Disciplina, Engano e Desconfiança

Disciplina, Engano e Desconfiança

by Stephen Davey Ref: Genesis 29–31

Disciplina, Engano e Desconfiança

Gênesis 29–31

Introdução

Faremos, hoje, um panorama de 20 anos da vida de Jacó. Após estudar três capítulos que relatam esses 20 anos, resumi esse período da vida de Jacó com 3 palavras: “Disciplina, engano e desconfiança.” Essa é uma época sombria na vida de Jacó, mas, quando chegarmos ao fim, veremos como o Deus soberano trabalhou em todas as circunstâncias para o bem de Jacó.

Amor à Primeira Vista

Chamaremos o primeiro cenário do capítulo 29 de “Amor à Primeira Vista.” Essa é, talvez, a parte mais cativante nesses 20 anos. Veja Gênesis 29.1–6:

Pôs-se Jacó a caminho e se foi à terra do povo do Oriente. Olhou, e eis um poço no campo e três rebanhos de ovelhas deitados junto dele; porque daquele poço davam de beber aos rebanhos; e havia grande pedra que tapava a boca do poço. Ajuntavam-se ali todos os rebanhos, os pastores removiam a pedra da boca do poço, davam de beber às ovelhas e tornavam a colocá-la no seu devido lugar. Perguntou-lhes Jacó: Meus irmãos, donde sois? Responderam: Somos de Harã. Perguntou-lhes: Conheceis a Labão, filho de Naor? Responderam: Conhecemos. Ele está bom? Perguntou ainda Jacó. Responderam: Está bom. Raquel, sua filha, vem vindo aí com as ovelhas.

Como você sabe, Jacó busca uma esposa e ela precisa ser parente de sua família. Ele acaba de descobrir que chegou ao destino para o qual viajou nos últimos meses; os pastores lhe dizem que são de Harã e que uma das filhas de Labão, Raquel, pastoreia ovelhas e está vindo para o poço. Pule para o verso 17, onde vemos uma breve descrição dessa moça Raquel e de sua irmã mais velha Lia:

Lia tinha os olhos baços, porém Raquel era formosa de porte e de semblante.

A expressão hebraica traduzida como tinha os olhos baços em referência a Lia não significa que ela tinha problemas de visão, mas é um eufemismo, uma forma mais polida e suave de dizer que ela não era bonita. Por outro lado, Raquel era formosa, tanto seu corpo como seu rosto. Mais adiante, entenderemos porque Moisés inseriu esses detalhes.

Voltando ao verso 7, vemos o que Jacó faz ao ver Raquel:

Então, lhes disse: É ainda pleno dia, não é tempo de se recolherem os rebanhos; dai de beber às ovelhas e ide apascentá-las.

Jacó começa a agir como um patrão diante de Raquel; está claro que ele ainda é um manipulador. Ele vê uma moça bonita e possível candidata a casamento chegando e ele logo busca se livrar dos pastores para ficar sozinho com ela. Mas os pastores não caem nessa; veja o verso 8:

Não o podemos, responderam eles, enquanto não se ajuntarem todos os rebanhos, e seja removida a pedra da boca do poço, e lhes demos de beber.

E veja o que ocorre em seguida nos versos 9–10:

Falava-lhes ainda, quando chegou Raquel com as ovelhas de seu pai; porque era pastora. Tendo visto Jacó a Raquel, filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, chegou-se, removeu a pedra da boca do poço e deu de beber ao rebanho de Labão, irmão de sua mãe. Feito isso, Jacó beijou a Raquel e, erguendo a voz, chorou.

Mais uma vez, Jacó tenta impressionar Raquel removendo a pedra enorme da boca do poço e dando água às ovelhas de Raquel. Lembre-se que Jacó era o filho mimado do patriarca Isaque, não um trabalhador braçal. Em seguida, ele beija Raquel e chora. Ela deve estar pensando: “Qual é o problema?”

Creio que Jacó está muito emocionado com o fato de esta moça ser filha do irmão de sua mãe—sua prima. Os últimos acontecimentos o deixaram em total solidão, longe da família. Agora, aqui está uma bela moça que é sua parente.

