
Marcas de Verdadeira Grandeza
Marcas de Verdadeira Grandeza
Gênesis 46–50
Introdução
A história registrou a vida de vários indivíduos que adotaram o nome “Grande.” Se você gosta de história ou pelo menos estudou história na escola ou na faculdade, então deve ter aprendido sobre o russo “Pedro o Grande.” Ele adotou para si esse título por causa do pensamento ambicioso de que era grandioso. Contudo, se estudar a vida dele mais de perto, descobrirá que Pedro o Grande tinha um temperamento maníaco e era um homem explosivo, algo que o acabou levando a matar seu próprio filho.
Outro indivíduo mais famoso do que Pedro foi o grego Alexandre o Grande. Ele também adotou para si esse título, e sabemos que ele, de fato, conquistou impérios e governou o mundo conhecido de sua época. Apesar de Alexandre o Grande haver conquistado impérios, não conseguiu conquistar sua própria carne. Quando ficava bêbado, ele brigava com seus amigos. Num belo dia, findou matando seu amigo e general predileto, Clitus.
Um personagem bíblico também se autodenominou “Grande:” Herodes. Nós o conhecemos pela narrativa dos Evangelhos. Ele foi o homem que mandou construir o grande Templo de Jerusalém e organizou a nação. Herodes o Grande era um homem dado a inveja. Por isso, livrou-se de sua esposa e filhos, a fim de que não tomassem seu trono.
O que o mundo considera grande é diferente daquilo que as Escrituras consideram grande. O que o homem estabelece como marcas de grandeza pode ser completamente diferente do que Deus considera ser marcas de grandeza.
José o Grande
Hoje, nos despedimos de José. Tem sido um deleite estudar sua vida. Daremos uma última olhada em sua vida hoje para observar algumas marcas de verdadeira grandeza desse personagem bíblico chamado José. Enquanto estudamos e nos olhamos no espelho da vida de José, sugiro que você avalie sua própria vida e peça que Deus o ajude a fazer com que essas marcas estejam presentes em seu caráter também.
- Primeiramente, a grandeza de José é vista em seu compromisso de usar sua autoridade sabiamente.
Veja Gênesis 46.31:
E José disse a seus irmãos e à casa de seu pai: Subirei, e farei saber a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai, que estavam na terra de Canaã, vieram para mim.
Já estudamos a narrativa do reencontro de José com sua família. Mas continue nos versos 32–34, onde José diz aos seus irmãos:
Os homens são pastores, são homens de gado, e trouxeram consigo o seu rebanho, e o seu gado, e tudo o que têm. Quando, pois, Faraó vos chamar e disser: Qual é o vosso trabalho? Respondereis: Teus servos foram homens de gado desde a mocidade até agora, tanto nós como nossos pais; para que habiteis na terra de Gósen, porque todo pastor de rebanho é abominação para os egípcios.
Podemos destacar a frase para que habiteis na terra de Gósen, pois esse é o propósito da entrevista.
É interessante que José, a despeito de sua grandeza, jamais abusou de sua autoridade—nem antes, nem agora e nem depois. E olha que ele governará na terra do Egito por várias décadas.
Nesses versos, encontramos José apresentado seus irmãos ao Faraó; eles desceram ao Egito e José, evidentemente, deseja cuidar bem de sua família. Uma vez que são pastores, colonizarão o único lugar adequado para o sustento de ovelhas, que é o vale, uma região no Delta do Nilo chamada de Gósen.
