Graça Maravilhosa!

Graça Maravilhosa!

by Stephen Davey Ref: Judges 11

Graça Maravilhosa!

Ciclos de Pecado... Histórias da Graça—Parte 4

Juízes 11.1–28

Introdução

Eu estudei na mesma escola do jardim de infância até o término do segundo grau. Lembro de um colega chamado Paulo, que era um pouco mais velho do que eu. O Paulo tinha uma das mãos ressequidas, algo que, creio eu, lhe era motivo de certo complexo. Ele era um jovem muito rebelde e revoltado. Ele foi até expulso da escola por vender drogas.

Alguns anos depois, enquanto andava pelo campus da minha faculdade cristã, deparei-me com o Paulo. A primeira coisa que pensei foi: “Será que ele está vendendo drogas aqui também?” Mas esse não era o caso. Pouco depois de ter sido expulso da escola, Deus alcançou o coração de Paulo e o revolucionou de tal maneira que o jovem agora estudava para ser missionário.

Recentemente, liguei para um pastor que apoia o ministério do Paulo para saber como ele está. Descobri que ele, de fato, conseguiu se formar na faculdade, casou-se, tem três filhos e tem servido no campo missionário há dez anos.

Fiquei impressionado com o pensamento de que esse homem, que antes agia teimosamente contra Deus, hoje serve a Deus teimosamente. Ele serve com uma missão na Cidade do México, a qual, a propósito, é conhecida como “cemitério de missionários.” O casal que foi com eles já abandonou o trabalho. Paulo, porém, persevera. Soube que ele começou uma igreja e estão em busca de um prédio para se reunir. Por meio dessa igreja, Paulo tem conduzido várias pessoas a Cristo.

Temos a tendência natural de eliminar pessoas por causa de seu passado. Como somos surpreendidos pela graça de Deus! Graça é favor imerecido, é o ato de Deus se abaixar ao nosso nível para nos oferecer perdão e bênção. Pensamos que merecemos a graça mais do que outras pessoas. Esquecemos que o chão ao pé da cruz é plano.

Deus ensinará a verdade profunda de sua graça ao apresenta-la na vida de um indivíduo que foi esquecido pela sociedade, que é visto como tolo por todos, mas que depois é usado por Deus de forma tremenda. Essa é a pessoa que observaremos em nosso estudo hoje. A história do nono juiz aparece em Juízes 11. O capítulo registra com rapidez a história do juiz mais impulsivo até então. Quando terminei de estudar sua vida, o tema do capítulo foi “Graça Maravilhosa.” Daremos uma olhada nesse tipo de graça hoje.

Mais uma vez, a nação de Israel tinha caído nas garras dos deuses falsos. Talvez você lembra dos ciclos de pecado dos israelitas. Gideão morreu, seu filho Abimeleque massacrou seus irmãos para assumir o controle da terra; dois juízes surgiram, mas produziram resultados insignificantes. O povo de Israel se encontra mergulhado em idolatria mais do que nunca antes.

Yahweh, que é um Deus gracioso, se revelará ao povo de Israel ao escolher o líder menos provável de todos, um homem que se tornaria evidência inegável da graça de Deus. Seu nome: Jefté. E que história ele teve!

O Passado Desagradável de Jefté: Graça Retida

Vamos começar com a introdução à Jefté em Juízes 11.1–3:

Era, então, Jefté, o gileadita, homem valente, porém filho de uma prostituta; Gileade gerara a Jefté. Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, os quais, quando já grandes, expulsaram Jefté e lhe disseram: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho doutra mulher. Então, Jefté fugiu da presença de seus irmãos e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com ele e com ele saíam.

Os primeiros três versos do capítulo já seriam suficientes para gerar calafrios nos religiosos, desmaio nos justos e até ira nos orgulhosos, ou mesmo vergonha pelo fato de Deus não escolher um líder dentre os retos, instruídos e bem-criados. Jefté era tudo, menos essas coisas. Ele contava com um passado sombrio e terrivelmente doloroso, além de viver uma vida de gângster no presente. Mesmo assim, esse homem se tornará o novo juiz a conduzir Israel de volta a Yahweh.

