Lutando com Deus

Lutando com Deus

by Stephen Davey Ref: Genesis 32

Lutando com Deus

Gênesis 32

Introdução

Preciso confessar que, quando decidi pregar na vida de Jacó, pensei que precisaria de apenas duas mensagens. Mas esta já é a quarta e ainda vem mais por aí. Ele é um homem interessante que tem vivido uma vida bastante tumultuada.

Creio que o motivo por que Jacó me chama a atenção é que ele acontece de representar a epítome de nossa própria luta na caminhada cotidiana com Deus. Também acredito que Jacó personifica aquilo que nossa cultura busca produzir em nós: um homem que corre atrás do que ele quer sem se preocupar com os meios que usa; seu único alvo é realizar o que deseja. De fato, as demais pessoas são apenas suportes que Jacó usa para pisar, caminhar e subir até o topo do montão.

Fico triste quando percebo que essa mesma atitude penetrou na igreja. Eu e você lutamos e resistimos qualquer um que nos atrapalha enquanto buscamos atingir nossos objetivos. Todavia, a pessoa que geralmente nos atrapalha é Deus; então, lutamos com ele também.

Em nosso estudo de hoje, quero oferecer a você um bilhete para assistir a uma luta; o assento é bem ao lado do tatame. Essa luta é diferente de qualquer outra luta que já aconteceu na história da humanidade. Nessa luta, um homem enfrenta o próprio Deus em combate. Marque bem esse texto, pois ele serve de ilustração vívida do que eu e você fazemos quando lutamos com Deus para conseguir as coisas do nosso jeito. Creio que veremos nós mesmos nessa passagem.

Jacó Volta a Siquém

Abra sua Bíblia em Gênesis 32.1–2:

Também Jacó seguiu o seu caminho, e anjos de Deus lhe saíram a encontrá-lo. Quando os viu, disse: Este é o acampamento de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim.

A palavra hebraica traduzida como acampamento também significa “legião;” ou seja, “Esta é a legião de Deus.” O termo acampamento, portanto, tem uma conotação militar aqui, e se refere ao agrupamento de soldados de Deus: os anjos. É possível que haja milhares ou mesmo milhões deles.

Como já estudamos, Jacó está voltando para sua terra, após deixar o sogro Labão, com quem brigou e lutou por 20 anos enquanto vivia de migalhas. Agora, ele tem mulheres, filhos, rebanhos e gado; por fim, ele enriqueceu. Entretanto, a cada passo que ele dá a caminho de casa, uma palavra ressoa em seus ouvidos: “Esaú... Esaú.”

Talvez você ainda se recorda da maneira como Jacó logrou êxito sobre seu irmão Esaú de forma ardilosa, arrancando de Esaú o direito de primogenitura. Como resultado, ele teve que fugir de casa para não ser morto pelo irmão ressentido. Durante os 20 anos em que passou com Labão em Harã, Esaú foi apenas mera memória em sua mente; agora, essa memória vai se tornando em algo concreto, à medida em que caminha para casa.

William Shakespeare escreveu uma verdade poderosa: “A consciência transforma todos nós em covardes.”

Imagino que Jacó sente o terror enquanto se aproxima de casa. Por esse motivo, Deus aparece para confortá-lo de forma maravilhosa ao lhe dar uma visão de milhares de anjos que, com efeito, estão do lado do piedoso. Apesar de ele ter agido impiamente, Deus havia escolhido Jacó para ser o patriarca; Jacó era o próximo da fila.

É interessante considerar que, quando Jacó começou sua jornada 20 anos antes, ele também se deparou com inúmeros anjos quando sonhou com aquela escada. Agora, enquanto retorna ao lar, Deus, mais uma vez, se manifesta a esse homem, confortando-o e encorajando-o de forma poderosa. Deus diz: “Você não está sozinho.” Jacó, porém, não ouve nem enxerga, conforme vemos nos versos 3–5. Aparentemente, ele tem coragem suficiente para enviar mensageiros:

Então, Jacó enviou mensageiros adiante de si a Esaú, seu irmão, à terra de Seir, território de Edom, e lhes ordenou: Assim falareis a meu senhor Esaú: Teu servo Jacó manda dizer isto: Como peregrino morei com Labão, em cuja companhia fiquei até agora. Tenho bois, jumentos, rebanhos, servos e servas; mando comunicá-lo a meu senhor, para lograr mercê à sua presença.

