
Dinheiro (Parte 1)
Dinheiro (Parte 1)
Gênesis 14
Introdução
Chegamos, hoje, ao capítulo 14 em nossa série de estudos pelo livro de Gênesis. Não demora muito e Deus já nos apresenta a um assunto que muitos consideram ser delicado e, por isso, evitam tratar. É nesse capítulo que Deus começa a nos ensinar alguns princípios relacionados ao dinheiro.
Sem dúvidas, existe uma relutância nas igrejas sinceras de nosso país por causa do chamado “evangelho da prosperidade,” aquele falso evangelho que apregoa bênçãos materiais em troca de contribuição financeira; ou seja, dê o dízimo e tudo o que você tem que Deus o dará prosperidade na saúde, nos negócios, etc. Você sabe muito bem do que estou falando.
Agora, o fato de haver falsos mestres ensinando o falso evangelho da prosperidade com o foco no dinheiro não significa que nós, que pregamos o Evangelho verdadeiro de Cristo, não podemos tocar no assunto. Na verdade, é necessário que ensinemos a verdade não somente para instruir os crentes quanto ao tópico do dinheiro e como Deus se relaciona com ele, mas também para tentar livrar das garras dos lobos aqueles que seguem enganosamente o evangelho da prosperidade e para condenar o erro. Afinal, ignorância se combate com conhecimento, não com mais ignorância. Além disso, a Bíblia fala de dinheiro, e com bastante frequência. Portanto, já que a Bíblia fala do assunto, nós também falaremos.
De início, preciso alertá-lo do seguinte: abordarei o tópico de um ponto de vista diferente, talvez um ponto de vista que você ainda não tenha ouvido antes. Este ensino poderá leva-lo a dizer: “Certo, é assim mesmo que eu creio e ainda bem que você está ensinando dessa maneira;” ou a dizer: “Nunca ouvi isso antes; é diferente do que estou acostumado;” ou você pode ficar pensando: “Nunca ouvi isso antes e não quero ouvir isso novamente.” Portanto, é preciso ser flexível quanto a esse assunto. Acima de tudo, o ponto fundamental é que coloquemos esses princípios em prática nas nossas vidas.
Vamos começar em Gênesis 14.17. Em nosso encontro anterior, falamos da maneira como Ló se rebelou conta Deus: ele fez alguns comprometimentos que começaram com uma má decisão, armando suas tendas em direção a Sodoma, algo que, por fim, o levou a morar dentro de Sodoma, tornando-se até um dos líderes da cidade. Numa certa ocasião, alguns reis pagãos fizeram guerra contra o rei de Sodoma e contra os demais reis da confederação de cinco cidades no vale do Jordão. Talvez você se recorda que Ló foi capturado pelos reis inimigos, juntamente com o rei de Sodoma e todos os bens que tinham. Depois do sequestro de Ló, Abrão envia soldados para resgatá-lo.
Dízimo antes da Lei
Após Abrão resgatar Ló, ele volta para casa, mas é abordado por dois homens no caminho. Um desses homens, conforme vemos em Gênesis 14.17, é o próprio rei de Sodoma, o qual deseja dar a Abrão um presente. Abrão rejeita e diz, basicamente: “Jurei ao Senhor que não aceitarei nenhum centavo das mãos de reis pagãos para que não digam que me enriqueceram.”
Depois disso, contudo, outra pessoa se aproxima de Abrão; é aqui que continuamos nosso estudo. Veja Gênesis 14.18–20:
Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.
Algumas pessoas afirmam que, já que Abrão deu o dízimo nessa ocasião antes da vinda da Lei, nós que vivemos depois da Lei também temos a obrigação de dar o dízimo.
Vá para o Novo Testamento—Hebreus 7.4—onde lemos um relato mais detalhado do que aconteceu aqui em Gênesis 14 entre Abrão e Melquisedeque. Veja Hebreus 7.4:
Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos.