Note que, antes de Jefté assumir sua posição, já havia quatro aspectos negativos em sua vida. Vamos observá-los rapidamente.

  • Primeiro: Jefté era um filho ilegítimo.

Leia Juízes 11.1 novamente:

Era, então, Jefté, o gileadita, homem valente, porém filho de uma prostituta; Gileade gerara a Jefté.

Isso significa que ele não tem direitos ou privilégios. Jefté nasceu num bordel e cresceu sem os benefícios de carinho e nutrição de uma família.

  • Segundo: a mãe de Jefté era uma prostituta.

O pai de Jefté, Gileade, era infiel à sua esposa. Talvez numa noite, ele pagou os vinte siclos e comprou uma hora de pecado secreto. O problema foi que a prostituta engravidou. Para piorar ainda mais as coisas, ela não calou a boca e, por fim, acabou expondo esse homem justo da comunidade pelo que tinha feito.

Gileade pagou as consequências de seu pecado cometido naquela noite. Sua casa se transformou num campo de batalha, hostilidade e rivalidade. Evidentemente, Gileade levou o menino recém-nascido para debaixo de seu teto, que era o mínimo que podia fazer.

  • Terceiro: Jefté acabou sendo rejeitado por sua família adotiva.

Veja o verso 2 novamente:

Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, os quais, quando já grandes, expulsaram Jefté e lhe disseram: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho doutra mulher.

Em outras palavras, quando os filhos legítimos de Gileade desenvolveram maturidade suficiente para começar a pensar em heranças, eles baniram Jefté porque ele obviamente não pertencia à família.

  • Quarto: Jefté se transformou no líder de uma gangue de criminosos.

Veja o verso 3:

Então, Jefté fugiu da presença de seus irmãos e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com ele e com ele saíam.

A palavra levianos significa “vazios, vãos, imprestáveis.” Homens de caráter questionável de becos e bares se juntaram a Jefté.

É interessante que as únicas pessoas que aceitaram Jefté foram outros indivíduos também desprezados. Esse homem, que tinha sido rejeitado por aqueles que deveriam tê-lo aceitado, encontra um lar junto a homens perversos que também foram rejeitados.

Que vida tinha Jefté! Nascido de uma mulher que preferia que ele jamais tivesse nascido e depois levado para o lar de um pai que não se preocupava com ele. A ausência de seu pai é evidente—ele era envergonhado por esse constante lembrete de seu pecado. O menino é largado para sobreviver em meio a irmãos furiosos e egoístas sem qualquer intromissão por parte do pai. Jefté é cercado por uma família que o rejeita e abandona como se fosse lixo, dizendo: “Não queremos você. Você não pertence à nossa família. Vá embora!”

O famoso pregador escocês Alexander Whyte conhecia bem a dor de Jefté. Ele também foi gerado fora do casamento, algo que, na sua época, carregava um estigma que durava a vida inteira. Ele tinha que encarar a zombaria de outros garotos de sua idade, as afrontas de meninas e os cochichos das pessoas da cidade quando o viam passando.

Quando Alexander nasceu, sua mãe lhe deu o sobrenome do pai. Ela o criou em pobreza, mas em profunda piedade. Com o passar do tempo, ele se tornou aprendiz de um sapateiro e, por meio de trabalho duro, conseguiu estudar nas universidades de Aberdeen e Edinburgh.

A pregação do Dr. Whyte era marcada por uma sensibilidade aos males de seus dias, bem como por uma profunda identificação com os que sofriam. No decorrer de seu ministério, ele pregou na maioria dos personagens bíblicos. Seus estudos biográficos populares foram publicados e eu tenho alguns deles.  Achei que seria interessante ler o que ele escreveu sobre Jefté. Perceba como Alexander Whyte se identifica com Jefté e quase o defende:

Jefté foi o homem mais injustiçado do Antigo Testamento e ele continua sendo o mais mal interpretado, representado e o mais injustiçado até hoje, tendo sofrido nas mãos dos irmãos desde o nascimento; pisado por todos os homens, mas principalmente pelos homens da casa de seu pai; xingado com nomes profundamente odiosos e irritantes. Quando um profeta ia jantar na casa da família, ele era mandado embora para os campos, longe da vista de todos.

