
Na Sala de Aula do Deserto
Na Sala de Aula do Deserto
Êxodo 2.15–22
Introdução
Uma das coisas que mais gostamos de ouvir é histórias de pessoas que conseguiram sucesso na vida. Por outro lado, ficamos impressionados com o oposto disso: histórias que contam sobre o terrível fracasso de algum indivíduo.
Uma história que sempre me chama a atenção é a de Willie Durant; os anos finais de sua vida foram repletos de segredo e mistério. Se você não sabe, ele foi o cérebro por trás da criação da General Motors, a empresa multinacional que fabrica veículos. Durant conseguiu trazer para sua empresa homens como Walter Chrysler, David Buick, Louis Chevrolet e Ransom Olds. Como resultado, formou uma corporação enorme.
Entretanto, por causa de decisões ruins e da perda de fortuna, Durant, que antes fora um milionário, passou os últimos anos de sua vida trabalhando como gerente num local de pistas de boliche. Ele mesmo não tinha dinheiro para comprar um carro que sua empresa produzia.
Uma coisa interessante na Bíblia é que a maioria de suas verdades está ligada a personalidades, a homens e mulheres. Quando Deus, através de seus servos, registrou vidas de homens e mulheres, parece que ele não deixou nada de fora, especialmente os fracassos. Existem vários personagens bíblicos que são foco de algumas páginas bíblicas, mas Deus não esconde seus fracassos, erros, pecados e desertos por onde passaram. E fico feliz por isso, porque, conforme lemos em 2 Timóteo 3.16–17:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Tudo indica que você e eu precisamos de ajuda, especialmente quando o assunto é fracasso. Espero aprender com erros de homens e mulheres do passado para não repeti-los. Gostaria de ressaltar alguns fracassos bíblicos enquanto continuamos estudando a vida de Moisés.
O Deserto da Decepção e da Fraqueza
Marcos: Um Fracasso Ministerial
O primeiro personagem que desejo ressaltar é João Marcos. Ele é um indivíduo interessante que possui todo o potencial de se tornar uma história de grande sucesso. Aconteceu, porém, algo que Deus desejou incluir no registro das Escrituras para a nossa instrução. Veja Atos 12, onde tudo começa.
Pedro foi miraculosamente libertado da prisão enquanto uma reunião de oração era realizada a seu favor. Lemos em Atos 12.11–12:
Então, Pedro, caindo em si, disse: Agora, sei, verdadeiramente, que o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo judaico. Considerando ele a sua situação, resolveu ir à casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam.
Tudo indica que a casa de João Marcos era um esconderijo, um local de retiro para os discípulos primitivos. Expositores acreditam que a última ceia foi realizada na casa de João Marcos, o chamado “cenáculo,” isto é, a sala sobre ou no teto. Alguns acreditam também que os pais de João Marcos, sendo ricos, eram donos do jardim onde Jesus orava frequentemente: o Getsêmane. Então, João Marcos cresceu num lar dedicado completamente à causa de Jesus Cristo.
Foi a mãe ou talvez até mesmo o pai romano de Marcos que abriu a porta do lar para os discípulos orarem ali. Estudos indicam que Marcos tinha em torno dos 20 anos de idade quando Jesus foi crucificado; possivelmente, ele foi o jovem que os soldados romanos agarraram pelo manto e que saiu correndo do jardim. É interessante que o jovem João Marcos seria preparado para ser a segunda geração de discípulos; ele tinha todo o potencial e histórico. Entretanto, algo acontece.
Veja o que acontece na igreja de Antioquia em Atos 13.2–5:
E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram. Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas judaicas; tinham também João como auxiliar.
João Marcos foi junto como ajudante de Paulo e Barnabé. Parece que o jovem tinha bastante entusiasmo, disposto a se envolver na obra de Cristo. Marcos tinha amizade com os apóstolos; ele conversava com Pedro e Paulo. Imagino que, se enfrentasse algum problema em sua adolescência, poderia pedir o conselho desses gigantes. Seu lar era um refúgio para os apóstolos. João Marcos se torna ajudante numa equipe que realiza cruzadas evangelísticas. Alguns sugerem, e creio que isso faz sentido, que João Marcos realizava os estudos com adolescentes e jovens enquanto Paulo e Barnabé pregavam aos adultos.