Em outras palavras, Jacó envia mensageiros a Esaú, dizendo: “Estou voltando para casa. Espero que possamos nos encontrar em algum lugar para chegar a um acordo.” Ele ainda não sugere que dará de seus bens a Esaú; esses mensageiros vão, na verdade, numa missão de sondagem para Jacó avaliar sua situação atual com o irmão. Os mensageiros retornam com notícias alarmantes no verso 6:

Voltaram os mensageiros a Jacó, dizendo: Fomos a teu irmão Esaú; também ele vem de caminho para se encontrar contigo, e quatrocentos homens com ele.

Ou seja, “Esaú ouviu falar de seu retorno, antes mesmo de conversarmos com ele, e ele já vem a caminho com 400 homens. Esaú vem aí com um exército para se encontrar com você.” Sabe o que Jacó faz? Veja o verso 7:

Então, Jacó teve medo e se perturbou; dividiu em dois bandos o povo que com ele estava, e os rebanhos, e os bois, e os camelos. 

Jacó divide seu grupo em dois e coloca um na frente do outro. Por que? Ele mesmo responde no verso 8:

Pois disse: Se vier Esaú a um bando e o ferir, o outro bando escapará.

Tenho certeza que ele está no segundo agrupamento!

Você imagina fazer parte dessa tribo de Jacó e receber o comunicado: “Você está na linha de frente”? “Muito obrigado, Jacó!” Ele volta a ser aquele homem frio e de coração duro, e pensa: “Vou deixar o primeiro grupo ser massacrado; pelo menos isso me dará a chance de fugir.” Jacó, mais uma vez, age de forma maquiavélica e manipuladora.

Entretanto, vamos encarar os fatos. Jacó ouviu notícias sobre seu irmão Esaú; sem dúvidas, Esaú é o rei de Edom, um chefe poderoso que governa, talvez, milhares de pessoas; ele é o oficial comandante sobre o território que Jacó precisa atravessar. De fato, Jacó se encontra aqui num dilema: ele não pode fugir porque Labão está logo atrás dele. E conforme vimos no estudo anterior, Jacó e o sogro Labão fizeram uma aliança de desconfiança, determinando que um não pode atravessar a fronteira do outro. Labão está atrás e Esaú logo adiante; e agora? Jacó fica tremendo de medo.

Se você estivesse lá, qual conselho daria ao medroso Jacó? Se seu conselho é “Comece a orar, Jacó,” então, acertou.

No verso 9, vemos a oração de Jacó. Gosto muito dessas primeiras palavras e consigo até ouvir a emoção forte. Essa oração é como aquela que você fez quando se viu encurralado e a primeira coisa que saiu da sua boca foi: “Deus... ó Senhor”

E orou Jacó: Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque, ó SENHOR, que me disseste: Torna à tua terra e à tua parentela, e te farei bem; 

Ou seja, “Deus, lembra do que o Senhor me disse.” Veja os versos 10–11:

sou indigno de todas as misericórdias e de toda a fidelidade que tens usado para com teu servo; pois com apenas o meu cajado atravessei este Jordão; já agora sou dois bandos. Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos. 

Perceba que Jacó se coloca em primeiro lugar; depois, as mães com os filhos! Sua oração termina no verso 12:

E disseste: Certamente eu te farei bem e dar-te-ei a descendência como a areia do mar, que, pela multidão, não se pode contar.

Em outras palavras, “Deus, tu prometeste que eu seria pai de multidões; então, não faz sentido que eu morra agora em Edom.”

Permita-me fazer uma pausa aqui e destacar quatro elementos na oração de Jacó. Eles são bons elementos e incluem:

  • Primeiro: no verso 9, Jacó se dirige a Deus com respeito.
  • Segundo: no verso 10, ele admite que não é digno.
  • Terceiro: no verso 11, ele faz pedidos a Deus.
  • Quarto: no verso 12, ele lembra Deus de sua aliança da promessa.

Permita-me mencionar um ponto bastante prático nessa oração. Apesar de eu ter dito que a oração inclui elementos positivos, uma coisa está ausente: o elemento do relacionamento.

Você percebeu como Jacó orou? Ele disse: Deus de meu pai Abraão e Deus de meu pai Isaque. Por que ele não disse “Meu Deus”? Creio que essa é a oração de um homem que ainda não desenvolveu um relacionamento pessoal com o seu Deus e, por 20 anos, o negligenciou. Na verdade, essa é a primeira oração de Jacó conforme registrada na Bíblia. Pelo fato de tê-lo rejeitado por tanto tempo, agora que vai falar com Deus, Jacó fica envergonhado; a situação é desconfortável.

