmica.”

Isso é muito mais do que uma história do Antigo Testamento. Para Abraão, esse foi o ápice de 50 anos de testes que fornece ao mundo uma oportunidade de ver a prova de uma fé madura, vivida no tribunal da opinião pública. Essa é a justificação de uma fé dinâmica.

Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mateus 5.16)

Existe algo em sua vida que leva o descrente a dizer: “Nossa, a fé daquela pessoa é séria!”? Gostaríamos muito de poder demonstrar nossa fé em Deus baseados naquilo que possuímos. E é aqui que Tiago chega e diz: “Demonstramos fé dinâmica quando:

  • entregamos o que temos;
  • damos o que possuímos;
  • suprimos as necessidades de outros;
  • praticamos o que pregamos e professamos;
  • vivemos em submissão sob circunstâncias difíceis e confiamos em Deus durante tempos impossíveis.

Então, o que Deus tem pedido que você entregue a ele? O que ele pede que você coloque sobre o altar de sua vida? Que pedido difícil Deus faz a você agora?

A fé morta diz: “O altar da entrega a Cristo é algo que todo o crente deve fazer.” Daí, não faz nada. A fé demoníaca diz: “O altar da entrega a Cristo existe, é real e muitas pessoas vivem para Cristo.” Mas nunca se rende. A fé dinâmica diz: “O altar da entrega a Cristo é real e todo crente que deseja amadurecer na fé se submete aos testes e aos desafios, às vezes em imperfeição, às vezes, completamente. Eu estou disposto a me entregar. Irei demonstrar minha justificação diante do tribunal da opinião pública; eu realmente pertenço a Deus e Deus pertence a mim.”

Lembre-se: a fé sozinha justifica, como Calvino escreveu, mas a fé que justifica nunca vem sozinha. Tiago diz: “Leve sua fé para a rua.” A fé dinâmica é a demonstração da fé com a vida!

 

 

 

Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no ano de 2010

© Copyright 2010 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

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