Alguns comentaristas e expositores acreditam que Melquisedeque é, na realidade, uma forma pré-encarnada de Cristo. De fato, o termo Melquisedeque não é um nome próprio, mas uma transliteração de duas palavras hebraicas que significam “rei de justiça.” E esse rei era de Salém, a cidade antiga que veio a ser Jerusalém. A palavra Salém vem do termo hebraico shalom, que significa “paz.” Então, esse homem era o “rei da justiça,” o “rei da paz.” Por causa disso, muitos creem que esse, na verdade, era o próprio Cristo. A passagem de Hebreus 7, todavia, não indica isso; na verdade, sugere o contrário.
Melquisedeque se aproxima de Abrão. No verso 4 de Hebreus, lemos que Abrão deu o dízimo de que, de tudo o que tinha? Não, mas dos melhores despojos. Permita-me frisar dois pontos a respeito do presente de Abrão a Melquisedeque.
- Primeiro: o presente de Abrão foi espontâneo.
Não há indicação alguma, quer no relato do Antigo Testamento ou na versão detalhada no Novo Testamento, de que Deus obrigou Abrão a dar esse dízimo. Abrão dá o presente espontaneamente. Na verdade, não há indicação alguma que Abrão ou Abraão, no decorrer de seus 160 anos de vida, antes ou depois desse acontecido com Melquisedeque, tenha dado dízimo aos sacerdotes. Então, trata-se de um presente espontâneo.
Esse relato, de fato, serviria de um bom exemplo ao judeu que reclamava do dízimo; depois veremos por que ele murmurava. Abrão deu o dízimo de seus melhores espólios e sua atitude partiu de um coração espontâneo.
- Segundo: o presente de Abrão foi generoso.
Esse foi, de fato, um presente bastante generoso. Apesar de não ter sido o dízimo de tudo o que tinha, foi a décima parte de seus melhores espólios de guerra.
O termo grego traduzido em Hebreus 7.4 como melhores despojos é akrothinion, que é entendido também como “topo.” Ou seja, ele deu o melhor, a parte de cima de sua pilha de despojos a Melquisedeque. Quando se considera o valor daquilo que deu, o dízimo, na verdade, representa talvez 90% dos despojos. Abrão selecionou os melhores espólios e, desses espólios, deu o dízimo. Este foi o presente de Abrão: a décima parte dos melhores despojos.
Agora, ainda no Antigo Testamento, numa época próxima aos dias de Abrão, encontramos outro relato de um homem dando o dízimo. Esses dois relatos são, de fato, as duas primeiras ocasiões em que a palavra “dízimo” aparece no Antigo Testamento. Ela ocorre aproximadamente 40 vezes. O segundo relato contendo dízimo envolve o personagem Jacó.
Em Gênesis 28.20–22, Jacó profere algumas palavras ao Senhor, as quais, creio eu, representam a atitude de muitos crentes que dão suas ofertas e dízimos hoje. Veja Gênesis 28.20–22:
Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo.
Existem duas coisas típicas na atitude de Jacó ao dar o dízimo. Deixe-me mencioná-las rapidamente.
- Primeiro: Jacó deu o presente com uma atitude de manipulação.
- Segundo: Jacó deu o presente com uma atitude de medo.
Em outras palavras, essa pessoa dá o presente com o seguinte pensamento: “Vou dar o dízimo para que não fique doente ou quebre minha perna.”
Você já ouviu alguém ensinando que, se você não der uma porcentagem específica, cedo ou tarde você findará num leito de hospital, seu filho vai quebrar a perna, seus negócios irão falir, etc.? E você sabe o que Deus vai fazer? Ah, a conta de hospital será exatamente o valor do dízimo que você reteve. Você já ouviu líderes ensinando isso? Eu já.
Bom, essa é precisamente a atitude de Jacó; ele dá a partir de um sentimento de medo e manipulação. Em outras palavras: “Senhor, estou te dando isso, mas, por favor, me dê segurança, comida, saúde, roupa, etc.”
Dízimo na Lei
Agora, o que o Antigo Testamento ensina, de fato, sobre o dízimo? Como era a prática do dízimo no período da Lei? Deixe-me salientar alguns pontos sobre o dízimo que nos ajudarão a chegar a uma conclusão sobre nossa responsabilidade hoje em relação ao dinheiro.
É preciso entender que havia quatro categorias de dízimo nos dias do Antigo Testamento para o povo de Israel.
