
Mansidão: Sinônimo de Moisés
Mansidão: Sinônimo de Moisés
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Introdução
Antes de prosseguir em nosso estudo no livro de Êxodo, julgo necessário fazermos uma pausa para avaliar uma característica louvável na vida de Moisés. No decorrer das Escrituras, apenas dois homens são chamados de “mansos:” Moisés e Jesus Cristo. Quando vemos essa qualidade mencionada sobre alguém, vale a pena investigar mais a fundo. Por que essa qualidade é tão rara assim? Na verdade, o que é, exatamente, essa característica que nós também devemos manifestar?
Perspectiva Bíblica da Mansidão
Vamos observar rapidamente qual é a perspectiva bíblica dessa característica chamada “mansidão.”
- Primeiro: a mansidão é um dos aspectos do fruto do Espírito.
É em Gálatas 5.22–23 que começamos a ter uma ideia da natureza da mansidão. É importante destacar que ela faz parte de um pacote de qualidades exibidas por aqueles que se submetem ao controle do Espírito de Deus:
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio...
Pelo fato de ser uma das características do fruto do Espírito Santo, descobrimos, logo de início, que a mansidão não é algo arquitetado pela carne, não é algo inventado pelo ser humano natural. A mansidão só aparece na vida do indivíduo que se rende ao domínio do Espírito Santo em sua vida.
Você, provavelmente, já deve ter ouvido pessoas da sociedade falando de Mahatma Gandhi e Dalai Lama como homens mansos. Entretanto, proponho para você hoje que é impossível haver mansidão na vida de alguém que não conhece a Jesus Cristo como Salvador. Pode ser que eles tenham uma qualidade semelhante, alguma forma de mansidão, mas existe, no fundo, outra motivação, quer consciente ou inconscientemente. Talvez o indivíduo faça isso para provar, por orgulho nato, que é melhor do que outros. Ou, quem sabe, ele enxerga isso como caminho para salvação, como no caso do Dalai Lama, um suposto tipo de encarnação de Buda. O fato é que, conforme as Escrituras, apenas o indivíduo que conhece a Jesus Cristo como Senhor e Salvador e que se submete ao controle do Espírito de Deus pode produzir a característica sobrenatural da mansidão.
Em Colossenses 3.12–13, um texto que também se refere a crentes em Jesus, Paulo deixa isso ainda mais claro:
Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós;
O verbo revesti-vos é um imperativo; ou seja, não se trata aqui de dons ou presentes que o Espírito Santo concede aos crentes, como dons de administração, ensino, contribuição, etc. Paulo não está falando de dons espirituais recebidos no momento da conversão a Cristo; ele fala de frutos que precisam ser desenvolvidos. Esse revestimento exige trabalho, disciplina. Se eu quero evidenciar essa qualidade, submeto-me ao Espírito de Deus e ela se torna uma espécie de manto que reveste meu caráter, minha atitude. Portanto, mansidão não é um dom, mas um hábito.
- Em seguida, note que a mansidão, além de ser fruto do Espírito Santo, é uma virtude.
Lemos no Salmo 25.9: Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho. Esse verso afirma que Deus guia os humildes e os mansos. Perceba que Deus ensina seus caminhos aos humildes e aos mansos. Isso significa que, para que alguém entre na sala de aula do professor Espírito Santo, uma virtude é necessária: a mansidão.
Também lemos em 1 Pedro 3.4:
seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus.
Vemos nesse verso claramente que Deus valoriza a mansidão como algo virtuoso. Destaque a última frase: o espírito manso é de grande valor diante de Deus.
Então, como podemos definir “mansidão”? Sugiro a seguinte definição: Mansidão é uma disposição bondosa resultante da submissão ao Espírito Santo.
Exemplos Bíblicos de Mansidão
Com isso em mente, vamos observar alguns exemplos bíblicos de mansidão.
Moisés
- O primeiro exemplo aparece em Números 12, uma passagem incrível que revela que o nosso personagem—Moisés—era um homem manso.