O ferro entrara em sua alma quando ainda no ventre de sua mãe; e tanto seu pai, irmãos e os líderes de Israel aumentaram a aflição de Jefté, até que o Senhor se levantou e disse: “Já basta.” Em seguida, Deus removeu o ferro da alma de seu servo e derramou azeite e vinho naquela ferida perpétua.

Esse era um homem que entendia bem a aflição de Jefté.

Se você se identifica com isso—se, talvez, suporta a dor do desprezo e as consequências de pecados semelhantes—quero que você saiba que a história está prestes a mudar; a graça de Deus está prestes a inverter essa ordem. Jefté se transformará num encorajamento para você, de forma que não importam as manchas nas páginas de seu passado, a graça de Deus desce ao poço mais fundo, segura-o e o coloca em chão firme. Até onde Israel sabe, Jefté está muito além do alcance da graça de Deus!

Outra frase fornece mais entendimento a respeito disso. Veja Juízes 11.7. Os líderes de Israel pedem ajuda a Jefté e Jefté responde dizendo o seguinte: Porventura, não me aborrecestes a mim e não me expulsastes da casa de meu pai?

Então, existe mais coisa nessa história. Imagine como deve ter sido esse dia. Os anciãos vão à casa de Gileade—vestidos de terno e gravata e com a Bíblia debaixo do braço—e batem à porta. Eles se sentam na sala de estar enquanto Jefté fica do lado de fora, ouvindo a conversa. Ele sabe que o assunto da visita é algo do tipo: “Gileade, aquele filho da prostituta é uma vergonha à comunidade e a sua reputação está em jogo. É melhor mandá-lo embora!”

Evidentemente, o pai de Jefté seguiu o conselho dos anciãos. Então, com Gileade se desculpando em fraqueza, seus irmãos lhe lançando insultos e sua mãe nem por perto para dar adeus, Jefté sai de casa e se muda para Tobe. Tobe era uma região deserta. O nome pode ser traduzido como “sem árvores.” Essa era uma região árida onde vivam todos os desamparados e detestados.

Jefté se torna uma ilustração parcial da história do próprio Cristo. Jesus nasceu sob a censura de uma mãe imoral. Depois que começou seu ministério, os líderes religiosos o acusaram de ser “bastardo,” ou seja, filho de imoralidade. Sua mãe concebeu fora de casamento e os líderes recusaram sua reivindicação divina. Ele também foi rejeitado pelos seus meios-irmãos; somente após a ressurreição que eles creram nele. Semelhantemente, Jesus foi rejeitado pelos cidadãos de sua cidade; na verdade, sua nação inteira o enviou à cruz. Que ilustração Jefté é do Messias, o qual Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer (Isaías 53.3).

Não nos é dada muita informação nos primeiros versos de Juízes 11, mas temos o suficiente para reconhecer que Jefté era discriminado em sua sociedade. Ele era rejeitado, detestado, desprezado por todos, exceto pelos que também eram discriminados. Ele era um garoto que cresceu acreditando que não passava de lixo sem valor algum. Por isso, passou a morar com outros que tinham ouvido a mesma mentira.

Entretanto, em meio a isso tudo surge a graça de Deus. Ela não é concedida aos que pensam que a merecem. Ela é um favor imerecido dado a pessoas como Jefté. A graça maravilhosa de Deus não se importa com porcentagens, não é limitada por fatores sociais, familiares e contextuais que homens consideram determinantes.