Continue nos versos 12–13:

Então, contou Jacó a Raquel que ele era parente de seu pai, pois era filho de Rebeca; ela correu e o comunicou a seu pai. Tendo Labão ouvido as novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao encontro, abraçou-o, beijou-o e o levou para casa. E contou Jacó a Labão os acontecimentos de sua viagem.

Creio que o verso 13 cobre várias horas. Jacó contou os acontecimentos de sua viagem a Labão, o que inclui: o fato de ter enganado seu irmão, recebido ardilosamente a bênção do pai, manipulado sua mãe e fugido à noite para não morrer pelas mãos do irmão. O verso 14 diz:

Disse-lhe Labão: De fato, és meu osso e minha carne. E Jacó, pelo espaço de um mês, permaneceu com ele. 

No verso seguinte, vemos o contexto que prepara o palco para o engano do enganador. Veja o verso 15:

Depois, disse Labão a Jacó: Acaso, por seres meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu salário?

Entenda bem que Jacó não está trabalhando para Labão. Tudo indica que ele pensou que ficaria ali mais tempo. Então, Labão, ao invés de chegar e mandar Jacó trabalhar, ele pergunta de forma estratégica: “Quanto você quer para trabalhar para mim?” Ou seja, “Vá fazer alguma coisa.” Creio que Labão sabia qual seria a resposta de Jacó nos versos 16 e 18:

Ora, Labão tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça... Jacó amava a Raquel e disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel.

Entenda que isso é algo legítimo, já que Jacó não tem dinheiro algum para pagar o dote. Vemos o resultado da proposta nos versos 19–20:

Respondeu Labão: Melhor é que eu ta dê, em vez de dá-la a outro homem; fica, pois, comigo. Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava.

O Enganador É Enganado

A partir do verso 21, começa o cenário que podemos chamar de “O Enganador É Enganado.” Veja os versos 21–24:

Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela. Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar e deu um banquete. À noite, conduziu a Lia, sua filha, e a entregou a Jacó. E coabitaram. (Para serva de Lia, sua filha, deu Labão Zilpa, sua serva.)

Precisamos lembrar que, no costume da época, a noiva ficava coberta com um véu; é possível que a única parte do corpo visível era as mãos. Por isso, Jacó não faz ideia de que recebe, na verdade, Lia ao invés de Raquel. Além disso, está escuro, e ele está apaixonado; o homem trabalhou sete anos para isto e dificilmente olhou duas vezes para conferir que era, de fato, Raquel.

Agora, eles estão numa tenda conjugal e a festança duraria uma semana. Veja o verso 25: Ao amanhecer, viu que era Lia. É como se o próprio Jacó estivesse escrevendo agora. Ele acorda cedo, talvez com os raios do sol entrando na tenda, e pensa: “Sou um homem casado!” Daí, se vira para beijar sua esposa Raquel, mas: “É Lia!” Ele deve ter se coberto, dado um pulo para fora da cama e dito: “O que você está fazendo aqui?” Queria que essa conversa tivesse sido registrada na Bíblia! Jacó corre a Labão e diz no verso 25:

...Que é isso que me fizeste? Não te servi eu por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste?

Gosto da resposta de Labão no verso 26; Jacó encontrou competição no engano. Labão diz: “Ah, eu não mencionei uma cláusula em nosso contrato. Temos um costume aqui na nossa vila...”

...Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais nova antes da primogênita.

Jacó deve estar fervendo de raiva! Labão adiciona no verso 27:

Decorrida a semana desta, dar-te-emos também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que ainda me servirás.

A semana aqui se refere à semana de festividades; ou seja, “Complete a semana do casamento, finja por uma semana.”

Jacó sabe que será alvo de chacota na comunidade se deixar escapar a notícia de que foi enganado desse jeito. Então, Jacó atura Lia por uma semana e, ao final da semana, recebe Raquel pelo preço de mais sete anos de serviço. Veja o verso 30:

E coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia; e continuou servindo a Labão por outros sete anos.

Permita-me ressaltar algumas ironias na maneira como Jacó foi enganado:

  • Assim como Jacó enganou seu pai, ele é enganado pelo pai de Raquel;
  • Assim como Jacó fingiu ser Esaú, Lia finge ser Raquel;
  • Assim como Jacó vestiu a roupa de seu irmão, Lia veste a roupa de casamento de sua irmã.