Isso se assemelha ao que fazemos hoje: negligenciamos Deus nos momentos bons da vida e, quando algo ruim acontece, o que fazemos? Corremos para o Senhor, nos desculpamos por nos aproximar do trono da graça porque sabemos perfeitamente que o ignoramos até agora. A única maneira de se achegar confiadamente junto ao trono da graça é vivendo uma vida cristã coerente. Daí, quando vierem os tempos bons ou ruins, poderemos entrar na sala do trono. Também não precisaremos negociar com Deus, dizendo: “Senhor, lembre-te de tuas promessas que fizeste a mim.”

Não acredito que Jacó conseguiu muita coisa com sua reunião de oração porque, assim que diz “amém,” veja o que acontece no verso 13: um plano clássico:

E, tendo passado ali aquela noite, separou do que tinha um presente para seu irmão Esaú: 

Jacó dá um suborno a Esaú. Veja os versos 14–16:

duzentas cabras e vinte bodes; duzentas ovelhas e vinte carneiros; trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros; vinte jumentas e dez jumentinhos. Entregou-os às mãos dos seus servos, cada rebanho à parte, e disse aos servos: Passai adiante de mim e deixai espaço entre rebanho e rebanho.

Ou seja, Jacó tenta amolecer o coração de Esaú. Seu irmão marcha contra ele a fim de mata-lo; de repente, se deparará com 200 cabras: “O que é isto?!” O servo dirá: “Isto vem de teu servo Jacó. É um presente. Por favor, aceite-o.”

Ele aceita. Após caminhar mais um pouco, se depara com 20 bodes. E pergunta de novo: “O que é isto?!” Mais uma vez, o servo diz: “É um presente de teu servo, Jacó.”

Bom, isso se repete várias vezes; a esperança é que Esaú, quando se encontrar com Jacó, estará tão feliz e grato, cheio de apreço, que dirá: “Jacó, meu irmão. Estou envergonhado! Pessoal, baixem as armas. Não lhe faremos mal nenhum.”

Esse é o plano de Jacó. Veja os versos 17–18:

Ordenou ao primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te encontrar e te perguntar: De quem és, para onde vais, de quem são estes diante de ti? Responderás: São de teu servo Jacó; é presente que ele envia a meu senhor Esaú; e eis que ele mesmo vem vindo atrás de nós.

E pule para o verso 20:

Direis assim: Eis que o teu servo Jacó vem vindo atrás de nós. Porque dizia consigo mesmo: Eu o aplacarei com o presente que me antecede, depois o verei; porventura me aceitará a presença.

Deus Responde a Jacó

Agora, algo interessante está prestes a acontecer. Veja os versos 22–24a:

Levantou-se naquela mesma noite, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e transpôs o vau de Jaboque. Tomou-os e fê-los passar o ribeiro; fez passar tudo o que lhe pertencia, ficando ele só...

Creio ser bastante significante o fato de o texto enfatizar aquilo que já se pressupõe: que Jacó está sozinho; ele chega ao fundo do poço; finalmente, ele chega a um obstáculo que não poderá transpor. Além disso, ele montou um esquema bobo que ele sabe que não funcionará. Já faz 20 anos que Esaú tem alimentado em seu coração a sede de acabar com a vida de Jacó. E ali está ele, sozinho, à beira de uma corrente chamada Jaboque.

É nesse momento que Deus vem se encontrar com Jacó. É neste momento que Deus também se encontra comigo e com você: quando atingimos o fundo do poço. Podemos até ter elaborado um esquema, um plano debaixo da manga, mas sabemos que estamos diante de uma barreira para nós intransponível; é aí que Deus ativa seu plano perfeito.

Deus se apresenta a Jacó na forma de um lutador. Continue no verso 24: ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia.

Agora, em Oséias 12, lemos que esse lutador era “o anjo,” mas que Jacó “lutou com Deus.” Esse anjo é o que os teólogos denominam “Cristofania,” isto é, uma manifestação de Cristo no Antigo Testamento. Essa manifestação geralmente aparece sob o título de “Anjo do Senhor.” Portanto, não se trata aqui de um mero homem, apesar de Jacó enxerga-lo como um homem. Esse é o Cristo pré-encarnado que vem e luta com Jacó.