- A primeira categoria era o dízimo teocrático ou de governo.
E isso era um décimo. Precisamos acostumar nossa mente a processar a palavra “dízimo” no Antigo Testamento como sinônimo de “imposto.” Chamaremos esse tipo de dízimo de “dízimo tributário.” Esse é o dízimo dado ao governo. Lemos em Levítico 27.30, 32:
Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, são do SENHOR; santas são ao SENHOR... No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo do bordão do pastor, o dízimo será santo ao SENHOR.
Nessa passagem de Levítico 27, Deus fornece os princípios pelos quais os judeus apoiariam o sistema teocrático de governo, isto é, o sistema no qual os sacerdotes eram os governantes sob a autoridade de Deus. O povo dava o dízimo tributário ao Senhor, mas o entregava aos sacerdotes.
Esse dízimo tributário era dado seguindo um sistema particular: o sacerdote estendia seu bordão, que era semelhante ao bordão usado por um pastor de ovelhas; em seguida, todo recém-nascido do rebanho de ovelha e gado em geral passava debaixo do bordão; o primeiro que passasse debaixo do bordão pertencia ao sacerdote ou ao Senhor.
Então, você sabe o que os judeus faziam? Eles ficavam na expectativa de que o primeiro a passar debaixo do bordão fosse o mais fraquinho, doente, defeituoso. Muitas vezes, quando viam um saudável indo primeiro, os judeus o trocavam por um doente. Você acha que o judeu não agia dessa forma? Bom, veja Levítico 27.33:
Não se investigará se é bom ou mau, nem o trocará; mas, se dalgum modo o trocar, um e outro serão santos; não serão resgatados.
Em outras palavras, “Se você fizer isso, adivinha o que? O sacerdote vai ficar com os dois—com o gordo e com o fraquinho.” Era assim que o povo, em certo sentido, dava o dízimo tributário para apoiar o serviço sacerdotal.
Deixe-me destacar ainda outra passagem. Veja Neemias 10.39. Ao darem o dízimo tributário, os judeus não apoiavam somente os sacerdotes, mas ajudavam outros também:
Porque àquelas câmaras os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas do cereal, do vinho e do azeite; porquanto se acham ali os vasos do santuário, como também os sacerdotes que ministram, e os porteiros, e os cantores; e, assim, não desampararíamos a casa do nosso Deus.
Os judeus tinham um coral em Jerusalém. Esses cantores, porteiros e os sacerdotes sobreviviam de forma semelhante à maneira como pastores e missionários hoje sobrevivem: com base naquilo que o povo ofertava. Portanto, era extremamente importante que o povo pagasse esse imposto.
Agora, entenda bem que esse dízimo não era voluntário, não era algo que os judeus davam porque queriam, algo dado pela liberalidade de coração. Esse dízimo era mandatório, era uma ordem de Deus. Ele era exigido a fim de apoiar o sacerdócio e todas as demais coisas associadas ao sistema sacerdotal. Esta era a primeira categoria de dízimo: o dízimo tributário.
- A segunda categoria era a do dízimo comunitário ou celebratório. Os judeus, então, davam os primeiros 10% como o dízimo teocrático ou tributário e, agora, davam outros 10% que podemos chamar de “dízimo comunitário.”
Veja Deuteronômio 12.10–11, 17–18:
Mas passareis o Jordão e habitareis na terra que vos fará herdar o SENHOR, vosso Deus; e vos dará descanso de todos os vossos inimigos em redor, e morareis seguros. Então, haverá um lugar que escolherá o SENHOR, vosso Deus, para ali fazer habitar o seu nome; a esse lugar fareis chegar tudo o que vos ordeno: os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta das vossas mãos, e toda escolha dos vossos votos feitos ao SENHOR... Nas tuas cidades, não poderás comer o dízimo do teu cereal, nem do teu vinho, nem do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas, nem nenhuma das tuas ofertas votivas, que houveres prometido, nem as tuas ofertas voluntárias, nem as ofertas das tuas mãos; mas o comerás perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que o SENHOR, teu Deus, escolher, tu, e teu filho, e tua filha, e teu servo, e tua serva, e o levita que mora na tua cidade; e perante o SENHOR, teu Deus, te alegrarás em tudo o que fizeres.