Se houve uma vez na história em que um homem bebeu do seu próprio veneno, essa vez foi agora.

 

A Batalha por Bebês

O próximo cenário pode ser intitulado “A Batalha por Bebês.” Veja os versos 31–32:

Vendo o SENHOR que Lia era desprezada, fê-la fecunda; ao passo que Raquel era estéril. Concebeu, pois, Lia e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben...

Os versos seguintes contam sobre os vários filhos que Jacó teve. O cenário é triste, pois envolve muita inveja e briga no lar. Essa casa virou um lugar de discórdias e dissensões.

Contudo, é impossível não ter pena de Lia; o próprio Deus teve pena de Lia porque ela era desprezada, apesar de ter entrado no casamento por meio de manipulação.

Perceba, também, os nomes dos filhos; são nomes com bastante significado, transmitindo a tristeza, solidão e frustração de uma mulher. O primeiro filho de Lia se chama Rúben, que significa “Olha, um filho!” Mas Jacó não olha. O próximo é Simeão, que significa “ouvir.” Lia diz: “Deus me ouviu. Será que você me dará ouvidos agora, Jacó, e me amará?” Mas Jacó não quer saber.

O terceiro filho se chama Levi, que significa “unidos.” Em outras palavras, “Será que este filho não me unirá ao meu marido como desejo?” Mas isso não acontece.

É interessante que o quarto filho de Lia é Judá, que significa, “Louve ao Senhor!” É como se Lia chegasse ao ponto em sua vida em que percebe que Jacó jamais a amará. Essa é uma história triste.

No capítulo 30, veja o que Raquel faz no verso 1: Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó. Ela é estéril; então, comete seu primeiro ato de desespero no verso 1: disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morrerei.

Continue no verso 2:

Então, Jacó se irou contra Raquel e disse: Acaso, estou eu em lugar de Deus que ao teu ventre impediu frutificar?

Daí, Raquel comete seu segundo ato de desespero, e dá a Jacó sua serva. Veja o verso 3:

Respondeu ela: Eis aqui Bila, minha serva; coabita com ela, para que dê à luz, e eu traga filhos ao meu colo, por meio dela.

O que temos aqui é uma batalha: quem conseguirá dar mais filhos a Jacó?

Agora, Lia faz a mesma coisa e dá sua serva a Jacó, pois descobre que, depois do quarto, não poderá ter mais filhos. E o que Jacó faz em meio a tudo isso? Será que ele resolve o problema ou reclama? Não! Como resultado, a intriga atinge seu clímax no verso 14:

Foi Rúben nos dias da ceifa do trigo, e achou mandrágoras no campo, e trouxe-as a Lia, sua mãe. Então, disse Raquel a Lia: Dá-me das mandrágoras de teu filho.

Mandrágoras eram consideradas como um produto afrodisíaco, isto é, ajudavam na fertilidade. A resposta de Lia a Raquel no verso 15 é clássica: Achas pouco o me teres levado o marido? Aqui está Lia, que penetrou no casamento por meio de logro, acusando Raquel de roubar seu marido. Que briga! E Raquel diz no verso 15: Ele te possuirá esta noite, a troco das mandrágoras de teu filho. Ou seja, “Jacó é seu hoje; somente me dê a ajuda para a minha fertilidade.” Continue no verso 16:

À tarde, vindo Jacó do campo, saiu-lhe ao encontro Lia e lhe disse: Esta noite me possuirás, pois eu te aluguei pelas mandrágoras de meu filho. E Jacó, naquela noite, coabitou com ela.

Jacó realmente é um gigante espiritual, não é? Veja os versos 17–18:

Ouviu Deus a Lia; ela concebeu e deu à luz o quinto filho. Então, disse Lia: Deus me recompensou, porque dei a minha serva a meu marido; e chamou-lhe Issacar.

O texto continua relatando todos os outros filhos que a família teve. O lar permaneceu sendo um tremendo tumulto, cada mulher tentando manipular o marido para conseguir seu amor.