Agora, apesar de não sabermos dos detalhes, algo acontece nessa viagem missionária que muda o histórico de vida de João Marcos e Deus registra na Bíblia um tremendo fracasso: um fracasso no ministério. Veja Atos 13.13:
E, navegando de Pafos, Paulo e seus companheiros dirigiram-se a Perge da Panfília. João, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém.
Vá para Atos 15.36–38, onde vemos mais detalhes sobre o que aconteceu:
Alguns dias depois, disse Paulo a Barnabé: Voltemos, agora, para visitar os irmãos por todas as cidades nas quais anunciamos a palavra do Senhor, para ver como passam. E Barnabé queria levar também a João, chamado Marcos. Mas Paulo não achava justo levarem aquele que se afastara desde a Panfília, não os acompanhando no trabalho.
João Marcos abandona a equipe missionária em Panfília. Quem sabe, talvez ele tenha pensado que, por haver andado com os apóstolos e por saber que tinham poder para realizar milagres, seu ministério seria tão poderoso quanto o deles. Não sabemos o que aconteceu, mas quando enfrenta, talvez, a pressão de multidões, João Marcos se depara com resultados inesperados. Por algum motivo, ele abandona a equipe missionária e Paulo diz, agora: “De jeito nenhum levarei João Marcos comigo novamente!”
Podemos apenas imaginar os problemas causados pela deserção de João Marcos. Pessoas que tinham acabado de se converter ouvem, de repente, que João Marcos abandonou seu chamado. Assim, ele entra para a história como um fracassado no ministério.
Penso no Salmo 78.9, que diz:
Os filhos de Efraim, embora armados de arco, bateram em retirada no dia do combate.
Também penso em nós, como aplicação. Temos enorme potencial; temos ensino, treinamento e conhecimento; sabemos mais da Palavra do que muitos; temos muito à nossa disposição; nossos arcos estão prontos e as flechas afiadas; nossas orações com eloquência sobem ao céu; a aparência é excelente. Contudo, no dia da batalha, quando a pressão sobe, quando começam as humilhações na escola e no trabalho, será que desertamos temendo o ridículo?
Dificilmente podemos falar da igreja sendo perseguida em nosso país como vemos nas Escrituras. Mas Jesus Cristo mandou a igreja de Esmirna perseverar no dia da batalha, qualquer que seja essa batalha. Nós enfrentamos batalhas também, apesar de serem diferentes das que crentes enfrentam em outros países.
Li a história de crentes russos que se reuniam num prédio abandonado em pleno inverno; havia tanta gente que o povo se aglomerava como sardinha, vindo de várias regiões no auge do inverno. Não havia aquecedores e todas as janelas do prédio estavam abertas para permitir a circulação de ar, apesar de o vento ser congelante. Eles tinham suas batalhas, nós temos as nossas.
Talvez sua batalha seja conseguir, finalmente, abrir sua boca para testemunhar de Cristo ao seu vizinho. Li a história de um empresário que foi para o trabalho junto com o vizinho no mesmo carro por 15 anos. Um dia, o vizinho sofreu um ataque cardíaco e morreu. Enquanto expressava sua tristeza para um amigo, o homem falou que, naqueles 15 anos, ele nunca tinha falado de Cristo ao vizinho agora morto.
E você, está pronto para a batalha? Ou será que abandona tudo quando ouve o barulho das armaduras do outro exército se aproximando?
O Deserto da Culpa e da Infelicidade
Davi: Um Fracasso Moral
Penso em outro fracasso, não um fracasso ministerial, não um covarde, mas um que findou no deserto da culpa e da infelicidade. Davi foi um homem que fracassou no âmbito moral.
Como Davi era diferente de Marcos; não havia nem uma fagulha de covardia nesse homem; ele tinha encarado animais selvagens com um estilingue na mão. E você talvez lembra de como ele falou ousadamente ao exército de Israel que tinha permanecido calado por meses porque os filisteus tinham uma arma secreta chamada “Golias.” Golias desfilava todos os dias diante do exército de Israel e dizia: “Quem irá me encarar num duelo?” Ninguém se prontificava, até que um adolescente, com um estilingue balançando na cintura pendurado no bolso, chega para trazer comida aos irmãos e ouve as palavras desse filisteu. Ele pensa: “Bom, acho que está na hora de alguém enfrenta-lo!” Para a surpresa de todos, Davi desce ao vale e diz ao gigante: “Antes mesmo do pôr-do-sol, arrancarei sua cabeça e darei sua carne aos pássaros do céu.”
