Ingredientes de Integridade

Ingredientes de Integridade

by Stephen Davey Ref: Genesis 6–9

Ingredientes de Integridade

Gênesis 6.1–9.17

Introdução

Vivemos em um mundo de violência e corrupção. Basta assistir aos noticiários ou ler um jornal que você verá a situação deplorável não somente do nosso Brasil, mas também do mundo inteiro. Violência se tornou um estilo de vida e é, na verdade, até promovida pela mídia. Quando uma criança chega aos 12 anos de idade, ela terá assistido a 13,500 horas de televisão, que é o dobro do tempo que ela passará na escola. Ao final dessas horas, ela terá visto 14 mil mortes, o equivalente a 1 a cada hora; ela terá assistido a 100 mil crimes violentos, o que equivale a 1 a cada 8 segundos. Estamos criando uma geração saturada de violência. Até mesmo as músicas populares e a cultura do rock estão cheias de letras que promovem violência. Como resultado, adolescentes e jovens, influenciados pela mentalidade dessas músicas, agem com violência até mesmo nas salas de aula em suas escolas.

Agora, sabemos, perfeitamente, que violência não é o único problema de nosso país; existe corrupção, imoralidade, adultério, homossexualismo, nudez e demais coisas profanas, e todas essas coisas são consideradas como aceitáveis ou retratadas pela mídia como estilos de vida legítimos.

O número de gravidez fora do casamento envolvendo meninas abaixo dos 16 anos cresce aceleradamente a cada ano. Estimativas apontam que 78% dos jovens brasileiros bebem bebidas alcoólicas e 19% desses já são dependentes do álcool. Muitas são as investigações policiais envolvendo banqueiros, empresas de investimento financeiro e até mesmo líderes religiosos por causa de fraudes, sonegação fiscal e roubo.

Não comecei esta mensagem listando vários pecados comuns no Brasil e no mundo inteiro para simplesmente ser dramático. O que realmente desejo fazer é responder a uma pergunta que surge como resultado de ouvir apenas algumas coisas que ocorrem na sociedade. A pergunta é: “Como eu como indivíduo ou nós como família conseguiremos sobreviver à imoralidade de nossa geração? E não somente sobreviver, mas como conseguiremos impactar a nossa geração com o Evangelho de Jesus Cristo?”

Quatro Ingredientes Essenciais da Integridade

A solução encontra-se num evento registrado na Bíblia: em Gênesis 6—a vida de Noé e sua família. Gostaria de descobrir com você hoje alguns ingredientes de integridade que nos ajudarão não somente a sobreviver à imoralidade e impiedade de nossa geração, mas a fazer a diferença também. Não estamos aqui para ligar o piloto automático e relaxar em nossa jornada para o céu; estamos aqui para impactar o mundo, sendo sal e luz. Como fazer isso? A resposta está em Gênesis 6. Acompanhe a leitura dos versos 1–2:

Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram.

Quando lemos esses dois versos de Gênesis 6, a primeira coisa que vem à mente de muitos é a discussão bastante conhecida quanto à identidade desses indivíduos aqui descritos como filhos de Deus: trata-se de seres humanos ou anjos caídos? Talvez você já tenha conversado ou debatido com alguém sobre o assunto. Não quero gastar muito tempo falando sobre isso, mas deixe-me fornecer alguns motivos por que não creio que se trata de anjos caídos.

  • Primeiro, se fossem demônios, não teriam sido chamados de filhos de Deus.
  • Além disso, se fossem anjos bons que não tinham caído, eles não estariam à espreita em busca de mulheres. Satanás e sua horda foram expulsos do céu; os anjos que continuaram no céu foram confirmados no estado de retidão ao permanecerem junto a Deus.
  • Terceiro, conforme o próprio Jesus afirmou em Mateus 22, anjos não possuem a capacidade de procriar—e creio que é exatamente essa a intenção do texto. Procriação é um fenômeno humano, um milagre humano. Deus nos deu a capacidade de procriação, de gerar filhos. Por que? Porque Deus prometeu que, através dessa procriação, viria o Redentor. Anjos não têm motivo para procriar; eles são seres criados para adorar a Deus.

Creio que o contexto desses versos indica que o problema de Deus aqui não é necessariamente com os anjos caídos, mas com homens pecadores. Veja o verso 3:

Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos.