Após ler o texto, poderemos concluir algumas coisas a respeito da mansidão. Os versos envolvem o irmão e a irmã de Moisés: Arão e Miriã. Veja Números 12.1–11:
Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cuxita que tomara; pois tinha tomado a mulher cuxita. E disseram: Porventura, tem falado o Senhor somente por Moisés? Não tem falado também por nós? O Senhor o ouviu. Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. Logo o Senhor disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três, saí à tenda da congregação. E saíram eles três. Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e se pôs à porta da tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã, e eles se apresentaram. Então, disse: Ouvi, agora, as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu, o Senhor, em visão a ele, me faço conhecer ou falo com ele em sonhos. Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do Senhor; como, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés? E a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se. A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se leprosa, branca como neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa. Então, disse Arão a Moisés: Ai! Senhor meu, não ponhas, te rogo, sobre nós este pecado, pois loucamente procedemos e pecamos.
Agora, se eu fosse Moisés, aqui, teria dito: “Fiquem de joelhos. Vocês falaram loucuras contra mim e eu nunca tentei me vindicar, defender ou responder.”
Essas qualidades, a propósito, estão presentes na vida de um indivíduo manso: ele não vindica a si mesmo, não se defende e não rejeita seu adversário, como veremos em instantes.
Aqui, Moisés faz algo tão incrível que é difícil de acreditar. Veja o verso 13: Moisés clamou ao Senhor, dizendo: Ó Deus, rogo-te que a cures. Quando Moisés tem a oportunidade de humilhar dois adversários que queriam mais poder e autoridade do que ele, ele não faz isso; ele não se vindica ou defende. E ele também não busca se vingar.
Mas como Moisés poderia agir dessa maneira? Simplesmente porque, conforme lemos no verso 3: Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. O verso está aqui como um comentário adicional que nos ajuda a entender como Moisés é capaz de reagir dessa maneira.
Jesus
- O segundo exemplo de mansidão é Jesus Cristo.
Ele aparece em Mateus 11.25–27:
Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Agora, sem dúvida, isso é motivo suficiente para alguém ser orgulhoso. Contudo, Jesus Cristo, que obviamente era ainda mais manso do que Moisés, disse à nação de Israel no verso 28: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Temos que fazer uma pausa rápida aqui porque jamais apreciaremos essas palavras se não entendermos bem a passagem. Seria bom sublinhar os dois adjetivos cansados e sobrecarregados.
A palavra cansados transmite a ideia de alguém trabalhando até o limite de sua exaustão. Aqui, ela é empregada figuradamente. Jesus fala da nação como um todo que busca, por meio das regras e dos preceitos dos fariseus e escribas, agradar a Deus de alguma maneira. O povo trabalha duro e fica esgotado espiritualmente, profundamente cansado porque não sente que agrada o Senhor. E não agradam de fato.
Já a palavra sobrecarregados fala de alguém que possui um fardo pesado sobre os ombros. Jesus se refere ao fardo de todas as regras farisaicas impostas sobre a nação. Havia uma regra para cada dia; no dia de sábado, não era permitido se olhar no espelho nem cozinhar, além de muitas outras coisas. O cumprimento de todas essas regras havia se transformado na busca primária do povo que corria atrás da aceitação e justiça de Deus. Nada disso, porém, estava funcionando, de forma que, agora, estão todos cansados e sobrecarregados.
Nesse contexto, Jesus diz: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Jesus fala de descanso, alívio espiritual. Em seguida, ele completa no verso 29:
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
O jugo era aquela peça de madeira colocada sobre o pescoço de dois animais que puxavam uma carroça para guia-los pelo caminho. Dessa forma, os animais ficavam debaixo da autoridade do homem que segurava as rédeas. Da mesma forma, o indivíduo se coloca debaixo da autoridade de seu novo Mestre, Jesus Cristo. Ao usar o verbo aprendei, Jesus deixa ainda mais claro que chama essas pessoas para ser seus seguidores, discípulos. E isso porque ele é manso e humilde de coração. Veja o verso 30: Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Em outras palavras, “Meu ensino não envolve o fardo pesado do legalismo; não é cheio de leis que precisam obedecer a fim de serem aceitos. Meu ensino é fácil e meu fardo é leve.”
Então, a partir desses dois exemplos, aprendemos que o indivíduo manso não se defende, não vindica seu caráter, não se vinga de seu adversário, é compassivo, paciente, forte e controlado.
Testes Bíblicos para A Mansidão
Vamos, agora, falar do assunto da forma mais prática possível, delineando as várias vezes em que a palavra “mansidão” aparece em passagens bíblicas. Com base nessas passagens, podemos fazer algumas perguntas. Em seguida, observaremos alguns testes bíblicos apresentados à mansidão para analisar como estamos indo no quesito da mansidão.