Davi era um homem que, em nome de Yahweh, lutaria contra um inimigo como Golias. Entretanto, ele se tornou um fracasso moral. O homem considerado como a menina dos olhos de Deus, o homem segundo o coração de Deus e que escreveria profundas expressões de adoração, se viu um dia no deserto da culpa e da infelicidade.
É nos Salmos 32 e 51 que lemos as palavras de Davi ligadas ao seu fracasso moral. Perceba a agonia terrível de alguém que esconde seu pecado, que ainda não aprendeu sobre o privilégio maravilhoso do arrependimento e liberdade da culpa. Veja o Salmo 32.3–4:
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.
Que deserto! Quanta infelicidade! Mas veja o que acontece no Salmo 51. Em seu deserto de culpa e infelicidade, Davi aprendeu e se dispôs a se arrepender. Lemos no Salmo 51.1–4a:
Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. Lava-me completamente da minha iniqüidade e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos...
Pule para os versos 10–12a:
Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação...
Continue nos versos 14–15:
Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua exaltará a tua justiça. Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus louvores.
Meu querido, eu e você temos algo em comum com Marcos e Davi: por causa do fracasso, por causa do pecado, também nos vemos num deserto. Talvez hoje você está passando pelo deserto da culpa e da infelicidade, da decepção e da fraqueza. Deus o conduziu a esse deserto não para abandoná-lo aí, mas para ensiná-lo. É nesse lugar que Deus recebe nossa atenção sem distração alguma.
Davi escondeu seu pecado por um ano; tudo era segredo; ele pensou que ninguém sabia. Contudo, ele nos revela o que se passava em seu interior enquanto isso: “Minha alma, meu corpo, minha mente desfaleciam.”
O Deserto da Obscuridade e do Silêncio
Moisés: Um Fracasso Metodológico
Por fim, chegamos ao personagem foco de nossos estudos. Moisés se vê no deserto da obscuridade e do silêncio em Êxodo 2.
Não há dúvida alguma de que Moisés é o homem que Deus escolheu para libertar os hebreus da escravidão no Egito. Ele foi treinado no palácio do Faraó a entender um sistema legal que um dia seria útil ao registrar os oráculos de Deus na forma de lei que temos hoje. Ele era o príncipe do palácio e aprendeu todo o conhecimento e sabedoria do Egito. Mas ele ainda não tinha aprendido a sabedoria de Deus. Ele pensou que a hora tinha chegado: “Instigarei o meu plano para libertar os israelitas.”
Então, Moisés mata um egípcio e esconde seu corpo na areia. Quando o Faraó descobre o assassinato, Moisés tem que fugir. Vamos continuar a história neste ponto, lendo Êxodo 2.15–17:
E quando Faraó soube disso, procurou matar a Moisés. Este, porém, fugiu da presença de Faraó, e foi habitar na terra de Midiã; e sentou-se junto a um poço. O sacerdote de Midiã tinha sete filhas, as quais vieram tirar água, e encheram os tanques para dar de beber ao rebanho de seu pai. Então vieram os pastores, e as expulsaram dali; Moisés, porém, levantou-se e as defendeu, e deu de beber ao rebanho delas.
Talvez Moisés intimidou os pastores com sua vestimenta egípcia. Esse texto também indica que o sacerdote de Midiã desfrutava de pouquíssimo respeito por parte do povo daquela terra; os homens iam expulsar as filhas do sacerdote, tomar as águas que elas tinham tirado do poço para dar aos seus animais e dar de beber às suas próprias ovelhas. Continue nos versos 18–19:
Quando elas voltaram a Reuel [que é Jetro], seu pai, este lhes perguntou: como é que hoje voltastes tão cedo? Responderam elas: um egípcio nos livrou da mão dos pastores; e ainda tirou água para nós e deu de beber ao rebanho.
A reação de Jetro no verso 20 é interessante. Ele faz duas perguntas curtas às suas filhas:
E ele perguntou a suas filhas: Onde está ele; por que deixastes lá o homem? chamai-o para que coma pão.