Se a vida de Jefté exclama alguma mensagem, ela exclama seguinte: “Você não precisa ser prisioneiro de seu passado!” O Espírito de Deus dá graça independente se seus pais a receberam ou não; não importa quão desesperado ou pecaminoso seja o indivíduo, a graça de Deus pode salvá-lo e ungi-lo para servir.

Gary Inrig, autor de um comentário no livro de Juízes, recebeu uma carta de um amigo missionário na Etiópia. Esse amigo disse a Gary de dois homens que plantaram e pastoreavam igrejas entre tribos não alcançadas. Esses homens eram nativos e sobreviviam com o equivalente a 60 reais por mês, dados pelas duas igrejas. Gary afirma que esses dois indivíduos jamais seriam aceitos por agências missionárias americanas.

Um deles era Arshe, de 25 anos de idade e com uma deformidade nas mãos: ele tinha 6 dedos em cada mão. Arshe cursou somente até a sexta série e sua esposa sofre de tuberculose. O missionário disse na carta que Arshe batizou 24 pessoas em somente um mês.

O outro homem se chamava Indreas, que tinha cursado apenas até a quarta série e sua esposa era garçonete. Indreas tinha 4 filhos, um deles com uma deformidade: era corcunda. Ele prega numa igreja pequena, a qual fica a dois dias de distância da cidade mais próxima. O missionário amigo de Gary disse: “Da última vez que fui à sua igreja, testemunhei o batismo de 88 novos convertidos.”

Deus não fica impressionado com o tipo de pessoa que nós ficamos impressionados. Ele trabalha com uma escala de valores totalmente diferente da nossa!

A Rápida Promoção de Jefté: Graça Revelada

A próxima fase na vida de Jefté revela a manifestação da graça de Deus. Ele é procurado por aqueles que o tinham rejeitado. Vamos descobrir por que. Veja Juízes 10.17–18:

Tendo sido convocados os filhos de Amom, acamparam-se em Gileade; mas os filhos de Israel se congregaram e se acamparam em Mispa. Então, o povo, aliás, os príncipes de Gileade, disseram uns aos outros: Quem será o homem que começará a pelejar contra os filhos de Amom? Será esse o cabeça de todos os moradores de Gileade.

O povo estava sem um líder forte. Sinceramente, eles não possuem um guerreiro corajoso para encarar os amonitas. Pule, agora, para Juízes 11.4–5:

Passado algum tempo, pelejaram os filhos de Amom contra Israel. Quando pelejavam, foram os anciãos de Gileade buscar Jefté da terra de Tobe.

Você percebeu a ironia nisso? Essa cena é ótima! Aposto que tinha gente olhando para baixo, tossindo e gaguejando. Continue nos versos 6–7:

E disseram a Jefté: Vem e sê nosso chefe, para que combatamos contra os filhos de Amom. Porém Jefté disse aos anciãos de Gileade: Porventura, não me aborrecestes a mim e não me expulsastes da casa de meu pai? Por que, pois, vindes a mim, agora, quando estais em aperto? 

Essa é uma pergunta válida, mas ela é totalmente ignorada pelos anciãos. Veja o verso 8:

Responderam os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso mesmo, tornamos a ti. Vem, pois, conosco, e combate contra os filhos de Amom, e sê o nosso chefe sobre todos os moradores de Gileade.

A essa altura, os anciãos não dizem a Jefté que o procuram porque precisam de um líder forte e que ele é esse líder. Eles dizem somente que desejam convidá-lo a ir com eles e se tornar o líder dos moradores de Gileade.

Imagino Jefté se enfurecendo, soltando fumaça pelos ouvidos, rangendo os dentes e respondendo: “Saiam daqui! É problema seu e quero que os amonitas acabem com a raça de vocês. Vocês todos me desprezaram e me expulsaram de Gileade. Agora que vocês, meus pais e meus irmãos estão em apuros vêm em busca de ajuda. Espero que recebam o que merecem. Saiam daqui! Por mim, podem morrer em batalha. Vocês me odeiam e eu odeio vocês.”