Agora, José, sendo a maior autoridade no Egito abaixo apenas do próprio Faraó, possui todo o direito e autoridade de dizer aos seus irmãos: “Ei, podem se instalar em Gósen e não se preocupem com coisa alguma; pode deixar que resolvo o resto. Sou o primeiro ministro; minha palavra é lei. Também não nos preocuparemos com o Faraó; ele é meu amigo. Não importa o que as pessoas dirão; elas sabem que vocês estão recebendo a região mais fértil no Egito e que há fome na terra. Mas não se preocupem com elas; vão e morem em Gósen.” José poderia ter abusado de sua autoridade dessa maneira, mas ele diz aos seus irmãos: “Vão ao Faraó. Que isso seja decisão do rei, e não minha.” Mais adiante no capítulo 47, descobrimos que o Faraó diz aos irmãos: “Podem ir e se assentar na terra de Gósen.” Faraó, de forma cômica, recebe o crédito pela ideia, mas foi José quem lhe deu a ideia e permitiu que Faraó tomasse a decisão.
Uma das coisas mais desencorajadoras no trabalho é um chefe ou patrão que constantemente abusa de sua autoridade. Tragicamente, às vezes, indivíduos que se dizem crentes recebem uma posição de autoridade e ficamos pensando: “Como ele mudou depois que recebeu aquela posição! Ele nunca fazia coisas desse tipo. Agora, não podemos nem chegar perto dele.”
Alguém já disse que o maior teste de caráter para um homem ou mulher é a autoridade. Dê autoridade a um indivíduo e observe como ele reagirá. Você descobrirá se ele possui ou não verdadeira grandeza.
- A grandeza de José é vista não somente em seu compromisso de usar autoridade sabiamente, mas, em segundo lugar, em sua disposição para viver humildemente.
Veja Gênesis 47.1–2:
Então, veio José e disse a Faraó: Meu pai e meus irmãos, com os seus rebanhos e o seu gado, com tudo o que têm, chegaram da terra de Canaã; e eis que estão na terra de Gósen. E tomou cinco dos seus irmãos e os apresentou a Faraó.
Lembre-se, os pastores são desprezíveis ao Faraó e aos egípcios. Continue no verso 3:
Então, perguntou Faraó aos irmãos de José: Qual é o vosso trabalho? Eles responderam: Os teus servos somos pastores de rebanho, tanto nós como nossos pais.
Fico me perguntando o que José tenta fazer aqui. De pé ao lado dos irmãos, ele pensa: “Não mencione isso. Diga algo como: ‘Administramos grandes propriedades de terra.’ Não falem que são pastores porque isso é abominação.”
Arqueólogos escavaram arte egípcia datando dos dias de Abraão, Isaque e Jacó. Artes com imagens de pastores muitas vezes retratam essas pessoas como indivíduos franzinos, maus e perversos. Por algum motivo, pastores eram considerados abominação, eram odiados e rejeitados. No Egito, pastores formavam a classe mais baixa da sociedade.
Na verdade, determinadas atitudes em relação aos pastores continuaram até os dias do Novo Testamento com os judeus. É interessante que Deus anuncia a mensagem do nascimento de seu Filho primeiramente a pastores.
Nesses versos, contudo, vemos uma característica interessante que marca o caráter de José: ele está disposto a viver com o fato de que todos no Egito sabem que ele vem da linhagem de pastores. Seu pai era um pastor; seus irmãos são pastores. Imagino José ouvindo ou pensando que o povo dirá: “Por que deveríamos nos submeter à autoridade de um pastor? Por que seguiríamos um primeiro ministro que sabemos não passar de um pastor desprezível?” Creio que José, na verdade, põe em risco sua credibilidade com o povo ao ser honesto e humilde.
Alguém escreveu com sabedoria: “Aquele que conhece a Deus bem será humilde. Aquele que conhece a si mesmo bem jamais será orgulhoso.”
- Em terceiro lugar, a grandeza de José é vista em sua capacidade de administrar honestamente.