Creio que se trata aqui de filhos de Deus, isto é, ben Elohim, descendentes da linhagem piedosa de Sete; é uma linhagem piedosa que está enfraquecendo e se corrompendo porque se casam com mulheres ímpias carnais descendentes de Caim. Portanto, a mistura da linhagem ímpia com piedosa corrompe a piedosa e gera a necessidade de julgamento.

Bom, vamos deixar esse assunto para trás então. Continue a leitura dos versos 5–9:

Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Porém Noé achou graça diante do SENHOR. Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus.

Note a conjunção porém no verso 8 antes de Noé. Esse personagem está em contraste com sua geração corrupta. No verso 9, Noé é descrito com dois adjetivos: justo e íntegro. Integridade diz respeito à retidão de caráter; Noé era homem de bom caráter. Isso não nos informa muita coisa sobre Noé, além do fato de ele ter bom caráter.

Quero ressaltar 4 ingredientes de integridade que descobrimos nessa passagem. Esses são ingredientes essenciais em nossas vidas, caso desejemos sobreviver às fascinações, influências, tentações e obstáculos que surgem à vida piedosa em nossa sociedade.

  • O primeiro ingrediente é: integridade é pureza em meio a imoralidade.

Veja novamente o verso 5 e identifique várias características da geração de Noé:

Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração.

Que situação terrível. Essa geração não tem nenhum pensamento piedoso; ao contrário, essas pessoas só pensavam em coisas perversas. Esse é o registro dessa geração.

Bem no centro desse mundo corrupto e pecaminoso existe uma luz brilhando: Noé e sua família, que eram pessoas piedosas. A piedade dessa família condenava as demais pessoas. Estou convencido de que uma pessoa de integridade seguirá a Deus mesmo quando for algo não muito popular. Noé estava disposto a seguir a vontade de Deus mesmo que isso significasse ir contra a correnteza de sua sociedade.

Em Hebreus 11, vemos que Noé faz parte dos “Heróis da Fé.” Lemos em Hebreus 11.7:

Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé.

Lá estava Noé, vivendo uma vida que condenava seus vizinhos e sociedade. A construção condenou o mundo pode não significar muito para nós hoje, mas usamos uma terminologia semelhante. Dizemos: “Fuja do mundo,” “Lute contra o mundo,” “Somos contra o mundo.”

O que essas frases querem dizer? Elas se referem ao sistema mundial, o qual opera com base em fama, saúde, popularidade e prazer; todas essas coisas colocam em movimento as rodas do mundo. O que nós fazemos quando condenamos o mundo? Vivemos de tal maneira que não buscamos as mesmas coisas ou os mesmos prazeres.

Hebreus 11.7 diz que Noé condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé. Por que? Porque ele considerou a aprovação de Deus mais importante do que o aplauso dos homens. Como Noé fez isso? Com base em Gênesis, sabemos que ele fez isso por meio das coisas que realizou, isto é, ao construir a arca, e pela sua pregação. Em 2 Pedro 2.5, Noé é chamado de “pregador da justiça.” Portanto, Noé não somente viveu uma vida piedosa, mas pregou a palavra.

No contexto da igreja, é comum ver pessoas tentando decidir qual é o melhor método evangelístico: o estilo de vida ou a proclamação aberta da verdade? Será que você simplesmente vive o Evangelho na esperança de que seu exemplo salvará pessoas, ou você deveria confrontá-las com a verdade verbalmente? Qual dos dois métodos você gosta mais?

Fizeram essa pergunta certa vez a um homem que respeito muito, e ele respondeu: “Bom, deixe-me fazer outra pergunta: você já voou de avião?” O indivíduo respondeu: “Já.” Ele continuou: “Quando você está lá em cima, a 30 mil pés, qual das duas é mais importante: a asa da direita ou a asa da esquerda?”

Evidentemente, ambas são importantes. Semelhantemente, testemunho verbal e de comportamento são igualmente importantes no evangelismo. Noé reconheceu a importância dos dois, conforme vemos nas Escrituras.

  • O segundo ingrediente é: integridade é obediência em meio a zombaria.

Volte a Gênesis 6 e leia os versos 13–16:

Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra. Faze uma arca de tábuas de cipreste; nela farás compartimentos e a calafetarás com betume por dentro e por fora. Deste modo a farás: de trezentos côvados será o comprimento; de cinqüenta, a largura; e a altura, de trinta. Farás ao seu redor uma abertura de um côvado de altura; a porta da arca colocarás lateralmente; farás pavimentos na arca: um em baixo, um segundo e um terceiro.