Existe, aqui, uma mensagem aos casados: nem maridos nem esposas devem tentar manipular o cônjuge para conseguir amor. Devemos amar um ao outro incondicionalmente, a despeito do que conseguimos em troca. Se tentarmos comprar ou subornar amor e afeição do cônjuge, a única coisa que conseguiremos será frustração.

Vindicado Finalmente

O próximo cenário é de vindicação, e podemos chama-lo de “Vindicado Finalmente.” Não temos tempo para ler toda a narrativa, mas deixe-me destacar algumas coisas.

Depois de tanta confusão e engano, Jacó vai a Labão e propõe ir embora, levando consigo suas mulheres e filhos. Labão responde de forma egoísta no verso 27:

...Ache eu mercê diante de ti; fica comigo. Tenho experimentado que o SENHOR me abençoou por amor de ti.

Ou seja, “Você é o meu passaporte para a prosperidade financeira. Fique comigo!” Jacó faz um acordo com Labão: “Vamos dividir nossos rebanhos. Ficarei com as malhadas, manchadas e listradas.”

Agora, a cor predominante das ovelhas beduínas era branco e os bodes eram marrons; manchados, malhados e listrados eram raros. Jacó diz: “Olha, você sabe que não tenho nada. Então, por que você não me dá uma parte pequena de seu rebanho para que eu desenvolva o meu próprio?” Labão aceita essa proposta, mas tenta enganar Jacó mais uma vez. Por fim, Deus intervém e transforma o pequeno rebanho de Jacó num rebanho numeroso. Por fim, Jacó é vindicado.

Fugindo Vinte Anos Depois

Agora, o espírito de Labão ficará evidente no próximo cenário que podemos intitular “Fugindo Vinte Anos Depois.” Veja Gênesis 31.1–2:

Então, ouvia Jacó os comentários dos filhos de Labão, que diziam: Jacó se apossou de tudo o que era de nosso pai; e do que era de nosso pai juntou ele toda esta riqueza. Jacó, por sua vez, reparou que o rosto de Labão não lhe era favorável, como anteriormente.

Pule para os versos 4–7:

Então, Jacó mandou vir Raquel e Lia ao campo, para junto do seu rebanho, e lhes disse: Vejo que o rosto de vosso pai não me é favorável como anteriormente; porém o Deus de meu pai tem estado comigo. Vós mesmas sabeis que com todo empenho tenho servido a vosso pai; mas vosso pai me tem enganado e por dez vezes me mudou o salário; porém Deus não lhe permitiu que me fizesse mal nenhum.

Veja os versos 11 e 13:

E o Anjo de Deus me disse em sonho: Jacó! Eu respondi: Eis-me aqui!... Eu sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um voto; levanta-te agora, sai desta terra e volta para a terra de tua parentela.

Deus aprova a fuga de Jacó. Então, ele junta todas as suas mulheres, concubinas, servos, gado e bens e volta para a sua terra. É claro, Labão fica furioso quando descobre e vai atrás de Jacó. Finalmente o encontra e Jacó reage: “Como você ousa querer me deter aqui?!” Veja o verso 38:

Vinte anos eu estive contigo, as tuas ovelhas e as tuas cabras nunca perderam as crias, e não comi os carneiros de teu rebanho. Nem te apresentei o que era despedaçado pelas feras; sofri o dano; da minha mão o requerias, tanto o furtado de dia como de noite.

Jacó diz: “Eu o servi todos esses anos e cuidei dos seus negócios sem me preocupar com os meus. Fiz de tudo para que não houvesse abortos nem perdas de lucro. E isso por vinte anos!”

Continue nos versos 40–42:

De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos. Vinte anos permaneci em tua casa; catorze anos te servi por tuas duas filhas e seis anos por teu rebanho; dez vezes me mudaste o salário. Se não fora o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e o Temor de Isaque, por certo me despedirias agora de mãos vazias. Deus me atendeu ao sofrimento e ao trabalho das minhas mãos e te repreendeu ontem à noite.

A vindicação de Jacó é cumprida.