Observe a administração honesta de José em Gênesis 47.13–16:
Não havia pão em toda a terra, porque a fome era mui severa; de maneira que desfalecia o povo do Egito e o povo de Canaã por causa da fome. Então, José arrecadou todo o dinheiro que se achou na terra do Egito e na terra de Canaã, pelo cereal que compravam, e o recolheu à casa de Faraó. Tendo-se acabado, pois, o dinheiro, na terra do Egito e na terra de Canaã, foram todos os egípcios a José e disseram: Dá-nos pão; por que haveremos de morrer em tua presença? Porquanto o dinheiro nos falta. Respondeu José: Se vos falta o dinheiro, trazei o vosso gado; em troca do vosso gado eu vos suprirei.
Em outras palavras, o bem-estar da nação não foi à base de doações; se o povo tinha algo para dar em troca de comida, teria que entregar. Por fim, seu dinheiro terminou, bem como todo seu gado.
Uma das coisas mais incríveis nessa passagem que geralmente ignoramos é o simples fato de José estar, na verdade, distribuindo o produto bruto nacional; ele mesmo administrava todo o dinheiro com suas mãos; era ele quem tinha que supervisionar o conteúdo da despensa nacional; era ele quem tinha a senha para toda a nação e todos os habitantes pagavam o dinheiro a ele. Imagino que milhões de reais em ouro, prata e outros bens passaram pelas mãos de José. E o que ele fez com tudo isso? Ele fez o que deveria: levou tudo para a casa de seu superior.
Se houve um momento em sua vida em que José poderia ter recheado sua conta bancária, pensado em se aposentar cedo, foi nessa época. Ele tinha uma mina de ouro nas mãos! Poderia ter pensado: “Não presto contas a ninguém. O povo todo vem a mim e diz: ‘José, faremos o que você quiser. Daremos todo o dinheiro e gado em troca de comida’.” José, porém, administra tudo honestamente e isso é marca de caráter aprovado.
George Mueller foi um homem que cuidou de milhares de órfãos no decorrer de sua vida. Estimativas apontam que mais de 8 milhões de dólares passaram pelas mãos de George Mueller como resultado de oração. Mas quando ele morreu e sua conta bancária foi avaliada, ele possuía menos de mil dólares em seu nome.
Além de José, outro personagem do Antigo Testamento que me chama a atenção é Neemias, aquele homem que reconstruiu os muros de Jerusalém. O mundo não consegue imaginar alguém reconstruindo os muros e reedificando uma cidade sem algum tipo de desvio financeiro em mente. Por que você edificaria um reino se não fosse se enriquecer com esse reino? Mas lá está Neemias, construindo os muros e os seus inimigos finalmente lhe dizem: “Ah... sabemos muito bem por que você está reconstruindo esse muro, Neemias: você quer ser governador e receber o salário de governador.” Neemias respondeu, com efeito: “Não recebo nem jamais receberei todos os benefícios por ser governador.” Os inimigos não conseguiam entender. Sambalate, Tobias e Gesém coçavam a cabeça do lado de fora da cidade, pensando: “Qual é a motivação de Neemias?”
Os egípcios devem estar pensando: “Qual é a motivação de José? Ainda não conseguimos entender esse indivíduo.”
Meu amigo, quando você não precisa prestar contas a ninguém, quando tem toda a oportunidade do mundo, quando está sozinho, você é honesto?
- A grandeza de caráter de José pode ser vista, em quarto lugar, em seu desejo de servir outros abnegadamente.
Lemos em Gênesis 47.23:
Então, disse José ao povo: Eis que hoje vos comprei a vós outros e a vossa terra para Faraó...
O povo todo se tornou, praticamente, empregado da coroa; isso se equipara um pouco ao sistema feudal da Idade Média. Mas veja o que José faz no final do verso 23: aí tendes sementes, semeai a terra. É interessante que, quando a fome termina, o povo ainda retém sua dignidade e honra porque José serviu o povo pensando no bem do próprio povo. Ele diz no verso 24:
Das colheitas dareis o quinto a Faraó, e as quatro partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso mantimento e dos que estão em vossas casas, e para que comam as vossas crianças.