Essa luta durou a noite inteira, e creio que isso simboliza a teimosia de Jacó. Permita-me ler o que Arthur Pink escreveu sobre o episódio:

Deus não lutou com Jacó para tomar dele algum objeto, mas para reduzir Jacó a nada, para que percebesse que era uma criatura pobre, desamparada e indigna. E também foi para nos ensinar através dele a importantíssima lição: nossa força está em reconhecer nossa fraqueza.

O texto é meio confuso; não sabemos como eles lutaram e como a luta se deu; não temos todos os detalhes. O que sabemos é que eles se agarraram e lutaram a noite inteira e que Deus estava, de fato, trabalhando em Jacó para que percebesse sua impotência.

Num dado momento no decorrer da luta, Jacó entendeu a lição—talvez depois que foi tocado. Veja o verso 25:

Vendo este [Cristo] que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. 

Após o ferimento na articulação de Jacó, ele começa a implorar a Deus por uma bênção. Dessa vez, não é a bênção da aliança, mas uma bênção pessoal. Continue no verso 26:

Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares.

Ou seja, a luta havia terminado e, agora, Jacó está pendurado em Deus. Isso se assemelha ao que nossos filhos pequenos fazem: o meu filho agarra a minha perna e se pendura nela. Eu tento chacoalhar a perna para que ele caia, mas é difícil!

Então, Jacó se pendura à perna desse homem, o qual a essa altura ele percebe ser mais do que um mero homem. E Jacó diz: “Não o deixarei ir sem que me abençoe primeiro.” Jacó não pede aqui pela bênção da aliança; essa ele já tem. Jacó diz: “Não o deixarei ir, até que você coloque em mim algo de seu caráter, um pouco de sua força.”

Que imagem deplorável. Jacó, que não consegue lutar porque sua articulação foi descolada, se pendura, implora, chora, roga pelo que creio ser um relacionamento pessoal com o Deus que ele até agora negligenciou. Agora, à beira desse riacho do Jaboque, ele percebe como sua vida tem sido insignificante; ele passou 20 anos sobrevivendo de migalhas, esquematizando planos e brigando—e pelo que? Por alguns carneiros, vacas e bodes! Agora, ele está disposto a abrir mão de tudo isso para simplesmente viver.

Gostaria que Deus desse a todos nós esse tipo de experiência, um momento em que chegamos ao fundo do poço e reconhecemos como nossas buscas na vida têm sido insignificantes sem Deus.

Ainda lembro de certa vez, quando era adolescente, estar cortando grama durante as férias para conseguir algum dinheiro; estava tentando convencer meus pais a comprarem uma passagem de avião para passar alguns dias com parentes. Eu nunca tinha viajado de avião antes e jamais esquecerei as palavras que meu pai me disse enquanto me levava ao aeroporto. Ele deve ter se perguntado se aquilo entrou por um ouvido e saiu por outro, mas, na verdade, impactou minha vida. Ele disse: “Meu filho, quando você embarcar naquele avião e começar a decolar, olhe para baixo e veja como as coisas são pequenas.”

Nunca esquecerei disso porque olhei pela janela durante a decolagem, e percebi como as coisas grandes pareciam ser insignificantes. Essas coisas enormes eram o melhor que a terra podia proporcionar, mas quando subi, tudo parecia ser a cabeça de um palito de fósforo. Acho que foi exatamente isso o que Jacó aprendeu no ribeiro do Jaboque.

Aplicação: Três Segredos para a Força Espiritual

Nos versos seguintes, gostaria de salientar três princípios para força espiritual. Eles não são profundos, mas geralmente são ignorados. Não se esqueça deles.

  • Primeiro: Jacó reconhece a presença de Deus em sua vida.

Veja o verso 27, onde o anjo pergunta: Como te chamas? Agora, isso é muito mais do que uma simples pergunta sobre o nome de Jacó. Como você sabe, nomes são muito significantes. Cristo pergunta, com efeito: “Que tipo de homem é você para que o abençoe?”

Jacó responde no verso 27: Ele respondeu: Jacó. Ou seja, “Meu nome é Jacó—enganador, suplantador, maquinador.” Veja o que Cristo diz no verso 28: Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel.

Em outras palavras, “Seu nome não significará mais ‘enganador, manipulador, senhor e controlador de sua própria vida.’ Seu nome será Israel, que significa ‘Deus governa, Deus prevalece, Deus controla,’ pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste.

E continue nos versos 29–30:

Tornou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali. Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva.

Jacó reconhece que esteve na presença de Deus.