Todo ano, o povo tinha um “junta de panelas” nacional. Todos iam a Jerusalém e, como comunidade, comiam todos juntos com os sacerdotes e filhos o dízimo que davam.
O primeiro dízimo, o tributário, apoiava o sistema teocrático, o governo; esse segundo dízimo apoiava o sentimento de comunidade e desenvolvia no meio da nação o sentimento de compartilhar e dar. Esse era um período maravilhoso de celebração. Contudo, esse dízimo comunitário ainda era mandatório, não era um ato voluntário.
Então, estamos em quanto agora? Já alcançamos os 20%. E ainda não terminamos; tem mais.
- A terceira categoria era o que podemos chamar de “dízimo compassivo.”
Esse era o dízimo da assistência social, dado para promover o bem-estar da sociedade. Ao pagarem esse tipo de imposto, o dízimo compassivo, os judeus contribuíam para um sistema fantástico de bem-estar da nação. Veja como ele funcionava em Deuteronômio 26.12:
Quando acabares de separar todos os dízimos da tua messe no ano terceiro, que é o dos dízimos, então, os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas cidades e se fartem.
Então, se dividíssemos esse dízimo num período de 3 anos, ele somaria aproximadamente 3,5% ao ano.
Você pode dizer: “Espere um pouco. Esse é o primeiro tipo de dízimo, aquele que apoiava o sistema sacerdotal dos levitas.”
Não. Esse dízimo compassivo apoiava os levitas que não eram membros do sacerdócio, o que podia incluir um sacerdote aposentado ou outra pessoa que é membro da tribo de Levi, mas que não tinha herança alguma de terra.
Esse dízimo também era obrigatório; ele era um imposto cobrado anualmente. Se dividirmos esse dízimo em três anos e o somarmos com os outros dois, chegaremos a um total aproximado de 23,5% ao ano.
E aí, quantos de nós gostariam de seguir o sistema de dízimo do Antigo Testamento? Ninguém deseja isso. Já estamos nos 23,5% e ainda tem mais dízimo pela frente.
- Deixe-me mencionar mais uma categoria: chamaremos estes de “dízimos diversos.”
Veja Levítico 19.9–10:
Quando também segares a messe da tua terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua messe. Não rebuscarás a tua vinha, nem colherás os bagos caídos da tua vinha; deixá-los-ás ao pobre e ao estrangeiro. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.
Isso é algo muito interessante. Você lembra de Rute catando espigas no campo? Ela era uma estrangeira, até que se casou com Boaz.
Os judeus deveriam colher seus grãos, mas deixar os cantos para os necessitados colherem e terem o que comer. Se o judeu tivesse em seu campo um pé de caju e um caju caísse no chão por causa do vento, ele não deveria pegá-lo, mas deixa-lo à disposição dos pobres e necessitados. Os donos dos campos ficavam na esperança de o vento não derrubar ao chão o produto de sua plantação antes da colheita; caso o vento soprasse e derrubasse os grãos, os donos do campo não poderiam tocá-los.
Mas existe ainda outro dízimo mencionado em Neemias 10.31: no ano sétimo, abririam mão da colheita e de toda e qualquer cobrança.
Então, além dos outros dízimos ou impostos, os judeus não deveriam colher a cada sete anos. Deus prometera que supriria o suficiente para que sobrevivessem no decorrer do sétimo ano.
E observe o que o texto ainda diz: se alguém deve dinheiro, o que você deve fazer? Perdoar a dívida. Sem dúvidas, você suspeitaria se seu vizinho pedisse um dinheiro emprestado no sexto ano; o pessoal formava uma fila à sua porta no ano sexto. E aí, o que você faria? Obedeceria? Deus estava interessado na obediência do povo.
E foi assim que o sistema floresceu no Antigo Testamento, desenvolvendo confiança e obediência a Deus. Na verdade, esse era o sistema tributário da nação de Israel. E esse sistema tributário será, na verdade, endossado no Novo Testamento, conforme descobriremos neste estudo sobre o dinheiro.