O que temos aqui é um imposto de 20%. Comentaristas liberais criticam José por isso; na verdade, muitos começam a exposição somente no verso 27, pois dizem que nessa passagem José realiza essas coisas para o seu próprio benefício. Entretanto, mais uma vez, a arqueologia nos ajuda a descobrir que as nações vizinhas cobravam um imposto de mais de 50%. Os governos frequentemente exigiam que o povo desse metade de sua produção da terra e metade de seu dinheiro aos reis. Em certo sentido, José diz: “Pegarei apenas 20%; isso será suficiente para controlar os negócios administrativos da nação e manter o sistema engrenado. Cuidaremos de seu gado, forneceremos as sementes e vocês nos dão 20%.”
À luz do que estava acontecendo, José, na verdade, age de forma compassiva e abnegada. Ele serve com o benefício do povo em mente. No caso de haver dúvidas, veja o que diz o verso 25:
Responderam eles: A vida nos tens dado! Achemos mercê perante meu senhor e seremos escravos de Faraó.
O povo não diz: “Mas como você é perverso, José! Você quer apenas arrancar de nossas mãos tudo o que temos, extorquir nossos bens!” Muito diferente disso, o povo diz: “Você é o motivo porque ainda continuamos vivos. Serviremos ao Faraó fielmente.”
Uma das maiores marcas vistas no caráter de Jesus Cristo aparece em João 13, no dia em que ele estava no cenáculo e os discípulos pensavam entre si: “Senhor, quem será o maior no reino?” O que eles realmente estavam pensando era o seguinte: “O que Deus considera grande? Qual é a marca de caráter que Deus realmente nota num indivíduo? Quem, dentre nós, será o maior?”
Os discípulos estavam reclinados comendo no cenáculo; como não havia nenhum escravo para lavar seus pés, eles permaneceram com os pés empoeirados da caminhada. Como você bem sabe, Jesus pega uma toalha e uma bacia; depois, vai a Pedro e diz: “Pedro, quero lavar seus pés.” Pedro retira seus pés das mãos de Jesus e exclama: “De jeito nenhum, Senhor!” Ali mesmo, Jesus lhe dá uma lição teológica do significado de “estar em Cristo.” Finalmente, Pedro reconhece a soberania do Senhor e o deixa lavar seus pés. Em seguida, Jesus lava 24 pés sujos.
Imagino que, enquanto Jesus fazia isso, todos ficaram em silêncio; dava para ouvir um mosquito voando. A única coisa que se podia ouvir era o som da água na vasilha, e lágrimas escorrendo no nariz e rosto dos discípulos que observavam uma expressão de verdadeira grandeza.
O mundo mede grandeza com base em quantas pessoas o servem; Deus mede grandeza com base em quantas pessoas você serve.
- Em quinto lugar, a grandeza de José é vista em sua transparência para lamentar abertamente.
Veja Gênesis 49.29–33, onde encontramos Jacó no seu leito de morte:
Depois, lhes ordenou, dizendo: Eu me reúno ao meu povo; sepultai-me, com meus pais, na caverna que está no campo de Efrom, o heteu, na caverna que está no campo de Macpela, fronteiro a Manre, na terra de Canaã, a qual Abraão comprou de Efrom com aquele campo, em posse de sepultura. Ali sepultaram Abraão e Sara, sua mulher; ali sepultaram Isaque e Rebeca, sua mulher; e ali sepultei Lia; o campo e a caverna que nele está, comprados aos filhos de Hete. Tendo Jacó acabado de dar determinações a seus filhos, recolheu os pés na cama, e expirou, e foi reunido ao seu povo.