Ao invés de proferir essas afrontas e revidar com desprezo, lemos o que aconteceu em Juízes 11.11:

Então, Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e chefe sobre si; e Jefté proferiu todas as suas palavras perante o SENHOR, em Mispa.

Note que não lemos alguma desculpa por parte dos anciãos; eles não dizem: “Jefté, erramos com você. Agimos como religiosos hipócritas. Você nos perdoa? Estamos arrependidos.” Não. Os anciãos simplesmente ignoram seu pecado.

Mesmo assim, Jefté decide ir com eles e liderar os gileaditas em batalha. Ele arrisca sua própria vida por aqueles que não se preocupavam com a sua. Isso nos informa algumas coisas a respeito de Jefté.

  • Primeiro: Jefté decide deixar seu passado para trás.

Tenho certeza de que havia lutas em sua alma, mas a essa altura, ele decide deixar o passado para trás e prosseguir adiante. Com ou sem pedido de perdão, Jefté servirá o Senhor.

  • Segundo: Jefté decide ajudar aqueles que não o tinham ajudado.

Sem dúvidas, seus amigos em Tobe pensam que ele perdeu o juízo: “Você irá ajudar seu pai, seus irmãos e aqueles anciãos orgulhosos?! Deixe Gileade queimar! Eles merecem!” Contudo, Jefté escolheu agir com graça para com aqueles que retiveram graça no passado. Isso é algo maravilhoso também.

O que fez com que Jefté tomasse essas decisões e fizesse essas coisas? A última parte de Juízes 11.11 responde isso:

Então, Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e chefe sobre si; e Jefté proferiu todas as suas palavras perante o SENHOR, em Mispa.

Você sabe o que isso nos diz? Apesar de todos o terem abandonado, Jefté sabia que Deus não tinha. De alguma maneira, ele continuou em sua caminhada com Deus de forma aberta e transparente. Na noite anterior à sua rápida promoção de rejeitado para procurado, de abandonado para aceito, Jefté se encontra com Yahweh e conversa come ele. Ele diz talvez: “Senhor, você não irá acreditar no que acabou de acontecer comigo! Eles vieram em busca de minha ajuda. Até me convidaram para ser seu líder. Obrigado, Deus. Irei e lutarei pela tua causa e pelo teu nome.”

É maravilhosa a graça de Deus ao escolher Jefté e é maravilhosa a graça de Jefté ao decidir ir.

Outra Ilustração da Graça

Olharemos o voto de Jefté em nosso próximo estudo. Hoje, quero mostrar mais uma ilustração da graça que, como Jefté, tem muito a nos ensinar hoje. Por favor, abra sua Bíblia em 2 Samuel 4.4. Essa é a história de Mefibosete, o neto do rei Saul e filho de Jônatas.

Quando Saul e seu filho Jônatas foram mortos em batalha, Mefibosete tinha apenas 5 anos. Sua ama o pegou para fugir do inimigo. Na pressa da fuga, Mefibosete sofreu uma queda e ficou deficiente nas pernas, tendo que usar uma muleta pelo resto da vida. Veja 2 Samuel 4.4:

Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado dos pés. Era da idade de cinco anos quando de Jezreel chegaram as notícias da morte de Saul e de Jônatas; então, sua ama o tomou e fugiu; sucedeu que, apressando-se ela a fugir, ele caiu e ficou manco. Seu nome era Mefibosete.

Nada é dito a seu respeito nos próximos 15 ou 20 anos, até que Davi ascende ao trono. Davi faz um anúncio inesperado em 2 Samuel 9.1:

Disse Davi: Resta ainda, porventura, alguém da casa de Saul, para que use eu de bondade para com ele, por amor de Jônatas?

Bondade é o termo hebraico hesed, que significa “fidelidade de aliança,” às vezes traduzido como “graça.” A liderança de Davi é uma mudança encorajadora quando comparada à liderança amargurada e invejosa de Saul. Existe paz e prosperidade; seu reino floresce.