Essa embarcação é um pouco diferente do que costumamos a ver em desenhos nos materiais de Escola Dominical. Após concluído, o barco se parecia mais com uma balsa enorme, praticamente quadrado e com três andares. Era uma caixa flutuante. Quando colocaram embarcações com essas medidas sob testes, descobriram que era praticamente impossível que afundassem. Isso era importante, já que as ondas, as chuvas torrenciais e ventos como de furacões castigariam esse barco e ele teria que permanecer flutuando. Continue nos versos 17–21:

Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá. Contigo, porém, estabelecerei a minha aliança; entrarás na arca, tu e teus filhos, e tua mulher, e as mulheres de teus filhos. De tudo o que vive, de toda carne, dois de cada espécie, macho e fêmea, farás entrar na arca, para os conservares vivos contigo. Das aves segundo as suas espécies, do gado segundo as suas espécies, de todo réptil da terra segundo as suas espécies, dois de cada espécie virão a ti, para os conservares em vida. Leva contigo de tudo o que se come, ajunta-o contigo; ser-te-á para alimento, a ti e a eles.

Noé coça a cabeça e diz: “Senhor, você deve estar de brincadeira!” Ele tinha que construir um barco mais comprido do que um campo de futebol e com três andares (aproximadamente 14 metros de altura). É interessante observar que construções com vários andares só começaram a aparecer na antiguidade a partir da Torre de Babel. A embarcação pesará cerca de 18 toneladas e o estaleiro será provavelmente o fundo do quintal da casa de Noé. Foi isso o que Deus o mandou fazer.

Continue ao verso 22 de Gênesis 6: Assim fez Noé, consoante a tudo o que Deus lhe ordenara. E observe também Gênesis 7.5: E tudo fez Noé, segundo o SENHOR lhe ordenara, e a última parte do verso 9 do capítulo 7: como Deus lhe ordenara.

O que testemunhamos aqui é total obediência por parte de Noé em todos os detalhes especificados por Deus.

Podemos pensar que Noé pregou umas tábuas e disse: “Pronto, Deus cuidará de nós. Iremos sobreviver.” De jeito nenhum! Noé construiu a arca perfeitamente segundo os detalhes e as instruções dadas por Deus. Ele não deixou nada de lado.

Agora, a obediência de Noé se torna ainda mais espetacular quando consideramos o fato de que ele construiu um objeto que não se assemelhava a nenhum outro já construído pelos homens, com um propósito misterioso e por causa de um fenômeno misterioso: uma arca para flutuar sobre a água decorrente de uma tempestade que inundaria o planeta—coisas jamais vistas antes.

De fato, Hebreus 11.7 nos diz que Noé foi divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam; e ele creu que coisas jamais vistas antes aconteceriam. Ele jamais tinha visto uma arca; não sabia o que era chuva; nunca tinha visto a Deus. Contudo, um homem ou mulher de integridade está mais interessado em obedecer a voz de Deus do que a voz daquilo que os homens chamam de razão.

Não é difícil imaginar Noé sendo zombado pelos vizinhos, sua esposa indo ao mercado e as outras mulheres cochichando: “Olha, aquela é a esposa do maluco Noé, o homem que está construindo um barco para nada! Senhora, você deve estar passando uma barra pesada com um marido doido... você não pensa em deixa-lo?” Seus filhos devem ter sido objetos da mesma ridicularização. Eles só continuaram ao lado de Noé porque criam como ele cria e compartilhavam de sua causa.

Em Gênesis 7.1, lemos:

Disse o SENHOR a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração.

Bom, a arca foi terminada. Sei que você já conhece bem o relato; então, não entraremos em detalhes. Noé termina a arca e ele e sua família se preparam para embarcar.

Ali está Noé, sua esposa, seus filhos e noras carregando suas bagagens e comida para dentro da arca; sem dúvidas, existe uma multidão de pessoas ao redor, apenas observando essa família entrando no barco. Noé, a essa altura um homem já idoso de mãos calejadas, estende o convite uma vez mais à sua geração incrédula para que entre na arca. Ele deve ter dito: “Vocês não estão entendendo? O julgamento está chegando. Vocês não ouviram? Metusalém morreu. Não vão embarcar também não?”