Ou seja, “Esse é o tipo de homem que desejamos ter por perto.” Ele provavelmente pensa: “Quem sabe... talvez este se torne um futuro genro.” Então, Jetro convida Moisés e, de fato, lemos nos versos 21–22:
Então Moisés concordou em morar com aquele homem, o qual lhe deu sua filha Zípora. E ela deu à luz um filho, a quem ele chamou Gérson, porque disse: Peregrino sou em terra estrangeira.
Agora, não ignore a agonia da alma de Moisés. Ele é o príncipe do palácio, o libertador, aquele que crê, conforme a semente plantada pela sua mãe em seu coração, que lideraria o povo hebreu num êxodo do Egito. Contudo, neste momento ele é um desastre, um fracasso e talvez pensa ser um desperdício eterno.
Moisés arma sua tenda na região arenosa e empoeirada de Midiã. Ele, que antes teve tanta riqueza e tudo na ponta do dedo, agora, trabalhará como um pastor para seu sogro e morará conectado à tenda de seu sogro. Aqui está Mosheh, o filho da filha de Faraó, um fracasso por causa de seus métodos.
Fico feliz que Deus planejou que aprendêssemos com os fracassos desses homens porque temos muito a aprender. O mundo diria: “Vamos esconder essas partes.” De fato, as tradições orais deixam de fora os pecados hediondos de seus antepassados: “Não queremos ouvir sobre essas coisas!” Mas Deus diz: “Quero que você ouça para que aprenda.”
Eu li uma história na qual você poderá até não acreditar, mas aconteceu. Uma mulher rica e de proeminência decidiu escrever um livro sobre seus ancestrais; ela tinha muito orgulho das pessoas em sua árvore genealógica. Então, pagando um preço alto, ela contratou um escritor famoso para escrever o livro.
Não demorou muito, contudo, para o escritor descobrir que um dos avós dessa mulher havia sido um homicida, mas ninguém sabia. Apesar de encoberto por muitos anos, ele foi condenado e morto numa cadeira elétrica.
Quando a mulher soube disso, ela ficou espantada e disse ao escritor: “Bom, não inclua isso no livro. Isso manchará minha reputação.” O escritor, porém, replicou, para sua credibilidade: “Não, preciso incluir isso também.” A mulher insistiu: “Pagarei o dobro se você conseguir incluir esse desastre no livro de forma sutil, sem ninguém perceber o que, de fato, aconteceu a esse meu ancestral.”
Deixe-me ler o que o escritor escreveu no livro: “Um de seus avós ocupou a cadeira do curso de elétrica numa das universidades mais famosas da época. Ele era tão apegado à sua posição que, literalmente, morreu preso à cadeira.”
Que disfarce! E isso é algo normal. Não queremos que as pessoas saibam de algo desse tipo em nossa história de família; queremos encobrir coisa desse tipo!
Mas Deus diz: “Não, conte isso também. Quero que os crentes aprendam com esse erro.”
Aplicação: Lições Aprendidas no Deserto
Permita-me destacar três lições que aprendemos com os fracassos desses homens.
- Com o fracasso de Moisés, aprendemos a importância da dependência.
Moisés era um homem tão capacitado e qualificado que estava preparado para encarar o Egito e retirar o povo de Israel com suas próprias forças. Mas ele tinha que aprender que teria que ir na força de Deus, na dependência de Deus.
Será que Moisés aprendeu isso? Aqui está ele no deserto de Midiã—deprimido, desencorajado, pastoreando ovelhas. Ele dá ao seu primeiro filho um nome que podemos até imaginá-lo chorando: “Eu sou um imigrante aqui, um estranho neste lugar.” Contudo, alguma coisa acontece porque ele dará ao seu segundo filho o nome de “Eliézer,” que significa “Deus é o meu socorro.”
“DEUS é o meu socorro.” Moisés aprendeu no deserto que dependência é muito mais importante do que auto-suficiência. No meio daquela tribulação, ele reajustaria o foco de sua atenção para Deus, que é o seu socorro.
- Com o fracasso de Davi, aprendemos a importância do arrependimento.
Davi foi um homem que buscou esconder seu pecado, que tentou viver com a terrível culpa por haver violado o conselho de Deus. No Salmo 51, ele finalmente revela os segredos íntimos de sua alma nos versos 4 e 12: Pequei contra ti, contra ti somente e Restitui-me a alegria da tua salvação.