O que José fará agora? Como esse homem que confia na soberania de Deus—homem de fé irresoluta—reagirá? Será que colocará um sorriso artificial no rosto e dirá: “Que maravilha, ele está com os nossos pais, agora! Um dia, o verei no céu”? Não. José reage de forma transparente e lamenta. Veja Gênesis 50.1–2:
Então, José se lançou sobre o rosto de seu pai, e chorou sobre ele, e o beijou. Ordenou José a seus servos, aos que eram médicos, que embalsamassem a seu pai;
José quis dar ao seu pai o melhor sepultamento possível na cultura egípcia. Continue no verso 3:
e os médicos embalsamaram a Israel, gastando nisso quarenta dias, pois assim se cumprem os dias do embalsamamento; e os egípcios o choraram setenta dias.
O período de embalsamamento durava 40 dias, mas perceba que os egípcios lamentaram a morte de Jacó por mais 30 dias. Continue nos versos 7–8:
José subiu para sepultar o seu pai; e subiram com ele todos os oficiais de Faraó, os principais da sua casa e todos os principais da terra do Egito, como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu pai; somente deixaram na terra de Gósen as crianças, e os rebanhos, e o gado.
Pule para os versos 10–11:
Chegando eles, pois, à eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali grande e intensa lamentação; e José pranteou seu pai durante sete dias. Tendo visto os moradores da terra, os cananeus, o luto na eira de Atade, disseram: Grande pranto é este dos egípcios. E por isso se chamou aquele lugar de Abel-Mizraim, que está além do Jordão.
Diante desse espetáculo, o mundo diria: “Que fraqueza.” O Cristianismo diria: “Isso não é espiritual.”
Mas a verdade é que existem pessoas dentro do corpo de Cristo que precisam chorar profusamente. Elas vêm acumulando as coisas—dificuldades, ressentimentos, mortes—e ouvem da boca dos supostos espirituais: “Ei, pare de lamentar!”
Quando meu sogro morreu, um parente que se dizia crente chegou à minha sogra e disse: “Ei, não há necessidade de chorar. Se contenha!” Minha vontade foi a de dar um murro nesse camarada.
Nós perdemos o que José evidencia possuir aqui. Ele tinha segurança suficiente em sua fé em Deus a ponto de lamentar e chorar sem medo. O próprio Jesus Cristo chorou diante do túmulo de Lázaro. Revelar emoções dessa natureza não é fraqueza, mas força.
- Em sexto lugar, a grandeza de José é vista em sua habilidade de perdoar graciosamente.
Um dos textos mais belos nas Escrituras é o relato após a morte de Jacó. Agora, os irmãos temem que José se vingará deles e os sentenciará à morte. Eles dizem a José em Gênesis 50.17–18:
...Perdoa, pois, a transgressão de teus irmãos e o seu pecado, porque te fizeram mal; agora, pois, te rogamos que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. José chorou enquanto lhe falavam. Depois, vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e disseram: Eis-nos aqui por teus servos.
Note a reação de José nos versos 19–21:
Respondeu-lhes José: Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. Não temais, pois; eu vos sustentarei a vós outros e a vossos filhos. Assim, os consolou e lhes falou ao coração.
Lembre-se: a habilidade de perdoar dessa maneira depende de nossa habilidade de enxergar Deus trabalhando nas vidas de outras pessoas. Quando alguém nos impacta de determinada maneira; quando alguém nos critica; quando alguém diz algo para nos demolir; quando alguém nos ataca; quando alguém não age com graça, lembre-se que essas pessoas são instrumentos nas mãos de Deus para desenvolver nossa fé. José enxergou seus irmãos como ferramentas nas mãos de Deus para produzir um resultado maior.
- Finalmente, em sétimo lugar, a grandeza de José é vista em sua resiliência de morrer como um visionário.
Gosto demais disso. Veja os versos 22–23:
José habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento e dez anos. Viu José os filhos de Efraim até à terceira geração; também os filhos de Maquir, filho de Manassés, os quais José tomou sobre seus joelhos.
Ou seja, José viu seus bisnetos. Continue no verso 24:
Disse José a seus irmãos: Eu morro; porém Deus certamente vos visitará e vos fará subir desta terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó.