Estimativas de cientistas e matemáticos apontam que apenas metade da arca foi ocupada—metade! Havia espaço para centenas, talvez milhares de pessoas. Você sabe quantas pessoas receberam o convite da pregação e da vida de Noé—da vida que você também vive agora? Nenhuma. O ministério de Noé, da perspectiva humana, foi um fracasso colossal. Noé teve apenas 7 convertidos: os membros de sua própria família. Mesmo assim, Deus o considerou como um homem de integridade, não porque pessoas responderam à sua voz, mas porque Noé respondeu à voz de Deus.

  • O terceiro ingrediente é: integridade é paciência em meio a incertezas.

Veja Gênesis 7.1–2:

Disse o SENHOR a Noé: Entra na arca, tu e toda a tua casa, porque reconheço que tens sido justo diante de mim no meio desta geração. De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea.

Por que havia 7 pares de cada animal puro e apenas 1 par de cada animal impuro? Simplesmente porque havia a necessidade de animais puros para sacrifícios. Continue nos versos 3–10:

Também das aves dos céus, sete pares: macho e fêmea; para se conservar a semente sobre a face da terra. Porque, daqui a sete dias, farei chover sobre a terra durante quarenta dias e quarenta noites; e da superfície da terra exterminarei todos os seres que fiz. E tudo fez Noé, segundo o SENHOR lhe ordenara. Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio inundaram a terra. Por causa das águas do dilúvio, entrou Noé na arca, ele com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos. Dos animais limpos, e dos animais imundos, e das aves, e de todo réptil sobre a terra, entraram para Noé, na arca, de dois em dois, macho e fêmea, como Deus lhe ordenara. E aconteceu que, depois de sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio.

É por isso que chamo isso de “paciência em meio a incertezas.” É difícil compreender a obediência e paciência de Noé e sua família. Eles entraram na arca, levaram todos os seus pertences pessoais, todos os animais já estão acomodados e adivinha o que acontece? Passa-se uma semana e... nada acontece! A porta está fechada; os instrumentos estão prontos, todos preparados para navegar, mas nada de chuva.

Imagino que, depois de 2 ou 3 dias, os vizinhos começam a ficar mais ousados e pensam: “Será que esse julgamento vem mesmo?” Dois dias se passaram e nada aconteceu. A essa altura, eles estão do lado de fora da arca fazendo piqueniques, assando uma carne; todos estão se divertindo e gritando: “Noé, você ainda está aí dentro?” Noé coça a cabeça e pensa: “Senhor, isso foi algum tipo de teste? Cadê a chuva?”

Contudo, não há registro de que ele tenha se perguntado essas coisas. Apesar de ele possivelmente ter ficado confuso e incerto, não há sinal de que ele tenha questionado Deus.

Meu querido, integridade crê em Deus mesmo quando parece ser ridículo. A verdade é que nós gostamos da integridade, desde que ela faça de nós pessoas respeitáveis. Noé, por outro lado, seguiu a integridade, mesmo quando ela foi sinônimo de ridículo.

Veja o verso 10 novamente: E aconteceu que, depois de sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio. Creio que essa foi a maneira de Deus dizer: “Vou dar mais 7 dias para a humanidade se arrepender. 7 dias mais porque, quando as gerações futuras lerem sobre meu julgamento, verão que sou paciente com o homem. Dei a oportunidade, mas ele não se arrependeu.”

Veja Gênesis 7.17–24:

Durou o dilúvio quarenta dias sobre a terra; cresceram as águas e levantaram a arca de sobre a terra. Predominaram as águas e cresceram sobremodo na terra; a arca, porém, vogava sobre as águas. Prevaleceram as águas excessivamente sobre a terra e cobriram todos os altos montes que havia debaixo do céu [perceba que o dilúvio não foi local apenas, mas global]. Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos. Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem. Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca. E as águas durante cento e cinqüenta dias predominaram sobre a terra.

 

Noé e sua família, além dos animais, flutuaram nesse barco por mais de um ano. Essa não é uma viagem ou um passeio de um final de semana; é mais de um ano. E quando a arca finalmente encalha sobre um dos montes na cordilheira do Ararate, Deus não disse a Noé: “Pronto, Noé. Agora que vocês estão desembarcando, aqui estão todos os detalhes e instruções que precisarão para recomeçar a popular a terra.”