Aliança de Desconfiança

O próximo cenário pode ser chamado de “Aliança de Desconfiança.” Labão diz em Gênesis 31.43–44:

...As filhas são minhas filhas, os filhos são meus filhos, os rebanhos são meus rebanhos, e tudo o que vês é meu; que posso fazer hoje a estas minhas filhas ou aos filhos que elas deram à luz? Vem, pois; e façamos aliança, eu e tu, que sirva de testemunho entre mim e ti.

Jacó responde nos versos 45–46:

Então, Jacó tomou uma pedra e a erigiu por coluna. E disse a seus irmãos: Ajuntai pedras. E tomaram pedras e fizeram um montão, ao lado do qual comeram.

A aliança em si aparece no verso 49:

...Vigie o SENHOR entre mim e ti e nos julgue quando estivermos separados um do outro. 

Em outras palavras, “Que o Senhor nos guarde quando eu me apartar de você.” Veja o verso seguinte:

Se maltratares as minhas filhas e tomares outras mulheres além delas, não estando ninguém conosco, atenta que Deus é testemunha entre mim e ti.

Labão diz: “Apesar de não poder vê-lo, se você entrar na minha propriedade e roubar ovelhas, Deus o observa. Se fizer algo para com minhas filhas, Deus o vê.”

Jacó diz: “Sim, tudo bem. E enquanto eu estiver longe sem poder vê-lo, se você entrar na minha terra e tentar fazer alguma coisa, Deus é minha testemunha.”

Essa é a aliança da desconfiança. Então, os dois se despedem para sempre.

Aplicação: Vinte Anos—O Que Jacó Deve Ter Aprendido?

Imagine que pudéssemos sentar para tomar um cafezinho com Jacó hoje. Nós diríamos: “Jacó, você teve uma vida tumultuada; a parte mais tumultuada parece ter sido aquela em que passou 20 anos na terra de Harã. Quais foram algumas lições que você aprendeu ali?”

Após algumas semanas estudando a vida desse homem, creio que ele tomaria um gole do café e diria: “20 anos naquela terra estranha... sem dúvida alguma, encontrei disputa no velho Labão. Aprendi duas lições. Eu nunca me importei com o que fazia e a quem feria; sempre quis fazer as coisas do meu jeito. Manipular minha mãe, enganar meu pai idoso, arrancar de meu irmão o direito de primogenitura—nada disso me incomodou; quis apenas conseguir as coisas do meu jeito. Semeei as sementes do engano, trapaça, orgulho e avanço pessoal. Semeei essas sementes e, como resultado, colhi humilhação, insegurança e dor.”

Se pudéssemos interromper Jacó por um instante, perceberíamos que chegamos perto disso hoje. Nós, também, colhemos aquilo que semeamos. Se semeamos um estilo de vida que está em total contradição aos princípios de Deus, então, colheremos desastre. Acredite ou não, podemos estar nos equilibrando na corda bamba desse desastre neste exato momento, sem qualquer rede de segurança para nos segurar quando cairmos.

Um homem escreveu que Deus pode até demorar, mas ele nunca abre mão das consequências. Você colherá abandono, medo, perda de alegria e ineficiência.

Mas vamos voltar ao nosso papo com Jacó; ele disse que tinha duas lições a nos ensinar. Ao nos contar a segunda lição, consigo imaginá-lo em minha mente; vejo um brilho em seus olhos e até mesmo um sorriso tímido se formando no rosto. Ele diz: “Também aprendi que Deus está no controle soberano de tudo. Eu jamais teria me casado com Lia, mas dela nasceu Levi.”

Se Jacó pudesse ver o futuro, veria que Levi, o filho de Lia, seria o pai da tribo que conduziria a nação de Israel ao propiciatório de Deus e à Arca da Aliança. Os descendentes de Levi se tornariam os sacerdotes. Se não tivesse havido Lia, não teria havido Levi. Um dos descendentes de Levi foi Moisés. Então, se não tivesse existido Lia, não haveria Moisés.

Além disso, o quarto filho de Lia foi Judá; de Judá veio Davi, o rei de Israel. De Davi, veio a linhagem real da qual Jesus Cristo nasceria. Se não tivesse havido Lia, não teria havido Davi.

Jacó continua: “Deus até usou meu fracasso e falta de entendimento para avançar sua causa. Deus está no controle soberano de tudo.”

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