Em sua atitude generosa, Davi pergunta se existe algum membro da família real inimiga a quem pode demonstrar graça. Davi não pergunta se existe alguém qualificado, mas alguém ainda vivo para que se transforme num recipiente da graça. O servo de Davi responde nos versos 2–3:

Havia um servo na casa de Saul cujo nome era Ziba; chamaram-no que viesse a Davi. Perguntou-lhe o rei: És tu Ziba? Respondeu: Eu mesmo, teu servo. Disse-lhe o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que use eu da bondade de Deus para com ele? Então, Ziba respondeu ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés.

Podemos até ouvir as palavras de Ziba: “Tem o filho de Jônatas, mas é manco dos pés; você não vai querê-lo.” Continue no verso 4:

E onde está? Perguntou-lhe o rei. Ziba lhe respondeu: Está na casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar.

Lo-Debar significa “lugar árido.” Esse jovem manco está escondido. Continue nos versos 5–6:

Então, mandou o rei Davi trazê-lo de Lo-Debar, da casa de Maquir, filho de Amiel. Vindo Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, a Davi, inclinou-se, prostrando-se com o rosto em terra. Disse-lhe Davi: Mefibosete! Ele disse: Eis aqui teu servo!

Mefibosete fica aterrorizado. Ele sabia que a prática da época era eliminar todos os possíveis herdeiros ao trono. Ele também sabia que Saul odiara Davi. Portanto, Davi tem todo motivo para destruir a família de Saul. Então, Mefibosete se apresenta mancando, coloca a muleta no chão, prostra-se e diz: “Sou teu servo!” Davi reage no verso 7:

Então, lhe disse Davi: Não temas, porque usarei de bondade para contigo, por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu comerás pão sempre à minha mesa. 

Essa é a primeira das quatro vezes que Davi dirá: “Comerás pão sempre à minha mesa.” Veja o verso 8:

Então, se inclinou e disse: Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu?

Essa era a maneira de descrever uma pessoa desprezível—um cão morto. Mefibosete diz: “Sou um lixo. Por que você me quer?” Leia os versos 9–11:

Chamou Davi a Ziba, servo de Saul, e lhe disse: Tudo o que pertencia a Saul e toda a sua casa dei ao filho de teu senhor. Trabalhar-lhe-ás, pois, a terra, tu, e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que a casa de teu senhor tenha pão que coma; porém Mefibosete, filho de teu senhor, comerá pão sempre à minha mesa. Tinha Ziba quinze filhos e vinte servos. Disse Ziba ao rei: Segundo tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim o fará. Comeu, pois, Mefibosete à mesa de Davi, como um dos filhos do rei.

Pule para o verso 13:

Morava Mefibosete em Jerusalém, porquanto comia sempre à mesa do rei. Ele era coxo de ambos os pés.

Imagine essa cena na sala de jantar do rei, com os servos de pé ao lado. Davi senta-se em seu esplendor. Daí, vem Salomão, o inteligentíssimo herdeiro. Em seguida, a bela Tamar em traje de rainha. Depois, o belo e forte Absalão. Quem sabe, visitando o rei está o general Joabe, musculoso e de pele bronzeada. Por último, “ploc, ploc, ploc,” chega Mefibosete com sua muleta, andando pela sala de estar desajeitadamente.

Mefibosete não tinha nada e não tinha feito nada; ele não merecia nada. E essa é a questão na graça. Ele recebeu graça da mão do rei porque era filho do amigo do rei. Semelhantemente, eu e você recebemos graça de Deus porque somos amigos de seu Filho, Jesus Cristo.

Por causa dessa graça, John Newton compôs a canção “Graça Maravilhosa.” Ele disse que três coisas o deixarão maravilhado no céu:

  • Primeiro, as pessoas que estarão lá e que ele não imaginava ver lá;
  • Segundo, as pessoas que não estarão lá, mas que ele esperava ver no céu;
  • E terceiro, a maior de todas as maravilhas, ele mesmo estará lá!

Meu amigo, essa é a graça maravilhosa de nosso Deus maravilhoso!

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