Agora, ainda havia outro contexto no qual o israelita dava dinheiro no Antigo Testamento. Havia os dízimos ou impostos que acabamos de observar, os quais eram obrigatórios. Outro tipo de contexto era o das ofertas, as quais podemoschamar de “oferta voluntária.” E havia dois tipos de oferta voluntária. Assim como no caso dos dízimos, eu as dividi em categorias para fins didáticos.
- A primeira categoria de oferta voluntária era a que podemos chamar de oferta de fé. Essa é chamada nas Escrituras também de “primícias.”
Observe Números 18.12:
Todo o melhor do azeite, do mosto e dos cereais, as suas primícias que derem ao SENHOR, dei-as a ti.
O mesmo princípio de dar ao Senhor as primícias é visto também em Provérbios 3.9. Dar ao Senhor as primícias era uma forma de desenvolver fé. É por isso que gosto de chamar essa oferta de “oferta de fé.”
A oferta das primícias acontecia antes de o restante da plantação ser colhida. Em outras palavras, na época da colheita, você colhia até estar satisfeito que tinha o suficiente para dar a Deus; depois, parava de colher. Sua oferta era entregue nas mãos do sacerdote, mas, na verdade, era dada a Deus.
Agora, você não sabia o que o restante da colheita produziria. Então, você dava um cesto de mangas ao sacerdote e, de repente, batia um vento naquela mesma noite, o qual derrubava todas as mangas do pé. Agora, elas não são mais suas; são do pobre e necessitado.
Você percebe como esse sistema desenvolvia fé no povo? Deus pedia que decidissem em seus corações o que dariam como primícias. O israelita pegava um cesto de milho e dizia: “Senhor, este é o começo, e não faço ideia do que o Senhor me dará para sustentar minha família, mas isto aqui pertence a ti.”
- A segunda categoria de oferta voluntária era a oferta de amor.
Esse era um presente, uma oferta que acontecia de vez em quando no Antigo Testamento. É algo interessante estudar essas passagens. Veja, por exemplo, Êxodo 25.1–2:
Disse o SENHOR a Moisés: Fala aos filhos de Israel que me tragam oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, dele recebereis a minha oferta.
Observe bem a expressão de todo homem cujo coração o mover para isso. Nessa passagem, Moisés levanta recursos para construir o tabernáculo. Você pode dizer: “Não pode ser! O povo já dá 23,5% e ainda tem que deixar parte do campo sem colher para suprir as necessidades dos pobres. Deus não vai conseguir nem um centavo desse povo! O tributo já é alto demais.”
Mas, se você estudar a passagem, descobrirá que Moisés teve que se colocar diante de toda a congregação dos filhos de Israel e dizer: “Pessoal, parem de trazer coisas! Parem de ofertar! Já temos mais do que o suficiente.” O mais interessante é que essa oferta foi motivada pelos seus corações.
O segundo texto é Deuteronômio 16.17, que diz:
cada um oferecerá na proporção em que possa dar, segundo a bênção que o SENHOR, seu Deus, lhe houver concedido.
Como você pode notar, não há porcentagem alguma relacionada a esse tipo de oferta. Na verdade, esse verso soa muito semelhante àquela passagem do Novo Testamento que observaremos em seguida.
Portanto, temos duas categorias de doações financeiras no Antigo Testamento. A primeira categoria era a dos dízimos ou impostos, o sistema tributário na nação de Israel que era prescrito detalhadamente com suas respectivas porcentagens. Esses eram os tributos pagos para sustentar o sistema teocrático, promover o bem-estar da nação e a unidade na comunidade de Israel. Em seguida, havia as ofertas voluntárias que eram motivadas pelo coração. No caso dessas ofertas voluntárias, não havia porcentagens prescritas; elas eram dadas segundo o coração do indivíduo o movia. Elas eram expressões de fé e amor a Deus. Portanto, fica claro que, no Antigo Testamento, havia os dízimos ou impostos e as ofertas voluntárias.
Tendo analisado a prática dos dízimos e ofertas antes da Lei e durante o período da Lei, em nosso próximo estudo falaremos sobre dízimos e ofertas depois da Lei, isto é, conforme ensinado no Novo Testamento. Finalizaremos com algumas aplicações práticas para nossas vidas hoje como igreja.
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