Eu teria parado neste momento e dito: “Espera aí, José! Deus deu a aliança da promessa a Abraão, dizendo que dele faria uma grande nação, e ele teve um filho legítimo. Depois, repetiu essa mesma promessa a Isaque, dizendo que faria dele uma grande nação, e Isaque teve dois filhos. Por fim, Deus repetiu, novamente, essa promessa a Jacó, e ele teve doze filhos. Em três gerações, a tribo tem somente 70 pessoas e você ainda crê nessa promessa?”
José morreu um visionário e sua visão envolvia duas coisas.
- Primeiro, José tinha visão da fidelidade de Deus.
Ele fez seus irmãos jurarem no verso 25: José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará.
- Ele também estava confiante quanto ao futuro de Israel.
José diz na última parte do verso 25: e fareis transportar os meus ossos daqui. Ele diz: “Olhe, quando Deus, finalmente, cumprir a promessa da terra, não me deixem no Egito; levem meu corpo consigo. Quero estar lá. Deus cumprirá sua promessa.”
Como José conseguiu morrer com essa visão? Simplesmente porque ele viveu com essa visão.
Aplicação
Você gostaria de morrer como José? A questão é, na verdade: será que vivemos como José? Como alguém disse: “Será que estamos presos ao normal—temos medo de tentar, de arriscar, mudar, ir, fazer alguma coisa que sentimos que Deus deseja que façamos?” Onde está nossa visão? Viver uma vida com visão determinará a maneira como morreremos.
Eu tenho um livro que leio constantemente, pois ele me relembra da brevidade da minha própria vida. Deixe-me ler as palavras finais que alguns homens proferiram em seu leito de morte.
O primeiro desses homens foi um incrédulo chamado Berlioz, um dramaturgo e compositor que falava e escrevia como Shakespeare. Pouco antes de morrer, Berlioz escreveu:
A vida não passa de uma sombra passageira, um mero personagem que desfila e teme sua participação no palco, e que depois não é mais visto. A vida é um conto contado por um idiota cheio de fúria. A vida não significa nada.
Um homem que viveu 50 anos antes de Berlioz foi Isaac Watts, compositor de hinos. Preste atenção no testemunho de morte de Isaac Watts: “É uma grande misericórdia o fato de eu não temer ou ter pavor da morte. Posso deitar minha cabeça e morrer sem terror nesta tarde.” Depois disso, ele morreu.
Martinho Lutero foi um monge católico que chacoalhou o mundo com a Reforma Protestante. Em seu leito de morte com seus amigos ao seu lado, ele repetiu o seguinte três vezes: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me redimiste, ó Deus da verdade.”
Enquanto dava seu último suspiro, ele recitou João 3.16 e depois seu Salmo predileto: o Salmo 68.20:
O nosso Deus é o Deus libertador; com Deus, o SENHOR, está o escaparmos da morte.
Eu quero morrer assim. Você sabe o que é necessário? É necessário:
- Permitir que o Espírito Santo estampe em nosso caráter as marcas da verdadeira grandeza;
- Usando autoridade sabiamente;
- Administrando honestamente;
- Servindo outros abnegadamente;
- Lamentando abertamente;
- Perdoando graciosamente.
Meu amigo, grandeza não é conquistar impérios, mas desenvolver caráter piedoso. Grandeza não é liderar homens, mas vidas de tal maneira que Deus se agrada. Grandeza não é medida pelos padrões do mundo com o aplauso de homens, mas pela aprovação de Deus.
O último verso de Gênesis 50 diz:
Morreu José da idade de cento e dez anos; embalsamaram-no e o puseram num caixão no Egito.
Fim do capítulo; fim do livro, mas não da história, porque o Deus de Abraão, Isaque e Jacó e José está vivo, e está pronto para estampar em nosso caráter as marcas da verdadeira grandeza.
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