Meu amigo, se você está num deserto como Moisés e Davi, talvez Deus esteja tentando ensiná-lo a dependência ou conduzi-lo ao arrependimento.
- Com o fracasso de João Marcos, aprendemos a importância da perseverança.
O mesmo Marcos que um dia fracassou no serviço de Cristo acabou escrevendo o segundo Evangelho do Novo Testamento, enfatizando uma coisa sobre a vida de Jesus Cristo: que Jesus foi o servo de Deus.
Algo aconteceu na vida de João Marcos e eu desejo contar a você o que creio que aconteceu. A primeira pista aparece em Colossenses. Por 18 anos, Marcos praticamente sumiu de cena: não ouvimos mais sobre ele; não o vemos; não há referência alguma sobre ele. Agora, 18 anos depois, algo aconteceu que Paulo escreve em Colossenses 4.10:
Saúda-vos Aristarco, prisioneiro comigo, e Marcos, primo de Barnabé (sobre quem recebestes instruções; se ele for ter convosco, acolhei-o),
Antes, Paulo não queria João Marcos por perto. Agora, ele diz aos colossenses: “Se Marcos for, recebam-no com fervor.”
O que aconteceu? Vá para 2 Timóteo 4. Paulo escreve de dentro de uma cela de prisão e ele diz nos versos 9–11:
Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério.
Paulo escreve: “Marcos me é útil,” quando antes ele havia sido um detrimento; tinha causado problemas e dissensão. Agora, nos dias finais da vida de Paulo, ele diz: “Quero ver João Marcos, porque ele é útil para o meu ministério.”
E eu creio que um verso em 1 Pedro 5 amarra todas essas coisas. Mas antes de ler 1 Pedro 5, deixe-me fazer uma última aplicação que podemos aprender com os três fracassos. Creio que podemos aprender o valor de ouvir. No deserto, quando sinto o peso da culpa do pecado, quando abandonei o conselho de Deus, quando estou tomado de infelicidade, onde há solidão e silêncio, é que Deus fala.
E no caso desses três homens, Deus falou com eles por meio de outro crente. E creio que no caso de Marcos em particular, Deus falou por meio de Pedro. Lemos em 1 Pedro 5.13:
Aquela que se encontra em Babilônia, também eleita, vos saúda, como igualmente meu filho Marcos.
Isso nos informa que Pedro, evidentemente, tomou Marcos sob suas asas e o discipulou. Pedro, aquele que tinha negado Jesus Cristo; Pedro, aquele que tinha fugido quando a batalha começou; esse Pedro agora ajuda Marcos. Filho é um termo de discipulado. Ele diz: “Marcos é o meu filho.”
Em algum lugar no deserto, Deus colocou Marcos e Pedro lado a lado. Talvez Marcos estivesse pensando que era um fracassado e estava pronto a desistir. Mas Pedro se aproxima e diz: “É o seguinte: eu também fracassei. Deixe-me mostra-lo como perseverar pelo nome de Jesus Cristo.”
Semelhantemente, Davi estava num deserto quando o profeta Natã entrou em seu palácio e o confrontou com a história de um homem que rouba a ovelha de seu vizinho. Ao invés de se justificar e defender, Davi ouve e, por causa disso, se arrepende.
No caso de Moisés, creio que acabou tendo um sogro, Jetro, que era um sacerdote piedoso. Posteriormente, vemos que Jetro deu conselho a Moisés em como liderar o povo na fuga do Egito. Deus tinha enviado Moisés a um deserto onde o silêncio do Senhor era alto demais para ele conseguir ouvir alguma coisa. Mas, no meio do deserto, havia um sacerdote piedoso que reajustou o foco de Moisés.
Quem Deus colocou em sua vida? Talvez um parente ou um amigo crente ou pregador que proclama o conselho de Deus. Você o ouve? Esses três homens ouviram e, como resultado, a pena de Moisés escreveu 5 livros do Antigo Testamento, a pena de Davi escreveu Salmos de adoração a Deus e a pena de Marcos escreveu o segundo Evangelho.
Fracasso—deserto—não significa que o fim chegou. Se, pela graça de Deus, conseguirmos ouvir e aprender, o deserto é o começo da perseverança, da dependência e do arrependimento.
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