Deus também nunca disse como seria a vida após o dilúvio; ele não disse a Noé quanto tempo o dilúvio duraria. Noé envia aves em busca de terra seca; ele é tão paciente que envia um pombo e espera mais sete dias. Eu enviaria aves a cada meia hora! Noé foi um homem de grande paciência. E, em meio a incertezas, ele permaneceu sendo um homem de integridade.

  • O quarto ingrediente é: integridade é adoração em meio a dificuldade.

Veja Gênesis 8.14–19:

E, aos vinte e sete dias do segundo mês, a terra estava seca. Então, disse Deus a Noé: Sai da arca, e, contigo, tua mulher, e teus filhos, e as mulheres de teus filhos. Os animais que estão contigo, de toda carne, tanto aves como gado, e todo réptil que rasteja sobre a terra, faze sair a todos, para que povoem a terra, sejam fecundos e nela se multipliquem. Saiu, pois, Noé, com seus filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos. E também saíram da arca todos os animais, todos os répteis, todas as aves e tudo o que se move sobre a terra, segundo as suas famílias.

E Noé acenou com os braços ao céu e disse: “Finalmente, acabou! Senhor, nunca mais me coloque numa enrascada dessa novamente!” Não. Lemos no verso 20:

Levantou Noé um altar ao SENHOR e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar.

A primeira coisa que Noé fez ao sair da arca foi conduzir sua família em adoração. Que ano confuso havia sido aquele! Foi um ano de silêncio da parte de Deus, um ano de incertezas, de tremenda dificuldade. Mesmo assim, ele adora a Deus.

E Hoje?

Deus responde à adoração de Noé no capítulo 9 estabelecendo o que chamamos de “Aliança Noética,” uma aliança que muda algumas coisas no planeta terra. Uma das mudanças efetuadas pela aliança é que os animais terão pavor e medo dos homens; homens e animais passarão a ser carnívoros.

O elemento mais belo na aliança noética, conforme sabemos, é a vinda do arco-íris como o sinal da aliança. Com o arco-íris, Deus diz: “Toda vez em que você olhar para o céu e vir o arco-íris, lembrará que eu jamais destruirei a terra novamente com água.” Eu e você vemos, até hoje, a evidência dessa aliança.

O mundo incrédulo hoje diz: “Certo, muito bem! Noé foi um indivíduo maravilhoso, cidadão exemplar que viveu num mundo perverso, mas não precisamos de Noé hoje. Afinal, não haverá mais julgamento de Deus sobre a humanidade.”

É aqui que precisamos trazer à memória 2 Pedro 3.3–7. O pecador recusa falar de julgamento, mas note o que as Escrituras dizem claramente:

tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.

E no verso 12:

esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.

Assim como Deus cumpriu sua palavra e o dilúvio veio após haver dado muitos séculos para a humanidade crer por meio da pregação de Enoque e Noé, ele também concede à humanidade hoje um período para que todos creiam, mas o julgamento está vindo. Dessa vez, será com fogo, não com água.

Conclusão: Dois Paralelos entre a Arca de Noé e Jesus Cristo

Deixe-me concluir fazendo dois paralelos óbvios entre a arca de Noé e Jesus Cristo, o que em si só já poderia ser outra pregação. A arca é uma ilustração maravilhosa da salvação em Cristo.

  • O primeiro paralelo é que Deus, não o homem, projetou a arca de forma simples, mas profunda: era o método divino de salvação para todos os que estivessem nela.

Qual é o método de salvação hoje? Conforme Romanos 8.1, não existe mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. Você precisa estar em Cristo Jesus para ser salvo.

  • E o segundo paralelo óbvio entre a arca e Jesus Cristo é que havia somente uma porta na arca.

Jesus disse posteriormente em João 10.9: Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, será salvo.

Meu querido, se você é crente hoje, saiba que é possível ser um indivíduo de integridade em meio à nossa geração pervertida e corrupta, assim como Noé foi. Todavia, você precisará buscar de perto o Senhor Jesus Cristo como um bom discípulo. Essa busca desenvolverá em você:

  • Pureza em meio a imoralidade;
  • Obediência em meio a zombaria;
  • Paciência em meio a incertezas;
  • E adoração em meio a dificuldades.
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Este manuscrito pertence a Stephen Davey, pregado no dia 30/10/1988

© Copyright 1988 Stephen Davey

Todos os direitos reservados

 

 

 

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