- A primeira pergunta é: como reajo a oposição?
Acompanhe a leitura de 2 Timóteo 2.22–25:
Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor. E repele as questões insensatas e absurdas, pois sabes que só engendram contendas. Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade.
Como reagimos diante de alguém que se opõe a nós? Talvez seja alguém que nega Jesus Cristo, ou que apenas tem um ponto de vista diferente. Será que começamos uma discussão, um debate hostil, ou será que somos mansos e apresentamos amorosamente nossa perspectiva? Como reajo a pessoas que discordam de mim? Esse é um excelente teste à mansidão porque, como a passagem indica, todos nós temos a tendência de ser irresolutos em nossas convicções.
Você percebeu que o manso é aquele que está correto? Veja o verso 25 novamente:
disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade
Você está certo! Eles estão errados! Essa é uma ótima oportunidade que tem para mostrar que está certo. Contudo, o texto nos pergunta: “Você responde com paciência amorosa aos que estão na oposição?”
- A segunda pergunta que devemos fazer é: como reajo diante de um cônjuge descrente?
Para isso, vamos ler 1 Pedro 3.1–2:
Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor.
É importante destacar a expressão sem palavra alguma. Na igreja primitiva, havia várias mulheres que tinham respondido ao convite do Evangelho e começado a seguir a Cristo, mas seus maridos tinham recusado a salvação. Como resultado, estavam enfrentando tremendo atrito e dificuldade no lar. Então, Pedro fornece a maneira de viver que ganhará os maridos para Cristo.
Obviamente, não se trata de uma fórmula que funcionará 100% das vezes, já que a soberania de Deus está envolvida na salvação e a responsabilidade não recai sobre as esposas. Mas o que Pedro diz é o seguinte: “Esposas, se vocês desejam ganhar seus maridos para Cristo, façam o seguinte. Que eles apenas observem o vosso honesto comportamento cheio de temor.” E Pedro escreve nos versos 3–4:
Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário [isto é, não tente impressionar seu marido fisicamente com sua aparência; você não o ganhará para Cristo dessa forma]; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus.
Pedro diz: “Você não ganhará seu marido para Cristo ao nunca faltar um culto; você não o impressionará porque participa de todas as atividades e programações da igreja; você não o ganhará colocando bilhetes com versículos em sua gaveta. Não. Você o ganhará com aquilo que ele não possui, isto é, com um espírito manso.”
- A terceira pergunta é: como reajo diante dos descrentes em geral?
Ainda em 1 Pedro 3, veja, agora, os versos 10–15:
Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la. Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males. Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,
Isso é ótimo! Se alguém chega e pergunta por que você crê em Jesus Cristo, pregue um sermão de 3 pontos para ele e seja irredutível! Ah, mas o início do verso 16 nos diz como devemos fazer isso: fazendo-o, todavia, com mansidão e temor. Quando alguém se opuser a você, afligi-lo, persegui-lo em busca de uma explicação, aja com mansidão, reaja de tal maneira que comunica a verdade por meio de um espírito manso, não de palavras duras e ofensivas.
- A quarta pergunta é: como reajo quando sou confrontado com a verdade?
O desafio vem de Tiago 1.19–21, uma passagem que nos fornece outra qualidade da mansidão:
Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.
Como reajo quando sou confrontado com a verdade das Escrituras? Continue nos versos 22–24:
Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.
Essa passagem fala ao crente e diz: “Quando você lê a Bíblia, como reage quando é confrontado com a verdade?” Tiago escreve que devemos acolher a palavra com mansidão. Então, a questão não é somente como reagimos às pessoas que sabemos estar erradas, mas como reagimos às Escrituras quando nós estamos errados. Podemos dizer que uma atitude ensinável é evidência de mansidão.
- Mais uma pergunta; a quinta é: como reajo em situações diferentes?
Permita-me mencionar três situações em que você deve se fazer essa pergunta.
- A primeira situação é quando um irmão cai em pecado. Então, perguntamos: como reajo quando surpreendo um irmão em pecado?
Em Gálatas 6.1, vemos como devemos abordar um irmão ou irmã pego em pecado:
Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura...