É interessante que Jacó chamou o local de seu primeiro encontro com Deus de “Betel,” que significa “casa de Deus.” No início desse capítulo, quando Jacó teve seu segundo encontro com Deus ao ver as hostes celestiais, ele chamou o lugar de “Maanaim,” que significa “acampamento de Deus,” ou “dois acampamentos.” Jacó está dizendo: “Esta é a casa de Deus e esta é a hoste de Deus.” Agora, em seu terceiro encontro, ele chama o local de “Peniel,” que significa “rosto de Deus”—“este é o meu Deus.”

Parece algo simples, mas pode acreditar: esse é o grande divisor de águas entre um crente fraco e um crente forte. O crente fraco tem pouca fé, enquanto o forte tem uma fé que cresce, desenvolve e confia em Deus. O que distingue esses dois tipos de crente? O crente forte reconhece que Deus está vivo e presente, quer ele triunfe ou sofra derrotas; independente do que acontece, Deus está aqui, Deus está envolvido em minha vida. Jacó reconheceu isso.

  • Por causa desse reconhecimento, o segundo princípio da força espiritual pode ser aplicado: Jacó admite a graça de Deus.

Veja o verso 30: Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva. Jacó não disse: “Vi a Deus e rapaz... ele ficou impressionado comigo,” ou “Eu via a Deus e ele me parabenizou e disse: ‘Jacó, você cometeu alguns erros, mas está tudo bem comigo’.” Qualquer um que se encontra com Deus sai desse encontro consciente de sua glória e graça. E creio que o resultado desse encontro será humildade.

O problema é que não conseguimos fabricar a humildade por meio de alguma experiência; humildade vem a partir de um encontro com Deus, ao reconhecermos sua presença e parte em nossa vida. A partir desse encontro, você pode sair com um senso de sua fraqueza e da força de Deus. Não há nada que podemos fazer para ser humildes; a humildade resulta da companhia que você mantém.

Perguntaram a Corrie ten Boom se foi difícil permanecer humilde diante da forma poderosa como Deus a usava. Ela respondeu: “Quando Jesus Cristo entrou em Jerusalém montado num jumentinho e todos clamaram ‘Hosana!’ enquanto lançavam seus mantos ao chão e cantavam louvores, você pensa que, em algum momento, o jumento imaginou que todo aquele louvor era para ele?”

Ah! O que Deus poderia fazer em nós e através de nós se simplesmente não nos importássemos com quem levará o crédito!

  • Após reconhecer a presença de Deus e admitir a graça de Deus em sua vida, Jacó aceita o plano de Deus para sua vida.

Veja o verso 31:

Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa.

Jacó mancará pelo resto de sua vida; seu mancado será um constante lembrete de que Deus invadiu sua vida; será uma ilustração viva de que Deus se encontrou com ele naquele lugar. E jamais veremos Jacó reclamando porque ficou manco.

Conclusão

Meu querido, me pergunto se você está lutando com Deus hoje: será que existe algum tumulto ou rebelião em sua vida? Você tem sido um maquinador? A coisa maravilhosa nisso tudo é que, quando eu e você descansamos no ribeiro do Jaboque, por mais trêmulos que estejamos diante de obstáculos aparentemente intransponíveis, é ali que Deus toca nossas vidas.

Penso em Jacó, o manipulador e enganador, recebendo um novo nome. Imagino que se você não tem Cristo, o acusador arrasta todo o esgoto de seu passado e diz: “Não tem jeito! Seu velho nome é podre demais para Deus poder dar a você um novo nome.” Mas Jacó recebeu um novo nome.

Se você já recebeu a Cristo como Salvador pessoal, receberá um nome futuramente, o qual ainda não conhece. Somos chamados hoje de “cristãos,” mas esse nome foi dado pelo mundo em Antioquia (Atos 11.26).

Apocalipse 2 também fala de um novo nome e se refere a um costume da época em que um noivo comprava uma pedra preciosa. Na parte de trás da pedra, um ourives escrevia um apelido carinhoso e precioso para a noiva; ninguém sabia que nome era esse, somente a noiva. Deus diz por meio de João em Apocalipse 2.17b:

Ao vencedor... lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.

Pense nisto: eu e você, os vencedores em Cristo, recebemos um novo nome também.

Jacó, agora, tem um entendimento renovado de que Deus está envolvido em sua vida e ele recebe um novo andar. Quando o sol se levanta e sua luz reflete nas águas do Jaboque, Jacó manca em direção a Esaú. Dessa vez, porém, ele ergue a cabeça e seu coração está cheio de certeza de que Deus está em sua vida. Deus é um Deus soberano.

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