A palavra grega traduzida aqui como brandura é a mesma traduzida como “mansidão” em outras ocasiões no Novo Testamento. Devemos tratar com o irmão com uma atitude gentil, bondosa. Precisamos cuidar dos quebrantados. O verbo corrigi-o é um termo médico para o ato de curar, indicando que devemos fazer isso com a mesma paciência que um médico trata de um paciente ferido—com brandura, mansidão. Mas por que devemos ser mansos em relação ao pecado do irmão? Veja o final do verso 1: e guarda-te para que não sejas também tentado. A verdade é que temos a tendência de agir de forma asquerosa quando sabemos do pecado de um irmão e dizemos: “É, suspeitava disso já.” Quando reagimos assim, revelamos não ter um espírito manso; nos esquecemos de que somos feitos de carne também. Portanto, como reajo quando surpreendo um irmão em pecado? Com mansidão.
- Segundo: como reajo quando me reúno com os demais crentes da congregação?
Ao escrever à igreja exortando os crentes à unidade, veja o que Paulo diz em Efésios 4.1–3:
Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz
Muito provavelmente, a igreja estava enfrentando algumas dificuldades e Paulo exorta os irmãos a que, mesmo que uma facção da igreja tenha a razão na disputa—mesmo que você sabe que está certo, mesmo diante das discórdias e diferenças de opinião—os crentes devem se revestir de mansidão quando se reunirem. E isso para promover a unidade na igreja. E Paulo continua nos versos 4–6, dizendo que há somente um corpo e um Espírito... um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai. Ou seja, “Quero que a comunhão de vocês seja uma, pois ela ilustra todas essas demais coisas.”
Quando nos reunimos na igreja, existe a possibilidade da discórdia. A igreja é como uma família de sangue: quando só existe você e seu cônjuge, há somente uma pessoa com quem discutir; quando vêm os filhos, maiores são as oportunidades para que haja discussões e dissensões. Então, conforme a igreja cresce com pessoas com várias opiniões diferentes, como reagimos? Devemos nutrir uma disposição de brandura e mansidão para com as pessoas da igreja.
- Terceiro: como reajo quando tenho que lidar com um mundo antagonista?
Em Tito 3.1–2, Paulo dá um lembrete aos crentes:
Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra, não difamem a ninguém; nem sejam altercadores, mas cordatos [ou, “mansos”], dando provas de toda cortesia, para com todos os homens.
Essa deve ser a nossa atitude para com o mundo hostil.
Eu e você teremos momentos em nossas vidas em que desejaremos agarrar a outra pessoa pelo pescoço; às vezes, desejamos fazer isso com o nosso país, com os políticos corruptos que governam a nação. Mas é exatamente quando o nosso sangue ferve que surge a oportunidade de o mundo ver que reagimos segundo o caráter de Jesus Cristo. Você sabe o que o mundo verá? Uma atitude mansa diante da hostilidade. E Paulo diz isso aos crentes da igreja primitiva que estão sendo perseguidos, presos e lançados aos leões. E nós, diante das oposições que enfrentamos hoje, devemos ser mansos, cordatos.
Uma Promessa Bíblica para Os Mansos
Para finalizar, quero destacar que a Bíblia possui uma promessa para os mansos; na verdade, uma promessa feita pessoalmente por Jesus Cristo em Mateus 5.5. Se você pensa que ser manso não vale a pena—se você pensa que está perdendo seus direitos, se se pergunta se as coisas irão melhorar, se se pergunta quando a justiça virá—esse dia chegará. Jesus disse em Mateus 5.5: Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Não é interessante que os mansos são exatamente as pessoas que parecem ser os capachos do mundo? Mas é a elas que Jesus Cristo promete o seguinte, de todas as coisas que poderia dizer: “Vocês herdarão a terra. Um dia, este planeta será de vocês. Vocês reinarão e a justiça reinará. Vocês reinarão com Deus.”
Vale a pena ser manso! Que façamos o melhor para conduzir outros a Jesus Cristo. E conforme compartilhamos e testemunhamos a verdade ao mundo, precisamos manter em mente que devemos ser gentis, pacientes e compassivos. Eu e você nos depararemos com situações em que desejaremos revidar e atacar as pessoas, mas é nessas situações que podemos revelar uma qualidade que é indiscutivelmente divina, sobrenatural. É o fruto do Espírito de Deus quando nos submetemos ao seu total controle; é a mansidão, uma disposição paciente para com aqueles ao nosso redor.
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